Programa de Monitoramento da Fauna da Usina Hidrelétrica de Xingó

August 14, 2017 | Autor: Cristiane Barreto | Categoria: Monitoring And Evaluation, Environmental Monitoring, Conservación De Fauna Silvestre
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Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Ma sto fa una da Us ina Hid roe létrica de Xin gó

APRESENTAÇÃO

A MRS Estudos Ambientais Ltda. apresenta a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco CHESF, o documento intitulado

2º Relatório Parcial do Programa de Monitoramento da Fauna da Usina Hidrelétrica de Xingó elaborado com base no Termo de Referência e Especificações Técnicas da CHESF, disponibilizando informações necessárias para o atendimento ao contrato CT-E-1.92.2003.7120 firmado entre a CHESF e a MRS Estudos Ambientais Ltda., considerando as condicionantes específicas 2.1 da Licença de Operação 319/2003, emitida pelo IBAMA para a Usina Hidroelétrica de Xingó.

Conforme solicitação da CHESF, o presente documento, está sendo entregue em três vias impressas de igual teor e conteúdo e uma via digital.

Brasília, 05 de agosto de 2005.

MRS Estudos Ambientais Ltda.

Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Ma sto fa una da Us ina Hid roe létrica de Xin go

SUMÁRIO

1

CRÉDITOS TÉCNICOS E INSTITUCIONAIS ..............................................................................V

2

INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 7 2.1 2.2

3

DESCRIÇÃO DA USINA HIDRELÉTRICA XINGÓ ..................................................................... 7 DESCRIÇÃO DO PROGRAMA DE M ONITORAMENTO DA F AUNA .......................................... 10

DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO....................................................................................... 12 3.1 3.2

4

HERPETOFAUNA DA CAATINGA ........................................................................................ 13 M ASTOFAUNA DA CAATINGA ........................................................................................... 14

METODOLOGIA PARA DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO............................................ 15 4.1

5

PLANO DE AMOSTRAGEM ................................................................................................ 16

METODOLOGIAS ESPECÍFICAS ............................................................................................. 21 5.1

HERPETOFAUNA......................................................................................................... 21

5.1.1

5.2

MASTOFAUNA.............................................................................................................. 23

5.2.2

6

Esforço de coleta e registro por Sítio ..............................................................................21 Esforço de coleta e registro por Sítio ..............................................................................25

RESULTADOS DA SEGUNDA CAMPANHA E DISCUSSÃO ................................................. 26 6.1

HERPETOFAUNA .............................................................................................................. 26

6.1.1 6.1.2

6.2

AMPHIBIA ........................................................................................................................28 REPTILIA .........................................................................................................................33

M ASTOFAUNA.................................................................................................................. 41

6.2.3 6.2.4 6.2.5

Pequenos mamíferos não voadores ................................................................................41 Pequenos mamíferos voadores.......................................................................................46 Médios e Grandes mamíferos ..........................................................................................47

7

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................ 48

8

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES PARA O TRIMESTRE SEGUINTE................................... 51

9

BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................... 53

10

GLOSSÁRIO............................................................................................................................ 58

11

ANEXOS .................................................................................................................................. 69

11.1 11.2 11.3

ANEXO FOTOGRÁFICO ..................................................................................................... 69 ANEXO H ERPETOLÓGICO ................................................................................................. 75 ANEXO M ASTOZOOLÓGICO .............................................................................................. 84

2º Relatório Trimestral

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Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Ma sto fa una da Us ina Hid roe létrica de Xin go

Índice de Tabela Tabela 1 – Pontos amostrados durante a campanha ...........................................................................17 Tabela 2 – Pontos variados. .................................................................................................................17 Tabela 3 - Número de espécies de répteis e anfíbios ocorrentes na Estação Ecológica de Xingó e número de espécies ocorrentes na área que são endêmicas da Caatinga......................................28 Tabela 4 - Registros de espécies de anfíbios nos sítios amostrados na Área de Influência da UHE Xingó. Os sítios amostrados são: Miramar (MIR), Poço Verde (PVE), Cana Brava (CBR), Mundo Novo (MUN), Curralinho (CUR), São José (SJO) e Piranhas (PIR). ..................................................31 Tabela 5 - Registros de espécies de répteis nos sítios amostrados na Área de Influência da UHE Xingó. Os sítios amostrados são: Miramar (MIR), Poço Verde (PVE), Cana Brava (CBR), Mundo Novo (MUN), Curralinho (CUR), São José (SJO) e Piranhas (PIR). ..................................................35 Tabela 6 - Riqueza e sucesso de captura dos pequenos mamíferos não-voadores, por habitat amostrado na região da UHE de Xingo (Al/SE), durante a primeira etapa de amostragem (abril/05). ........................................................................................................................................................42 Tabela 7 - Riqueza e sucesso de captura em armadilhas de queda nos habitats em que ocorreram capturas de pequenos mamíferos não-voadores, na região da UHE de Xingo (Al/SE), durante a primeira etapa de amostragem (abril/05).........................................................................................44 Tabela 8 - Riqueza e sucesso de captura dos quirópteros, por habitat amostrado na região da UHE de Xingo (Al/SE), durante a primeira etapa de amostragem (abril/05) .................................................46 Tabela 9 – Nome científico e popular dos répteis e anfíbios................................................................75 Tabela 10 - Lista de espécies de anfíbios encontrados na Estação Ecológica de Xingó, nos anos de 1993 (CHESF/ENGERIO, 1993) e 2002 (CHESF/UFAL, 2002) e (FR) respectiva freqüência relativa neste último inventário. ..................................................................................................................77 Tabela 11 - Lista de espécies de répteis encontrados na Estação Ecológica de Xingó – AL/SE, publicadas nos anos de 1993 e 2002 (período de inventário é anual). Acompanha a freqüência relativa (FR) nas amostras do último período. ................................................................................80 Tabela 12 - Número de espécies de répteis e anfíbios ocorrentes na Estação Ecológica de Xingó e número de espécies ocorrentes na área que são endêmicas da Caatinga......................................83 Tabela 13 – Nome científico e popular dos mamíferos ........................................................................84 Tabela 14 - Marcação, dados biológicos e morfométricos dos Pequenos Mamíferos capturados nas armadilhas gaiolas, durante a primeira etapa do monitoramento da UHE de Xingo. ......................85 Tabela 15 - Marcação, dados biológicos e morfométricos dos Pequenos Mamíferos capturados nas armadilhas de quedas, durante a primeira etapa do monitoramento da UHE de Xingo. .................87

Índice de Figura Figura 1 – Imagem Landsat mostrando a região onde se insere o reservatório de Xingó. ................... 9 Figura 2 – A Hierarquia ecológica: uma representação triangular das características chaves da composição, estrutura e função (forma derivada de Franklin, 1988 e Noss, 1990 apud Dale & Beyeler, 2001)..................................................................................................................................16 Figura 3 – Barragem com os pontos selecionados..............................................................................19 Figura 4 - Curvas de rarefação calculadas para a herpetofauna das Áreas de Influência da UHE Xingo e UHE Boa Esperança. Na legenda, XT= répteis e anfíbios da UHE Xingo (Caatinga), XL= lagartos de Xingó, XA= anuros de Xingo, BT= répteis e anfíbios da UHE Boa Esperança (Cerrado), BL= lagartos de Boa Esperança, BA= anuros de Boa Esperança...........................................................33 Figura 5 - Curva de coletor, ajustada ao modelo Log, da herpetofauna (RHERPETO) e das comunidades de lagartos (RLAGARTOS) e anuros (RANUROS). A curva foi construída considerando o esforço da segunda campanha na Área de Influência da UHE Xingó....................40 Figura 6 - Curva de coletor da herpetofauna (RHERPETO) e das comunidades de lagartos (RLAGARTOS) e anuros (RANUROS), considerando o esforço da segunda campanha na Área de Influência da UHE Xingó. A curva apresentada é o ajuste linear.....................................................40 2º Relatório Trimestral

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Figura 7: Usina Hidrelétrica de Xingo/ Abril/2005 ................................................................................69 Figura 8: Usina Hidrelétrica de Xingo Abril/2005 .................................................................................69 Figura 9: Bufo granulosus Sítio Curralinho .........................................................................................69 Figura 10: Bufo jimi (jovem).................................................................................................................69 Figura 11 Ceratophrys cf cristiceps. ....................................................................................................69 Figura 12: Ceratophrys cf cristiceps. ...................................................................................................69 Figura 13: Ceratophrys joazeirensis....................................................................................................70 Figura 14: Ceratophrys joazeirensis....................................................................................................70 Figura 15: Chorythomantis greeningi ..................................................................................................70 Figura 16: Phyllomedusa hypochondrialis ..........................................................................................70 Figura 17: Physalaemus sp..................................................................................................................70 Figura 18: Physalaemus sp..................................................................................................................70 Figura 19: Dermatonotus muelleri .......................................................................................................70 Figura 20: Dermatonotus muelleri .......................................................................................................70 Figura 21: Cnemidophorus ocellifer jovem..........................................................................................71 Figura 22: Cnemidophorus ocellifer ....................................................................................................71 Figura 23: Pleurodema diplolistris. ......................................................................................................71 Figura 24: Pleurodema diplolistris. ......................................................................................................71 Figura 25: Pleurodema diplolistris. ......................................................................................................71 Figura 26: Scinax pachicrus ................................................................................................................71 Figura 27: Trachycephalus atlas..........................................................................................................71 Figura 28: Trachycephalus atlas..........................................................................................................71 Figura 29: Trachycephalus atlas..........................................................................................................72 Figura 30: Trachycephalus atlas..........................................................................................................72 Figura 31: Trachycephalus atlas..........................................................................................................72 Figura 32: Crotalus durissus. ..............................................................................................................72 Figura 33: Tamnodynastes strigilis......................................................................................................72 Figura 34: Mabuya heathi.....................................................................................................................72 Figura 35: Gymnodactylus geckoides..................................................................................................73 Figura 36: Cnemidophorus ocellifer jovem..........................................................................................73 Figura 37: Cnemidophorus ocellifer ....................................................................................................73 Figura 38: Ponto de captura de pequenos mamíferos na fazenda Miramar.........................................73 Figura 39: Monodelphis com 9 filhotes................................................................................................73 Figura 40: Thricomys...........................................................................................................................73 Figura 41: Gracilinanus........................................................................................................................74 Figura 42: Monodelphis domestica após captura e soltura. ................................................................74 Figura 43: Caminho de um ponto inundado que prejudicou a campanha............................................74

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SIGLAS

ABNT

Associação Brasileira de Normas Técnicas

APA

Área de Preservação Ambiental

CERNE

Companhia de Eletrificação Rural do Nordeste

CONAMA

Conselho Nacional do Meio Ambiente

EIA

Estudo de Impacto Ambiental

IBAMA

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

LP

Licença Prévia

LO

Licença de Operação

PC

Pontos de Coleta

RIMA

Relatório de Impacto Ambiental

UC

Unidade de Conservação

UHE

Usina Hidroelétrica

UTM

Universal Transverse Mercator

SÍMBOLOS E UNIDADES ºC

graus Celsius

ha

hectare

km

quilômetro

km 2

quilômetro quadrado

m

metro

kV

quiloVolt

h

horas

m

metros

%

porcentagem

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1 CRÉDITOS TÉCNICOS E INSTITUCIONAIS

COMPANHIA HIDRELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO – CHESF Departamento de Meio Ambiente – DMA Rua Delmiro Gouveia, 333 – Edifício Dr. André Falcão San Martin – Bongi CEP: 50761-901

Recife – PE

Fone: (81) 3229-2000 SUPERVISOR TÉCNICO – CHESF Cláudio Avellar de Albuquerque

Biólogo CRBio – 36098/5-D

MRS ESTUDOS AMBIENTAIS LTDA. Matriz: Rua Barros Cassal, 738 – Bom Fim – Porto Alegre, RS – CEP 90035-030 Fonefax: (51) 311-1486 Fax: (51) 311-3708 e-mail: [email protected] Filial: SCN Quadra 5, Bloco A, sala 1108 – Brasília Shopping – Brasília, DF CEP 70710-500

Fonefax: (61) 3201-1800

email: [email protected]

Sócios Diretores Alexandre Nunes da Rosa

Geólogo - CREA 66.876/RS

Coordenação do Projeto Cristiane Gomes Barreto

Bióloga – CRBio 30340/04-D Equipe Executora

Alexandre F. Bamberg de Araújo

Biólogo (herpetofauna) – CRBio 16134/4-D

Jader Soares Marinho Filho

Biólogo (mastofauna) – CFB 05007/87

Marcelo Lima Reis

Biólogo (mastofauna) – CFB 05494/87

Ailton F. da Silva Júnior

Eng. Florestal – CREA 10840/DF

Alessandra Luíza Gouveia

Eng. Cartógrafa – CREA 5.061.175.330/D Equipe de Apoio

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Alexandre Nunes da Rosa

Geólogo – CREA 66876/RS

Carlos Eduardo Ribeiro Cândido

Biólogo – CTF 677001

Juliana Bragança Campos

Bióloga - CTF 547560

Keiko Fuetta Pellizzaro

Bióloga - CTF

Marcus Fernando Palma Moura

Estagiário – CTF 469240

Rafael Luis Rabuske

Eng. Civil – CREA 120201/RS

William Sousa de Paula

Biólogo – CTF 548293

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2 INTRODUÇÃO

2.1

DESCRIÇÃO DA USINA HIDRELÉTRICA XINGÓ

No início da década de 50 já se cogitava a possibilidade de aproveitamento hidrelétrico do baixo São Francisco em Xingó. Para o aproveitamento de montante foram investigados três eixos Xingo I, Xingo III e Canindé I. Os estudos de viabilidade do aproveitamento de Xingó iniciaram-se em 1981 pela PROMON Engenharia. Considerando aspectos socioeconômico, facilidades construtivas recomendou-se a implantação do empreendimento no eixo Canindé I, localizado a cerca de 2 km a montante da sede municipal relocada de Canindé de São Francisco (SE). Após ratificado pela ELETROBRÁS decidiu-se manter o nome, mesmo na nova situação, em função do amplo conhecimento do nome (ENGE-RIO 1993) A Usina Hidrelétrica de Xingó (Figura 1) está instalada no rio São Francisco, principal rio da região nordestina, entre os estados de Alagoas e Sergipe, situando-se a 12 km do município de Piranhas/AL e a 6 km do município de Canindé do São Francisco/SE. O rio São Francisco possui uma área de drenagem de 609.386 km 2, com extensão de 3.200 km, desde sua nascente na Serra da Canastra em Minas Gerais, até sua foz em Piaçabuçu/AL e Brejo Grande/SE. A bacia do rio São Francisco abrange uma área de 640.000 Km 2 e inclui parte de seis estados. O rio é dividido em 4 trechos: o alto, o médio, o submédio e o baixo São Francisco. A UHE de Xingo encontra-se no baixo São Francisco, cerca de 179 km da foz do rio (Chesf, 2005). Compreendem o represamento de Xingó as seguintes estruturas: barragem de enrocamento com face de concreto a montante com cerca de 140 m de altura máxima; na margem esquerda (AL) situa-se o vertedouro de superfície do tipo encosta com duas calhas e 12 comportas do tipo segmento com capacidade de descarga de 33.000 m3/s; na margem direita (SE) estão localizados os muros, tomada d’água, condutos forçados expostos, casa de força do tipo semi-abrigada, canal de restituição e diques de seção mista terra-enrocamento, totalizando o comprimento da crista em 3.623,00 m. A usina geradora é composta por 6 unidades com 527.000 kW de potência nominal unitária, totalizando 3.162.000 kW de potência instalada, havendo previsão para mais quatro unidades idênticas numa segunda etapa. As turbinas são do tipo Francis (Chesf, 2005) A energia gerada é transmitida por uma subestação elevadora com 18 transformadores monofásicos de 185 MVA cada um que elevam a tensão de 18 kV para 500 kV (Chesf, 2005) O reservatório da UHE Xingó inundou áreas pertencentes aos municípios de Paulo Afonso (BA), Canindé do São Francisco (SE), Olho D’Água do Casado, Piranhas e Delmiro Gouveia (AL). (Figura 1). Com 60 km 2 fica quase totalmente confinado no Canyon do Rio São Francisco, uma fonte de turismo na região através da navegação no trecho entre Paulo Afonso e Xingó, além de prestar-se ao desenvolvimento de projetos de irrigação e ao abastecimento d’água para a cidade 2º Relatório Trimestral

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de Canindé/SE, a cerca de 65 km à jusante do Complexo de Paulo Afonso possui um comprimento de 60 km na cota de 138 m. A UHE Xingo está à cerca de 240 km de Aracaju, capital do Sergipe, sendo o seu acesso feito através da BR-235 e das rodovias estaduais SE-106 e SE-206.

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Figura 1 – Imagem Landsat mostrando a região onde se insere o reservatório de Xingó.

