Primeiros dados sobre as faunas de invertebrados do Largo da Fortaleza de Cacela Velha (Vila Real de Santo António, Portugal): da alimentação à caracterização ecológica [Artigo]

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60. Primeiros dados sobre as faunas de invertebrados do Largo da Fortaleza de Cacela Velha (Vila Real de Santo António, Portugal): da alimentação à caracterização ecológica Maria João Valente1, João de Deus Gomes2, Eliana Goufa2 e Cristina Tété Garcia3 1. Universidade do Algarve – FCHS; 2. Universidade do Algarve – FCHS; 3. Universidade de Huelva / CEAACP

Resumo Situada na costa oriental do Algarvia, hoje em dia no Parque Natural da Ria Formosa (concelho de Vila Real de Santo António), Cacela Velha foi um importante porto durante a época medieval. O centro da povoação, atual Largo da Fortaleza, foi intervencionado recentemente (2004 e 2007) e nele foram encontrados uma habitação islâmica e um conjunto de seis silos com materiais do período Almóada. Existem ainda contextos mais recentes, datáveis do período de abandono islâmico, da Reconquista Cristã e, provavelmente, do Sismo de 1755. Este trabalho apresenta os resultados preliminares da análise dos moluscos, cefalópodes e outros invertebrados recolhidos no Largo da Fortaleza. O estudo desta fauna resultou em mais de 9 mil restos determinados e a lista taxonómica obtida é muito vasta, com mais de 40 espécies. As espécies predominantes são o berbigão (Cerastoderma edule), a conquilha (Donax trunculus) e a ostra (Ostrea edulis). Comparativamente a amêijoa (Venerupis decussata) aparece em muito menor número. Os contextos apresentam alguma variabilidade taxonómica entre si, indiciando diferentes períodos de deposição, inclusive durante o período medieval. As diferentes abundâncias de espécies ao longo dos períodos estudados parecem indicar alterações no ecossistema envolvente, diferentes locais de marisqueio ou diferentes preferências culinárias e alimentares. A coleção está em bom estado, com fragmentação moderada e a maioria dos espécimes não aparenta carbonização. Isto pode estar relacionado com um processamento rápido dos alimentos, consumidos em cru ou passados levemente pelo fogo. Existem ainda algumas espécies que devem ter tido uso não alimentar. As castanholas (Glycymeris spp.) podem ter sido usadas como pesos de pesca, instrumentos para tarefas manuais, material de construção, etc. A vieira (Pecten maximus), cuja carne tem sido muito apreciada ao longo dos tempos, provavelmente terá sido utilizada como recipiente ou servidor de substâncias líquidas.

Abstract Located on the east coast of Algarve, within the Ria Formosa Natural Park (Vila Real de Santo António district), Cacela Velha was an important medieval port. The center of the current village was excavated in 2007–2010. Beneath the central plaza, Largo da Fortaleza, an Islamic house and a group of six silos with Almohade materials were uncovered. Other more recent contexts were also found, including the phase of abandonment by the Islamic occupation, the earlier Christian occupation (by the militia of the Santiago Order), and probably the 1755 earthquake. This work presents the preliminary data from the invertebrate remains collected at Largo da Fortaleza. The zooarchaeological study identified more than 9,000 specimens with a wide taxonomic diversity, most of which are from the Islamic occupation (NISP +7,700). The majority of the species are bivalves still common in today’s Ria Formosa ecosystem. The most abundant are common cockle (Cerastoderma edule), especially during medieval Islamic times; and wedge clam (Donax trunculus) and oysters (Ostrea edulis) during the later periods. Checkered carpet clams (Venerupis decussata) are not frequent in Cacela, especially when compared with other southern Portugal archaeological sites from the Islamic period. The variability of abundances in Cacela must be related with one of these causes: natural local availability of the species; preferences for mollusk collection in certain areas (lagoon or sea); or culinary preferences. The first one seems the most likely. There are other species, such as bittersweet clams (Glycymeris spp.) or the great scallop (Pecten maximus), whose usage may not be food related; in fact, these species are often associated with domestic instruments (recipients or transporters of liquids), ornaments, fishing (net weights, in the case of the bittersweet clams), or ritual tools. In general, the collection was well-preserved and bore few evidences of burning, which may indicate a fast, light processing of the mollusks, having been eaten raw or with a short cooking time.

