PROJETOS DE MAPEAMENTO DE PATRIMÔNIOS MATERIAIS E IMATERIAIS PARA O RECONHECIMENTO DE UMA PAISAGEM CULTURAL DO CAFÉ

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PROJETOS DE MAPEAMENTO DE PATRIMÔNIOS MATERIAIS E IMATERIAIS PARA O RECONHECIMENTO DE UMA PAISAGEM CULTURAL DO CAFÉ
Bruno Bortoloto do Carmo
Grande parte da história do Estado de São Paulo foi traçada pelo café. Seguir sua trajetória significa enxergar as profundas transformações que o café precipitou nas relações sociais e culturais. Por isso, o Museu do Café atualmente procura trazer ao público um panorama da história desse estado tendo como fio condutor a produção e o comércio do café. Para compreender a importância de cada item de seu acervo, a equipe de pesquisa e preservação do Museu vem desenvolvendo projetos de mapeamento de referências patrimoniais do café materiais e imateriais, buscando depoentes para registro de História Oral, assim como de objetos, documentos e das próprias edificações. Tais frentes de pesquisa têm por esforço mapear entidades ligadas à produção e ao comércio do grão com o intuito de consolidar o circuito cafeeiro como uma paisagem cultural.
Palavras-chave: Praça de Santos; Paisagem Urbana; Museu; Café; Memória; História.

Introdução
O café foi uma das culturas agrícolas brasileiras que teve maior impacto sobre a história, política, economia e os usos e costumes do Brasil.
O café transformou o país. Na virada do século XIX, muitas das cidades do Estado de São Paulo como a capital, Santos, Campinas e São José do Rio Preto, foram de vilas a metrópoles, alimentadas pelo afluxo de imigrantes, pela chegada das ferrovias e o advento da energia elétrica. A estrutura criada pelo café, assim como suas novas demandas, abriu terreno para a industrialização que moveu São Paulo e o Brasil ao longo de todo o século.
Para traduzir a escala de importância que o café ocupava no cenário nacional, em 1922 foi inaugurado o palácio da Bolsa Oficial de Café, na cidade de Santos, que comemora 93 anos em 2015. Em estilo eclético, o primeiro edifício de concreto armado da cidade é considerado uma das mais importantes obras do período. Foi tombada em 2009 pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (IPHAN), sendo a primeira do tipo a receber essa chancela.
Em 1998, no edifício da Bolsa Oficial de Café – desativada desde 1986 – foi inaugurado o Museu do Café, uma iniciativa da sociedade civil que contou com o apoio de toda a cadeia cafeeira e do governo do Estado. Foi ainda, em 2008, incorporada ao rol de equipamentos culturais do Estado de São Paulo.
O Museu do Café tem como missão "colecionar, conservar, expor, investigar e pesquisar objetos e evidências arquitetônicas, artísticas e documentais que testemunhem, para diferentes públicos, a história e o desenvolvimento socioeconômico e cultural do Brasil na sua relação com o agronegócio Café, em âmbito nacional e internacional".
Com o objetivo de traduzir tão complexa missão em uma atividade museológica no tempo/espaço, a equipe técnica do Museu do Café estruturou três macro eixos de atuação, ou seja, três recortes patrimoniais. Eles dão conta da preservação do café em três instâncias – na sua materialidade, enquanto produto de consumo; como objeto social, numa perspectiva histórica, política, econômica e dos usos e costumes; e como fomentador e financiador da cultura brasileira, numa tradução simbólica diretamente ligada a seus altos e baixos no cenário brasileiro.
Tais macro eixos refereciam a atuação do Museu do Café em suas três pontas fundamentais: preservação, pesquisa e comunicação museológica. A partir destes recortes patrimoniais são desenvolvidas as linhas de pesquisa e organização do Museu, sua política de acervo, seu programa de exposições temporárias, de ação educativa que foram base para a exposição de média duração inaugurada em dezembro de 2014.