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2.2

DESCRIÇÃO DO PROGRAMA DE M ONITORAMENTO DA F AUNA

É inegável a influência de empreendimentos de grande porte na transformação da paisagem natural, especialmente sobre a biota aquática dos rios e lagos continentais (Collart, 1991; Ferreira, 1974a, 1974b; Junk et al., 1981, Junk & Melo, 1987; Merona et al., 1987). Os efeitos sobre as populações da fauna terrestre são pouco documentados no Brasil. Os efeitos de longo prazo da instalação e operação das hidrelétricas podem se estender por uma área maior que a área diretamente afetada pelo reservatório. A melhoria na disponibilidade de água, energia, estradas e infra-estrutura urbana associada à hidrelétrica, permite o aumento da ocupação humana, gerando riquezas econômicas. O incremento da ocupação humana destrói e fragmenta os habitats na área de influência do reservatório. A disponibilidade e a distribuição dos remanescentes de habitats tornam-se os fatores preponderantes na determinação da distribuição das espécies de animais e plantas, selecionando, ou favorecendo a colonização da região por certas espécies, em detrimento de outras. Embora não exista certeza sobre o papel do acaso na extinção local de espécies e na estruturação contínua das comunidades locais de animais e plantas, é possível apontar espécies mais e menos vulneráveis às mudanças. O enchimento do reservatório de uma hidrelétrica desencadeia uma mudança permanente na composição de habitats da região, destruindo determinados habitats e criando outros. A ocupação humana das margens do reservatório, com objetivos recreativos, habitacionais e diversas finalidades empresariais, também favorecem a invasão de espécies exóticas e a demanda pelo uso da vegetação e da fauna silvestre, incrementando a caça e a retirada de animais para o comércio. Os impactos ambientais associados com a construção de uma Usina Hidrelétrica fizeram com que os órgãos ambientais criassem regras para o licenciamento, que incorporaram estudos específicos para a fauna, flora e as populações humanas. Esses estudos indicavam a necessidade de um acompanhamento mais aprofundado das interações do ambiente natural com o empreendimento em médio e longo prazo, implicando assim nas condicionantes. A UHE Xingó começou a ser construída em 1987 sendo as obras finalizadas em 1994. Logo sua implantação exigiu Licenciamento Ambiental. Contudo, a Resolução do CONAMA nº 006/87 no Artigo 12º, § 5º dispõe sobre o Licenciamento Ambiental de obras de grande porte, especialmente àquelas em que a União tenha interesse relevante, como o caso da UHE Xingó. Essa resolução estabelece que os empreendimentos desse porte que entraram em operação antes do dia 1º de fevereiro de 1986 devem ser regularizados mediante a obtenção da Licença de Operação (L.O.) com a necessidade de apresentação de EIA/RIMA. A UHE Xingó abrange áreas de dois Estados da Federação (Sergipe e Alagoas). Neste caso, a Resolução CONAMA 237/97 dá a competência de licenciamento ambiental ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

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A Licença de Operação (LO) nº 147/2001, concedida pelo Ibama a UHE Xingó prevê, numa de suas condicionantes, a realização do Programa de Monitoramento da Fauna a que se refere o presente relatório. O programa tem como objetivo principal realizar um levantamento e monitoramento da fauna de vertebrados terrestres na Área de Influência Direta e Indireta do reservatório de Xingó. Pretende-se identificar os principais tipos de alteração nas comunidades dos vertebrados terrestres (anfíbios, répteis e mamíferos) na região do entorno do reservatório, resultantes da formação do lago e do estímulo às atividades antrópicas à sua margem. O programa deverá proporcionar o conhecimento da biodiversidade da área e apresentar um estudo aprofundado da relação da biota com o meio adjacente e seus efeitos sobre as demais comunidades naturais de forma a subsidiar as ações de conservação e/ou recuperação do ecossistema.

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3 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, apresenta 12 tipologias diferentes, que corresponde uma área de aproximadamente 734.478 km 2, equivalente a 70% da região nordeste e 11% do território nacional (Bucher,1982). Cerca de 3,56% da Caatinga está protegida por unidades de conservação federais e apenas 0,87 em unidades de proteção integral. A biota da caatinga tem se descrito pobre e com poucas espécies endêmicas e, portanto, de baixa prioridade para conservação, mas estudos recentes mostram que isto está longe de ser verdade, o que se tem observado é que a Caatinga possui um número considerável de espécies endêmicas e inúmeras espécies de plantas e animais estão sendo descritos recentemente, o que indica que o conhecimento zoológico e botânico é bastante precário (Andrade-Lima, 1982; Rodal, 1992; Sampaio, 1995; Garda,1996; Silva & Oren, 1997; MMA, 2002 IN: MMA, 2004 p.92). De acordo com Garda (1996) somente a presença da vegetação das caatingas adaptadas às condições locais, tem impedido a transformação do Nordeste Brasileiro em um deserto. Os rios em sua maioria são intermitantes e o volume de água em geral é limitado, sendo insuficiente para a irrigação. Na maior parte de sua extensão, o bioma Caatinga é caracterizado por um clima quente e semi-árido, fortemente sazonal apresentando temperaturas que variam de 23° a 40°, precipitação média de 250-1000mm e déficit hídrico elevado durante todo o ano. O clima predominante é Tropical Semi-Árido quente - BSh. É caracterizado por escassez de chuvas e grande irregularidade em sua distribuição; baixa nebulosidade; forte insolação; índices elevados de evaporação, e temperaturas médias elevadas (por volta de 35ºC). A umidade relativa do ar é normalmente baixa, e as poucas chuvas - de 250 mm a 750 mm por ano - concentram -se num espaço curto de tempo, provocando enchentes torrenciais. Mesmo durante a época das chuvas (novembro a abril), sua distribuição é irregular, deixando de ocorrer durante alguns anos e provocando secas. O clima da bacia do São Francisco, utilizando a classificação de Köppen, apresenta diversos tipos de clima. No Alto São Francisco, o clima predominante é do tipo Aw, quente e úmido com chuvas de verão. O Médio São Francisco também possui clima predominante Aw, apresentando também outra variação climática, que é o clima BShw, semi-árido. O Submédio São Francisco apresenta clima BShw, ou seja um clima semi-árido. No Baixo São Francisco, o clima predominante é o Tropical Semi-Árido quente – BSh. A caatinga da região é do tipo hiperxerófila, arbustiva, arbórea-arbustiva (ENGE-RIO 1993) apresentando variáveis graus de conservação. O lago encontra-se margeado por paredões rochosos que podem alcançar até 50 metros de altura e variam o grau de inclinação e a cobertura vegetal. O solo argiloso e pedregoso fica exposto debaixo dos arbustos e das árvores esparsas. Plantas de pequeno porte predominam. A vegetação da caatinga está muito bem adaptado ao

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clima e ao solo do sertão (Branco, 1998). Caracterizada pela formação vegetacional aberta, chuvas irregulares, solos rasos e elevadas temperaturas anuais. (Ab’Saber,1977). Na região da Hidrelétrica de Xingó existe a APA do baixo São Francisco, há recomendações para a criação de uma Estação Ecológica referente à medida compensatória da implantação do Projeto Usina Hidrelétrica de Xingo (MMA, 2004). A CHESF já possui uma reserva de aproximadamente 5.000ha criada antes da construção da hidrelétrica, possui remanescentes de caatinga arbórea nos platôs e caatingas arbustivas no cânion. A região de Xingo é considerada como de extrema importância biológica para conservação da biodiversidade da Caatinga. Outro fator para esta recomendação é a presença de áreas areníticas com flora própria. A área compõe-se de uma grande variedade de rochas cristalinas, além de formações sedimentares que variam. Os terrenos sedimentares ocorrem próximo ao rio São Francisco e na porção oeste-nordeste da bacia. Entre Paulo Afonso e Canindé de São Francisco, o rio São Francisco apresenta seu curso quase que inteiramente adaptado às estruturas tectônicas, destacando-se entre elas os falhamentos que limitam, a leste e a oeste, a Fossa de Xingó. A região de implantação do empreendimento insere-se numa área sujeita a sismos naturais de intensidade moderada. Na área de influência indireta do empreendimento foram identificadas três unidades geomorfológicas denominadas Pediplano do Baixo São Francisco, Chapadas do Tonã e da Serra Talhada e Tabuleiros Dissecados do Vaza-Barris. O Pediplano do Baixo São Francisco predomina na área de estudo, ocupando toda Bacia de drenagem do reservatório. Trata-se de uma vasta superfície aplanada por processos de pediplanação, situada entre 200 e 250 metros de altitude e suavemente rampeada em direção à calha do rio São Francisco (ENGE-RIO 1993). O principal processo geomorfológico na área de influência direta é o escoamento superficial difuso, constituída em toda sua extensão, pela unidade Geomorfológica Pediplano do Baixo São Francisco. Aí a superfície do terreno foi entalhada pelo rio São Francisco que desde as cachoeiras de Paulo Afonso até a cidade de Piranhas forma um canyon, adaptado a uma rede de falhas e fraturas com cerca de 80 m de profundidade. A disponibilidade de água superficial na região com exceção do curso principal do rio São Francisco é muito restrita. O período de baixas vazões constituído pelos meses de junho a novembro, enquanto as maiores vazões ocorrem no período de janeiro a maio.

3.1

HERPETOFAUNA DA CAATINGA

Ainda existe uma grande carência de informações publicadas na literatura científica sobre a herpetofauna da Caatinga. Devido a isso, várias espécies de répteis e anfíbios da Caatinga têm sido descritas recentemente e várias espécies não descritas ainda esperam por estudos adequados. Conhece-se atualmente 44 espécies de lagartos, 9 espécies de anfisbenídeos, 47 espécies de serpentes, 4 quelônios, 3 crocodilianos 47 espécies de anuros e 2 gimniofionos. Para a Herpetofauna a área da Estação Ecológica de Xingo está descrita como de muito alta

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importância biológica para as áreas prioritárias para conservação da Caatinga, sugerindo a criação de áreas protegidas (MMA, 2004).

3.2

M ASTOFAUNA DA CAATINGA

Sobre os mamíferos da Caatinga têm revelado uma mastofauna depauperada e uma baixa incidência de endemismos. Duas importantes coleções constituem a base de conhecimento sobre a diversidade de mamíferos deste bioma: Museu Nacional da UFRJ e o Museu de Zoologia da USP. Levantamentos bibliográficos permitiram listar um mínimo de 148 espécies registradas para a região do bioma. A ordem Didelphirmorphia está representada por 11 espécies, a quiropterofauna está representada por 65 espécimes, e a Rodentia por aproximadamente 37 espécies. A mastofauna do Bioma Caatinga pode ser dividida nas espécies endêmicas ou que apresentam grande parte da distribuição neste bioma (19 espécies), 18 espécies amplamente distribuídas em outros biomas com registros esporádicos na Caatinga, e 106 espécies estão amplamente distribuídas entre a Caatinga e outros biomas (MMA, 2004). Poucos dados são disponíveis sobre o status de conservação de muitas espécies, principalmente espécies pequenas, raras e com distribuição restrita. As espécies maiores, com apelo emocional maior, são mais freqüentemente listadas, assim como as amplamente distribuídas geograficamente (Marinho-Filho et al., 2002).

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4 METODOLOGIA PARA DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO

A base metodológica utilizada neste estudo é uma adaptação do método de avaliação ecológica rápida de Sobrevilla & Bath (1992), já experimentado no monitoramento da fauna terrestre do AHE Corumbá I (Marinho-Filho et al.2002). Busca-se o maior volume de dados no tempo disponível para as atividades de campo, integrando a avaliação de vários especialistas sobre assuntos diversos, em sítios de amostragem comuns. Para o melhor desempenho da metodologia que estamos adotando, é importante que toda a informação seja geo-referenciada. Os especialistas analisarão dados obtidos de “indicadores”, que irão quantificar a magnitude dos impactos no ecossistema, o grau de exposição dos organismos estudados e sua resposta ecológica aos impactos, os “indicadores” podem ser organismos ou processos do ambiente físico. Inicialmente, o esforço será direcionado para a obtenção de dados sobre a composição faunística e sobre a abundância das espécies existentes nos diferentes tipos de habitat, de modo a possibilitar comparações de longo prazo. É um método simples e eficiente para examinar três componentes principais em diversas hierarquias: a composição ecológica, estrutura e função dos sistemas ecológicos complexos (Dale & Beyeler, 2001).

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Figura 2 – A Hierarquia ecológica: uma representação triangular das características chaves da composição, estrutura e função (forma derivada de Franklin, 1988 e Noss, 1990 apud Dale & Beyeler, 2001).

A seleção do nível hierárquico e da vertente a ser estudada depende dos objetivos do programa, da complexidade e do grau de impacto ou stress oferecido ao sistema. Devido ao tempo decorrido das alterações incidentes sobre o ecossistema, que já deve ter alcançado sua estase, ou nível de equilíbrio, e também, por se tratar de uma caracterização da biodiversidade local, optou-se por trabalhar com indicadores no nível de classes, ordens ou famílias dos vertebrados terrestres. Inicialmente, o esforço está direcionado para a obtenção de dados sobre a composição faunística, sua estrutura e sobre a abundância das espécies existentes nos diferentes tipos de habitat, de modo a possibilitar as comparações de longo prazo.

4.1

PLANO DE AMOSTRAGEM

Destaca-se na paisagem a boa conservação dos habitats na área demarcada como Estação Ecológica de Xingó e entorno. É certo que a degradação da cobertura de habitats de Caatinga é maior à montante, principalmente fora da Área de Infuência. A paisagem regional não pode ser diferenciada facilmente pelo relevo, ou pela vegetação dominante. Destacam -se três habitats que serão amostrados, são eles: caatinga aberta (dominada por arbustos e moitas de cactos e bromélias), caatinga densa (com árvores tocando suas copas, muitos arbustos, formando denso entrelaçado de troncos e galhos) e caatinga de lajedo (afloramentos de rochas). Na Tabela 1 estão caracterizados os 07 sítios amostrados nesta campanha e as características dos sítios de amostragem. Reunindo as informações desses sítios e considerando as limitações impostas pela natureza do trabalho com mamíferos, anfíbios e répteis, e pelo tempo disponível em cada campanha, optou-se por escolher sete sítios para amostragem contínua, que consiste em registrar espécimes em sítios que serão visitados em todas as campanhas. Houve a necessidade de alteração de ponto para a herpetofauna, pois o proprietário da Fazenda Mecejana, não permitiu a instalação de armadilhas tipo pit fall em sua propriedade devido à criação de gado que possui. Os sítios inseridos na Tabela 2, serão amostrados eventualmente e sem regularidade, buscando ampliar a amplitude regional das amostras. A amostragem descontínua significa registrar espécies em visitas de um dia a certos sítios, que poderão ou não ser re-visitados ao longo do período de monitoramento (a amostragem poderá ser repetida em outra oportunidade), priorizando ampliar o conhecimento por toda a área do reservatório. Os sítios estão assinalados na Figura 3 (localização dos sítios sobre a imagem de satélite). 2º Relatório Trimestral

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Com a amostragem contínua, será possível acompanhar ciclos de vida de espécies e comparar sazonalmente a mastofauna e a herpetofauna. Com a amostragem descontínua, ampliase a possibilidade de incluir espécies raras na lista regional e obter mais informações sobre a amplitude de distribuição das espécies nos habitats da Caatinga e em áreas degradadas.

Tabela 1 – Pontos amostrados durante a campanha Sítios Amostrados Mecejana

Curralinho

São José

Mundo Novo

Poço Verde

Miramar

Cana Brava

Característica do Sítio de amostragem Caatinga arbustiva e Caatinga Arbórea (predominante) Caatinga Arbustiva é predominante. Possui um riacho. Caatinga Arbustiva e Arbórea bem distribuída, terreno arenoso. Caatinga Arbustiva e Arbórea bem distribuída. Possui lagoa e lajedo. Solo arenoso Caatinga Arbustiva e Arbórea bem distribuída, solo arenoso/argiloso, córrego temporário. Possui lajedo. Caatinga Arbustiva rala, possui lagoa. Caatinga Arbustiva e Arbórea bem distribuída. Solo arenoso, lajedo de arenito

Amostragem

Coordenadas

Fixo para Mastofauna

24L 0633363 UTM 8938486

Fixo

24L 0628082 UTM 8944547

Fixo

24L 0619324 UTM 8949227

Fixo

24L 0611259 UTM 8943942

Fixo

24L 0617181 UTM 8943652

Fixo

24L 0628796 UTM 8937708

Fixo para Herpetofauna

24L 0611233 UTM 8941638

Amostragem

Coordenadas

Tabela 2 – Pontos variados. Sítios Visitados Cordeiro Caxiberal

2º Relatório Trimestral

Habitat Caatinga Arbórea, lajedo com areia. Caatinga Arbustiva, terreno arenoso.

Variada Variada

24L 0597366 UTM 8960308 24L 0611905 UTM 8950553 - 17

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Sítios Visitados

Habitat

Amostragem

Ilha 1

-

Variada

Ilha 2

-

Variada

Ilha 3

-

Variada

Ilha 4

-

Variada

2º Relatório Trimestral

Coordenadas 24L 0609113 UTM 8948402 24L 0626200 UTM 8940574 24L 0629273 UTM 8939104 24L 0622560 UTM 8937830

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Figura 3 – Barragem com os pontos selecionados

2º Relatório Trimestral

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Os sítios definidos para a amostragem a partir da imagem de satélite e checagem em campo foram visitados in loco para inclusão definitiva ou não no plano de amostragem, considerando os seguintes critérios: •

Status de conservação (foram escolhidos tanto sítios em bom estado quanto em mau estado de conservação);



Representatividade fitofisionômica/fisiográfica (procurou-se tipologias vegetacionais no plano de amostragem);



Facilidade de acesso e proximidade entre os sítios amostrais e do apoio logístico visando otimizar o trabalho.

incluir

todas

as

Optamos então por amostrar mais intensamente, estabelecendo estações fixas a serem trabalhadas por toda a duração desta etapa do monitoramento. Onde encontramos boa representação de todas as tipologias vegetacionais em bom estado de conservação e áreas antropizadas, para que possa ser realizada uma amostragem comparativa. Com esta abordagem geral, cobriremos tanto as áreas mais íntegras e representativas do estado natural quanto áreas mais alteradas pela atividade humana.