APRESENTAÇÃO DO SÍTIO: HISTÓRIA E AMBIENTE

Situada na costa do sul do Algarve, em território do Parque Natural da Ria Formosa (PNRF), no concelho de Vila Real de Santo António (Fig. 1), Cacela Velha foi um importante porto durante a época medieval. Trata-se de um pequeno núcleo fortificado no topo de uma arriba, implantado 25 m acima do atual nível médio do mar. A sua posição atesta a importância estratégica que a localidade teve, dominando para oriente a baía de Monte Gordo até à foz do Rio Guadiana e para ocidente o acesso das embarcações ao canal que conduzia ao porto de Tavira. O conjunto urbano de Cacela Velha foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1996, onde se destacam a praça central e a fortaleza setecentista, hoje cedida à Guarda Nacional Republicana. Até ao momento foram encontrados vestígios de ocupações calcolítica, romana, muçulmana, medieval cristã e posteriores. A fortaleza foi, aliás, implantada sobre a antiga alcáçova moura, da qual aproveitou as bases estruturais. Após a tomada de Cacela Velha pelos cavaleiros da Ordem de Santiago em 1239 (ou 1240), tornou-se comenda da Ordem e sede de concelho, com foral de D. Dinis em 1283. A aldeia e as suas edificações foram particularmente afetadas pelo terramoto de 1755; as consequentes reconstruções deram-lhe a configuração atual. A área em volta de Cacela Velha é caracterizada pelo sapal da Ria Formosa, um sistema lagunar formado por ilhas barreira. Imediatamente a sul ficam a praia e a laguna propriamente dita, coberta por uma camada superficial de água e com zonas de areias e lodos intertidais (Instituto de Conservação da Natureza 2009: 188). A levante, a urbe é limitada por uma pequena linha de água, a Ribeira de Cacela, cujo curso atual tem regime temporário, com caudais significativos nos meses mais chuvosos. A povoação está rodeada de terrenos cuja paisagem se terá alterado de forma significativa ao longo do tempo por influência humana. Originalmente deveria ser dominada por florestas de sobreiro (série Oleo sylvestris-Querceto suberis), mas atualmente é marcada por pinhais de pinheiro-bravo (Pinus pinaster) e de pinheiro-manso (P. pinea) de origem antrópica (idem: 82 e ss). A classe de capacidade de uso de solos A é claramente a dominante, tornando a área propícia às práticas agrícolas (idem: 164). Estes diversos sistemas marcam a ampla diversidade faunística da área, não só no

Figura 1 – Localização de Cacela e sistema lagunar periférico. Foto de Lúcio Alves.

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que se refere à avifauna, pela qual o Parque Natural é mais conhecido, mas também mamíferos, herpetofauna, peixes e moluscos (idem: 15 e ss). No que se refere a estes últimos, a Ria Formosa é a mais importante zona de produção de bivalves de Portugal (80–90% do total nacional), destacando-se as amêijoas (Venerupis decussata) e os berbigões (Cerastoderma edule) (Muzavor 1991). Outro bivalve cuja produção é também elevada é a ostra (Ostrea edulis e Crassostrea angulata). TRABALHOS ARQUEOLÓGICOS

Figura 2 – Vista aérea de Cacela com localização das áreas intervencionadas. Foto de Lúcio Alves. 1178

O historial dos trabalhos arqueológicos em Cacela Velha (ou das obras que a mencionam) é longo e está descrito noutro trabalho deste volume (Garcia et al.). Sintetizamos apenas as intervenções mais recentes, que foram realizadas em dois loci (Garcia 2002; Garcia et al. 2006; Fig. 2): A área do Poço Antigo, que se desenvolve numa plataforma inferior, localizada a nascente da atual povoação e limitada pela Ribeira de Cacela. Com escavações em 1998 e 2001, foram aqui identificados um bairro islâmico e uma necrópole cristã. As faunas malacológica e mamalógica foram já alvo de trabalhos preliminares (Afonso 2004 e Haws e Veríssimo 2004, em relatórios inéditos; Garcia et al. 2011) e estão em revisão. O Largo da Fortaleza, que corresponde à praça central no interior da localidade. As escavações de 2004 e 2007 identificaram vários contextos arqueológicos, com material diverso, principalmente cerâmica e fauna. Sobressaem os contextos atribuíveis ao Período Islâmico (principalmente Almóada), com estruturas (incluindo parte da Alcáçova) e compartimentos, e um conjunto de oito estruturas negativas. Neste trabalho estas estruturas são preliminarmente designadas de “silos” (Fig. 3; dois deles não foram escavados, um deles já assinalado por Estácio da Veiga no séc. XIX). Foram ainda identificadas algumas unidades estratigráficas atribuíveis ao abandono islâmico, à ocupação cristã após a conquista de Cacela Velha pela Ordem de Santiago e, posteriormente, ao Terramoto de 1755. A isto acrescem ainda algumas outras unidades mais difíceis de caracterizar, correspondentes a épocas de abandono ou de aterro (épocas moderna e/ou contemporânea).

