Produtividade de Duas Cultivares de Alface Sob Malhas Termorrefletoras e Difusora no Cultivo de Outono-Inverno

May 22, 2017 | Autor: Paulo Cecon | Categoria: Seasonality, Specific leaf area, Dry Mass, Lactuca Sativa L, fresh mass
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Produtividade de Duas Cultivares de Alface Sob Malhas Termorrefletoras e Difusora no Cultivo de Outono-Inverno. Maria E. O. Abaurre1; Mario Puiatti1; Paulo R. Cecon1; Maurício B. Coelho1; Carlos A. M. Y Huaman2; Francisco H. F. Pereira1; Leonardo A. de Aquino1. 1/UFV – Depto. de Fitotecnia – 36570-000 – Viçosa – MG; 2/USP – Depto. de Biologia – FFCL – 14040-901 -Ribeirão Preto - SP. Email:[email protected]

RESUMO Objetivou-se avaliar as produções das alfaces ‘Regina’ e ‘Verônica’ em cultivo de outonoinverno realizado sob malhas termorrefletoras e difusora. A semeadura, em bandejas de 200 células, sob ambiente protegido, em 31/05/02; o transplante em 26/06/02 e a colheita em 06/08/02. Utilizou-se dois tipos de malhas termorrefletoras (Aluminet® 30%-O e Aluminet® 40%-O) e um tipo difusora (ChromatiNet Difusor® 30%), instaladas em “telados” retangulares fechados, com 2 x 4 x 36 m (altura, largura e comprimento), mais o cultivo a céu aberto (controle). Apesar das maiores produções de massa fresca (MF) e de massa seca de folhas/planta e de MF de cabeça obtidas no controle, a área foliar específica de plantas cultivadas sob as malhas, sobretudo Aluminet® 40%-O e ChromatiNet® 30%, foram significativamente maiores, proporcionando folhas mais tenras, apropriadas para mercados mais exigentes. No cultivo sob malhas observou-se menor amplitude térmica diária, menor consumo de água, e redução do ciclo de cultivo em pelo menos uma semana. Palavras-chave: Lactuca sativa (L.), ambiente protegido, Aluminet®, ChromatiNet Difusor® ABSTRACT Yield of two cultivares of lettuce under thermo-reflective and diffusive screens in autumn-winter season. This experiment evaluated the yield of the lettuce 'Regina' and 'Verônica' grown autumnwinter season under thermo-reflective (Aluminet® 30%-O and Aluminet® 40%-O) and diffusive (ChromatiNet Difusor® 30%) screens. Despite of the largest productions of fresh mass (FM) and dry mass of leaves, and FM of head obtained in the control treatment, the screens provided significant increase in the specific leaf area of plants, smaller amplitude thermal, smaller consumption of water, and reduction of the crop cycle in at least one week. Keywords: Lactuca sativa (L.), protected cultivation, Aluminet®; ChromatiNet Difusor®