2º Relatório Trimestral

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5 METODOLOGIAS ESPECÍFICAS

5.1

HERPETOFAUNA

O monitoramento da herpetofauna (comunidades de anfíbios e répteis) será feito através de dois grupos de bio-indicadores, a anurofauna (Amphibia, Anura) e a saurofauna (Reptilia, Lacertilia). A escolha desses taxa, lagartos e anuros, como indicadores de qualidade de habitat deve-se a três aspectos principais. Em primeiro lugar, a zona adaptativa destes dois grupos de vertebrados é bem distinta (anuros concentram-se em habitats úmidos e lagartos ocupam mais facilmente os habitats secos), permitindo avaliar diferenças de potencial colonizador entre esses taxa, diante das mudanças da paisagem promovidas pela formação do lago e pelo incremento da ocupação antrópica. Outro aspecto é a disponibilidade de estudos de comunidades realizados em outras duas localidades de Caatinga: campo de paleodunas do rio São Francisco (Casa Nova, Xique-xique e Santo Inácio, Bahia) e Exú (Pernambuco). Não existem dados publicados para comparar com outras localidades da Caatinga. Outro aspecto é a facilidade de estudo: as populações da saurofauna e anurofauna são facilmente monitoráveis, são numerosas e a sistemática é relativamente bem conhecida, facilitando o uso de modelos quantitativos de riqueza e diversidade, entre outros aspectos de análise. Entretanto, os registros de espécies de serpentes, de jacarés, gymnophionas e os demais grupos raros e menores de Amphibia e Reptilia também são importantes e serão analisados qualitativamente. O monitoramento do estado de conservação das populações de anfíbios e répteis da Área de Influência da UHE Xingó vai permitir acompanhar os efeitos do desenvolvimento regional motivado pela hidrelétrica nestas comunidades. Será possível relacionar efeitos diretos sobre a paisagem natural e as conseqüências na persistência das populações em sítios de amostragem, escolhidos e preparados previamente.

5.1.1

ESFORÇO DE COLETA E REGISTRO POR SÍTIO

Reunindo as informações desses sítios e considerando as limitações impostas pela natureza do trabalho e pelo tempo disponível em cada campanha, optou-se por escolher seis sítios para amostragem contínua, marcados na Tabela 1. Após a instalação das armadilhas quatro sítios serão escolhidos por campanha, para amostragens descontínuas, buscando ampliar a amplitude regional das amostras. Esse e outros aspectos foram reunidos para propor a metodologia de amostragem da herpetofauna. O registro de espécies e de sua abundância relativa será tomado por sítio, ou, quando necessário, fora da área dos sítios de amostragem. Serão registradas informações individualizadas do uso de habitat e microhabitat para cada indivíduo identificado (anfíbio ou réptil), mesmo quando não coletado. Quando em grupo, o tamanho, estrutura etária do grupo e outras informações ecológicas serão anotadas. Horário de atividade e observações de 2º Relatório Trimestral

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comportamento serão registradas. Vídeos da paisagem no local de captura e do comportamento dos répteis e anfíbios serão gravados com vídeo câmera digital VHS-C, com habilidade para gravação noturna. As cenas capturadas em vídeo serão editadas em ADOBE PREMIERE 6.0. Os registros serão feitos por observação direta e captura nos sítios, através de coleta manual, tiro de espingarda de pressão e captura em armadilhas de queda (alçapão tipo "pitfall"). Troncos podres, buracos, moitas e cupinzeiros serão investigados a procura dos répteis e anfíbios. Dados sobre reprodução serão especialmente anotados para futuras análises do potencial colonizador das espécies e a resiliência das populações. Especialmente para os anfíbios anuros, para futuras comparações, serão gravadas as vocalizações e registrados os locais de vocalização e de desova, dando atenção à presença de girinos e fêmeas grávidas. Essas informações ecológicas (abundância, uso de habitat e microhabitat, dieta, sazonalidade, etc) serão analisadas no final do estudo. Para aumentar as oportunidades de registro de espécies, serão montadas estações de alçapões com cercas em forma de "Y", seguindo Gainsbury & Colli (2003). Em cada sítio de amostragem contínua, serão instaladas um mínimo de seis estações, distantes pelo menos 30m uma da outra, montadas seguindo uma trilha. Cada braço do "Y" será formado por uma cerca de lona plástica preta de 70cm de altura. No centro da estação, enterra-se um balde de 60 litros até a boca, para capturar pequenos animais em movimento. Em cada extremidade dos braços do "Y", outro balde será enterrado, somando quatro baldes por estação de alçapões. Quando não estão em uso, esses alçapões são tampados. Os espécimes coletados serão tombados na coleção herpetológica do Museu Nacional do Rio de Janeiro. A maioria dos espécimes coletados será marcada com corte de falanges e liberada no campo, após medir o comprimento rostro-anal, em milímetros, e tomar o peso, em gramas. Animais fixados serão previamente pesados e medidos, usando paquímetro digital e dinamômetro, respectivamente. Posteriormente, o sexo e o estágio reprodutivo serão confirmados com autópsia no laboratório. Comparações qualitativas dos atributos da herpetofauna, como a composição de espécies, a abundância relativa e o uso de habitat, serão feitas entre sítios. Comparações entre localidades da Caatinga também serão feitas, comparando-se a qualidade dos habitats, quanto à riqueza e abundância das espécies, a presença de espécies indicadoras e as transformações recentes da paisagem. Informações sobre dieta e uso do espaço das espécies registradas serão tomadas diretamente dos registros de campo, de análises de dieta feitas no laboratório e de dados publicados. Para as análises de dieta, o protocolo escolhido foi o de Colli et al., 1992. Os estômagos dos espécimes coletados e fixados serão removidos e analisados sob lupa, no laboratório. Acredita-se que o primeiro ano de monitoramento servirá para balisar os parâmetros de riqueza e abundância da saurofauna e anurofauna e as relações com a estrutura dos hábitats 2º Relatório Trimestral

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(heterogeneidade espacial). Também as demais espécies da herpetofauna serão inventariadas e é possível que 70% de toda a herpetofauna esteja listada no final desse período. O segundo ano será dedicado a acumular informações para comparar com o primeiro ano, principalmente quanto aos aspectos da sazonalidade das histórias de vida das espécies. Para inferir a qualidade do esforço do primeiro ano frente ao segundo, serão usados dois instrumentos: as curvas de coletor, que informam a relação entre esforço de coleta e riqueza acumulada ao longo das campanhas, e as curvas de rarefação, que estimam a riqueza, a partir de dados de abundância das espécies. Índices de diversidade, que relacionam a riqueza e a abundância relativa das espécies, serão calculados para cada sítio, facilitando as comparações. Os índices escolhidos são os de Simpson e Shannon-Wiener, seguindo Krebs (1999). As curvas de rarefação e os índices de diversidade serão calculados usando o software "Statistical Ecology" (Ludwig & Reynolds, 1988). Índices de dissimilaridade, diversidade-beta, ou “turn-over” de espécies entre os habitats ou sítios, medem a mudança na composição de espécies, ou o grau de similaridade, ou dissimilaridade, entre comunidades. Serão usados para aferir diferenças de composição das comunidades. A diversidade-beta será calculada através do índice de Whittaker (1960). Este índice varia de “0”, total similaridade, a “1”, total dissimilaridade.

Índice de Whittaker (1960)

Bw = (S/a) – 1

onde S= riqueza de espécies total de um par de sítios e a= média da riqueza de espécies dos sítios. O caminho principal de análise é a comparação da estrutura das comunidades de anfíbios e répteis, na escala local (entre sítios) e regional (anurofauna e saurofauna da UHE Xingó com outras comunidades de outras regiões de Caatinga), destacando as variações de riqueza e abundância, investigando as relações com a heterogeneidade de habitats, a qualidade e o grau de fragmentação. Para comparações e testes de hipótese, serão usados os procedimentos recomendados por Zarr (1999), que serão rodados no software SYSTAT 7.0. As análises multivariadas seguirão Pielou (1984). Pode-se adiantar que serão empregadas técnicas multivariadas de análise de gradientes por ordenação (PCA) e análises classificatórias de CLUSTER e Análises Discriminantes, usando como classes de discriminação, as famílias taxonômicas, as guildas alimentares e de uso de espaço.

5.2

MASTOFAUNA

Para o monitoramento da mastofauna, foram escolhidos como bioindicadores, as seguintes ordens Chiroptera, Rodentia e Didelphimorphia. Ordens de médios e grandes mamíferos como Xenarthra, Primates, Carnivora, Perissodactyla, Artiodactyla e Lagomorpha serão monitoradas quando possível, utilizando fontes de informação como observação e registros de animais mortos 2º Relatório Trimestral

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identificando pele, crânio ou carcaças; rastros, fezes ou sinais da presença da espécie e que possam ser reconhecidos e identificados com segurança pela equipe de campo e informações obtidas em conversas e entrevistas com moradores antigos e caçadores experientes. A riqueza da comunidade e os padrões de abundância e uso de hábitat das espécies de pequenos mamíferos serão monitorados a partir de um programa de captura, marcação e recaptura. Para capturar os animais vivos, serão usadas armadilhas dos tipos "Sherman" e "Young" modificadas, dispostas em linhas de captura estabelecidas em transectos nos diferentes tipos de hábitat. As armadilhas de queda para herpetofauna também funcionam bem para pequenos mamíferos e os animais assim capturados serão prioritariamente utilizados para compor uma coleção de referência e espécimes testemunho do trabalho realizado. É importante ressaltar que, apesar de povoada há mais de 400 anos, e relativamente bem conhecida para alguns grupos de animais e plantas (e.g. répteis e cactáceas), a Caatinga permanece um dos biomas mais precariamente amostrados para mamíferos brasileiros. A elaboração de uma boa coleção científica para a região de estudo é, por si só, um produto de grande relevância resultante deste trabalho. As iscas usadas como atrativos para esses animais serão preparadas com uma mistura de pasta de amendoim, fubá, sardinha em lata e banana e milho. As armadilhas serão armadas ao final da tarde de cada dia e vistoriadas pela manhã bem cedo. Cada linha de captura será mantida no mesmo local por três noites consecutivas. Todos os animais capturados serão marcados pelos métodos usuais (brincos, sempre que possível, ou ablação de falanges quando não houver alternativa segura), medidos, pesados, sexados, tendo registrada sua classe etária (juvenil, sub-adulto e adulto) e condição reprodutiva. Quando possível, serão identificados ao nível específico ainda no campo, sendo então soltos no local de captura. Nos casos de dúvida ou para a coleta de exemplares testemunho ou que venham a completar uma coleção de referência para a região, os animais serão mortos para confirmação de sua identificação e incorporados à Coleção de Mamíferos do Departamento de Zoologia da Universidade de Brasília, devidamente credenciada como “fiel depositária do patrimônio genético” junto ao CGEN. Os resultados da captura de pequenos mamíferos com armadilhas permitem não apenas uma lista confiável de espécies de ocorrência na área de estudo como possibilita uma estimativa de abundância para cada espécie. Para a análise dos dados serão comparadas as listas de fauna e suas abundâncias entre áreas, habitats e estações (seca e chuvosa). Para avaliação do turnover de espécies entre habitats e áreas será usado o índice de Whittaker, de forma análoga à definida para a herpetofauna. A análise da estrutura da comunidade será feita classificando guildas e grupos taxonômicos, submetendo esses grupos a análises de agrupamento, conforme definido também para a herpetofauna, usando-se os programas SYSTAT 7.0 e PC-ORD 4.0. As análises

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multivariadas seguirão Pielou (1984). Índices de diversidade e curvas de rarefação serão calculadas usando o programa de Ludwig & Reynolds (1988). A metodologia para amostragem dos quirópteros (morcegos) será a de captura através de redes de neblina, montadas no final da tarde e em locais propícios a presença destes animais, como corredores de vôo e sítios de alimentação. O esforço médio será de 20 horas/rede por ponto fixo de amostragem, abordando as diferentes fitofisionomias existentes em cada expedição de amostragem. Cada animal capturado será identificado, medido, pesado, sexado e terá registrada sua classe etária (juvenil, sub-adulto e adulto) e condição reprodutiva.

5.2.2

ESFORÇO DE COLETA E REGISTRO POR SÍTIO

O estudo ora iniciado conta com informações prévias de outros estudos para a região e se beneficia dos diagnósticos sobre a fisiografia, a vegetação e a fauna locais. A realização de um esforço amostral previsto para pequenos mamíferos que pode chegar a mais de 15.000 armadilhas-noite, somado a pelo menos 160 horas-rede para a captura de morcegos, além de procura ativa, rondas diurnas e noturnas para visualização de animais e a utilização de metodologia complementar como armadilhas de queda (pit-falls) nos permitirão fazer uma avaliação precisa da biodiversidade de mamíferos na região, bem como diagnosticar riscos e ameaças à fauna e eventualmente apontar medidas para mitigá-los.

Mamíferos de maior porte Para os mamíferos de maior porte serão utilizadas três fontes de informação: •

registros de animais mortos por caçadores dos quais podemos identificar pele, crânio ou carcaça;



rastros, fezes ou sinais da presença da espécie e que possam ser reconhecidos e identificados com segurança pela equipe de campo e;



informações obtidas em conversas e entrevistas com moradores antigos e caçadores experientes.

Para facilitar o reconhecimento das espécies, será apresentado um conjunto de pranchas com imagens fidedignas de cada animal. Nestas pranchas estarão presentes também diversos mamíferos de ocorrência restrita a outros biomas, o que nos permite testar a segurança e o conhecimento efetivo que estas pessoas tenham sobre a fauna local. Apenas os registros feitos por pessoas capazes de reconhecer as espécies locais, sem confundi-las com outras espécies aparentadas, serão considerados. Os dados serão tratados de forma similar aos pequenos mamíferos e herpetofauna.

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6 RESULTADOS DA SEGUNDA CAMPANHA E DISCUSSÃO

Este documento é o segundo relatório de levantamento e monitoramento da área de influência da UHE Xingó, referente à segunda campanha, que irá subsidiar as atividades de monitoramento. Os objetivos desta campanha foram: a instalação de armadilhas para a mastofauna e a herpetofauna e ajustar, a metodologia a ser adotada para o programa e as áreas para monitoramento da fauna. Todas as atividades dos pesquisadores nos sítios de amostragem, assim como os aspectos mais importantes da paisagem, os registros de espécies da mastofauna e herpetofauna, assim como de outras espécies de animais e plantas, habitats, acidentes geográficos, construções importantes, estradas e trilhas foram geoposicionados com GPS para análise sobre imagem de satélite. Os dias de trabalho da equipe foram suficientes para montar todas as armadilhas de queda e fazer amostragem para todos os sitos definidos como de amostragem fixa. Rios secos, erosões nas estradas de terra e grandes buracos nas estradas pavimentadas agravaram as condições de instalação das armadilhas e seu monitoramento.

6.1

HERPETOFAUNA

Seguindo o protocolo proposto no último relatório, em cada um dos seis sítios apresentados na Figura 3, Miramar, Poço Verde, Cana Brava, Mundo Novo, Curralinho e São José, foram instaladas oito estações de queda com cercas em "Y", melhorando as chances de captura de anfíbios e répteis vivos. Nessas armadilhas, os indivíduos foram marcados, medidos (comprimento rostro-anal e peso, quando possível) e soltos ao longo da campanha, que durou seis dias para cada sítio. Ao final da campanha, os alçapões foram fechados com madeira em decomposição (troncos podres) retirada das imediações. As estações de armadilhas foram instaladas nos sítios, diariamente, a partir do dia 21-042005 até o dia 25-04-2005, iniciando pelo sítio Miramar, próximo à sede de campo deste programa de monitoramento. Os últimos sítios a serem instalados foram os dois posicionados em Alagoas: Mundo Novo e São José. Também foram empreendidas buscas para registro direto (observação, captura) e indireto (pegadas, fezes) da herpetofauna nos sítios e foi dada atenção aos anfíbios e répteis atropelados, ou observados nos caminhos entre os sítios. Anfíbios e répteis foram registrados por coleta, observação direta, filmagem (em vídeo VHS-C) e fotografias, mantendo-se o mínimo de cinco indivíduos coletados por espécie e por sítio. Foram tomadas fotografias digitais de quase todas as espécies.