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ESTUDO ZOOARQUEOLÓGICO

O presente trabalho foca os materiais provenientes das escavações no Largo da Fortaleza. Podemos agrupar a maioria dos materiais em quatro períodos distintos, cada um agregando várias unidades estratigráficas (que foram analisadas individualmente e agregadas somente numa fase posterior) (Fig. 4). Note-se, contudo, que estas agregações são preliminares pois os restantes materiais arqueológicos, nomeadamente as cerâmicas, estão ainda a ser analisados e podem vir a “afinar” a atribuição temporal de algumas das unidades estratigráficas. Por outro lado, há ainda um conjunto de materiais cuja atribuição cronológica não é clara (possíveis aterros de época moderna ou contemporânea), pelo que, apesar de terem sido analisados, não são agora apresentados. O material malacológico exumado na área da Fortaleza e ora apresentado perfaz mais de 9 mil restos determinados, correspondendo a cerca de 60 kg. O material foi classificado por três de nós (MJV, JDG e EG) no Laboratório de Arqueologia e Restauro da Universidade do Algarve, recorrendo à coleção de comparação ali existente, bem como ao auxílio de alguns manuais tais como os de Fisher et al.

Figura 3 – Silos 7 e 4. Foto de Cristina Garcia.

Figura 4 – Períodos considerados no presente estudo e unidades estratigráficas correspondentes. Em todas as unidades estratigráficas o material exumado é variado: faunas de invertebrados, de vertebrados, cerâmicas, alguns metais, entre outros materiais. Apenas as primeiras são aqui analisadas. VII ENCUENTRO DE ARQUEOLOGÍA DEL SUROESTE PENINSULAR - PRIMEIROS DADOS SOBRE AS FAUNAS DE INVERTEBRADOS DO LARGO DA FORTALEZA DE CACELA VELHA (VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO, PORTUGAL): DA ALIMENTAÇÃO À CARACTERIZAÇÃO ECOLÓGICA MARIA JOÃO VALENTE, JOÃO DE DEUS GOMES, ELIANA GOUFA E CRISTINA TÉTÉ GARCIA

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(1987), Macedo et al. (1999) e Saldanha (1995). Para a análise quantitativa, foram observados três índices: o Número de Restos Determinados (NRD; equivalente ao NISP inglês), o Número Mínimo de Indivíduos (NMI) e o Peso (apresentado em gramas). Para cálculo do NMI optou-se pelos seguintes procedimentos: I. No caso dos bivalves foram contabilizadas todas as valvas (com presença de umbro) de cada espécie em determinada unidade estratigráfica, com o resultado final dividido por dois e arredondado ao número completo superior (e.g. 115 valvas = 57.5 = NMI 58). Foram feitas exceções quando o número de restos de determinadas espécies era escasso; nestes casos foram também tidos em conta o tamanho das valvas e/ou a sua lateralidade. II. No caso do gastrópodes, o número de restos identificado foi muito mais reduzido, bem como o seu nível de fragmentação. Deste modo quase todos os restos equivaleram a um indivíduo. Nos caso de unidades estratigráficas com maior volume de gastrópodes foi utilizado o número de vértices ou sifões (sempre aquele em quantidade mais elevada) de cada espécie. III. No caso das ostras (Ostrea edulis) não foi contabilizado o NMI, por razões que se prendem com a dificuldade de identificar uma área singular que pudesse fornecer uma contagem com reduzida margem de erro. Espera-se que uma contagem mais exata possa ser feita num futuro próximo. Nos gráficos que apresentam a percentagem de NMI, foi feito um cálculo simples do índice para evitar o desequilibro visual e, consequentemente analítico, provocado pela ausência real desta quantificação. Assim, nas Figs. 8 e 9 a presença do NMI de ostra corresponde a 1/4 do NRD. Na discussão das abundâncias das espécies todos estes índices quantitativos foram tidos em conta, contudo foi privilegiado o uso do NMI pois apresenta vantagens em relação ao NRD aquando das comparações intra e inter-contextos, nomeadamente na diminuição do erro provocado pelos diferentes níveis de fragmentação das conchas (Lyman 2008: 43-44). O mesmo se passa com a variabilidade das quantificações entre depósitos com base no peso, pois as características físico-químicas, ou sedimentares, afetam o peso dos restos malacológicos (idem: 1180