Como uma das frentes de atuação do Museu do Café, a área de pesquisa e preservação volta-se para seu entorno (praça comercial e complexo portuário de Santos) e para o interior (circuito de fazendas histórias e complexo ferroviário), visando compreender o eixo produção – exportação, tanto em sua dimensão histórica como as relações sociais atuais.
Para tanto, o Museu desenvolve ações de mapeamento desse patrimônio material e imaterial desde 2011, inter-relacionando depoimentos de história oral e referências de acervos museológicos (ou potencialmente musealisáveis), arquivísticos ou iconográficos.
Durante esses anos de pesquisas percebeu-se uma centralidade da cidade e porto de Santos durante vários anos e diversos aspectos do comércio do café, desde um momento em que existiam grandes dificuldades de comunicação e que homens de confiança dos fazendeiros no interior precisavam se estabelecer na cidade para ficarem próximos dos clientes do mercado de exportação, até os dias de hoje, em que a Praça de Santos não possue a mesma centralidade de profissionais, mas que continua com 78% das exportações do grão passando por seu porto.
Essas questões fizeram com que o Museu do Café norteasse seus esforços de pesquisa a fim de compreender a movimentação dos cafezais pelo Estado de São Paulo, sua saída do Paraná e expansão pelas zonas cafeeiras do sul de Minas Gerais, mapeando os registros materiais e imateriais latentes nas regiões por onde o café passou ou ainda subsiste e sua relação com o entorno direto do Museu, o complexo portuário da cidade de Santos. Essa interdependência que persiste ao longo dos séculos fazem com persigamos o conceito de Paisagem Cultural, uma interação sui-generis do homem com o meio ambiente, chancelada tanto pelo IPHAN no âmbito nacional quanto pela UNESCO no internacional.
Neste artigo apresentaremos, portanto, as ações do Museu do Café no sentido de integrar e articular um patrimônio do café ainda pouco explorado, buscando uma homogeneidade dessa produção ao longo dos anos e o legado deixado pelo complexo da comercialização do grão no Estado de São Paulo.

Praça de Santos: mapeamento e história oral
A princípio o mapeamento do patrimônio material e imaterial do café era focado no entorno imediato do Museu do Café. Por isso, entre os anos de 2011 e 2013 desenvolveu-se dois projetos com objetivos comuns: no primeiro seriam coletados depoimentos orais visando um período recente e mais curto (1940 – 2010) e outro que mapearia fontes textuais, cartográficas, museológicas e audiovisuais, além da própria arquitetura das edificações, relacionadas ao tema para a história do comércio do café em Santos, em um período mais longo e, consequentemente, antigo (1850 – 1986).
Com relação ao primeiro projeto, foram entrevistados corretores, ensacadores, exportadores, estivadores, classificadores, donos de armazém, enfim, pessoas que tivessem ligação direta com o café na cidade de Santos. As instituições e as profissões ligadas ao café que continuam na cidade de Santos nos dão uma pista desse passado.
E é interessante que é uma coisa sui generis. Acho que, no mundo inteiro, não existe um mercado que já foi o principal ponto de comércio do café do mundo — porque aqui era comercializado — 80% do café do mundo era na Rua Quinze. Entre quatro ruas. A Rua do Comércio, a Rua Quinze e Rua Frei Gaspar. Nesse pedacinho se comercializava todo o café do Brasil, praticamente. Porque você vendia aqui para entregar em Angra, para entregar no Rio de Janeiro, para entregar em Paranaguá. Mas era feito aqui. Depois, começou a turma a abrir filial em Paranaguá, os compradores — mas, no mais, era tudo feito aqui em Santos. Entre quatro ruazinhas tinha todas as firmas de café que dominavam o mercado internacional do café.