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Os registros foram computados em arquivos EXCEL e os gráficos foram produzidos usando SYSTAT 7.0. Para padronizar as informações de riqueza, foram empregadas curvas de rarefação do programa STATISTICAL ECOLOGY (Ludwig & Reynolds, 1988). Para o registro de espécies da herpetofauna, foram amostrados seis sítios na Área de Influência, posicionados na imagem mostrada na Figura 3. Complementando o esforço, também foram obtidos registros da herpetofauna do Centro Histórico de Piranhas (PIRANHAS-AL), e da Sementeira mantida pela CHESF em Piranhas (SEMENTEIRA), espécies da herpetofauna registrada na cidade de Piranhas e periferia foram computadas em um único sítio, chamado “Piranhas” (PIR). Amostrar nesses locais permite comparações com sítios mais afastados da cidade e com maior diversidade biológica. Nesta campanha, as coletas nas seis localidades, ou áreas (sítios de amostragem) totalizaram 43 exemplares de anuros, de 15 espécies. As coletas de répteis limitaram-se aos números máximos licenciados por espécie e por “’área” (sítio de amostragem). Junto com os registros de observações, somaram 403 indivíduos, de 16 espécies. Considerando o esforço empreendido, o número de sítios estudados e a escala geográfica abrangida por este programa de pesquisa, temos a expectativa de uma riqueza maior para o conjunto que reúne os dois grupos taxonômicos escolhidos para focar o monitoramento, anuros e lagartos. Examinando a coleção herpetológica do Museu de Zoologia de São Paulo, Rodrigues (2004) listou 10 espécies de serpentes, 19 espécies de lagartos e 13 anuros (somando 32 espécies) para a Área de Influência da UHE Xingó. Em Itaparica, Silva & Sites (1994) listaram 27 serpentes e 21 espécies de lagartos e anfisbenas, mas não informaram sobre anuros. Em Exú (Pernambuco), a localidade da Caatinga com mais informação sobre a herpetofauna, estão listadas 18 espécies de serpentes, 16 lagartos e 19 anuros, totalizando 35 espécies no conjunto formado pelos grupos em monitoramento na UHE Xingó. Como prognóstico da riqueza a ser registrada na área de influência da UHE Xingó, os números de espécies de anuros, lagartos e também de serpentes, quando comparados aos números de localidades bem estudadas do Cerrado (Colli et al., 2002) e da Caatinga (Rodrigues, 2004; Vitt, 1995), sugerem uma riqueza comparável ao município de Exú, localizado na Chapada do Araripe (PE). Na Tabela 3 são apresentados os números de espécies registrados em inventários anteriores. As listas completas de espécies da herpetofauna destes inventários estão disponíveis no Anexo herpetológico (Tabela 10 e Tabela 11). A riqueza de espécies conhecida para a Área de Influência da UHE Xingo é 67 espécies. Lagartos e anuros são os grupos taxonômicos mais ricos, totalizando 12 espécies endêmicas. Devido às facilidades de trabalho no campo com esses dois grupos taxonômicos e a maior quantidade e qualidade de informações biológicas disponíveis, sugere-se manter o foco maior do monitoramento em anuros e lagartos. São grupos com biologia diferente quanto à economia de água, sobretudo para a reprodução, e o contraste entre as

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estruturas das comunidades de anuros e lagartos permite explorar essas diferenças e a relação com a estrutura dos hábitats e sua qualidade. Também, qualquer que seja o desenho experimental a ser empreendido pelas equipes que venham a realizar o monitoramento no futuro, será possível registrar abundâncias relativas das espécies nos sítios geoposicionados. As composições das comunidades locais dos grupos taxonômicos monitorados (neste caso, anuros e lagartos) e a abundância dessas populações serão os indicadores dos estados das populações animais na região. Será possível apontar espécies ausentes em sítios, fortemente ameaçadas de extinção local, de espécies que são beneficiadas pala transformação da paisagem pela ação antrópica.

Tabela 3 - Número de espécies de répteis e anfíbios ocorrentes na Estação Ecológica de Xingó e número de espécies ocorrentes na área que são endêmicas da Caatinga. Grupo Taxonômico Lagartos

CHESF/ENGERIO 1993 e CHESF/UFAL 2002 No. espécies endêmicas da No. espécies registradas Caatinga registradas na AII 22 5

Anfisbenídeos

2

-

Serpentes

18

3

Tartarugas

3

-

Jacarés

-

-

Cecílias

-

-

Anfíbios anuros

22

4

TOTAL

67

12

6.1.1

AMPHIBIA

A Tabela 4 apresenta as espécies de anfíbios anuros registrados nesta segunda campanha à Área de Influência da UHE Xingó. São 15 espécies em 43 indivíduos registrados. Muitas das espécies encontradas são de reprodução explosiva: machos vocalizam em grande número durante o período chuvoso e atraem as fêmeas para reprodução, que em geral ocorre alguns dias por ano. Possíveis exceções são as espécies de Leptodactylus (caçote) e Scinax (raspa), embora a biologia dessas espécies ainda não seja bem conhecida. Espécies de Leptodactylus (caçote) e Physalaemus (ranzinha) constroem ninhos de espuma onde depositam os ovos, sobre ou próximo à água. Hyla crepitans (perereca) também apresenta particularidades quanto à reprodução, uma vez que os machos constroem “piscinas” à margem de corpos de água para onde atraem fêmeas

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reprodutivas. Nesta espécie, como as demais espécies do grupo (grupo Hyla boans - (perereca)), os machos disputam e defendem territórios reprodutivos. Também junto aos corpos d’água, Phyllomedusa hypochondrialis (perereca-verde) faz ninhos de folhas enroladas de arbustos que crescem nas margens dos brejos e poças, como todos os outros membros desta subfamília. Na Tabela 10 (Anexo herpetológico) foram listadas nos inventários anteriores, 22 espécies de anuros na Área de Influência, sendo duas delas registradas na área de influência indireta. Na primeira campanha, adicionamos à lista, outra espécie de anuro, Hyla atlântica (pererecapequena). Esta espécie não foi registrada na segunda campanha. No entanto, outras espécies de anuros foram registradas e adicionadas à lista: Hyla minuta (perereca-pequena), Ceratophrys joazeirensis (sapo-boi), Physalaemus cuvieri (ranzinha), Odontophrynus carvalhoi (sapo) e Trachycephalus atlas (perereca-grande). Espera-se encontrar ao menos uma espécie de cecília (Gymnophiona). Entre os anuros listados, encontramos espécies de ampla distribuição pelo Cerrado e pelo nordeste do Brasil, em áreas de Mata Atlântica (Hyla minuta (perereca-pequena), Physalaemus cuvieri (ranzinha), Phyllomedusa hypochondrialis (perereca-verde)). A reprodução de muitas espécies de anuros é pouco conhecida, como a de Corythomantis greeningi (perereca-grande), um hilídeo com distribuição pelas áreas secas do nordeste (Sazima & Cardoso, 1980) e que provavelmente se reproduz em poças e se abriga em bromeliáceas durante o dia e períodos mais secos do ano. A espécie parece apresentar uma série de adaptações na estrutura da pele para a vida nesses ambientes (Jared et al., 1995). É muito importante conseguir mais informações da biologia dessa espécie e o projeto de monitoramento é uma oportunidade para melhorar esse conhecimento. Scinax pachychrus (raspa-cuia) procura abrigo em bromélias durante o dia (e possivelmente durante a estação seca), de onde sai para se alimentar e reproduzir. Bufo granulosus (sapo-verruguento), Ceratophrys joazeirensis (sapo-boi), Physalaemus cuvieri (ranzinha) e Odontophrynus carvalhoi (sapo) são espécies que se enterram durante a estação seca e durante a estação chuvosa saem de seus abrigos para reproduzir. Estas espécies não estão na lista da Tabela 10. Trachycephalus Atlas (perereca-grande) e Corythomantis greeningi (perereca-grande), durante a estação seca, procuram abrigo em oco de arvores, bromélias e fendas nas rochas. Nada sabemos sobre a biologia das outras espécies durante a estação seca. Entretanto, estas espécies devem procurar abrigo nos brejos ou em ambientes semelhantes próximos a corpos d’água. Com exceção do microhilídeo Dermatonotus mulleri (sapo-manteigua), que se alimenta preferencialmente de cupins, as outras espécies na amostra são predadores do tipo “sentaespera”, alimentando-se primariamente de insetos que se movimentam mais sobre o solo e o folhedo. Uma outra exceção pode ser Ceratophrys joazeirensis (sapo-boi) como as demais espécies no gênero, deve incluir em sua dieta pequenos vertebrados (outros anuros e pequenos

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mamíferos). Entretanto, como esta espécie foi descrita recentemente (Mercadal, 1986), a dieta pode ser ainda mais generalista, pois pouco se sabe sobre matas de galeria e sua biologia. As formas juvenis de Leptodactylus ocellatus (caçote) e Bufo paracnemis (sapo-cururu) (= Bufo jimi) nas amostras indicam que essas espécies estão ativamente se reproduzindo na área amostrada.

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Tabela 4 - Registros de espécies de anfíbios nos sítios amostrados na Área de Influência da UHE Xingó. Os sítios amostrados são: Miramar (MIR), Poço Verde (PVE), Cana Brava (CBR), Mundo Novo (MUN), Curralinho (CUR), São José (SJO) e Piranhas (PIR). SÍTIOS

FAMÍLIA/ESPÉCIE MIR

PVE

Bufo granulosus

6

5

Bufo paracnemis (=Bufo jimi)

1

CBR

MUN

CUR

SJO

PIR

total

1

2

14

2

4

Bufonidae (2 spp.)

1

Hylidae (6 spp.) Corythomantis greeni

1

1

Hyla creptans

1

1

Phyllomedusa hypochondrialis

1

1

Scinax pachichrus Scinax sp.

2

2

1

1

Trachycephalus atlas

1

1

Microhylidae (1 sp.) Dermatonotus muelleri

2

2

1

2

1

1

Leptodactylidae (6 spp.) Physalaemus cuvieri Ceratophrys joazeirensis 2º Relatório Trimestral

1

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SÍTIOS

FAMÍLIA/ESPÉCIE MIR

PVE

Leptodactylus cf. natalensis Leptodactylus ocellatus

CBR

MUN

CUR

SJO

PIR

1 4

Leptodactylus troglodytes

1

1 1

total

5 4

Odontophrynus carvalhoi

5 1

1

2

Totais de registros

15

8

12

1

1

2

4

43

Riqueza

7

4

7

1

1

2

2

15

2º Relatório Trimestral

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6.1.2

REPTILIA

A Tabela 5 apresenta a lista de espécies de répteis registradas na segunda campanha. Até cinco exemplares de cada espécie foi coletado e fixado. As serpentes Crotalus durissus (cascavel) e Philodryas nattereri (cobra-cipó) não foram coletadas, mas foram filmadas e fotografadas. Trezentos e noventa e sete lagartos (397) foram capturados, marcados com corte de falanges (seqüência numérica por espécie, diferente para cada sítio) e liberados nos locais de captura. Destes, 236 eram Cnemidophorus gr. ocellifer (calanguinho), a espécie dominante em número e distribuição. Ocorrem na região três espécies de Tropidurus, as três espécies em sintopia no sítio mais rico, São José. Os geconídeos também são importantes na comunidade de lagartos, contribuindo com quatro espécies, sendo uma, Gymnodactylus geckoides (lagartixa-do-cerrado), bastante numerosa. Essa situação é característica das comunidades de lagartos da Caatinga, quando comparadas com as do Cerrado: na Caatinga, os geconídeos são bem sucedidos e especiosos (Vitt, 1991).

Figura 4 - Curvas de rarefação calculadas para a herpetofauna das Áreas de Influência da UHE Xingo e UHE Boa Esperança. Na legenda, XT= répteis e anfíbios da UHE Xingo (Caatinga), XL= lagartos de Xingó, XA= anuros de Xingo, BT= répteis e anfíbios da UHE Boa Esperança (Cerrado), BL= lagartos de Boa Esperança, BA= anuros de Boa Esperança.

O número de espécies de lagartos inventariado até agora é expressivo (10 spp.), mas estamos ainda no início do trabalho. Na última campanha, registramos Iguana iguana (camaleão, iguana) na Sementeira da CHESF (Piranhas), porém não observamos a espécie nesta segunda campanha.

2º Relatório Trimestral

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Não há repetições de amostras suficientes para projeções confiáveis de curvas de coletor, temos apenas duas campanhas de amostragem realizadas. Mas uma comparação de curvas de rarefação das herpetofaunas amostradas nas áreas de influência indireta da UHE Xingó e UHE Boa Esperança é apresentada na Figura 4. Interpretando as sugestões das curvas apresentadas na figura, a área de influência da UHE Xingó, na Caatinga, é mais rica em espécies que a área de influência da UHE Boa Esperança, dominada por Cerrado. O mesmo pode-se dizer para as comunidades de lagartos, em separado. Ainda não temos bons dados para anuros. Na Tabela 11, estão listadas 45 espécies de répteis registradas para Xingó, 22 espécies de lagartos (a maior parte da amostra), 17 espécies de serpentes, três espécies de tartarugas e duas espécies de anfisbenas, números ainda abaixo da expectativa para a paisagem em estudo. Como em outras localidades da América do Sul, espera-se que a comunidade de serpentes seja mais rica que a de lagartos. Entre as serpentes listadas, a maioria (13 spp.) pertence à família Colubridae, em geral sem perigo para os seres humanos. Entretanto, é necessário prevenir os órgãos gestores de saúde da região para o risco de acidentes com as serpentes peçonhentas jararaquinha-vermelha, ou jararaca-pintada (Bothrops erytromelas), cascavel (Crotalus durissus ) e coral-verdadeira (Micrurus ibiboboca). Na segunda campanha, nenhum novo registro de espécies de répteis foi adicionado à lista da Tabela 11. As séries coletadas de Cnemidophorus gr. ocellifer (calanguinho), Tropidurus hispidus (lagarto (lagartixa-de-pedra ou catenga)), Tropidurus semitaeniatus (lagarto (lagarto-do-lajedo)), Briba brasiliana (Briba), Gymnodactylus geckoides (lagartixa-do-cerrado) e Bufo granulosus (sapoverruguento) estão no limite da autorização emitida pelo IBAMA para este trabalho, sinalizando não ser necessário mais coletas desses taxa. Nas próximas campanhas, teremos o cuidado necessário para marcar e soltar mais lagartos. Cnemidophorus gr. ocellifer (calanguinho) é provavelmente uma nova espécie (não descrita), apresentando diferenças importantes nas contagens de poros femorais e folidose da cabeça. Tropidurus hispidus (lagarto (lagartixa-depedra ou catenga) ocorre em quase todos os sítios e T. cocorobensis (lagarto) é restrito ao sítio em Alagoas, São José, onde dominam as areias entre afloramentos, habitat deste lagarto (Rodrigues, 1987).

2º Relatório Trimestral

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Tabela 5 - Registros de espécies de répteis nos sítios amostrados na Área de Influência da UHE Xingó. Os sítios amostrados são: Miramar (MIR), Poço Verde (PVE), Cana Brava (CBR), Mundo Novo (MUN), Curralinho (CUR), São José (SJO) e Piranhas (PIR). SÍTIOS

FAMÍLIA/ESPÉCIE MIR

PVE

1

1

16

7

CBR

MUN

CUR

SJO

PIR

total

Gekkonidae (4 spp.) Briba brasiliana Gymnodactylus geckoides Lygodactylus klugei

2 5

6

3

2

6

1

38

1

Phyllopezus pollicaris

1

3

1

27

5

1

1 5

Teiidae (2 spp.) Cnemidophorus gr. ocellifer Tupinambis merianae

36

72

19

1

2

77

236

1

4

Scincidae (1 sp.) Mabuya cf. heathi

1

1

Tropiduridae (3 spp.) Tropidurus cocorobensis

35

Tropidurus hispidus

13

7

Tropidurus semitaeniatus

9

7

2º Relatório Trimestral

15

2

2

10

1

3

35 1

49 20

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SÍTIOS

FAMÍLIA/ESPÉCIE MIR

PVE

CBR

MUN

CUR

SJO

PIR

total

Amphisbaenidae (1 sp.) Amphisbaena vermicularis Colubridae (4 spp.)

