Professor, o que fazer quando os alunos não demonstram interesse de ler e escrever?

July 11, 2017 | Autor: Juliana Soares | Categoria: Education, Educación, Psicologia
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QUEM SOMOS: O grupo de pesquisa PROCESSOS DE CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO EM PRÁTICAS EDUCATIVAS – PROSPED se vincula ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Psicologia da PUC Campinas. Desenvolve estudos que buscam compreender os aspectos envolvidos no desenvolvimento e aprendizagem dos sujeitos, no caso, aqueles que participam de práticas educativas em escolas ou outras instituições. Para desenvolver seus estudos, o grupo realiza atividades de intervenção nesses contextos, buscando contribuir com seus profissionais para a compreensão e superação dos desafios que enfrentam. As sugestões que apresentamos nesse livreto resultam de nossas experiências com essas intervenções e pesquisas e visam a atender um dos seus propósitos: contribuir para a transformação dos espaços educativos em que atuamos. Se você gostar de nossas idéias, entre em contato: http://prospedpuc.blogspot.com.br/

Ilustração e Projeto Gráfico: Marcos Guilherme – Estúdio Figuras

Este projeto é financiado pelo CNPq Distribuição gratuita

Levar os alunos a se interessarem pela leitura e escrita tem sido uma das grandes dificuldades encontradas pelo professor em sala de aula. Diante desse problema, uma das práticas valorizadas é a oferta, tanto em livros didáticos e apostilas quanto na internet, de textos pequenos, resumidos e superficiais. As consequências dessa oferta são, por um lado, a dificuldade de o aluno entender o sentido de um texto, refletir sobre ele e relacioná-lo com outros textos lidos. Por outro lado, esse é o único contato que o aluno tem com um mínimo de leitura, nos casos em que há esse contato. Estudos recentes mostram que despertar o interesse do aluno pela leitura e escrita é um trabalho complexo porque envolve o seu olhar para a própria vida: para que me servem a leitura e a escrita? Como a minha família lida com a leitura e a escrita? Por que ver uma história na televisão, na internet ou em jogos de videogame é mais fácil e prazeroso para mim do que ler um texto? Por que não consigo entender o que leio? O que eu sinto quando pego um livro na mão: tenho sono, é muito demorado para chegar ao assunto que me interessa? Que lembrança eu tenho de alguém ler para mim? Sobre quais assuntos eu gostaria de saber mais? As respostas podem ser muitas, embora não se possa perder de vista que o trabalho que a escola desenvolve com leitura nem sempre conquista leitores.

Não podemos também esquecer que o hábito da leitura ainda não é disseminado entre nós, brasileiros. Pensando no professor e nos problemas que enfrenta em sala de aula, o objetivo deste livreto é o de apoiá-lo com alguns recursos construídos por meio de pesquisas nas áreas, apresentando algumas sugestões de atividades para que sejam desenvolvidas com os principais interessados, ou seja, os alunos. Mesmo que um aluno não queira ler e escrever textos, ele deve ter a oportunidade de pensar e refletir sobre isso e perceber que está fazendo uma escolha que provoca consequências.

1- Crie um espaço periódico para que o aluno reflita sobre a sua relação com a leitura e escrita, suas possibilidades de escolhas e consequências Considerando a idade dos alunos e a turma da qual participam pode-se tomar algumas perguntas apresentadas anteriormente como ponto de partida para aproximar os alunos da reflexão proposta, por exemplo: “Como me relaciono com a leitura e a escrita?”. Seria interessante que alguns alunos assumissem a função de

registrar esses encontros. Em um primeiro momento nada vai ser proposto, trata-se de refletir, registrar* as reflexões e organizar o que apareceu na fala dos alunos, podendo construir uma tabela com essas informações, dessa forma: - João, Fábio e Mateus dormem quando começam a ler. - Augusto, Maria e Paulo: não entendem o que estão lendo; e assim, sucessivamente. Este quadro poderia ser fixado no mural da sala de aula, de modo a ir acrescentando outras atitudes em relação à leitura. * Caso os alunos resistam em registrar por escrito, poder-se-ia, a princípio, sugerir que alguém filmasse para depois assistirem e analisarem juntos o relato verbal. Esta é uma forma de trabalhar com leitura, também.

