PROPOSTA PARA GUIA DE FORMATAÇÃO GRÁFICA DE TRABALHOS ACADÊMICOS DA UNIVILLE - CONTEÚDO

June 1, 2017 | Autor: T. dos Reis Rodri... | Categoria: Graphic Design, Typography, Information Design, Standardization, Editorial Design, Normalization
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INTRODUÇÃO


No decorrer do curso de Bacharel em Design Gráfico, vem sendo
observada uma divergência cada vez mais evidente entre o que é apresentado
como boa prática no design de publicações, e o que é exigido pela
instituição na diagramação de publicações no ambiente acadêmico. Isso
motivou os autores a proporem uma reformulação das normas de formatação
gráficas da UNIVILLE, embasada no método científico e na pesquisa em
design. Apresenta-se assim o problema: Que escolhas de design podem gerar
normas de formatação de trabalhos acadêmicos que sejam mais legíveis,
convidativos, e, principalmente, eficientes em sua comunicação?
Dessa forma, o presente projeto se apresenta com o objetivo geral de
criar um guia contendo um novo grupo de normas de editoração gráfica para
textos acadêmicos dentro da UNIVILLE, que resulte em trabalhos mais
coerentes com os conhecimentos atuais de design. Para esse fim, foram
delimitados os objetivos específicos indicados à seguir.
Inicialmente são identificados os requisitos e limitações na
diagramação de um trabalho acadêmico, através de pesquisa teórica. Também
através de pesquisa bibliográfica, são examinadas as orientações
apresentadas por pesquisadores do campo do design editorial e da
informação. São então analisadas e comparadas as normas gráficas
apresentadas pelo Guia de Trabalhos Acadêmicos da UNIVILLE com as de outras
instituições, com base nos resultados dessa pesquisa. Posteriormente, são
averiguadas as necessidades e dificuldades apontadas pelo corpo acadêmico
na utilização de trabalhos gerados dentro das normas de formatação atuais,
para, por fim, conceber um guia delimitando uma nova proposta para
formatação de trabalhos acadêmicos na instituição. Todos os resultados
obtidos são explicitados, na ordem ditada pela metodologia escolhida.
O primeiro capítulo trata de definir o que é um trabalho acadêmico,
quais preceitos de estilo ele segue, que elementos o compõem, e porque é
importante normatizar esse tipo de publicação. Assim, é gerada a base
conceitual para tratar o trabalho acadêmico como objeto de design.
No capítulo seguinte é apresentado o campo do design editorial e da
informação, e são delimitados os aspectos dessas áreas mais pertinentes
para o projeto. Isso se dá através de uma categorização inicial entre
aspectos conceituais e formais, e por fim em uma análise bibliográfica dos
campos da legibilidade, leiturabilidade, carga menta, layouts, grids e
tipografia. Dessa forma é estabelecida a base teórica para a avaliação das
escolhas de design apresentadas pelos diversos manuais de formatação
pesquisados e pelas escolhas dos próprios autores.
No terceiro capítulo são apresentadas as coletas e análises de dados
que buscam entender a relação entre as normas da UNIVILLE e as outras
possibilidades existentes no universo acadêmico, bem com a relação entre as
normas e o seu público-alvo: alunos e professores do ensino superior. A
primeira coleta e análise é uma análise sincrônica entre vários manuais de
formatação e publicações acadêmicas pesquisadas. São apontadas as escolhas
de design presentes e traçados paralelos com a pesquisa bibliográfica, a
fim de julgar tais escolhas. A segunda parte do capítulo diz respeito ao
questionário, aplicado principalmente com alunos do ensino superior de todo
o Brasil. O objetivo é iniciar um entendimento de como o estudante,
presente na vida acadêmica, entende as normas de formatação. Completando o
panorama de coleta de dados são efetuadas três entrevistas com professores
e orientadores da UNIVILLE, buscando entender as peculiaridades do
tratamento dado pelo corpo docente às normas da instituição.
Com a base teórica e analítica concluída, segue-se então para a
geração do conceito, no quarto capítulo. Através da revisão dos resultados
da pesquisa, aliados à utilização da ferramenta do Diagrama de Ishikawa, é
gerado um conceito norteador que guiará as escolhas de design apresentadas
pela proposta. Esse conceito é então representado na forma de texto e de
palavras-chave, coerentes com o escopo do trabalho enquanto design
editorial.
No quinto e penúltimo capítulo, se dá a geração da proposta inicial,
através da revisão de toda a pesquisa. Cada item da diagramação de um
trabalho acadêmico é analisado dentro dos resultados obtidos, e então é
feita uma escolha embasada no conceito. A soma das escolhas em cada item é
então unida em uma proposta única de diagramação, para ser traduzida em
normas propriamente ditas. Adicionalmente, é efetuada uma pesquisa com
professores do departamento de design da UNIVILLE, visando avaliar a
proposta dentro dos requisitos do conceito.
No sexto e último capítulo, é explicitado o processo de formalizar a
proposta de formatação gráfica, através da geração dos produtos finais do
projeto de design. São geradas as normas em texto, as quais são formatadas
dentro de um guia, segundo as indicações das próprias normas. São também
desenvolvidos arquivos-modelo para programas de processamento de texto,
visando auxiliar na aplicação das normas pelo público-alvo. Por fim, o
presente trabalho é rediagramado dentro da nova proposta, gerando um
exemplo que permite avaliar as diferenças de leitura entre ambas as
normatizações.