Nesse trecho do depoimento do corretor Álvaro Vieira da Cunha, é possível entender a relação da cidade de Santos e o café quase que instantaneamente. A cidade abrigava todas as instituições necessárias para a comercialização do produto, além de ser sede de uma rede de relacionamentos e informações que dava base para a expansão do corretor e do comissário de café na cidade.
Portanto, esse percurso do café pela cidade foi o que motivou o primeiro esforço de mapeamento propriamente dito da Praça, através do registro da história oral. Esse registro nos daria uma pista da extensão da Praça nos dias de hoje, através das várias funções e profissões presentes na cidade.
Aqui abriremos um parêntese com um trecho do depoimento do senhor Antônio Ermida, ensacador aposentado:
[...] Aí, eu fui para o ponto [...] Já estava no ponto, quando era escalado pelo trabalhador, pelo caixeiro do ponto. E saía, o diretor do ponto distribuía o trabalhador para ir para os armazéns. Falava "eu quero tantos homens aqui." [...] todos os armazéns que pediam.
O "ponto" ou "parede" era o local onde eram escolhidos os trabalhadores para o trabalho no armazém ou no porto. Para muitos ensacadores avulsos ou estivadores, a parede simbolizava a distribuição de todo e qualquer serviço disponível no dia. No caso dos ensacadores, a ligação afetiva com o local – a Rua Viscondessa do Embaré, a "Viscondessa" como os próprios se referiam – é tão clara que, na fala de cada um deles não parecia necessária apresentação. Trata-se de uma rua de movimentação puramente portuária, de caminhões e trânsito de carros, mas o "ponto" continua lá com grande significação simbólica, onde ainda são distribuídos trabalhos.
Interessante notar que apesar das profissões de ensacador e estivador terem se distanciado ao longo dos anos na cidade de Santos, suas organizações internas de trabalho são bastante semelhantes. Ambas cateogorias possuem dentro de seus sindicatos o esquema de "carteiras" para sorteio dos trabalhos, valorizando os trabalhadores com mais tempo de sindicato, além da divisão dos melhores serviços serem balizadas pelo sistema de Cambio, Avançado e Dobra.
Com relação aos negociantes de café – tanto corretores, como exportadores e classificadores – estas pessoas possuem uma tônica: falam sobre o esvaziamento do centro da cidade dos profissionais ligados ao café. Antes da transformação e aperfeiçoamento dos meios de comunicação, a cidade era apinhada de pessoas que trabalhavam com informação quando a comunicação com o exterior e interior era escassa. Corretores, comissários, exportadores e classificadores ficavam reunidos na rua XV de Novembro, entre as ruas do Comércio e Frei Gaspar, trocando informações sobre os cafés que estavam chegando ou que ainda estavam sendo produzidos no interior.
A partir desse conhecimento da Praça e com diversos contatos em escritórios, armazéns, sindicatos, etc., partimos para um mapeamento das referências materiais ainda existentes nesse território. O projeto "Praça de Santos" teve como objetivo de mapear fontes para a história do comércio do café em Santos no período de 1850 a 1986. Pesquisadores do Museu buscaram na cidade documentações textuais, plantas, mapas, fotografias, filmes, objetos, maquinários, mobiliários e as próprias edificações relacionadas ao tema. Nesse contexto, é avaliada a importância histórica de cada item, seu estado de conservação e organização. Todas as informações coletadas foram registradas em fichas a partir de normas internacionais de documentação nas áreas da museologia e da arquivística.
Essa primeira etapa do mapeamento foi dedicada ao patrimônio dos escritórios de corretagem, exportação e torrefadoras de café da cidade de Santos. Entretanto, das dez empresas mais antigas da Praça, apenas três já aderiram integralmente ao projeto e abriram seus acervos e arquivos – Hard, Rand & Co., Naumann Gepp Comercial e Exportadora Ltda. e O Rei do Café Torrefadora. As séries documentais e conjuntos de objetos encontrados nessas companhias, além dos históricos das empresas e detalhes arquitetônicos do edifício onde se encontravam atualmente foram em elencadas em fichas descritivas e compiladas em um caderno que foi entregue ao final do encerramento dessa primeira etapa do projeto.