1

Apostolepis assimilis

1

1

1

Oxyrhopus trigeminus

1

1

Philodryas nattereri

1

1

Tamnodynastes strigilis

1

1

1

1

Viperidae (1 sp.) Crotalus durissus

Totais de registros

76

96

43

43

13

130

2

403

Riqueza

6

7

7

6

4

8

2

16

2º Relatório Trimestral

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A sintopia de Tropidurus hispidus (lagartixa-de-pedra ou catenga) e Tropidurus semitaeniatus (lagarto-do-lajedo) já foi documentada, porém sem muito cuidado com as informações sobre uso de hábitat e microhábitat dessas duas espécies (Vitt, 1995). Um estudo mais detalhado do uso de recursos por essas espécies na área de influência da UHE Xingó será muito importante para entender os mecanismos de coexistência das espécies do gênero. As duas espécies ocorrem amplamente na Caatinga e em parte do Cerrado. Para Vitt & Goldberg (1983), Tropidurus hispidus (lagartixa-de-pedra ou catenga) prefere por ovos (usualmente oito) sob grandes rochas, enquanto T. semitaeniatus (lagarto-do-lajedo), com o corpo bastante fino, põe poucos ovos nas frestas das rochas (no máximo quatro, constrangimento imposto pelo pequeno tamanho do abdomen da fêmea). A dieta e uso do espaço das duas espécies são próximos, T. semitaeniatus (lagarto-do-lajedo) preferindo rochas (mais abundantes em arenitos que formam frestas finas), assim como T. hispidus (lagartixa-de-pedra ou catenga), porém T. hispidus (lagartixa-de-pedra ou catenga) ocorre no Cerrado arenoso, em troncos podres, no chão, ou em árvores. A dieta das duas espécies é fundamentalmente composta por formigas, mas T. hispidus (lagartixa-de-pedra ou catenga) come flores e frutos eventualmente (Van Sluys et al., 2004). São espécies que forrageiam do modo "senta-e-espera", permanecendo em um poleiro (rocha, tronco) a espera de presas móveis, que são tomadas em movimentos rápidos. São lagartos diurnos, com período de atividade bastante amplo, podendo estar ativos em dias chuvosos e, provavelmente, reproduzem o ano todo, concentrando a reprodução na mesma época, no fim do período seco e ao longo dos primeiros meses da estação chuvosa. Para complicar ainda mais essa relação, temos Tropidurus cocorobensis (lagarto), lagarto que freqüenta ambientes arenosos, em sintopia com essas duas espécies no sítio São José. Espécies de Tropidurus são comumente encontradas em simpatria (Rodrigues, 1987; Colli et al., 1992; Van Sluys et al., 2004; Faria & Araujo, 2005; Vitt, 1991, 1995) e é interessante observar que pequenas diferenças nas adaptações ecomorfológicas das espécies simpátricas podem minimizar a competição por espaço e alimento, uma vez que suas formas e ecologias são muito próximas. De modo geral, os autores atribuem a essas espécies simpátricas, grande sobreposição de nichos. As espécies de Tropidurus são territoriais e agressivas, mostrando interessantes comportamentos de comunicação social, principalmente sinais gestuais (flexões de corpo e de cabeça, mudanças na posição da cauda, entre outras posturas), que devem minimizar os efeitos mais danosos dos encontros agonísticos. Variações da morfologia, relacionadas com diferenças no uso de habitat, foram estudadas por esses autores e são consideradas historicamente recentes (Vitt et al., 1997). Briba brasiliana (briba) é uma lagartixa muito parecida com a espécie invasora africana Hemidactylus mabouia (lagartixa-de-parede), destacando-se desta última pelo engrossamento da cauda e pela ausência da parte distal do primeiro dedo da mão. É considerada típica da Caatinga, mas ocorre no Cerrado, na região de São Domingos (GO) e Jalapão (TO). B. brasiliana (briba) e H. mabouia (lagartixa-de-parede) são lagartos "senta-e-espera" noturnos da família Gekkonidae e

2º Relatório Trimestral

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são muito sensíveis ao ressecamento, permanecendo abrigados da insolação durante o dia. Provavelmente a dieta das duas espécies é sustentada por insetos com maior mobilidade. H. mabouia (lagartixa-de-parede) tem distribuição ampla na América latina e usa ambientes produzidos pelo Homem, como prédios, amontoados de madeira e restos de construção civil, sendo encontrada entre troncos podres no Cerrado, somente na periferia das cidades. Briba brasiliana é observada sob cascas de árvores em coletas durante o dia e deve ficar mais exposta durante o seu forrageio, à noite. Cnemidophorus gr. ocellifer (calanguinho), Ameiva ameiva (bico-doce) e Tupinambis merianae (teiú) pertencem à família Teiidae. Podem ser colocados como estão, em ordem de tamanho do corpo, do menor para o maior. Esse gradiente de tamanho reflete-se em um gradiente de tamanho de itens alimentares. T. merianae (teiú) é o nosso maior teiú e sua carne é bastante apreciada por caçadores. O couro é aproveitado para fazer utensílios, de botas até bolsas. Come principalmente insetos, mas ingere ovos, pequenas aves, pequenos mamíferos, outros lagartos e anfíbios. Como os demais teiídeos, forrageia ativamente atrás de suas presas, usando a língua bífide para localizar trilhas químicas e diferenciar seu alimento. Ameiva ameiva (bico-doce) ingere presas de tamanho intermediário e tem dieta bastante generalista, incluindo, eventualmente, vertebrados como alimento. Cnemidophorus do grupo ocellifer alimentam-se, fundamentalmente, de cupins e habitualmente não comem vertebrados. Espécies da família Teiidae usam ambientes aquáticos habitualmente (exemplos nos gêneros Dracaena, Neusticurus e Crocodilurus). Mas a maioria das espécies usa o chão, habitualmente não sobem em árvores e tendem a explorar os diferentes substratos da paisagem, em função do tamanho das suas áreas de vida, diretamente relacionadas com seus tamanhos de corpo (corpo maior, menor especialização de habitat). Exemplos de espécies que escalam troncos estão no gênero Kenthropix. Espécies do gênero Cnemidophorus usam mais áreas abertas, com pouca vegetação, enquanto que Ameiva ameiva (bico-doce) prefere moitas e vegetação em crescimento secundário. Como mencionado anteriormente, Tupinambis merianae (teiú) é o mais generalistas dos três lagartos no uso da paisagem. Até agora, não registramos Ameiva ameiva (bico-doce) nos sítios que foram estudados. É possível que a espécie seja comum em algum local da periferia de Piranhas, ou mesmo seja raro em condições naturais, na Área de Influência da UHE Xingó. Com primeiro registro deste programa nessa segunda campanha, Vanzosaura rubricauda (lagartinho-de-cauda-vermelha) é um microteiídeo típico (Gymnophthalmidae), um pequeno lagarto "forrageador ativo" associado ao folhiço, com cauda longa, vermelha brilhante e que pode ser oferecida a um predador, por autotomia. Alimenta-se de pequenos artrópodos do folhiço, e pode ser visto sobre areia exposta e sobre rochas na Caatinga. Seria um equivalente ecológico” do microteiídeo Micrablepharus maximilianii (Calanguinho-rabo-azul) (Gymnophthalmidae), bastante comum no Cerrado do Piauí (UHE Boa Esperança) e ainda não registrado na Área de Influência da UHE Xingó. Esta espécie raramente é encontrado em matas úmidas (matas de galeria), é mais associada aos habitats abertos da Caatinga e do Cerrado.

2º Relatório Trimestral

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Espécies de lagartos do gênero Mabuya (Scincidae) têm forma do corpo semelhante, com variações no tamanho relativo das patas, da distância entre as cinturas e da altura do corpo e da cabeça. São lagartos de colorido geral tendendo ao pardo, com listras laterais brancas e negras. Vivíparos (diferente dos demais, ovíparos), com prole pouco numerosa (usualmente quatro filhotes), usam facilmente árvores, arbustos, o chão e rochas. Ocorrem de habitats abertos às matas e a dieta é tão generalista quanto a de Ameiva ameiva (bico-doce), incluindo a ingestão de pequenos vertebrados. Também ocorrem na periferia das cidades e colonizam amplamente a Caatinga (incluindo os “brejos”), o Cerrado e os maiores biomas florestados do nosso continente, Amazônia e a Floresta Atlântica. Nesta segunda campanha foi registrada Mabuya heathi (lagartode-folhiço), mas há expectativa de encontrar pelo menos mais uma espécie para a região em estudo, Mabuya guaporicola (lagarto). A única espécie de anfisbena capturada, Anfisbaena vermicularis (cobra-de-duascabeças), é uma espécie inicialmente reconhecida como endêmica do Cerrado (Colli et al., 2002), mas também registrada na Caatinga (Rodrigues, 2004). Pouco se conhece sobre sua Biologia. Nas armadilhas de queda também foram capturados alguns marsupiais e roedores, que foram registrados pela equipe responsável pelo monitoramento da Mastofauna. Não foi registrada qualquer espécie de jacaré na Área de Influência. Não foi obtido nenhum registro direto (observação direta), nem pegadas, nas duas praias visitadas (ponte à jusante da barragem e sítio Poço Verde). Entretanto, três informes da presença de Cayman latirostris (jacaré papo-amarelo) na calha do rio São Francisco, no reservatório da UHE Xingo, foram tomados de moradores. A presença de jacarés no rio São Francisco é uma hipótese importante para investigação, uma vez que as espécies desse grupo estão ameaçadas de extinção. Trata-se de um fenômeno globalizado, talvez porque os hábitats dos Crocodilia (crocodilos, jacarés, gaviais) são parecidos, são raros, ocorrem principalmente em regiões tropicais e são muito disputados e fortemente pressionados pelos seres humanos. Enfrentamos o mesmo problema com as três espécies de tartarugas listadas para o rio São Francisco (Tabela 11). As curvas apresentadas nas Figura 3 e Figura 4 foram construídas usando o programa SYSTAT 7.0. São ajustes dos dados de esforço de coleta (registro) e riqueza acumulada da herpetofauna (e, separadamente, anuros e lagartos) na segunda campanha à Área de Influência da UHE Xingo. O modelo logarítmico (Log) ajusta significativamente os dados, como o modelo linear, porém o modelo usado para interpretar a curva de coletor é o modelo Log, que sugere que ainda temos muito esforço pela frente. Entretanto, é possível que a riqueza total de lagartos da Área de Influênica seja alcançada antes de anuros.

2º Relatório Trimestral

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Figura 5 - Curva de coletor, ajustada ao modelo Log, da herpetofauna (RHERPETO) e das comunidades de lagartos (RLAGARTOS) e anuros (RANUROS). A curva foi construída considerando o esforço da segunda campanha na Área de Influência da UHE Xingó.

2º Relatório Trimestral

Figura 6 - Curva de coletor da herpetofauna (RHERPETO) e das comunidades de lagartos (RLAGARTOS) e anuros (RANUROS), considerando o esforço da segunda campanha na Área de Influência da UHE Xingó. A curva apresentada é o ajuste linear.

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6.2

M ASTOFAUNA

Seguindo o protocolo proposto no último relatório, foram amostrados os seis pontos fixos na Caatinga (Figura 3), Miramar, Mecejana, Poço Verde, Mu ndo Novo, Curralinho e São José pré-selecionados para o monitoramento da mastofauna na área de influencia da UHE de Xingo.

6.2.3

PEQUENOS MAMÍFEROS NÃO VOADORES

O esforço de captura total neste período de coleta foi de 1588 armadilhas/noite, com 24 capturas, o que corresponde a um sucesso de captura total de 1,5 %. No total foram registradas três espécies de pequenos mamíferos capturadas nas armadilhas: dois marsupiais, Gracilinanus agilis (catita) e Monodelphis domestica (rato-cachorro (catita-terrestre-cinza)), e um roedor, Thrichomys apereoides (punaré) (Tabela 6). A localidade com o maior sucesso de captura foi Mundo Novo com 4,2%, seguido de Poço Verde e São Jose com 1,8% e 1,7%, respectivamente (Tabela 6). A espécie mais abundante foi Monodelphis domestica (rato-cachorro) com 19 indivíduos capturados, seguido por Thrichomys apereoides (punaré) e Gracilinanus agilis (catita) com três e dois espécimes registrados, respectivamente (Tabela 6). Na metodologia complementar, aproveitando as armadilhas de queda (pit-falls) utilizadas na amostragem da herpetofauna, foram registrados onze indivíduos de três espécies diferentes de pequenos mamíferos não-voadores: Gracilinanus agilis (catita) (três indivíduos), Monodelphis domestica (rato-cachorro) (dois indivíduos) e Galea spixii (preá) (1 indivíduo) (Tabela 7). Também foi registrado, por observação direta um mocó, Kerodon rupestris (mocó), nos afloramentos do Mundo Novo e um individuo do gambá-de-orelha-branca, Didelphis albiventris (cassaco, gambá, saruê), encontrado atropelado. No total considerando as duas metodologias utilizadas (armadilhas tipo gaiola e de queda), foram capturados, marcados e liberados 29 indivíduos de pequenos mamíferos (Tabela 14 e Tabela 15)

2º Relatório Trimestral

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Tabela 6 - Riqueza e sucesso de captura dos pequenos mamíferos não-voadores, por habitat amostrado na região da UHE de Xingo (Al/SE), durante a primeira etapa de amostragem (abril/05). Ambiente

Miramar

Data

Esforço

Capturas

Sucesso

Riqueza

Espécie

23/04

100

0

0

0

-

24/04

100

0

0

0

-

25/04

100

0

0

0

-

300

0

0

0

23/04

86

0

0

0

-

24/04

86

0

0

0

-

25/04

86

01

0,9

1

(01) Thrichomys

858

01

0,4

01

(01) Thrichomys

26/04

70

03

4,3

02

27/04

70

01

1,4

01

28/04

70

01 (02*)

1,4

02

29/04

70

0

0

0

1996

05 (02*)

1,8

03

110

06

5,4

02

Sub total

Mecejana

Sub total

Poço Verde

Sub total Mundo Novo

2º Relatório Trimestral

27/04

(02) Monodelphis (01) Gracilinanus (01) Thrichomys (02*) Monodelphis (01) Gracilinanus -----(02) (02*) Monodelphis (02) Gracilinanus (01) Thrichomys (05) Monodelphis (01) Thrichomys

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Ambiente

Data

Esforço

Capturas

Sucesso

Riqueza

28/04

110

04 (01*)

3,6

01

(04) (01*) Monodelphis

29/04

110

04 (01*)

3,6

01

330

14 (02*)

4,2

02

(04) (01*) Monodelphis (13) (02*) Monodelphis (01) Thrichomys

01/05

90

02

2,2

01

(02) Monodelphis

02/05

90

01

1,1

01

(01) Monodelphis

180

03

1,7

01

(03) Monodelphis

01/05

80

0

0

0

-

02/05

80

0

0

0

-

03/05

80

01

1,2

01

(01) Monodelphis

Sub total

240

01

0,4

01

(01) Monodelphis

Total Geral

1588

24 (04*)

1,5

03

(19) (04*) Monodelphis (02) Gracilinanus (03) Thrichomys

Sub total São José Sub total

Curralinho

2º Relatório Trimestral

Espécie

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Tabela 7 - Riqueza e sucesso de captura em armadilhas de queda nos habitats em que ocorreram capturas de pequenos mamíferos nãovoadores, na região da UHE de Xingo (Al/SE), durante a primeira etapa de amostragem (abril/05). Área

Poço Verde

Data

N. baldes

23/04

48

N. Capturas 01

24/04

48

0

25/04

48

03

6,2

01

26/04

48

0

0

0

------

27/04

48

0

0

0

------

28/04

48

01

2,1

01

29/04

48

0

0

0

------

30/04

48

0

0

0

------

01/05

48

0

0

0

------

02/05

48

0

0

0

------

03/05

48

0

0

0

528

05

0,9

02

----(02) Monodelphis (03) Gracilinanus

25/04

48

02

4,2

02

26/04

48

0

0

Sub total

Sucesso de captura 2,1

Riqueza 01

Monodelphis

0

Cana Brava

2º Relatório Trimestral

Espécies

-----(03) Gracilinanus

Monodelphis

Monodelphis * Gracilinanus * -----

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Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Mas to fa u na d a Us ina Hid ro e lé trica d e Xing o

48

N. Capturas 0

Sucesso de captura 0

28/04

48

0

0

29/04

48

01

2,1

01

Galea spixii

30/04

48

01

2,1

01

Gracilinanus *

01/05

48

0

0

----

02/05

48

0

0

----

03/05

48

02

4,2

01

Sub total

1488

06

1,2

03

(04) Gracilinanus (01) Monodelphis (01) Galea spixii

Sub total

1008

11

1,1

03

(07) Gracilinanus (03) Monodelphis (01) Galea spixii

Área

Data

N. baldes

27/04

Riqueza

Espécies ---------

Gracilinanus * Gracilinanus *

(*) = animais mortos e taxidermizados para formação da coleção de referencia.

2º Relatório Trimestral

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6.2.4

PEQUENOS MAMÍFEROS VOADORES

Na amostragem dos quirópteros o esforço total realizado foi de 56 horas/rede, com 47 capturas de seis espécies diferentes, correspondendo a um sucesso de captura total de 0,8 capturas por hora/rede. Foram amostrados dois pontos fixos, Miramar e Mundo Novo (Tabela 8). Através de metodologia complementar, captura manual, foi coletado um individuo de Tonatia sp. () em forno de carvão abandonado, na localidade de Mecejana. As espécies registradas foram Glossophaga soricina (morcego) (20 espécimes), Glossophagineo sp1 (identificação a ser confirmada; 10 espécimes), Trachops cirrhosus (morcego), e Glossophagíneo sp2 (identificação a ser confirmada; 7 espécimes), e Diaemus youngi (morcego-vampiro) e Rhynchonycteris naso (morcego-fruteiro) com dois e um indivíduos, respectivamente. É importante registrar que as amostragens se deram em período de lua cheia e com fortes chuvas e ventanias. Os pontos de monitoramento para quirópteros serão os mesmo amostrados para pequenos mamíferos não voadores. Nesta primeira campanha não foi possível a amostragem em todos os pontos, por ter sido a campanha de montagem das armadilhas. As condições climáticas (chuva e vento) e o período e lua cheia foram os principais motivos de não terem sido feitas amostragens em todos os pontos selecionados.