1 O TRABALHO ACADÊMICO


Como a presente pesquisa não trata de um texto específico, e sim de
uma categoria de texto, esta é definida, analisada e exposta em sua
estrutura. Busca-se, nesse capítulo, delimitar um conceito de "trabalho
acadêmico" que sirva de base para as etapas posteriores do processo de
design, uma vez que o processo de diagramar um texto deve ser iniciado pelo
conhecimento do texto a ser diagramado (BRINGHURST, 2005).
França et al (2007) colocam o trabalho acadêmico como integrante do
conjunto maior de "publicações técnico-científicas", sendo portanto
adequado definir primeiramente o que é um trabalho científico. É importante
notar que não se trata, nesse projeto, do trabalho científico enquanto
conceito abstrato. Severino (1980) dá um exemplo de definição abstrata do
termo, onde o trabalho científico é "o conjunto de processos de estudo, de
pesquisa e de reflexão que caracterizam a vida intelectual do
universitário" (SEVERINO, 1980, p. 21). Ao invés dessa, é utilizada aqui a
definição do trabalho científico enquanto publicação, como Moresi (2003,
p.82) coloca sucintamente: "um texto escrito para apresentar os resultados
de uma pesquisa". Por conseguinte, o trabalho acadêmico é o trabalho
científico gerado em ambiente acadêmico, apresentando pesquisas geradas em
cursos de graduação ou pós-graduação, incluindo-se mestrado e doutorado
(FRANÇA et al, 2007).
A brevidade dessa definição contrasta com a importância da publicação
técnico-científica. Por se tratar do canal formal de comunicação da
comunidade científica entre si mesma e com a sociedade em geral, o trabalho
escrito é o que torna público, acessível e permanente o conhecimento gerado
em meio acadêmico (MORESI, 2003), tornando o processo de ensino ativo e
produtivo (CIRIBELLI, s.d.). Para cumprir esse objetivo, trabalhos
acadêmicos têm um estilo convencionado de redação, e a necessidade de uma
normalização gráfica que preze pelo entendimento do texto em todo meio
social em que for apresentado.