É importante salientar que esse projeto está intimamente ligado ao de História Oral. Os saberes e as funções identificados têm relação intrínseca com o patrimônio material, foco de todos os projetos de mapeamento que desenvolvemos. Entretanto, os conjuntos de objetos e documentos que pudemos mapear fazem parte do universo de atividades ligadas apenas ao comércio e a comunicação. Desta forma, percebemos que não seria possível permanecer apenas em nosso entorno imediato.
Como já dissemos, a Praça de Santos alcançou a centralidade que ainda possui por conta da difícil comunicação com o interior, sendo consequência disso o desenvolvimento de relações de amizade entre profissionais instalados na cidade e fazendeiros, gerando uma dinâmica particular de circulação de pessoas. Por esse motivo, o mapeamento das instituições do interior se fez necessário.

Mapeamento do Interior de São Paulo
No caso do mapeamento do interior do Estado de São Paulo o caminho foi inverso e iniciou-se pelo referenciamento de fazendas, institutos e museus temáticos voltados à temática "café". Durante os anos de 2011 e 2012 um mapeamento de acervos históricos, arquitetônicos, museológicos e documentais relacionados à história da cafeicultura, intitulado "Memória do Café", foi iniciado pelo Museu e desenvolvido por uma equipe de pesquisadores externos coordenados pela museóloga Cecília Machado.
Os testemunhos materiais produzidos na baliza dos anos de 1830 – 1930 foram priorizados neste projeto, tendo como foco objetos relacionados ao ciclo produtivos do café, desde sua plantação até a comercialização. Dentro do Estado foram selecionadas cinco instituições museológicas, três institutos de pesquisa voltados à cafeicultura e dez fazendas, distribuídas pelas áreas de maior produção agrícola no período abordado. Foram elas:
Museus – Museu do Café (Campinas), Museu do Café Francisco Schmidt (Ribeirão Preto), Museu do Café da Fazenda Lageado (Botucatu);
Fazendas – Cravinhos (Cravinhos), São Francisco (São José do Barreiro), Resgate (Bananal), Ibicaba (Cordeirópolis), Santa Gertrudes (Santa Gertrudes), Brejão (Casa Branca), Salto Grande (Araraquara), Pinhal (São Carlos), Ermida (Jundiaí), Cecília (Cajuru);
Institutos – Instituto Biológico (IB – São Paulo), Instituto Agronômico de Campinas (IAC – Campinas), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – (ESALQ – Piracicaba).
Através desse mapeamento, no ano de 2014 iniciou-se o projeto de história oral com o objetivo de retomar os contatos iniciados pelo projeto Memória do Café e ir além da amostragem inicial de fazendas, institutos e museus mapeados pela equipe de pesquisadores em 2012. Assim como na Praça de Santos, o objetivo é delimitar a historicidade dos saberes dos depoentes, interrelacionando-os com os objetos mapeados.
Como é um projeto que possui ainda poucas entrevistas podemos apenas aferir algumas suposições em cima de pesquisas bibliográficas e documentais. Uma delas parte do pressuposto que São Paulo não é mais o maior produtor de café do Brasil, posto este ocupado por Minas Gerais a partir de meados da década de 1990. Portanto temos focos bastante distintos: regiões onde o café não possui mais qualquer traço de produção e subsiste a preservação do patrimônio edificado e móvel por antigos proprietários; "bolsões" de produtores que subsistiram às mudanças de culturas e ainda produzem café; regiões próximas ao Estado de Minas Gerais que ainda tem alguma sobrevida da produção.