Tabela 8 - Riqueza e sucesso de captura dos quirópteros, por habitat amostrado na região da UHE de Xingo (Al/SE), durante a primeira etapa de amostragem (abril/05) . Data

Local

Esforço hs/rede

Sucesso de captura

Sucesso de captura

Espécies

Observação

21/04/05

Miramar

28

¢

¢

--------

Lua cheia, ventando

20 Glossophaga soricina 10 Glossophagineo sp1 07 Trachops cirrhosus 07 Glossophagineo sp2 02 Diaemus youngi 01 Rhynchonycteris naso

Lua cheia, entre afloramentos

23/04/05

Mundo Novo

Total

2º Relatório Trimestral

28

47

1,7

56

47

0,8

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6.2.5

MÉDIOS E GRANDES MAMÍFEROS

Com relação aos mamíferos de maior porte, registraram-se três animais por observação direta: dois cachorros-do-mato, Cerdocyon thous (cachorro-do-mato), encontrados atropelados, e mais um crânio que parece ser de Herpailurus yagouaroundi (Jaguarundi, gato-azul). É necessário trabalho adicional para confirmar esta identificação.

2º Relatório Trimestral

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora não exista certeza sobre o papel do acaso na extinção local de espécies e na estruturação contínua das comunidades locais de animais e plantas, é possível apontar espécies mais e menos vulneráveis às mudanças. O enchimento do reservatório de uma hidrelétrica desencadeia uma mudança permanente na composição de habitat da região, destruindo determinados habitat e criando outros. A ocupação humana das margens do reservatório, com objetivos recreativos, habitacionais e diversas finalidades empresariais, também favorece a invasão de espécies exóticas e a demanda pelo uso da vegetação e da fauna silvestre, incrementando a caça e a retirada de animais para o comércio. Constituindo as principais ameaças à biodiversidade, a redução de habitat elimina espécies com distribuição mais restrita e a fragmentação impede que espécies de maior porte e com área de vida maior consigam manter populações estáveis em fragmentos menores, tornando os animais, entre outros, mais suscetíveis à caça (Cullen et al., 2000). Neste caso, áreas abertas junto aos fragmentos funcionam como barreiras à movimentação destes animais. A eliminação de predadores de topo aumenta a abundância das populações de herbívoros e dos predadores intermediários, que acabam por reduzir a diversidade dos pequenos mamíferos. Essas ameaças são fatores atuantes na região e, em função disto, a biota em estudo pode ser considerada vulnerável em nível local, em funções ameaças tais como a fragmentação do habitat e a perda efetiva deste em prol da substituição da paisagem natural pela antropizada. Há oportunidades importantes de conservação tanto em termos de áreas como de espécies. Há indicativo de um outro tipo de pressão antrópica muito importante em toda a região: a caça. Amplamente praticada desde os tempos de colonização da região, certamente já resultou no importante declínio populacional ou mesmo extinção local de algumas espécies. Medidas conservacionistas que serão geradas com o subsídio do programa de monitoramento da fauna na UHE de Xingó irão incluir aspectos da educação ambiental e da proteção de áreas naturais para contrapor as tendências de degradação do habitat associadas ao crescimento econômico e às práticas e padrões culturais que reforçam as ameaças à biodiversidade na região.

Herpetofauna Lagartos exploraram mais amplamente os habitats secos e abertos, enquanto que os anuros usam mais os habitats florestados ou úmidos (Brandão & Araújo, 1998, 2001). Espera-se que os sítios mais conservados abriguem mais espécies de lagartos e anuros, porém a localização dos corpos d'água tem enorme importância na distribuição dos anuros, principalmente para a reprodução. Os lagartos distribuem-se mais homogeneamente na paisagem, embora haja

2º Relatório Trimestral

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preferência de algumas espécies por afloramentos de rocha, ou hábitats florestais. Jacarés, cágados e algumas serpentes são dependentes de água livre e estarão próximos ou dentro dos corpos d'água. A diversidade-beta (mudança da composição de espécies) entre os sítios a serem amostrados na Área de Influência da UHE Xingó deverá ser maior para anuros e menor para lagartos, porque as fontes de água para anuros não estão disponibilizadas na paisagem em todos os locais, enquanto que os hábitats usados pela maioria das espécies de lagartos estão representados mais homogeneamente na região. É esperado que os sítios sob maior ação antrópica sejam mais similares em composição de espécies (anuros e lagartos). Será possível, ao fim do trabalho, apontar espécies mais e menos suscetíveis à ação antrópica. No Cerrado de Brasília, os sítios sob forte influência de queimadas são mais pobres em espécies de lagartos que sítios sob menor perturbação (Araújo et al., 1996), abrindo uma forte expectativa de redução da riqueza deste grupo taxonômico nos locais habitualmente sujeitos às queimadas. Somando as riquezas registradas para anuros e lagartos, acredita-se que os sítios da Estação Ecológica de Xingó serão mais ricos que os demais. A riqueza de espécies de anuros cresceu com o esforço desta segunda campanha e a expectativa para a região é de um número de espécies semelhante a outras localidades consideradas bem ricas do Nordeste, incluindo, como exemplo, a região sob monitoramento com o mesmo esforço e protocolo no Cerrado do Piauí e Maranhão, a Área de Influência da UHE Boa Esperança (2º Relatório Parcial, Abril/2005). Oito, das 10 espécies de lagartos registradas até agora no programa, são reconhecidas como restritas aos habitats abertos da Caatinga. São exceções o teiú (Tupinambis merianae), lagarto habitat-generalista, e a lagartixa Phyllopezus pollicaris, que pode ser encontrada em paredes de rocha cobertas por floresta (vegetação fechada, umbrófila). O hábito recluso, ou noturno, dos geconideos Briba brasiliana, Phillopezus spp., entre outros, permite ocupar os hábitats abertos da Caatinga. Nenhum anfíbio endêmico foi registrado. Quanto às espécies endêmicas de lagartos observadas na campanha, destaca-se a espécie de Cnemidophorus do grupo ocellifer e a lagartixa Gymnodactylus geckoides (=Gymnodactylus g. geckoides). Em um estudo recente, Vanzolini (2004) apresenta características da população de Xingó que a discrimina de outras populações desta espécie. Contudo, o autor não propõe um novo nome para a população de Xingó. Este estudo é uma oportunidade ímpar de obter dados de uso de hábitat e hábitos das espécies da herpetofauna, o que aponta a importância de uma unidade de conservação para a região, uma Estação Ecológica, ou Parque Nacional. É importante que essa instituição atue não só como área de preservação de recursos genéticos da Caatinga, mas também como laboratório vivo para estudos de conservação de recursos naturais e de educação ambiental. Para a proteção da herpetofauna, a Estação Ecológica/Parque Nacional precisará apoiar atividades de educação 2º Relatório Trimestral

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de biologia e ecologia para as cidades ao redor, incluindo instruções sobre a herpetofauna, da biologia até a criação de estoques silvestres para re-introdução e translocações.

2º Relatório Trimestral

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8 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES PARA O TRIMESTRE SEGUINTE

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Inserir Cronograma

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VAN SLUYS, M., ROCHA, C.F.D., VRCIBRADIC, D., GALDINO, C.A.B. & A. FIGUEIRA. 2004. Diet, activity, and microhabitat use of two syntopic Tropidurus species (Lacertilia: Tropiduridae) in Minas Gerais, Brazil. J. Herpetology, 38 (4): 606-611. VANZOLINI, P. E. 2004. On the geographical differentiation of Gymnodactylus geckoides Spix, 1825 (Sauria: Gekkonidae): speciation in the Brasilian caatingas. An. Acad. Bras. Cienc 76(4): 663-698. VANZOLINI, P.E., A. M. M. RAMOS-COSTA, AND L. J. VITT. 1980. Répteis das Caatingas. Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro. VANZOLINI, P.E.1976. On the lizards of a Cerrado - Caatinga contact: evolutionary and zoogeographical implications (Sauria). Pap. Avul. Zool. S. Paulo 29 (16): 111-119. VITT, L. J. & GOLDBERG, S. R. 1983. Reproductive ecology of two tropical iguanid lizards: Tropidurus torquatus and Platynotus semitaeniatus. Copeia 1983, 131-141. VITT, L. J.; CALDWELL, J. P.; ZANI, P. A. & TITUS, T. A. 1997. The role of habitat shift in the evolution of lizard morphology: evidence from tropical Tropidurus. Proceedings of the National Academy of Sciences 94, 3828-3832. VITT, L.J. 1991. An introduction to the ecology of cerrado lizards. J. Herpetology, 25: 79-90. VITT, L.J. 1995. The ecology of tropical lizards in the Caatinga of northeast Brazil. Occasional Papers of the Oklahoma Museum of Natural History, pp 1-29. WHITTAKER, R. H. 1960. Vegetation of the Siskiyou Mountains, Oregon and California. Ecol. Monogr. 30:279-338. WILLIG, M. R. & M. A. MARES 1989. Mammals from the Caatinga; an updated list and summary of recent research. Revista Brasileira de Biologia 49:361-367. ZARR, J.H. 1999. Biostatistical Analysis. 4nd Edition. Prentice Hall Press, New Jersey, USA. 718 pp.

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10 GLOSSÁRIO

A Abiótico - é o componente não vivo do meio ambiente. Inclui as condições físicas e químicas do meio. Aceiro - prática utilizada por bombeiros e agricultores no combate e prevenção de incêndios florestais. Consiste numa faixa de terra aberta em volta da área que está sendo queimada ou que se quer proteger, mantida livre de vegetação, com capina ou poda, a qual impede a invasão do fogo. Antrópico - resultado das atividades humanas no meio ambiente. Área de Proteção Ambiental (APA) - categoria de unidade de conservação cujo objetivo é conservar a diversidade de ambientes, de espécies, de processos naturais e do patrimônio natural, visando a melhoria da qualidade de vida, através da manutenção das atividades sócioeconômicas da região. Esta proposta deve envolver, necessariamente, um trabalho de gestão integrada com participação do Poder Público e dos diversos setores da comunidade. Pública ou privada é determinada por decreto federal, estadual ou municipal, para que nela seja discriminado o uso do solo e evitada a degradação dos ecossistemas sob interferência humana. Arrasto - atividade de pesca em que a rede é lançada e o barco permanece em movimento. É uma prática considerada predatória quando a malha das redes é pequena, fora dos padrões fixados pelo IBAMA, pois nestes casos há captura de peixes e outros organismos aquáticos jovens. Outro prejuízo causado pelo arrasto é o revolvimento do fundo do mar, o que prejudica sensivelmente o ambiente e a fauna bentônica (que vive no fundo). Assoreamento - processo em que lagos, rios, baías e estuários vão sendo aterrados pelos solos e outros sedimentos neles depositados pelas águas das enxurradas, ou por outros processos. Autótrofos - seres vivos, como as plantas, que produzem seus próprios alimentos à custa de energia solar, do CO2 do ar e da água do solo. Palavra originada do grego autos = próprio + trophos = nutrir. Avifauna - conjunto das espécies de aves que vivem numa determinada região. Anemócora - relativo à dispersão de sementes por vento. B Bacia hidrográfica - conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus afluentes. A noção de bacias hidrográfica inclui naturalmente a existência de cabeceiras ou nascentes, divisores d'água, cursos d'água principais, afluentes, subafluentes, etc. Em todas as bacias hidrográficas deve existir uma hierarquização na rede hídrica e a água se escoa normalmente dos 2º Relatório Trimestral

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pontos mais altos para os mais baixos. O conceito de bacia hidrográfica deve incluir também noção de dinamismo, por causa das modificações que ocorrem nas linhas divisórias de água sob o efeito dos agentes erosivos, alargando ou diminuindo a área da bacia. Bentos - conjunto de seres vivos que vivem restritos ao fundo de rios, lagos, lagos ou oceanos. Biodiversidade - representa o conjunto de espécies animais e vegetais viventes. Bioma - amplo conjunto de ecossistemas terrestres caracterizados por tipos fisionômicos semelhantes de vegetação, com diferentes tipos climáticos. É o conjunto de condições ecológicas de ordem climática e características de vegetação: o grande ecossistema com fauna, flora e clima próprios. Os principais biomas mundiais são: tundra, taiga, floresta temperada caducifólia, floresta tropical chuvosa, savana, oceano e água doce. Biomassa - quantidade de matéria orgânica presente num dado momento numa determinada área, e que pode ser expressa em peso, volume, área ou número. Biosfera - sistema único formado pela atmosfera (troposfera), crosta terrestre (litosfera), água (hidrosfera) e mais todas as formas de vida. É o conjunto de todos os ecossistemas do planeta. Biota - conjunto de seres vivos que habitam um determinado ambiente ecológico, em estreita correspondência com as características físicas, químicas e biológicas deste ambiente. Biótico - é o componente vivo do meio ambiente. Inclui a fauna, flora, vírus, bactérias, etc. Biótipo - grupo de indivíduos geneticamente iguais. Baceiro - conjunto flutuante de solo orgânico e sedimentos com plantas aquáticas. Bancada laterítica - laje de rocha de laterita (rocha de ferro). C Cadeia alimentar - é a transferência da energia alimentar que existe no ambiente natural, numa seqüência na qual alguns organismos consomem e outros são consumidores. Essas cadeias são responsáveis pelo equilíbrio natural das comunidades e o seu rompimento pode trazíbrio natural das comunidades e o seu rompimento pode trazer conseqüências drásticas, como é o caso quando da eliminação de predadores de insetos. Estes podem proliferar rapidamente e transformar-se em pragas nocivas à economia humana. A cadeia alimentar é formada por diferentes níveis tróficos (trophe = nutrição). A energia necessária ao funcionamento dos ecossistemas é proveniente do sol e é captada pelos organismos clorofilados (autótrofos), que por produzirem alimento são chamados produtores (1º nível trófico). Estes servem de alimento aos consumidores primários (2º nível trófico ou herbívoros), que servem de alimento aos consumidores secundários (3º nível trófico) que servem de alimento aos consumidores terciários (4º nível trófico) e assim sucessivamente Todos os organismos ao morrerem, sofrem a ação dos

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saprófagos (sapros = morto, em decomposição; phagos = devorador), que constituem o nível trófico dos decompositores. Ciclo vital - compreende o nascimento, o crescimento, a maturidade, a velhice e a morte dos organismos. Clímax - complexo de formações vegetais mais ou menos estáveis durante longo tempo, em condições de evolução natural. Diz-se que está em equilíbrio quando as alterações que apresenta não implicam em rupturas importantes no esquema de distribuição de energia e materiais entre seus componentes vivos. Pode ser também a última comunidade biológica em que termina a sucessão ecológica, isto é, a comunidade estável, que não sofre mais mudanças direcionais. Clorofila - pigmento existente nos vegetais, de estrutura química semelhante à hemoglobina do sangue dos mamíferos, solúvel em solventes orgânicos.Capta a energia solar para realização da fotossíntese. Código Florestal - código instituído pela Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 em cujo artigo 1º está previsto que as florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do país. D Dano ambiental – qualquer alteração provocada por intervenção antrópica. Decompositores – organismos que transformam a matéria orgânica morta em matéria inorgânica simples, passível de ser reutilizada pelo mundo vivo. Compreendem a maioria dos fungos e das bactérias. O mesmo que saprófitas. Desenvolvimento sustentado – modelo de desenvolvimento que leva em consideração, além dos fatores econômicos, aqueles de caráter social e ecológico, assim como as disponibilidades dos recursos vivos e inanimados, as vantagens e os inconvenientes, a curo, médio e longo prazos, de outros tipos de ação. Tese defendida a partir do teórico indiano Anil Agarwal, pela qual não pode haver desenvolvimento que não seja harmônico com o meio ambiente. Assim, o desenvolvimento sustentado que no Brasil tem sido defendido mais intensamente, é um tipo de desenvolvimento que satisfaz as necessidades econômicas do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras. Desertificação – Tem sido usado para especificar a expansão de áreas desérticas em países de clima quente e seco. Há fortes evidências de que resultam, em muitos casos, das formas antibiologizantes desenvolvidas pelas atividades humanas. Im plica, portanto, na redução das condições agrícolas do planeta. Milhares de hectares de terras produtivas são transformadas em zonas irrecuperáveis anualmente no mundo. Para tanto, contribuem o desmatamento, o uso de tecnologias agropecuárias inadequadas e as queimadas.