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102-108). Por fim, o NMI corrige o problema causado pela variação do número de elementos por classe (bivalves com dois elementos anatómicos versus gastrópodes com apenas um; idem: 44). 1. LISTA TAXONÓMICA GERAL

Da grande quantidade de espécies de moluscos marinhos recolhida a maioria são bivalves (n=25); comparativamente, os gastrópodes apresentam muito menor variedade (n=7). A Fig. 5 apresenta a listagem de espécies identificadas no Largo da Fortaleza de Cacela, com indicação genérica do seu habitat preferido (substrato rígido ou móvel) e zonação litoral (i.e. supra, médio, infra e circalitoral). A última coluna indica a atual frequência das espécies na Ria Formosa, com base em bibliografia da especialidade. A caracterização ambiental das espécies presentes nesta coleção arqueológica de Cacela sugere, desde logo, a propensão para a recolha de espécies de ambientes de fundos móveis (de sedimentos lodosos e arenosos), nas zonas médio e infralitorais. Ou seja, as comunidades humanas privilegiariam a recolha de marisco nas águas adjacentes, algum dele existente ainda hoje nas áreas lagunares (e.g. berbigões [Cerastoderma edule]) e nas zonas de areia mais perto do mar (e.g. conquilha [Donax trunculus]) da Ria Formosa. Existem também alguns animais que encontramos atualmente fora da zona da ria, em substratos e zonações diversas, incluindo espécies típicas de ambientes rochosos em zonas de

Figura 5 – Lista das espécies de invertebrados presentes no Largo da Fortaleza em Cacela Velha.Tipo de habitat (rochoso ou móvel) e respetiva zonação (supra, médio, infra ou circalitoral). Na última coluna é indicada a atual frequência na Ria Formosa: CC – muito comum, C – comum, R – rara, RR – muito rara. Fontes: Borges 2007, Fischer et al. 1987, Hayward et al. 1998, Poppe e Goto 1993, Saldanha 1995, Silvestre e Baptista 1980.

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marés (e.g. os mexilhões [Mytilus sp.] e as patas-de-burro [Cymbium olla]). Estes últimos, como veremos, não apresentam grande abundância. Foram igualmente identificados cefalópodes, através de fragmentos de animal da família Sepiidae (provavelmente choco [Sepia officinalis]), e crustáceos, pela presença de cracas (Balanus sp.) Finalmente, os gastrópodes terrestres encontrados — das famílias dos helicídeos e subulinídeos (Rumina decollata) — foram considerados intrusivos ou, pelo menos, acompanhadores não intencionais dos materiais depositados. Os helicídeos, aliás, são de tamanho relativamente pequeno, o que corrobora a ideia de não terem servido de alimento. É certo que nem todas estas espécies terão servido como recurso nutricional das comunidades habitantes de Cacela Velha. Algumas podem ter servido outros propósitos, como utensílios domésticos. Isso será discutido mais adiante, após a apresentação da abundância das espécies por período, cujas quantificações podem ser observadas na Fig. 6. 2. ÉPOCA ISLÂMICA

Figura 6 – Quantificação geral dos restos malacológicos do Largo da Fortaleza em Cacela Velha. NRD – Número de Restos Determinados; NMI – Número Mínimo de Indivíduos; peso em gramas. 1182

A grande maioria da coleção (NRD +7700) provém dos vários silos de origem islâmica. Até ao momento o seu preenchimento tem sido considerado essencialmente de época almóada, pelo que os restos de invertebrados ali coletados estão agregados neste período. A quantificação das espécies encontradas pode ser observada nas Figs. 7 e 8. Como se pode observar, as abundâncias de espécies varia conforme os silos, apesar de,