No primeiro caso, o contato é o mais complicado pois depende do deslocamento incerto e reconhecimento de fazendas ainda não mapeadas, a partir de contatos que são passados a equipe de pesquisadores. Além disso, grande parte dessas fazendas intituladas "históricas" foram inicialmente mapeadas pelo trabalho coordenado por Cecília Machado, fazendo com que a equipe de pesquisadores focasse em uma baliza temporal retroativa, procurando as regiões ainda produtoras de café para tentar explicar sua permanência na produção, além de suas particularidades.
Nos "bolsões" de produtores os contatos são feitos a partir de exportadores e corretores da Praça de Santos, sendo uma aproximação mais certa e fácil. Foi o caso do primeiro depoente contatato, o senhor Rui Bonini, produtor da região de Garça próximo à divisa com o Paraná. A região, apesar de seus cafés finos, sofreu com as intensas geadas das décadas de 1960 e 1970 que assolaram o Paraná e parte do de São Paulo. Entretanto, nas décadas seguintes, a introdução da mecanização da colheita nessa região facilitada pela pouca inclinação do terreno fez com que houvesse uma diminuição de trabalhadores. Esse fator, talvez explique a permanência de alguns produtores na cultura do café.
Já nas regiões ainda ativamente produtoras temos a da Alta Mogiana, esta próxima ao sul de Minas Gerais. Um dos depoimentos que coletamos para esse projeto foi com Daniel Bertelli, gerente da Cooperativa de Pinhal. A organização dessa zona produtora e sua localização dizem muito sobre a produção do café atualmente:
[...] eu tenho que vender o café. E é melhor que eu não venda pra ninguém que seja intermediário. Isso é básico hoje. [...] Tanto é que Santos hoje, ele é um terminal de embarque, nem de comércio. Hoje se comercializa café em Varginha. A mudança que a senhora falou do café com leite chega a esse ponto né. Hoje a estrutura operacional do café é Varginha.
Varginha é conhecida atualmente como a maior praça cafeeira do Brasil, por interligar as regiões do sul de Minas, Cerrado Mineiro e parte do Estado de São Paulo; além disso, essa decentralização das operações comerciais na região portuária é explicada pelo avanço das telecomunicações e a proximidade com as regiões produtoras, facilitando o armazenamento, apesar de ainda possuir o porto de Santos como escoador principal.
Dada a importância dessas relações do patrimônio imaterial com o material, iniciaremos no ano de 2015, conjuntamente com esse projeto de História Oral da produção, um segundo que intercambie informações da técnica e uso de ferramentas, para que os objetos e locais mapeados sejam contextualizados ao seu uso. Essa questão se faz importante principalmente nas regiões onde a mecanização avança rapidamente e o trabalho manual aos poucos desaparece, se tornando cada vez mais difícil a obtenção de informação sobre o uso de algumas ferramentas e maquinários.

Paisagem Cultural e a Experiência Colombiana
Mas qual o motivo desses mapeamentos? Se o Museu do Café tem, por um lado, como missão a preservação, conservação e difusão desse Patrimônio, por outro lado, seu reconhecimento e sistematização trazem resultados que não só enriquecem as exposições e ações educativas do Museu, como reconhecem as zonas cafeicultoras como uma Paisagem Cultural.
A chancela brasileira pelo IPHAN é algo bastante recente, por isso, precisamos observar experiências exteriores, sendo a mais próxima de nosso objeto de estudo o caso da Colômbia. Segundo o site organizado para centralizar informações a respeito das ações decorrentes da chancela, a Paisagem Cultural dos Cafezais da Colômbia (PCC):
[...] constituye un ejemplo sobresaliente de adaptación humana a condiciones geográficas difíciles sobre las que se desarrolló una caficultura de ladera y montaña. Se trata de un paisaje cultural en el que se conjugan elementos naturales, económicos y culturales con un alto grado de homogeneidad en la región, y que constituye un caso excepcional en el mundo. En este paisaje se combinan el esfuerzo humano, familiar y generacional de los caficultores con el acompañamiento permanente de su institucionalidad.