1.1 Estilo e normalização


Cada instituição acadêmica apresenta suas próprias normas para a
apresentação gráfica de trabalhos gerados nela, não necessariamente
idênticas às publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, a
ABNT. Geralmente, essas normas são apresentadas em guias ou manuais, e
impõem escolhas de formatação do conteúdo. O Guia para Apresentação de
Trabalhos Acadêmicos da UNIVILLE (2009) se baseia na NBR 14724 (ABNT,
2005), mas a maioria de suas exigências de formatação não está na norma
original. Junto com especificações metodológicas, o guia da UNIVILLE faz
exigências acerca da disposição de elementos na página, tipografia
(famílias e tamanhos), medidas de margens, parágrafos e recuos, uso de
negrito e itálico, formatação de tabelas e tamanho e tipo de papel.
Brandão (in FRANÇA et al, 2007) discorre sobre a importância da
normalização, desacreditando a noção de que são simples convenções. São, de
acordo com o autor, modelos socialmente compartilhados, que buscam garantir
uma comunicação eficaz. Essa preocupação com o compartilhamento social da
norma é refletida na descrição que a própria ABNT (2006, web) faz de seus
serviços. Associação descreve, entre seus princípios básicos, que uma
norma deve ser voluntária, isto é, seu uso deve ser fruto da percepção que
é mais vantajoso utilizar a norma do que não o fazer. Deve ser, ainda,
representativa da opinião de especialistas na área, e atualizada
constantemente para manter-se a par de novos conhecimentos e tecnologias.
Por fim, uma norma deve ser simples e acessível, facilitando assim sua
adoção pela comunidade para a qual foi redigida. A presente pesquisa busca
estudar se as normas utilizadas atualmente pela UNIVILLE ainda cumprem
esses princípios de forma ótima. Para isso se faz necessário entender que
tipo de texto constitui um trabalho acadêmico.
A redação de um trabalho acadêmico observa diversos critérios em
busca de sua máxima clareza. Esses critérios estabelecem as necessidades
tipográficas do texto. Moresi (2003, p. 38) lista como critérios a
"objetividade, clareza, precisão, consistência, linguagem impessoal e uso
do vocabulário técnico". O foco do documento repousa quase que
completamente sobre o texto, uma vez que elementos como imagens e gráficos
são apenas ilustrativos ou complementares às informações contidas nele
(UNIVILLE, 2009). O texto em si é subdividido em diversos elementos
hierárquicos, constituindo uma estrutura textual (UNIVILLE, 2009).




1.2 Elementos e Estrutura


Para facilitar a compreensão do processo de pesquisa registrado em um
trabalho acadêmico, o seu texto segue uma estrutura que o divide em blocos,
buscando tornar claro o tema e escopo do trabalho, e também o caminho
trilhado pelo pesquisador (MORESI, 2003), buscando criar uma linha coerente
entre a introdução e discussão de conceitos até a sua conclusão, conforme
os dados apresentados. A seguir, é buscada uma estrutura padrão para a
formatação de um trabalho acadêmico, para servir de base às análises
posteriores.
França et al (2007) sugerem diversas estruturas para monografias,
dissertações e teses, dando mais atenção aos elementos pré-textuais (que
precedem o conteúdo da pesquisa) e pós-textuais (que seguem após a
conclusão do texto). Ali as autoras incluem capa, folha de rosto,
dedicatória, resumos, sumário, referências e outros elementos. Também se
baseiam na NBR 14724 (ABNT, 2005), citada também como fonte pelo Guia de
Trabalhos Acadêmicos da UNIVILLE (2009). Moresi (2003) chega a uma
estrutura similar, porém mais detalhada acerca da parte textual. Sugere,
por exemplo, a divisão da introdução entre tema, literatura, relevância,
problema e objetivos. Dado que o escopo da presente pesquisa se limita aos
trabalhos acadêmicos gerados dentro da UNIVILLE, observa-se a estrutura de
elementos disposta no Guia para apresentação de trabalhos acadêmicos
(UNIVILLE, 2009), reproduzida na figura 1. É suprimida a diferenciação
entre "obrigatório" e "opcional", visto que o produto final deve prever
normas para todos os elementos previstos no guia atual. Cada um desses
elementos é definido mais detalhadamente nos capítulos posteriores.


Figura 1 – Elementos que compõe um trabalho acadêmico.
Fonte: Guia para apresentação de trabalhos acadêmicos. UNIVILLE, 2009.