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no geral, as espécies mais recolhidas serem o berbigão (Cerastoderma edule) e a conquilha (Donax trunculus), seguidas da ostra (Ostrea edulis). O silo que apresenta mais materiais malacológicos é o Silo 3 (NRD total +4500, correspondente a mais de 2000 indivíduos), onde a grande maioria das conchas recolhidas pertence a berbigão (c. 80% NRD ou 85% NMI). Os demais silos contabilizam maior abundância de conquilha, mas destes apenas o Silo 7 tem conchas em quantidades equiparáveis. Note-se que o Silo 1 e, principalmente, o Silo 5 apresentam uma quantidade muito menor de restos (NRD 66 e 4, respetivamente; Fig. 7). 3. ABANDONO (DE ÉPOCA ISLÂMICA)

Este grupo agrega vários depósitos interpretados como correspondentes à última fase da ocupação almóada. O material é bastante mais diminuto que o do grupo anterior (Fig. 6). A espécie mais frequente é a conquilha (Donax trunculus), seguida da amêijoa-boa (Venerupis decussata), tanto em restos determinados ou número mínimo de indivíduos (Fig. 9). Não deixa de ser curioso que a amêijoa apareça em números comparativamente tão reduzidos durante o grosso da ocupação islâmica, para depois aumentar de forma tão evidente nesta segunda fase. Isto acontece a par da ausência absoluta de berbigão (Ce-

Figura 7 – Quantificação dos restos malacológicos dos silos islâmicos do Largo da Fortaleza em Cacela Velha. NRD – Número de Restos Determinados; NMI – Número Mínimo de Indivíduos; peso em gramas.

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rastoderma edule). As demais análises em curso, a restos faunísticos e outros, deverão ter em conta esta diferença e verificar se ela se verifica nos demais materiais. 4. RECONQUISTA CRISTÃ

As unidades estratigráficas atribuídas a este período correspondem a depósitos interpretados como de aterro e nivelamento durante a Época Medieval Cristã. Podem, por conseguinte, corresponder a restos alimentares da nova ocupação humana do sítio após a chegada da milícia da Ordem de Santiago. Infelizmente o número de vestígios de invertebrados marinhos é demasiado exíguo (NRD 115; Fig. 6 e 9) para interpretações de fundo. Não obstante, parece óbvia a abundância de ostras (Ostrea edulis) neste conjunto (quase 50% do NRD total), em evidente contraste com os períodos anteriores. 5. SISMO DE 1755

Figura 8 – Abundância das espécies principais nos vários silos.

Este grupo agregas alguns depósitos e estruturas destruídas em época moderna e que são atualmente interpretados como contemporâneos do sismo de 1755. Apesar de se conhecerem outros sismos durante a Época Moderna, este será aquele que mais estragos fez e as características das estruturas encontradas parecem coadunar-se com esse facto. Os materiais malacológicos não são muito numerosos (NRD 322; Figs. 6 e 9), mas é possível observar uma maior quantidade de conquilha (Donax trunculus) e ostra (Ostrea edulis). Os cardiidae e os veneridae são raros. 6. FRAGMENTAÇÃO E OUTRAS MODIFICAÇÕES

No geral o material estudado encontra-se em boa condição, não restando muitos espécimes por classificar (< 0.5% do total). Naturalmente, as espécies mais afetadas pela fragmentação são aquelas que apresentam concha mais frágil. De notar ainda que foram raras as conchas que evidenciam carbonização; isso significa que grande parte dos moluscos eram consumidos em cru (eventualmente com algum condimento) ou após passagem rápida pelo fogo, sem deixar marcas, ape1184