Pode-se compreender que não é apenas uma zona cafeeira que é preservada, mas sim diversas que formam o "eixo do café", abrangendo as regiões de:
[...] de Caldas, Quindío, Risaralda y Valle del Cauca, ubicadas en las estribaciones Central y Occidental de la cordillera de los Andes. Esta región ha sido tradicionalmente reconocida a nivel nacional e internacional como el Eje Cafetero y, más recientemente, como la Ruta del Café, a raíz de una campaña que busca promocionar a la zona a nivel nacional e internacional.
Entretanto, a justificativa para a preservação das zonas cafeeiras colombianas como um espaço único de interação do homem com o meio ambiente seria uma "excepcional ação coletiva" que os permitiu superar circunstâncias econômicas difíceis. A especificidade do cultivo colombiano destacado é o da pequena propriedade familiar, no qual se destacou uma cultura bastante homogênea e que destacam as técnicas construtivas – tanto nas cidades como nas fazendas – relacionando esse patrimônio edificado a uma cultura imaterial, expressa por festas, carnavais e celebrações; essa cultural é aferida como herdeira de tradições antiquíssimas, reforçando o café como parte integrante de um complexo cultural mais abrangente sendo, por isso, importante a identificação do patrimônio do café também em suas apropriações e reinvenções.

Considerações Finais
O conceito de Paisagem Cultural diz respeito a um recorte do território que traz as marcas da relação do homem e seu meio ambiente. Tal relação resulta em fazeres e saberes com marcas e valores específicos, que passam a representar o lugar, transformando-se em sua melhor tradução. Esse patrimônio ganha sentido quando sua memória simbólica é recuperada e suas camadas de significados vêm à tona. Apesar de se fazer necessária a leitura da experiência colombiana, uma Paisagem Cultural tombada no âmbito internacional pela UNESCO, não se pode perder de vista que a legislação brasileira também prevê a preservação de Paisagens Culturais identificadas no território nacional.
Com a produção no interior, as extensas estradas de ferro, a administração na capital e a comercialização em Santos, o sistema agroexportador do café configurou o espaço físico do Estado de São Paulo. Os indícios materiais dessa cadeia estão em quase todo território paulista, em complexos de fazendas e malhas ferroviárias, na arquitetura urbana, no Porto de Santos, em empresas, armazéns e demais instituições ligadas ao café.
O café e sua história ainda é muito presente hoje no cotidiano dessas cidades. Para além do patrimônio material, há uma memória compartilhada entre trabalhadores devido a um complexo círculo de sociabilidade que se formou entre as diversas profissões ligadas ao produto.
A presença do café também é sensível nos dias de hoje no cotidiano dessas cidades. A identificação de memórias entre trabalhadores que atuaram nos últimos 70 anos tem vários pontos em comum, devido a um complexo círculo de sociabilidade que se formou entre as diversas profissões.
Portanto, a Paisagem Cultural do Café encontra-se ainda no Estado de São Paulo, presente nas práticas cotidianas de cada trabalhador que lida com o café, e na arquitetura resultante desses processos profissionais assim como da sua interação com a natureza local. Apesar da evidente presença desse patrimônio, resta ainda muito trabalho para entendê-lo e preservá-lo, sendo os esforços de mapeamentos um dos meios para tal fim.

Referências Bibliográficas
PAISAGEM Cultural del Cafetero. Disponível em: http://paisajeculturalcafetero.org.co/contenido/la-historia-del-pcc Acesso em: 27 de fevereiro de 2015.
MUSEU do Café. Depoimento de Daniel Bertelli e Ana Negrini. Relatório de História Oral, 2015.
MUSEU do Café. Projeto de Mapeamento "Café: a Praça de Santos". In: Relatório de atividades do Museu do Café referente ao 2º trimestre de 2012, São Paulo, 2012.
MUSEU do Café. Relatório de História Oral, 2011.