A alface é a principal hortaliça folhosa consumida no Brasil e no mundo. Quando submetidas à condições de estresse, sobretudo elevadas temperaturas, apresenta amargor em suas folhas devido a sesquiterpenóides lactona, sendo o glicosídeo Lactucin o que mais contribui para o mesmo (Ryder,1999). Em função das condições climáticas de cada região, a oferta e a qualidade do produto variam ao longo do ano. No sudeste brasileiro a produção é regular nos meses de abril a dezembro, diminui a partir do mês de janeiro e agrava-se em fevereiro e março, no cultivo de verão (Goto, 1998). O cultivo protegido tradicional, além de exigir estrutura onerosa, tem o inconveniente de promover o efeito estufa devido à cobertura plástica. O emprego de telas de sombreamento, indicadas como solução de menor custo econômico, proporciona, no outono-inverno, níveis de luz inadequados. As malhas termorefletoras, recentemente lançadas no mercado brasileiro, por serem revestidas de alumínio e terem fios retorcidos, fazem com que a temperatura do ambiente abaixe de 10 a 20%, fornecendo, em média, 15% de luz difusa ao ambiente, não afetando os processos fotossintéticos (Polysack Indústrias Ltda, 2001). Portanto, o cultivo de alface sob malhas termorrefletoras e/ou difusora pode se constituir em alternativa promissora para o produtor, sobretudo sob condições climáticas detrimentais. Objetivou-se avaliar o efeito de dois tipos de malhas termorrefletoras e uma difusora, no cultivo da alface nas condições climáticas da região de Viçosa, MG, no período de outono-inverno. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Universidade Federal de Viçosa (UFV), no período de 31/05/02 a 06/08/02. Viçosa está localizada a 21º07 LS, 42º57 LO e a 651m de altitude, com clima do tipo Cwa (Köppen), com médias anuais de 80%, 21ºC e 1.341 mm (umidade relativa, temperatura e precipitação pluvial). Utilizou-se o esquema experimental de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas quatro ambientes (três tipos de malhas + controle) e nas subparcelas duas cultivares de alface (Regina e Verônica). O controle consistiu do cultivo a céu aberto; as malhas foram duas do tipo termorrefletora (Aluminet® 30%-O e Aluminet® 40%-O) e uma tipo difusora de luz (ChromatiNet Difusor® 30%), da Polysack Indústrias Ltda, instaladas em “telados” fechados, retangulares, com 2 x 4 x 36 m (altura, largura e comprimento). Utilizou-se o esquema de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas ambientes e nas subparcelas cultivares. O delineamento experimental IC, com quatro repetições. Espaçamento de 0,25 x 0,25 m; a unidade experimental constou de quatro canteiros com 4 m de comprimento, sendo dois centrais com quatro linhas e duas laterais com duas linhas cada. Em cada unidade experimental, nas duas fileiras centrais dos dois canteiros centrais, foram coletadas12 plantas para avaliação da produção e duas plantas para demais características. As mudas, produzidas em bandejas de isopor com 200 células,

substrato comercial, em ambiente protegido, foram transplantadas aos 26 dias da semeadura. Fertilizações foram realizadas de acordo com recomendações para a cultura. Foram registradas, diariamente, em cada ambiente, as temperaturas máxima e mínima do ar e a tensão de água no solo. As irrigações foram realizadas por microaspersão. Na colheita avaliou-se: número de folhas/planta (comprimento >3,0 cm); área foliar; massa fresca e seca de folhas; massa fresca e comprimento de caule; área foliar específica (área foliar/massa seca de folhas) e produção de cabeça (massa fresca de cabeça). Os dados obtidos foram submetidos às análises de variância e as médias comparadas pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se efeito simples de ambiente para MFF, AF, AFM, MFC, MSF, AFE, MFCB e MFCBA em que plantas cultivadas a céu aberto apresentaram maiores valores para MFF, AF, MSF, MFCB e MFCBA (Tabela 1). Apesar da maior produção, em peso, de cabeça no controle, em razão do elevado teor de MSF essas plantas tiveram menor AFE, não diferindo do Al30, indicando que as folhas produzidas nesses ambientes foram mais espessas. Observou-se também efeito simples de cultivar para AF, AFM, MSF e AFE em que a ‘Regina’, apesar de apresentar menor AFM, por apresentar também menor MSF e maior AF, teve maior AFE que a ‘Verônica’ (Tabela 2). A AFE reflete a espessura da folha e a maior AFE da ‘Regina’ indica que essa cultivar, apresentou, em termos médios dos cultivos nos ambientes, folhas menos espessas que a ‘Verônica’. Observou-se interação entre ambiente e cultivar para NF e CC (Tabela 3). A ‘Regina’ apresentou maior NF a céu aberto e maior NF que a ‘Verônica’ nos quatro ambientes, enquanto que a ‘Verônica’ apresentou menor NF sob Al30, comparado ao controle. A ‘Verônica’ demonstrou maior sensibilidade que a ‘Regina’ à deficiência de luz, apresentando caules mais alongados sob as três malhas sendo que, sob Al40, foi observado maiores valores de CC para ambas cultivares. A ‘Regina’ apresentou menor MSF que a ‘Verônica’ e, ambas cultivares, menor MSF sob as três malhas. Apesar das maiores produtividades a céu aberto, tanto de MFF e MSF quanto de MFCB e MFCBA, baseando-se na AFE o cultivo de ambas cultivares, sob os três tipos de malhas, proporcionou folhas menos espessas, sobretudo sob Al40 e Ch30. Além disso observou-se ser possível a antecipação da colheita, sob as malhas, em pelo menos uma semana em relação ao cultivo à céu aberto. Dentre as malhas, Al40 e Ch30, com maiores valores de AFE, seriam as mais indicadas para o cultivo dessas cultivares de alface na região de Viçosa no cultivo outono-inverno. As malhas limitaram ligeiramente a passagem de luz, sobretudo Al40 (>CC), sugerindo alteração no manejo com antecedência da colheita, sobretudo para a ‘Verônica’. Além disso, no cultivo sob malhas observou-se menor