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nas para abrir as valvas e facilitar o acesso à parte comestível do animal. Segundo Afonso (2004) algumas conchas do Poço Antigo (como as ostras) ostentam fraturas, provavelmente provocadas por ação humana, para acesso às partes moles do animal. Ao longo da nossa análise dos materiais do Largo da Fortaleza, tais marcas não foram evidentes, mas essa possibilidade será tida em conta em estudos mais pormenorizados a realizar num futuro próximo. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Apesar da distinção numérica dos moluscos presentes nos vários períodos aqui considerados (grande volume para a época islâmica e volumes muito menores para os restantes contextos), parece ser óbvio que as comunidades humanas que habitaram Cacela tinham nos animais marinhos um importante recurso, principalmente alimentar, e a recolha de moluscos terá sido uma atividade importante ao longo da história. Como vimos, existe alguma variabilidade nas espécies e na sua abundância relativa ao longo dos contextos e dos vários períodos. Ainda assim, as espécies preferidas mantêm-se as mesmas: o berbigão (Cerastoderma edule), a conquilha (Donax trunculus) e as ostras (Ostrea edulis). Qualquer uma destas espécies é hoje muito comum por toda a Ria Formosa. O berbigão, apesar da sua frequência, é a espécie que hoje detém menor valor comercial no Algarve. É uma espécie que prefere águas pouco profundas, normalmente de entremarés, e que pode ser capturada com alguma facilidade, em especial durante a maré-baixa. A conquilha, por sua vez, prefere ambientes mais próximos do mar que o berbigão, com quem partilha a preferência por águas de pouca profundidade e mediolitorais, bem como a facilidade de captura. A alternância das quantidades de berbigão (maioritário nos Silo 3) e conquilha (maioritária, por exemplo, nos Silos 4 e 7, bem como durante a fase de abandono islâmico e do Sismo de 1755), pode estar relacionada com o ecossistema da época, refletindo a abundância de espécies de molusco nos bancos locais de marisqueio. Quanto à ostra, outro animal de abundante captura, é a espécie que fornece mais alimento por indivíduo, pois a parte mole e alimentar, atinge tamanho muito maior

Figura 9 – Abundância das espécies principais ao longo dos vários períodos.

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Figura 10 – Glycymeris bimaculata (castanhola). Silo 7. Foto de M.J. Valente.

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que o berbigão e conquilha. A sua carne é, aliás, desde há muito considerada uma iguaria. Segundo Shatzmiller (1994: 178-179), no Mediterrâneo islâmico, as atividades ligadas à pesca e marisqueio assumiam particular relevo, ao ponto de se especializarem; a recoleção das ostras era uma das atividades que adquire estatuto particular, dando origem ao “pescador” de ostras (“oyster fisher”, no original). Em Cacela, esse gosto pelas ostras, e as atividades que lhes estão associadas, parecem ter perdurado no tempo (e até aumentado), como indiciam os restos recolhidos nos períodos de ocupação mais recente (Reconquista e Sismo de 1755). Também no que se refere às ostras, não foram identificados restos da chamada ostra portuguesa (Crassotrea angulata), espécie frequente nas atuais águas portuguesas, mas que se pensa ter sido introduzida a partir da Ásia após o séc. XVI (Batista et al. 2009; comunicação pessoal de F. Batista). Ainda em relação às espécies de valor eminentemente alimentar mais abundantes em Cacela, julgamos que as amêijoas (Venerupis decussata) assumem uma situação particular. De facto, hoje em dia esta é a espécie mais comercializada na Ria Formosa, algo que não se reflete nos períodos aqui estudados, onde a amêijoa nunca adquire estatuto maioritário. O período em que a captura de amêijoa foi mais pronunciada é o do Abandono islâmico (c. 18% do NRD ou NMI); em todos os outros depósitos a sua presença é diminuta (>3% do NRD ou NMI). Já o mesmo havia sido notado na coleção recuperada no Poço Antigo, aquando do estudo de Carlos Afonso (2004). O investigador avançou então que este facto pode estar relacionado com dois fatores: talvez porque na época a amêijoa não fosse “tão abundante nas zonas adjacentes às escavações” ou, ainda, por falta de afinidade lagunar das populações da altura, pois trata-se de “uma espécie tipicamente lagunar, maioritariamente presente em locais de vasa/arenosa e vasa em zonas interiores da Ria Formosa” (Afonso 2004: 51). Uma outra possibilidade prende-se com questões culturais ou de preferência culinária. Todas as possibilidades avançadas nos parecem possíveis, embora a primeira se nos afigure mais provável, face à exiguidade do numero de amêijoas em Cacela, em especial quando comparadas com os dados disponíveis para outros sítios islâmicos do Sul de Portugal, como a Alcáçova e a Casa II de Mértola (Moreno-Nuño

