Processo eleitoral colombiano: Entre a polarização e o esvaziamento político

June 1, 2017 | Autor: Marilia Souza | Categoria: Colombia, Peace Processes, Juan Manuel Santos, Proceso De Paz En Colombia
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Processo eleitoral colombiano: Entre a polarização e o esvaziamento político

Marília Souza

As eleições presidenciais deste último domingo, dia 25/05, na Colômbia, foram marcadas por uma grande abstenção, que, segundo dados do órgão eleitoral, alcançou uma taxa de 60%. Oscar Iván Zuluaga, do Centro Democrático, representante do partido do expresidente Álvaro Uribe, que governou o país de 2002 a 2010, ficou com 29,6% dos votos, enquanto o presidente atual Juan Manuel Santos, ficou com 25,66% dos votos. A decisão final, portanto, será dada no segundo turno, marcado para o dia 15 de junho. Para Santos será decisivo contar com o apoio dos eleitores de esquerda que votaram em Clara López e Enrique Peñalosa, do Partido Verde, que tiveram 15,23% e 8,29% dos votos, respectivamente. A eleição colombiana trouxe para a mesa de discussão o processo de paz em curso, protagonizado por Santos desde 2012, que prevê um cessar-fogo entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo colombiano, incluindo suas Forças Armadas. Em contrapartida, para Zuluaga, seguidor das concepções de Uribe, o conflito com as Farc prevê apenas uma solução: ação unilateral e armada do Estado, impossibilitando o diálogo. A abstenção da população, mesmo diante da intensa polarização e acirramento da competição por meio de denúncias mútuas, evidencia um esgotamento de propostas mais amplas para o desenvolvimento e avanços sociais, como questões de distribuição e acesso a terras, ou mesmo propostas efetivas para lidar com os “desplazados”, que hoje somam quase 4 milhões de pessoas deslocadas de sua região de origem em decorrência dos conflitos armados. Esta palidez expressa pelos eleitores tem raízes mais profundas nas reformas constitucionais de 1991, que colocaram fim à extrema polarização política que havia entre o Partido Conservador e Partido Liberal que, na década de 40, levou ao “Bogotazo”: um conflito nas ruas de Bogotá que deixou 3 mil mortos. Os partidos, portanto, foram pulverizados e criaram-se dezenas de legendas, resultando em partidos e coalizões fracas,

sem projetos de longo prazo e com alta volatilidade, o que prejudica o processo democrático. Será importante, portanto, que até o dia 15 de junho os candidatos mostrem não só seus caminhos distintos ao processo de paz, mas sim planos mais amplos que envolvam desenvolvimento econômico e social e uma discussão sobre a corrupção que assola o país, para trazer o povo novamente ao centro do debate, pois este está de fato descrente no processo eleitoral e, por conseguinte, no regime democrático.

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