amplitude térmica diária e menor volume de água necessário nas irrigações (dados não apresentados). Tabela 1. Efeito de ambiente sobre a massa fresca de folhas (MFF), área foliar (AF), área foliar média (AFM), massa fresca de caule (MFC), massa seca de folhas (MSF), área foliar específica (AFE), massa fresca de cabeça (MFCB) e massa fresca de cabeça por área (MFCBA). Viçosa, UFV, 2002 Ambiente1 Cont. Al30 Al40 Ch30

MFF

AF

AFM

MFC

(g/planta)

(cm2/planta)

(cm2/folha)

(g/planta)

MSF g/planta

(cm2/gMS)

MFCB (g/planta)

298,44 a 220,94 b 257,22 b 241,19 b

5436,54 a 4310,58 b 4827,98 b 4703,88 b

169,23 ab 159,83 b 186,51a 184,25 a

27,25 ab 21,01 c 28,88 a 21,53 bc

11,51 a 8,83 b 8,98 b 8,69 b

480,63 c 493,29 bc 553,27 a 546,77 ab

265,42 a 197,40 b 205,26 b 222,66 b

AFE

MFCBA (kg/m2)

4,25 a 3,16 b 3,28 b 3,56 b

1/

Cont. = Controle a céu aberto; Al30 = Aluminet® 30%-O; Al40 = Aluminet® 40%-O e Ch30 = ChromatiNet Difusor® 30%. Médias, nas colunas, não diferem pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade.

Tabela 2. Efeito da cultivar sobre a massa fresca de folhas (MFF), área foliar (AF), área foliar média (AFM), massa fresca de caule (MFC), massa seca de folhas (MSF), área foliar específica (AFE), massa fresca de cabeça (MFCB) e massa fresca de cabeça por área (MFCBA). Viçosa, UFV, 2002 Cultivar

MFF (g/planta)

AF (cm2/planta)

AFM (cm2/folha)

Regina Verônica

248,66 a 260,24 a

5696,32 a 159,73 b 3943,17 b 190,18 a

MFC MSF g/planta g/planta

AFE (cm2/gMS)

MFCB (g/planta)

MFCBA (kg/m2)

27,45 a 9,04 b 634,96 a 21,89 a 9,96 a 402,03 b

219,97 a 225,39 a

3,52 a 3,61 a

Médias, nas colunas, não diferem pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade.

Tabela 3. Efeito de ambiente e da cultivar sobre o número de folhas por planta (NF) e comprimento de caule (CC). Viçosa, UFV, 2002 Ambiente1 Cont. Al30 Al40 Ch30

Regina 42,75 a A 37,50 b A 32,25 c A 32,13 c A

NF (nº/planta) Verônica 23,38 a B 19,13 b B 20,63 ab B 19,88 ab B

Regina 5,66 ab 5,30 ab 6,06 a 5,02 b

A B B B

CC (cm) Verônica 5,60 c A 6,80 ab A 7,54 a A 6,00 bc A

Vide Tabela 1. *Médias seguidas de mesma letra, minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, não diferem pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. 1/

LITERATURA CITADA GOTO, R. A cultura da alface. In: GOTO, R.; TIVELLI, S.W. (Org.). Produção de hortaliças em ambiente protegido: condições subtropicais. São Paulo: UNESP, 1998. p. 137-159. POLYSACK INDÚSTRIAS Ltda. Disponível em . Acesso em 10 dez. 2002. RYDER, E.J. Lettuce, endive and chicory. New York: Cab International, 1999. 208 p. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Polysack Indústrias Ltda e a Carborundum Irrigação, que gentilmente nos forneceram as malhas e o sistema de irrigação por microaspersão, respectivamente.

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