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1993; Antunes 1996), o Castelo de Salir (Martins 2010, e este volume), a Lixeira de Silves (Davis et al. 2008) e a Casa das Bicas (Branco e Valente, este volume; Valente e Martins em publicação). Em todos estes sítios a amêijoa é sempre o molusco mais abundante. O mesmo podemos dizer para a Alcaria de Arge em Portimão (estudos a decorrer, coordenados por um de nós [MJV]). A única exceção é a do Ribat da Arrifana, na costa ocidental, em Aljezur, onde a amêijoa é uma espécie menor, sendo as lapas e os mexilhões muito mais abundantes (Callapez 2011). Note-se, contudo, que este sítio se localiza próximo de ambientes eminentemente rochosos. Algumas outras espécies presentes em Cacela terão tido utilizações diferentes da alimentar. Por exemplo, as várias castanholas (Glycymeris spp.) são animais de concha espessa relativamente raros nas atuais praias adjacentes da Ria Formosa. Contudo as suas conchas mortas aparecem em número razoável, sendo recolhidas pela população em geral que lhes dá uso decorativo ou ornamental (Afonso 2004: 47). Portanto, é possível que no passado estas conchas tenham sido apanhadas após a morte do animal e tenham tido usos também diversos: como pesos de pesca, instrumentos para tarefas manuais, material de construção, etc (Figs. 10 e 11). O mesmo se terá passado com a vieira (Pecten maximus), uma espécie relativamente comum na atual Ria Formosa e cuja carne tem sido muito apreciada ao longo dos tempos. Contudo, foi provavelmente utilizada também para fins não alimentares, como recipiente ou servidor de substâncias líquidas, ou como ornamento de habitações (Fig. 12). Afonso (2004: 48) menciona a sua presença em mais do que uma sepultura na necrópole cristã do Poço Antigo, o que atesta também o seu valor funerário. Em relação aos gastrópodes, realçamos a presença dos chamados búzio-fémea e búzio-macho (Balinus brandaris e Hexaplex trunculus), bem como do maior gastrópode da região, a buzina (Charonia lampas), e da pata-de-burro (Cymbium olla). São espécies que encontramos hoje na Ria Formosa, com alguma frequência em zonas limitadas. A sua utilização pode ter sido alimentar, mas nunca de forma intensiva como atestam os números; porém, não deve ser descartado o seu uso como elemento decorativo ou de adorno, em especial no caso das duas últimas espécies cuja morfologia é singular.

Figura 11 –Glycymeris insubrica (castanhola). Silo 7. Foto de M.J. Valente.

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CONCLUSÕES

Figura 12 –Pecten maximus (vieira). Silo 7. Foto de M.J. Valente.

Em suma, podemos dizer que a fauna malacológica exumada no Largo da Fortaleza de Cacela Velha pode ser preliminarmente atribuída a quatro períodos distintos: Época Islâmica (provavelmente Almóada), Abandono (última fase islâmica), Reconquista Cristã e Sismo de 1755. O período que revelou mais restos de moluscos, provenientes do interior de vários silos, é o islâmico. As espécies identificadas são muitas, na sua maioria bivalves ainda hoje comuns na Ria Formosa. Salientam-se os seguintes moluscos: o berbigão (Cerastoderma edule), principalmente em época islâmica; a conquilha (Donax trunculus) e a ostra (Ostrea edulis), nos demais períodos. A amêijoa (Venerupis decussata) não é muito frequente em Cacela, quando comparada com outros sítios islâmicos do Sul de Portugal com malacofauna estudada. A variabilidade das abundâncias relativas em Cacela parece estar relacionada, ou com a disponibilidade natural dos moluscos nas áreas de marisqueio, ou com a preferência por determinadas áreas de captura de marisco (lagunares ou tendencialmente marinhas), ou ainda com preferências culinárias. A primeira afigura-se-nos como a mais provável. Existem também algumas espécies, como as castanholas (Glycymeris spp.) e as vieiras (Pecten maximus) cuja utilização deve ter sido não alimentar; de facto, estas espécies são muitas vezes associadas a instrumentos domésticos (recipientes ou transportadores de líquidos), ornamentais, associados à pesca (pesos de rede, no caso das castanholas) ou rituais. O mesmo se pode passar com alguns gastrópodes, como a buzina (Charonia lampas) ou as patas-de-burro (Cymbium olla). A coleção apresenta-se, no geral, bem conservada e com poucas evidências de carbonização, o que pode indiciar um processamento rápido e leve dos alimentos, consumidos em cru ou com breve passagem pelo fogo. AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Patrícia Dores e Catarina Oliveira, do Centro de Interpretação e Informação do Património de Cacela (CIIPC)/Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, que organizaram e acondicionaram os materiais para depósito temporário no Laboratório de Arqueologia e Restauro da Universidade do Algarve. À 1188

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Cristina Dores, da Universidade do Algarve, pela ajuda na lavagem dos materiais. A Carol DeLancey pela revisão do texto em inglês. BIBLIOGRAFIA

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