MUSEU do Café. Relatório de História Oral, 2012.
MUSEU do Café. Relatório de História Oral, 2014.
MUSEU do Café. Relatório do Projeto "Café: Praça de Santos", 2012.
MUSEU do Café. Relatório do Projeto "Memória do Café", 2012.
INSTITUTO do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Paisagem Cultural. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=1756 Acesso em: 27 de fevereiro de 2015.
JORNAL A Tribuna. Exportações de café pelo Porto de Santos têm alta de 22%. Disponível em: http://www.atribuna.com.br/mobile/porto-mar/exporta%C3%A7%C3%B5es-de-caf%C3%A9-pelo-porto-de-santos-t%C3%AAm-alta-de-22-1.403504 Acesso em: 28 de fevereiro de 2014.




Pesquisador do Museu do Café (Santos – SP) e mestrando pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC – SP)
Os projetos de mapeamento são apresentados na exposição tanto na íntegra como traduzidos em sua curadoria.
JORNAL A Tribuna. Exportações de café pelo Porto de Santos têm alta de 22%. Disponível em: http://www.atribuna.com.br/mobile/porto-mar/exporta%C3%A7%C3%B5es-de-caf%C3%A9-pelo-porto-de-santos-t%C3%AAm-alta-de-22-1.403504 Acesso em: 28 de fevereiro de 2014.
MUSEU do Café. Depoimento de Álvaro Vieira da Cunha. Relatório de História Oral, 2011.
MUSEU do Café. Depoimento de Antônio Ermida. Relatório de História Oral, 2011.
Depois da construção do cais pela Companhia Docas, os trabalhos dentro do armazém começaram a ser desempenhados por uma categoria diferente da que desempenhava a estivagem nos porões do navio.
Câmbio, Avançado e Dobra são formas de distribuição de trabalho: o trabalhador que se encontra no "câmbio" tem direito de escolher primeiro, vindo seguido pelos que se encontram no "avançado" e na "dobra". Diariamente os trabalhadores revezavam de posição, de forma que todos pudessem ter direito de escolha iguais.
MUSEU do Café. Memória do Café, 2012.
MUSEU do Café. Memória do Café, 2012.
O projeto de história oral Memórias do Comércio de Café em Santos até o momento conta com 36 depoentes enquanto o projeto Memórias da Produção de Café no Interior do Estado de São Paulo conta com apenas cinco, até o momento. A grande adesão ao primeiro é explicada pelo fato da proximidade e facilidade do contato, enquanto o segundo possui uma grande dificuldade por conta dos deslocamentos que demandam as entrevistas.
MUSEU do Café. Depoimento de Rui Bonini. Relatório de História Oral, 2014.
É consenso entre comerciantes e produtores que a famosa "geada negra" de 1975 decretou o fim da expansão dos cafezais para o sul; até então, Minas Gerais ainda não tinha a preponderância atual no mercado cafeeiro e o Estado do Paraná estava em franca expansão e, com as grandes geadas muitos produtores substituíram suas produções ou migraram para terras mais ao norte.
MUSEU do Café. Depoimento de Daniel Bertelli e Ana Negrini. Relatório de História Oral, 2015.
PAISAGE Cultural del Cafetero. Disponível em: http://paisajeculturalcafetero.org.co/contenido/la-historia-del-pcc Acesso em: 27 de fevereiro de 2015.
PAISAGE Cultural del Cafetero. Disponível em: http://paisajeculturalcafetero.org.co/contenido/la-historia-del-pcc Acesso em: 27 de fevereiro de 2015.
PAISAGE Cultural del Cafetero. Disponível em: http://paisajeculturalcafetero.org.co/contenido/la-historia-del-pcc Acesso em: 27 de fevereiro de 2015.
INSTITUTO do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Paisagem Cultural. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=1756 Acesso em: 27 de fevereiro de 2015.

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