Dentro do elemento textual de desenvolvimento é onde se registra o
processo de pesquisa de fato. Como sugerem França et al (2007), o
desenvolvimento contém a revisão da literatura, a descrição da metodologia
adotada, os resultados obtidos e a discussão dos resultados. Moresi (2003)
descreve extensamente o processo de elaboração do registro de pesquisa que
compõe o desenvolvimento e os outros elementos textuais. O Guia para
apresentação de trabalhos acadêmicos (UNIVILLE, 2009) prevê a subdivisão do
texto de desenvolvimento em capítulos, divididos então em sub-capítulos,
que podem ser subdivididos novamente (divisão terciária). Estes podem ser
ainda separados em alíneas e então em sub-alíneas, ou incisos. A
diagramação do corpo do texto é ainda interrompida para a inserção de
ilustrações, gráficos, tabelas ou quadros. Essa relação hierárquica é
ilustrada pela figura 2.


Figura 2 – Hierarquia dos elementos contidos no desenvolvimento de um
trabalho acadêmico.
Fonte: Acervo pessoal.

Como observado, a estruturação de um trabalho acadêmico é complexa
quando comparada com um texto jornalístico ou de romance, por exemplo. O
trabalho acadêmico depende de sua apresentação gráfica para garantir a
apreensão de seu texto da forma mais clara possível (CASTEDO, 2005; CASTEDO
e GRUSZYNSKI, 2005). Assim poderá cumprir eficientemente seu intuito de
registrar e educar. Existe, portanto, a oportunidade de uma aplicação
objetiva do design editorial para aprimorar a apresentação gráfica de
trabalhos acadêmicos.



2 DESIGN EDITORIAL E DA INFORMAÇÃO


Antes de aplicar os conhecimentos correntes da área do design
editorial, se faz necessário definir essa área, e apontar quais aspectos
principais serão trabalhados. O design editorial é apontado por Landa
(2010, p. 8) como "o design de conteúdo editorial para tela ou impressão",
e que se diferencia de outras formas de design pela grande quantidade de
conteúdo a ser organizado, e pela busca por estruturas que mantenham uma
integração coerente através de várias páginas.
Já a Sociedade Brasileira de Design da Informação estabelece o design
da informação como a aplicação do design gráfico, com o objetivo de
"otimizar o processo de aquisição de informação" em qualquer sistema (SBDI,
2006, web). Martins, Bianca (2007) adiciona que a legibilidade é uma das
buscas primordiais nesse processo de otimização. Com essas definições fica
aparente a relação entre o design editorial e o design da informação, que
trabalha também com a organização e estruturação de conteúdo em diversos
meios. Conclui-se, então, que os conhecimentos de design editorial e da
informação são pertinentes à diagramação de trabalhos acadêmicos, uma vez
que a preocupação principal no projeto gráfico de uma publicação científica
deve ser de garantir a legibilidade e facilitar o acesso do leitor (CASTEDO
e GRUSZYNSKI, 2005).
Visando sistematizar a utilização desses conhecimentos, foram
escolhidos alguns conceitos-chave, então divididos em aspectos conceituais,
ou abstratos, e aspectos formais, ou técnicos.


2.1 Aspectos conceituais


As escolhas de design devem se ater a objetivos coerentes, muitos
desses objetivos sendo abstratos ou subjetivos. Exemplo disso é a lista
apresentada por Landa (2010), como resultado de uma conversa com o designer
Steven Brower. Nela, Brower teria listado o que acredita ser mais
fundamental na criação de um projeto de design editorial. No topo da lista
está a clareza na comunicação, seguido de legibilidade, e só então de
aspectos técnicos como tipografia, imagens e pesquisa de público. Para
Brower, portanto, o design editorial (e por paralelo introduzido
anteriormente, o de informação) é, acima de tudo, um esforço de
comunicação. No trabalho acadêmico, onde o foco é quase totalmente no corpo
de texto, a clareza na comunicação depende, portanto, da cognição eficiente
do texto.
De acordo com Rodrigues et al (2002), os aspectos cognitivos da
leitura se referem ao estudo do texto enquanto objeto. Para Kleiman (2002)
uma das bases fundamentais para esse estudo está no entendimento de que as
informações passadas por um texto não cabem apenas ao texto, e sim à
relação entre ele e o leitor. Ainda que esse campo seja objeto de estudo de
linguistas e profissionais de educação (KLEIMAN, 2010), é evidente o
paralelo entre esse estudo e os estudos de ergonomia cognitiva na área de
design. A área da ergonomia cognitiva é definida por Iida (2005, p. 3) como
a análise dos "processos mentais, como a percepção, memória, raciocínio e
resposta motora, relacionados com as interações entre as pessoas e outros
elementos de um sistema." A percepção de um texto, por sua vez, depende de
sua legibilidade e leiturabilidade, termos que devem ser propriamente
definidos.