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E Ecologia – ciência que estuda a relação dos seres vivos entre si e com o ambiente físico. Palavra originado do grego: oikos = casa, moradia + logos = estudo. Ecossistema – conjunto integrado de fatores físicos, químicos e bióticos, que caracterizam um determinado lugar, estendendo-se por um determinado espaço de dimensões variáveis. Também pode ser uma unidade ecológica constituída pela reunião do meio abiótico (componentes não-vivos) com a comunidade, no qual ocorre intercâmbio de matéria e energia. O ecossistemas são as pequenas unidades funcionais da vida. Ecótipo – raças de uma mesma espécie que diferem unicamente em alguns caracteres morfológicos e que se encontram adaptadas às condições locais. Ecótono – região de transição entre dois ecossistemas diferentes ou entre duas comunidades. Ecótopo – determinado tipo de habitat dentro de uma área geográfica ampla. Ecoturismo – também conhecido como turismo ecológico é a atividade de lazer em que o homem busca, por necessidade e por direito, a revitalização da capacidade interativa e do prazer lúdico nas relações com a natureza. É o segmento da atividade turística que desenvolve o turismo de lazer, esportivo e educacional em áreas naturais utilizando, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentivando sua conservação, promovendo a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente e garantindo o bem-estar das populações envolvidas. Educação ambiental – conjunto de ações educativas voltadas para a compreensão da dinâmica dos ecossistemas, considerando efeitos da relação do homem com o meio, a determinação social e a variação/evolução histórica dessa relação. Visa preparar o indivíduo para integrar-se criticamente ao meio, questionando a sociedade junto à sua tecnologia, seus valores e até o seu cotidiano de consumo, de maneira a ampliar a sua visão de mundo numa perspectiva de integração do homem com a natureza. Efeito cumulativo – fenômeno que ocorre com inseticidas e compostos radioativos que se concentram nos organismos terminais da cadeia alimentar, como o homem. Epífitas – plantas que crescem agarradas a outras plantas, tais como as orquídeas, musgos, líquens, bromélias, etc. Erosão – processo pelo qual a camada superficial do solo ou partes do solo são retiradas pelo impacto de gotas de chuva, ventos e ondas e são transportadas e depositadas em outro lugar. Inicia-se como erosão laminar e pode até atingir o grau de voçoroca. Espécie pioneira – espécie vegetal que inicia a ocupação de áreas desabitadas de plantas em razão da ação do homem ou de forças naturais.

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Estação ecológica – áreas representativas de ecossistemas destinadas à realização de pesquisas básicas e aplicadas de ecologia, à produção do ambiente natural e ao desenvolvimento da educação conservacionista. Nas áreas circundadas às estações ecológicas, num raio de 10 quilômetros, qualquer atividade que possa afetar a biota ficará subordinada às normas editadas pelo CONAMA. Têm o objetivo de proteger amostras dos principais ecossistemas, equipando estas unidades com infra-estrutura que permita às instituições de pesquisas fazer estudos comparativos ecológicos entre áreas protegidas e aquelas que sofreram alteração antrópica. Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – sigla do termo Enviromment Impact Assessment, que significa Avaliação de Impactos Ambientais, também chamado de Estudos de Impactos Ambientais. Etologia – ciência que estuda o comportamento dos seres vivos, visando estabelecer os efeitos e as causas, assim como os mecanismos responsáveis por diferentes formas de conduta. Eutrofização – fenômeno pelo qual a água é acrescida, principalmente, por compostos nitrogenados e fosforados. Ocorre pelo depósito de fertilizantes utilizados na agricultura ou de lixo e esgotos domésticos, além de resíduos industriais como o vinhoto, oriundo da indústria açucareira, na água. Isso promove o desenvolvimento de uma superpopulação de microorganismos decompositores, que consomem o oxigênio, acarretando a morte das espécies aeróbicas, por asfixia. A água passa a ter presença predominante de seres anaeróbicos que produzem o ácido sufídrico (H2 S), com odor parecido ao de ovos podres. Extrativismo – ato de extrair madeira ou outros produtos das florestas ou minerais. F Fator ecológico – refere-se aos fatores que determinam as condições ecológicas no ecossistema. Fator limitante – aquele que estabelece os limites do desenvolvimento de uma população dentro do ecossistema, pela ausência, redução ou excesso desse fator ambiental. Fauna- conjunto de animais que habitam determinada região. Fitoplâncton – conjunto de plantas flutuantes, como algas, de um ecossistema aquático. Flora – totalidade das espécies vegetais que compreende a vegetação de uma determinada região, sem qualquer expressão de importância individual. Floresta Nacional, Estadual ou Municipal – área extensa, geralmente bem florestada e que contém consideráveis superfícies de madeira comercializável em combinação com o recurso água, condições para sobrevivência de animais silvestres e onde haja oportunidade para recreação ao ar livre e educação ambiental. Os objetivos de manejo são os de reproduzir, sob o conceito de uso múltiplo, um rendimento de madeira e água, proteger os valores de recreação e estéticos, proporcionar oportunidades para educação ambiental e recreação ao ar livre e, sempre que possível, o manejo da fauna. Partes desta categoria de unidades de conservação podem ter 2º Relatório Trimestral

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sofrido alterações pelo homem, mas geralmente as florestas nacionais não possuem qualquer característica única ou excepcional, nem tampouco se destinam somente para um fim. Fotossíntese – processo bioquímico que permite aos vegetais sintetizar substâncias orgânicas complexas e de alto conteúdo energético, a partir de substâncias minerais simples e de baixo conteúdo energético. Para isso, se utilizam de energia solar que captam nas moléculas de clorofila. Neste processo, a planta consome gás carbônico (CO2) e água, liberando oxigênio (O2) para a atmosfera. É o processo pelo qual as plantas utilizam a luz solar como fonte de energia para formar substâncias nutritivas. H Habitat – ambiente que oferece um conjunto de condições favoráveis para o desenvolvimento, a sobrevivência e a reprodução de determinados organismos. Os ecossistemas, ou parte deles, nos quais vive um determinado organismo, são seu habitat. O habitat constitui a totalidade do ambiente do organismo. Cada espécie necessita de determinado tipo de habitat porque tem um determinado nicho ecológico. Homeostase – capacidade de adaptação que um ser vivo apresenta no intuito de manter o seu organismo equilibrado em relação às variações ambientais. Hidrócora ou hidrocórica - relativo à dispersão de sementes por água. Hidrófita - planta aquática. Húmus – fração orgânica coloidal (de natureza gelatinosa), estável, existente no solo, que resulta da decomposição de restos vegetais e animais. I Ictiofauna – é a fauna de peixes de uma região. Impacto ambiental – qualquer alteração das propriedades físico-químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem -estar da população, as atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, enfim, a qualidade dos recursos ambientais. Impacto ecológico – refere-se ao efeito total que produz uma variação ambiental, seja natural ou provocada pelo homem, sobre a ecologia de uma região, como, por exemplo, a construção de uma represa. Indicadores ecológicos – referem-se a certas espécies que, devido a suas exigências ambientais bem definidas e à sua presença em determinada área ou lugar, podem se tornar indício ou sinal de que existem as condições ecológicas para elas necessárias.

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M Manejo – aplicação de programas de utilização dos ecossistemas, naturais ou artificiais, baseada em teorias ecológicas sólidas, de modo a manter, de melhor forma possível, nas comunidades, fontes úteis de produtos biológicos para o homem, e também como fonte de conhecimento científico e de lazer. Meio ambiente – Tudo o que cerca o ser vivo, que o influencia e que é indispensável à sua sustentação. Estas condições incluem solo, clima, recursos hídricos, ar, nutrientes e os outros organismos. O meio ambiente não é constituído apenas do meio físico e biológico, mas também do meio sócio-cultural e sua relação com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem. Metais pesados – metais como o cobre, zinco, cádmio, níquel e chumbo, os quais são comumente utilizados na indústria e podem, se presentes em elevadas concentrações, retardar ou inibir o processo biológico aeróbico ou anaeróbico e serem tóxicos aos organismos vivos. Mesófila - planta de condições ambientais intermediárias, entre hidrófila e xerófila. Microclima – conjunto das condições atmosféricas de um lugar limitado em relação às do clima geral. Migração – deslocamento de indivíduos ou grupo de indivíduos de uma região para outra. Pode ser regular ou periódica, podendo ainda coincidir com mudanças de estação. Mimetismo – propriedade de alguns seres vivos de imitar o meio ambiente em que vivem, de modo a passarem despercebidos. Monitoramento ambiental – medição repetitiva, descrita ou contínua, ou observação sistemática da qualidade ambiental. Mutações – variações descontínuas que modificam o patrimônio genético e se exteriorizam através de alterações permanentes e hereditárias. Se constituem em fatores de relevante importância no sentido da adaptação do ser vivo ao meio ambiente. Mutualismo – associação interespecífica harmônica em que duas espécies envolvidas ajudam-se mutuamente.

N Nicho ecológico – espaço ocupado por um organismo no ecossistema, incluindo também o seu papel na comunidade e a sua posição em gradientes ambientais de temperatura, umidade, pH, solo e outras condições de existência. Nível trófico – ou nível alimentar, é a posição ocupada por um organismo na cadeia alimentar. Os produtores o segundo nível, os secundários o terceiro nível e assim por diante. Os decompositores podem atuar em qualquer nível trófico

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O Onívoro – os consumidores de um ecossistema podem participar de várias cadeias alimentares e em diferentes níveis tróficos, caso em que são denominados onívoros. O homem, por exemplo, ao comer arroz, é consumidor primário; ao comer carne é secundário; ao comer cação, que é um peixe carnívoro, é um consumidor terciário. Ornitócora - relativo à dispersão de sementes por aves.

P Parques Nacionais, Estaduais ou Municipais – são áreas relativamente extensas, que representam um ou mais ecossistemas, pouco ou não alterados pela ocupação humana, onde as espécies animais, vegetais, os sítios geomorfológicos e os habitats ofereçam interesses especiais do ponto de vista científico, educativo, recreativo e conservacionista. São superfícies consideráveis que contém características naturais únicas ou espetaculares, de importância nacional, estadual ou municipal. Pioneira - espécie que surge primeiro, colonizadora. Pirâmide alimentar – representações gráficas dos dados fornecidos pelas cadeias alimentares e que podem ser divididas em três tipos: de números, de biomassa e de energia. Plano de manejo – plano de uso racional do meio ambiente, visando à preservação do ecossistema em associação com sua utilização para outros fins (sociais, econômicos, etc.). Poluição – efeito que um poluente produz no ecossistema. Qualquer alteração do meio ambiente prejudicial aos seres vivos, particularmente ao homem. Ocorre quando os resíduos produzidos pelos seres vivos aumentam e não podem ser reaproveitados. Predatismo – relação ecológica que se estabelece entre uma espécie denominada predadora e outra denominada presa. Os predadores caracterizam -se pela capacidade de capturar e destruir fisicamente as presas para alimentar-se.

R Reflorestamento – processo que consiste no replantio de árvores em áreas que anteriormente eram ocupadas por florestas. Reserva biológica – unidade de conservação visando a proteção dos recursos naturais para fins científicos e educacionais. Possui ecossistemas ou espécies da flora e fauna de importância científica. Em geral não comportam acesso ao público, não possuindo normalmente

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belezas cênicas significativas ou valores recreativos. Seu tamanho é determinado pela área requerida para os objetivos científicos a que se propõe, garantindo sua proteção. Reserva ecológica – unidade de conservação que tem por finalidade a preservação de ecossistemas naturais de importância fundamental para o equilíbrio ecológico. Reserva extrativista- esse tipo de unidade de conservação surgiu a partir da proposta do seringalista e líder sindical Chico Mendes, assassinado em dezembro de 1989. As reservas extrativistas são espaços destinados à exploração auto-sustentável e conservação dos recursos naturais renováveis por uma população com tradição extrativista, como os seringueiros por exemplo, baseada na experiência do extrativismo do látex na região de Xapuri, Acre. O projeto de assentamento extrativista se materializa pela concessão de uso de áreas com potencial a populações que se ocupam ou venham a se ocupar do extrativismo de forma economicam ente viável e ecologicamente sustentável. Reserva indígena – área caracterizada por possuir sociedades indígenas. Geralmente, as reservas indígenas são isoladas e remotas e podem manter sua inacessibilidade por um longo período de tempo. Os objetivos de manejo são proporcionar o modo de vida de sociedades que vivem em harmonia e em dependência do meio ambiente, evitando um distúrbio pela moderna tecnologia e, em segundo plano, realizar pesquisas sobre a evolução do homem e sua interação com a terra. Reserva da biosfera – o programa do Homem e Biosfera, das Nações Unidas, iniciou um projeto de estabelecimento de reservas da biosfera em 1970. Estas reservas devem incluir: amostras de biomas naturais; comunidades únicas ou áreas naturais de excepcional interesse; exemplos de uso harmonioso da terra; exemplos de ecossistemas modificados ou degradados, onde seja possível uma restauração a condições mais naturais. Uma reserva da biosfera pode incluir unidades de conservação como parques nacionais ou reservas biológicas. Reserva do patrimônio mundial – a Conservação Internacional para a Proteção do Patrimônio Cultural (Unesco-1972) prevê a designação de áreas de valor universal como reserva do patrimônio mundial. Essas reservas devem preencher um ou mais dos seguintes critérios: conter exemplos significativos dos principais estágios da evolução da Terra; conter exemplos significativos de processos geológicos, evolução biológica e interação humana com o ambiente natural; conter únicos, raros ou superlativos fenômenos naturais, formações de excepcional beleza; conter habitats onde populações de espécies raras ou ameaçadas de extinção possam ainda sobreviver. Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) – área de domínio privado onde, em caráter de perpetuidade, são identificadas condições naturais primitivas, semi-primitivas, recuperadas ou cujo valor justifique ações de recuperação destinadas à manutenção, parcial ou integral, da paisagem, do ciclo biológico de espécies da fauna e da flora nativas ou migratórias e dos recursos naturais físicos, devidamente registrada. Áreas consideradas de notável valor paisagístico, cênico e ecológico que merecem ser preservadas e conservadas às gerações 2º Relatório Trimestral

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futuras, abrigadas da ganância e da sanha predadora incontrolável dos destruidores do meio ambiente. Esta categoria de unidade de conservação foi criada pelo Decreto nº. 98.914, de 31 de janeiro de 1990. Compete, contudo, ao IBAMA, reconhecer e registrar a reserva particular do patrimônio natural, após análise do requerimento e dos documentos apresentados pelo interessado. O proprietário titular gozará de benefícios, tais como isenção do Imposto Territorial Rural sobre a área preservada, além do apoio e orientação do IBAMA e de outras entidades governamentais ou privadas para o exercício da fiscalização e monitoramento das atividades desenvolvidas na reserva. Resíduos – materiais ou restos de materiais cujo proprietário ou produtor não mais considera com valor suficiente para conservá-los. Alguns tipos de resíduos são considerados altamente perigosos e requerem cuidados especiais quanto à coleta, transporte e destinação final, pois apresentam substancial periculosidade, ou potencial, à saúde humana e aos organismos vivos. RIMA – sigla do Relatório de Impacto do Meio Ambiente. É feito com base nas informações do AIA (EIA) e é obrigatório para o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como construção de estradas, metrôs, ferrovias, aeroportos, portos, assentamentos urbanos, mineração, construção de usinas de geração de eletricidade e suas linhas de transmissão, aterros sanitários, complexos industriais e agrícolas, exploração econômica de madeira, etc. Rupícola - (planta) que vive sobre a rocha.

S Seleção natural – processo de eliminação natural dos indivíduos menos adaptados ao ambiente, os quais, por terem menos probabilidade de êxito dos que os melhor adaptados, deixam uma descendência mais reduzida. Seres consumidores – seres como os animais, que precisam do alimento armazenado nos seres produtores. Seres decompositores – seres consumidores que se alimentam de detritos dos organismos mortos. Seres produtores – seres que, como as plantas, possuem a capacidade de fabricar alimento usando a energia da luz solar. Simbiose – associação interdependência metabólica.

interespecífica

harmônica,

com

benefícios

mútuos

e

Sucessão ecológica – seqüência de comunidades que se substituem, de forma gradativa, num determinado ambiente, até o surgimento de uma comunidade final, estável denominada comunidade-clímax.

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T Tolerância – capacidade de suportar variações ambientais em maior ou menor grau. Para identificar os níveis de tolerância de um organismo são utilizados os prefixos euri, que significa amplo, ou esteno, que significa limitado. Assim, um animal que suporta uma ampla variação de temperatura ambiental é denominado euritermo, enquanto um organismo que possui pequena capacidade de tolerância a este mesmo fator é chamado estenotermo. Terófita - planta anual. U Unidades de conservação – áreas criadas com o objetivo de harmonizar, proteger recursos naturais e melhorar a qualidade de vida da população. V Voçoroca – último estágio da erosão. Termo regional de origem tupi-guarani, para denominar sulco grande, especialmente os de grandes dimensões e rápida evolução. Seu mecanismo é complexo e inclui normalmente a água subterrânea como agente erosivo, além da ação das águas de escoamento superficial. X Xerófita - planta de local muito seco. Xerofítico - relativo a xerófita. Z Zoneamento agroecológico – é o ordenamento, sob forma de mapas, informações relativas ao tipo de vegetação, geologia, solo, clima, recursos hídricos, climáticos e áreas de preservação, de uma determinada região. Zooplâncton – conjunto de animais, geralmente microscópicos, que flutuam nos ecossistemas aquáticos e que, embora tenham movimentos próprios, não são capazes de vencer as correntezas. Zoócora ou zoocórica - relativo à dispersão de sementes por animais.

Adaptado de: GuiaNatura (www.guianatura.com.br).