2- Favorecer o exercício de leitura e escrita Uma forma de tentar aproximar os alunos da leitura e da escrita é perguntar quais são os assuntos e temas que os interessam. Para isso, o professor poderá criar uma lista de assuntos sobre os interesses de seus alunos, por exemplo: quais são os jogos de videogames mais jogados; como alguém pode se tornar criador de jogos de videogame; quais são os produtos de maior consumo entre os jovens; quais são os lazeres mais procurados por

esta população; que cantores ou bandas – rap, funk, reggae, hip hop, samba, pagode, rock, tecno, sertanejo, outros - são admirados por eles; quais são os países mais visitados no mundo e o que as pessoas vão ver lá; o que você sabe sobre a política no Brasil e como se beneficia desse conhecimento; você conhece ou segue algum blog de moda; a preservação ambiental é o assunto mais discutido desde as últimas décadas; você sabe quais materiais podem ser reciclados e a cor dos tambores que deverão ser colocados? Estas novas informações poderão complementar a tabela já iniciada, como por exemplo: Joao, Fábio e Mateus dormem quando começam a ler; se interessam por videogame; gostam de ouvir e dançar funk.

3- Favorecer na Escola interações a partir das informações obtidas pela leitura e escrita A construção da tabela com os interesses permitirá que os alunos falem o que sabem a respeito. Depois disso a pergunta é: de onde vieram tais informações? Agora, seria interessante saber mais sobre esses assuntos, mas o quê? Esse é um passo muito importante: identificar o que queremos saber. Não precisa ser nada longo, os alunos não

gostam de ler. Nosso objetivo é levá-los a experimentar socialmente o uso da leitura e da escrita. Saber o que procuramos, nos ajuda a ter mais chance de experimentar o prazer do encontro. Como esses alunos experimentam pouco é preciso que tenham algum sucesso quando ousam experimentar. O que resultar dessas pequenas pesquisas será partilhado por todos e pode levar, inclusive, caso os alunos topem, à escrita de uma pequena autobiografia que, além de favorecer o interesse pela leitura e escrita, também permite a reflexão sobre a identidade e a consciência de si, o que promove o desenvolvimento do psiquismo para formas mais complexas e elevadas de pensamento. Outra forma de aproximar os alunos da leitura e da escrita é trabalhar com diferentes materiais, por exemplo, usando imagem. Pode-se pedir que pensem em uma ideia ou uma história que queiram contar ao colega de classe. Para isso o aluno deverá tirar uma foto pelo celular, ou trazer uma fotografia, ou imagem de jornal e revista, desenhar a imagem, ou ainda, pegar um material visual da própria escola. A classe, então, poderá pensar no significado dessas imagens. Diferentes temas poderão ser abordados pelos alunos nas imagens: falta de esgoto; o cartaz de um filme; uma propaganda; o cartaz de um show, fachada de prédios; enfim, qualquer coisa que lhes chamem a atenção. E, novamente, buscar os indícios de escrita que há nas

diferentes interpretações.

4- Fuja da rotina A leitura não está presente só em textos escritos, mas também em textos multimodais e na escrita internetês. As histórias em quadrinho, sejam as escritas pelo Maurício de Souza, sejam os mangás criados pelos japoneses, fornecem possibilidades de leitura e interpretação. Ouse refletir junto com seus alunos sobre temas que estão presentes no dia a dia da sala de aula e que não podem ser explicitados por falta de oportunidade. Ressaltando que temos mais opções de escolhas se tivermos mais informações a respeito delas; use, para isso, exemplos reais do cotidiano. Também invista na contação de histórias: crie momentos semanais para contação, buscando organizar a sala de modo diferente, estendendo um pano no chão, escurecendo o ambiente, colocando uma música de fundo, elegendo histórias que interessem os alunos. As histórias de terror costumam chamar muito a atenção e há bons autores de literatura infanto-juvenil. Confira sugestões no nosso blog. Como derivação das histórias contadas por professores, os próprios alunos podem querer contar e, mais adiante, escrever um livro, um blog ou divulgar sua produção nas redes sociais.

Lembramos que estas são apenas algumas sugestões, temos certeza que você tem e terá ideias muito criativas para trabalhar com seus alunos. O importante é ter como objetivo a apropriação pelos alunos da leitura e da escrita, pois o domínio da linguagem é condição para o desenvolvimento do psiquismo rumo ao pensamento abstrato, necessário para a apropriação de conhecimentos complexos.

5- Confira efetivamente se essas mudanças deram resultados Retomando a tabela, o último dado é sobre as reflexões que a experiência da leitura que envolveu a classe proporcionou. Estas dicas são um pontapé inicial para a reflexão e a possibilidade de mudança. E você, professor, pode contribuir. Escreva aqui em forma de depoimento uma experiência que deu certo e partilhe com seus colegas. Talvez alguém do seu grupo de trabalho precise deste compartilhamento:

Maiores esclarecimentos ou sugestões podem ser encaminhadas para nosso e-mail: [email protected] ou encontradas no blog do grupo:

http://prospedpuc.blogspot.com.br ou em nossa página no Facebook:

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