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ANEXOS 11.1 ANEXO F OTOGRÁFICO

Figura 7: Usina Hidrelétrica de Xingo/ Abril/2005 Foto: Juliana Bragança Campos

Figura 8: Usina Hidrelétrica de Xingo Abril/2005 Foto: Juliana Bragança Campos

Figura 9: Bufo granulosus Sítio Curralinho Foto: Carlos Cândido

Figura 10: Bufo jimi (jovem) Foto: Carlos Cândido

Figura 11 Ceratophrys cf cristiceps. Foto: Carlos Cândido

Figura 12: Ceratophrys cf cristiceps. Foto: Carlos Cândido

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Figura 13: Ceratophrys joazeirensis Foto: Carlos Cândido

Figura 14: Ceratophrys joazeirensis Foto: Carlos Cândido

Figura 15: Chorythomantis greeningi Foto: Carlos Cândido

Figura 16: Phyllomedusa hypochondrialis Foto: Carlos Cândido

Figura 17: Physalaemus sp. Foto: Carlos Cândido

Figura 18: Physalaemus sp. Foto: Carlos Cândido

Figura 19: Dermatonotus muelleri Foto: Carlos Cândido

Figura 20: Dermatonotus muelleri Foto: Carlos Cândido

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Figura 21: Cnemidophorus ocellifer jovem. Foto: Alexandre Bamberg

Figura 22: Cnemidophorus ocellifer Foto: Carlos Cândido

Figura 23: Pleurodema diplolistris. Foto: Carlos Cândido

Figura 24: Pleurodema diplolistris. Foto: Carlos Cândido

Figura 25: Pleurodema diplolistris. Foto: Carlos Cândido

Figura 26: Scinax pachicrus Foto: Carlos Cândido

Figura 27: Trachycephalus atlas Foto: Carlos Cândido

Figura 28: Trachycephalus atlas Foto: Carlos Cândido

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Figura 29: Trachycephalus atlas Foto: Carlos Cândido

Figura 30: Trachycephalus atlas Foto: Carlos Cândido

Figura 31: Trachycephalus atlas Foto: Carlos Cândido

Figura 32: Crotalus durissus. Foto: Carlos Cândido

Figura 33: Tamnodynastes strigilis Foto: Carlos Cândido

Figura 34: Mabuya heathi Foto: Carlos Cândido

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Figura 35: Gymnodactylus geckoides Foto: Carlos Cândido

Figura 36: Cnemidophorus ocellifer jovem Foto: Carlos Cândido

Figura 37: Cnemidophorus ocellifer Foto: Carlos Cândido

Figura 38: Ponto de captura de pequenos mamíferos na fazenda Miramar Foto: Juliana Bragança

Figura 39: Monodelphis com 9 filhotes Foto: Juliana Bragança

Figura 40: Thricomys Foto: Juliana Bragança

2º Relatório Trimestral

- 73 -

Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Ma sto fa una da Us ina Hid roe létrica de Xin go

Figura 41: Gracilinanus Foto: Juliana Bragança

Figura 42: Monodelphis domestica após captura e soltura. Foto: Juliana Bragança

Figura 43: Caminho de um ponto inundado que prejudicou a campanha Foto: Juliana Bragança

2º Relatório Trimestral

- 74 -

Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Mas to fa u na d a Us ina Hid ro e lé trica d e Xing o

11.2 ANEXO H ERPETOLÓGICO Tabela 9 – Nome científico e popular dos répteis e anfíbios FAMÍLIA/ESPÉCIE Nome Científico

Nome popular Bufonidae

Bufo granulosus

Sapo-verruguento

Bufo paracnemis (=Bufo jimi)

Sapo-cururu Hylidae

Corythomantis greeningi

Perereca-grande

Hyla creptans

Perereca

Phyllomedusa hypochondrialis

Perereca-verde

Scinax pachichrus

Raspa-cuia

Scinax sp.

Raspa

Trachycephalus atlas

Perereca-grande Microhylidae

Dermatonotus muelleri

Sapo-manteigua Leptodactylidae

Physalaemus cuvieri

Ranzinha

Ceratophrys joazeirensis

Sapo-boi

2º Relatório Trimestral

- 75 -

Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Mas to fa u na d a Us ina Hid ro e lé trica d e Xing o

FAMÍLIA/ESPÉCIE Nome Científico

Nome popular

Leptodactylus cf. natalensis

Caçote

Leptodactylus ocellatus

Caçote

Leptodactylus troglodytes

Caçote

Odontophrynus carvalhoi

Sapo Gekkonidae

Briba brasiliana

Briba

Gymnodactylus geckoides

Lagartixa-do-cerrado

Lygodactylus klugei

Lagarto

Phyllopezus pollicaris

Lagarto Teiidae

Cnemidophorus gr. ocellifer

Calanguinho

Tupinambis merianae

Teiú Scincidae (1 sp.)

Mabuya cf. heathi

Lagarto-de-folhiço Tropiduridae

Tropidurus cocorobensis

Lagarto

Tropidurus hispidus

Lagarto (lagartixa-de-pedra ou catenga)

2º Relatório Trimestral

- 76 -

Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Mas to fa u na d a Us ina Hid ro e lé trica d e Xing o

FAMÍLIA/ESPÉCIE Nome Científico Tropidurus semitaeniatus

Nome popular Lagarto (lagarto-do-lajedo Amphisbaenidae

Amphisbaena vermicularis

cobra-de-duas-cabeças Colubridae

Apostolepis assimilis

coral-falsa

Oxyrhopus trigeminus

coral-falsa

Philodryas nattereri

corre-campo

Tamnodynastes strigilis

Jararaquinha Viperidae

Crotalus durissus

Cascavel

Tabela 10 - Lista de espécies de anfíbios encontrados na Estação Ecológica de Xingó, nos anos de 1993 (CHESF/ENGERIO, 1993) e 2002 (CHESF/UFAL, 2002) e (FR) respectiva freqüência relativa neste último inventário. Família Bufonidae

2º Relatório Trimestral

Espécie

1993

2002

FR (%) 2002

Bufo granulosus Spix, 1824

X

X

3,2

Bufo paracnemis Lutz, 1925

X

X

5,9

- 77 -

Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Mas to fa u na d a Us ina Hid ro e lé trica d e Xing o

Família

Hylidae

Espécie

1993

2002

FR (%) 2002

Corythomantis greeningi Boulenger, 1896

X

X

1,1

Hyla crepitans Wied, 1824

X

X

1,3

Hyla microcephala Cope, 1886

X

5,3

Hyla raniceps (Cope, 1862)

X

0,8

Hyla sp.1

X

1,3

Phyllomedusa hypocondrialis (Daudin, 1803)

X

X

5,5

Scinax pachychrus (Miranda-Ribeiro, 1937)

X

X

10,2

X

4,0

X

0,9

Scinax gr. ruber Scinax gr. x-signatus (Spix, 1824) Hylidae Leptodactylidae

Scinax sp.1 Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824)

X

X

3,6

Leptodactylus ocellatus (Linnaeus, 1758)

X

X

46,5

Leptodactylus troglodytes A. Lutz, 1926

X

X

0,9

Physalaemus cicada Bokerman, 1966

X

Physalaemus sp.1

X

1,1

Physalaemus sp.2

X

3,6

X

3,0

Pleurodema diplolistris (Peters, 1870) 2º Relatório Trimestral

X

X

- 78 -

Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Mas to fa u na d a Us ina Hid ro e lé trica d e Xing o

Família

Espécie

1993

Proceratophrys cristiceps (Muller, 1884) Microhylidae

Dermatonotus muelleri (Boettger, 1885)

X

TOTAL

22

13

2º Relatório Trimestral

2002

FR (%) 2002

X

1,7

18

100

- 79 -

Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Mas to fa u na d a Us ina Hid ro e lé trica d e Xing o

Tabela 11 - Lista de espécies de répteis encontrados na Estação Ecológica de Xingó – AL/SE, publicadas nos anos de 1993 e 2002 (período de inventário é anual). Acompanha a freqüência relativa (FR) nas amostras do último período. Família Amphisbaenidae Anguidae

Espécie

1993

2002

FR (%) 2002

Amphisbaena vermicularis Wagler, 1824

X

X

0,14

Amphisbaena sp.1

X

1,68

Diplogossus lessonae Peracca, 1890

X

0,09

X

1,00

Coleodactylus meridionalis (Boulenger, 1888)

X

2,64

Gymnodactylus geckoides Spix, 1831

X

9,37

Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818)

X

1,41

Phyllopezus periosus Rodrigues, 1987

X

1,87

Briba brasiliana Amaral, 1935

Gekkonidae

Gymnophthalmidae

X

Phyllopezus pollicaris (Spix, 1825)

X

X

12,37

Lygodactylus klugei Smith, Martin & Swain, 1977

X

X

5,00

Colobosaura mentalis Amaral, 1933

X

0,36

Psilophtalmus paeminosus Rodrigues, 1991

X

0,91

Vanzosaura rubricauda (Boulenger, 1902)

X

3,09

X

032

Iguanidae

Iguana iguana (Linnaeus, 1758)

Polychrotidae

Polychrus acutirostris (Spix, 1825)

X

0,09

Scincidae

Mabuya agmosticha Rodrigues, 2000

X

0,77

2º Relatório Trimestral

X

- 80 -

Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Mas to fa u na d a Us ina Hid ro e lé trica d e Xing o

Família

Teiidae

Espécie

2002

FR (%) 2002

Mabuya heathi Schmidt & Inger, 1951

X

0,14

Mabuya macrorhyncha Hoge, 1946

X

0,36

Ameiva ameiva Linnaeus, 1758

X

0,27

X

19,29

Tupinambis merianae (Duméril & Bibron, 1839)

X

0,96

Tropidurus cocorobensis Rodrigues, 1987

X

6,40

Cnemidophorus ocellifer Spix, 1825

1993

X

Tropiduridae

Tropiduridae

Boidae

Colubridae

Tropidurus hispidus (Spix, 1825)

X

X

11,19

Tropidurus semitaeniatus (Spix, 1825)

X

X

16,79

Boa constrictor Linnaeus, 1758

X

X

0,18

Epicrates cenchria (Linnaeus, 1758)

X

X

0,09

Apostolepis cearensis Gomes, 1915

X

0,14

Leptodeira annulata (Linnaeus, 1758)

X

0,27

X

0,05

Liophis aff. dilepis (Cope, 1862)

X

Liophis poecilogyrus (Wied, 1825)

X

Liophis viridis (Günther, 1862)

2º Relatório Trimestral

Oxybelis aeneus (Wagler, 1824)

X

X

0,09

Oxyrhopus trigeminus Duméril, Bibron e Duméril, 1854

X

X

0,50

Philodryas nattereri Steindachner, 1870

X

X

0,96 - 81 -

Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Mas to fa u na d a Us ina Hid ro e lé trica d e Xing o

Família

Espécie

1993

2002

FR (%) 2002

Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1826)

X

X

0,05

Pseudoboa nigra (Duméril, Bibron e Duméril, 1854)

X

X

0,50

Tantilla melanocephala (Linnaeus, 1758)

X

Thamnodynastes strigilis (Thunberg, 1787)

X

X

0,09

Thamnodynastes sp. Wagler, 1830

X

0,05

Micrurus ibiboboca (Merrem, 1820)

X

0,05

Bothrops erytromelas Amaral, 1923

X

0,05

Crotalus durissus Linnaeus, 1758

X

0,18

Phrynops geoffroanus (Schweigger, 1812)

X

0,05

Phrynops tuberculatus (Luederwaldt, 1926)

X

0,05

Testudinidae

Geochelone carbonaria

X

0,09

TOTAL

45

42

100

Colubridae

Elapidae Viperidae

Chelidae

19

Fontes bibliográficas : CHESF/UFAL. Relatório de Manejo e Conservação da Fauna e da Flora na Área de Influência do Reservatório de Xingo – Inventário da Herpetofauna e Mastofauna da Estação Ecológica de Xingo. Universidade Federal de Alagoas, Centro de Ciências Biológicas, Departamento de Zoologia. Maceió-AL, 2002. CHESF/ENGERIO. Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da UHE Xingó, TOMO II – Diagnóstico Ambiental; Volume 2, Meio Biótico. 1993.

2º Relatório Trimestral

- 82 -

Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Mas to fa u na d a Us ina Hid ro e lé trica d e Xing o

Tabela 12 - Número de espécies de répteis e anfíbios ocorrentes na Estação Ecológica de Xingó e número de espécies ocorrentes na área que são endêmicas da Caatinga. CHESF/ENGERIO 1993 e CHESF/UFAL 2002 Grupo Taxonômico Lagartos

22

No. espécies endêmicas da Caatinga registradas na AII 5

Anfisbenídeos

2

-

Serpentes

18

3

Tartarugas

3

-

Jacarés

-

-

Cecílias

-

-

Anfíbios anuros

22

4

TOTAL

67

12

No. espécies registradas

2º Relatório Trimestral

- 83 -

Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Mas to fa u na d a Us ina Hid ro e lé trica d e Xing o

11.3 ANEXO M ASTOZOOLÓGICO Tabela 13 – Nome científico e popular dos mamíferos Nome Científico

Nomes populares Família Didelphidae

Gracilinanus agilis

Catita

Monodelphis domestica

Rato-cachorro (catita-terrestre-cinza), cuica

Didelphis albiventris,

Cassaco, gambá, saruê Rodentia

Thrichomys apereoides

Punaré

Galea spixii

Preá

Kerodon rupestris

Mocó Carnivora Familia Canidae

Cerdocyon thous

cachorro-do-mato Familia Felidae

Herpailurus yagouaroundi

Jaguarundi, gato-azul Chiroptera Familia Phyllostomidae

2º Relatório Trimestral

- 84 -

Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Mas to fa u na d a Us ina Hid ro e lé trica d e Xing o

Nome Científico

Nomes populares

Glossophaga soricina

morcego

Trachops cirrhosus,

morcego

Diaemus youngi

morcego-vampiro

Rhynchonycteris naso

morcego-fruteiro

Tonatia sp.

morcego Familia Mormoopidae

Pteronotus parnellii

morcego

Tabela 14 - Marcação, dados biológicos e morfométricos dos Pequenos Mamíferos capturados nas armadilhas gaiolas, durante a primeira etapa do monitoramento da UHE de Xingo. Área

Data

Espécie

S/I

CC

CD

PD

OD

PS (g)

Obs

Mecejana

25/04

Thrichomys

M

230

190

40

20

250

Carrapato

Poço Verde

26/04

Monodelphis

M

120

75

20

18

50

Escrotado

Gracilinanus

M

65

95

15

18

8

Monodelphis

F

165

95

20

23

1000

10 tetas

27/04

Thrichomys

M

205

170

40

25

250

Carrapatos

28/04

Monodelphis

M

2º Relatório Trimestral

Recaptura

- 85 -

Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Mas to fa u na d a Us ina Hid ro e lé trica d e Xing o

Área

Data

27/04

28/04 Mundo Novo

29/04

2º Relatório Trimestral

Espécie

S/I

CC

CD

PD

Monodelphis

F

G . agilis

M

100

125

20

Monodelphis

F

175

95

Thrichomys

F

190

Monodelphis

F

Monodelphis

OD

PS (g)

Obs

15

30

Recaptura 9 filhotes Escrotado

20

24

100

11 tetas

170

34

23

200

155

95

20

25

90

9 tetas

M

185

95

25

23

150

Escrotado

Monodelphis

F

145

95

20

22

60

8 tetas

Monodelphis

M

160

100

24

25

110

Escrotado

Monodelphis

F

Monodelphis

M

145

90

24

24

110

Escrotado

Monodelphis

F

145

95

19

23

100

7 tetas

Monodelphis

F

155

90

22

26

90

11 tetas

Monodelphis

M

160

100

Monodelphis

M

150

100

25

23

150

Escrotado

Monodelphis

M

70

52

16

16

13

Jovem

Monodelphis

F

Monodelphis

F

155

105

25

18

96

7 tetas

Monodelphis

M

175

110

20

23

150

Escrotado

Recaptura

Escrotado fugiu

Recaptura

- 86 -

Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Mas to fa u na d a Us ina Hid ro e lé trica d e Xing o

Área

Data

Espécie

S/I

CC

CD

PD

OD

PS (g)

Obs

01/05

Monodelphis

F

140

95

20

25

80

4 tetas

Monodelphis

F

155

95

25

20

90

7 tetas

Monodelphis

M

170

100

25

20

-

São José Curralinho

03/05

Monodelphis

M

145

100

20

25

-

Cana Brava

29/04

Galea spixii

M

220

0

50

30

350

Escrotado Fugiu

Tabela 15 - Marcação, dados biológicos e morfométricos dos Pequenos Mamíferos capturados nas armadilhas de quedas, durante a primeira etapa do monitoramento da UHE de Xingo. Área

Data

Espécie

S/I

CC

CD

PD

OD

PS (g)

23/04

Monodelphis

F

150

70

20

18

48

25/04

Gracilinanus

M

70

100

15

12

08

-

Gracilinanus

F

90

118

15

20

-

4 tetas

Gracilinanus

M

90

125

15

20

25

Escrotado

Monodelphis

F

125

75

20

16

45

Monodelphis

M

145

90

20

25

60

Gracilinanus

M

120

150

15

20

27

29/04

Galea spixii

M

220

0

50

30

350

30/04

Gracilinanus

M

120

150

15

20

27

Poço verde 28/04 Cana Brava 25/04

2º Relatório Trimestral

Obs.

Escrotado

- 87 -

Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Mas to fa u na d a Us ina Hid ro e lé trica d e Xing o

Área

Data 03/05

2º Relatório Trimestral

Espécie

S/I

CC

CD

PD

OD

PS (g)

Gracilinanus

M

110

150

16

16

32

Gracilinanus

M

110

140

15

17

27

Obs.

- 88 -

Le va nta men to e Mo n ito ra me n to da He rpe to fa u na e Ma sto fa una da Us ina Hid roe létrica de Xin go

2º Relatório Trimestral

- 89 -

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