2.1.1 Legibilidade e leiturabilidade


A maioria dos autores pesquisados, ao definir legibilidade, busca
diferenciar esse termo de leiturabilidade. Já na década de 70, Barraco e
Cavalli (1974) conceituam legibilidade como o ato formal de ler o texto
escrito, tal qual possibilitado para qualquer pessoa alfabetizada. Já o
conceito de Tracy (1986, apud MARTINS 2007b, p. 72) expõe que a
legibilidade passa pela capacidade de "identificar e reconhecer
caracteres", incluindo, portanto, o cuidado com o próprio desenho
tipográfico. Willberg e Forssman (2007, p. 9) utilizam um conceito similar,
onde legibilidade é "a qualidade dos caracteres de uma família de não se
confundirem entre si". Por fim, Horcades (2007, p. 140) fornece a definição
mais ampla, onde legibilidade diz respeito simplesmente a "enxergar o que
está sendo mostrado". O termo leiturabilidade, por sua vez, é amplamente
compreendido como a capacidade do texto de ser interpretado e entendido,
com mais ou menos dificuldade (BARRACO, CAVALLI, 1974; TRACY, 1986;), com
Willberg e Forssman (2007, p. 9) adicionando que leiturabilidade é um termo
"inexistente em português, mas de uso corrente entre tipógrafos, designers
e estudantes de tipografia". Lidwell (2003, p. 124), porém, apresenta ambos
os termos de forma diferente, onde legibilidade indica "a clareza visual do
texto, geralmente baseada em tamanho, face tipográfica, contraste, bloco de
texto e espaçamento dos caracteres". Leiturabilidade, por sua vez, seria "o
nível no qual a prosa pode ser entendida, baseado na complexidade das
palavras e sentenças". Por fim, Iida (2005) parece utilizar apenas o termo
legibilidade, abrangendo todos os conceitos citados para ambos os termos.
Fica evidente, então, a existência de divergências na definição de ambos os
termos.
Para melhor adequar a proposta da presente pesquisa, são utilizadas
as definições encontradas na maior parte do material encontrado, não
excluindo as informações trazidas por autores que utilizam esses termos
diferentemente. Legibilidade é então entendida como a característica de um
texto de poder ser lido de fato, baseado na facilidade do leitor de
identificar cada elemento e caractere tal qual o é. Falta de legibilidade,
portanto, causa erros de interpretação (IIDA, 2005). Diferentemente,
leiturabilidade é a característica da obra de ser lida de forma
confortável, através do cuidado com o ritmo e fluidez na formatação de seus
elementos. Falta de leiturabilidade, portanto, pode causar uma leitura
lenta e cansativa (MARTINS, 2005b). Ainda que leiturabilidade dependa do
conteúdo do texto em si, ela depende também da apresentação do mesmo. Uma
vez definidos, os termos legibilidade e leiturabilidade são, então,
aplicáveis ao estudo da ergonomia cognitiva de um texto, cujo conceito mais
pertinente é o de carga mental.


2.1.2 Carga mental e o processo de leitura


Conforme Côrrea (2003), carga mental é um conceito estudado desde a
década de 70, e se refere à experiência de se efetuar uma função complexa e
pessoal, dependendo, entre outros fatores, da motivação do efetuador da
tarefa (MORAY, 1988, apud CORRÊA, 2003). Tendo em vista os aspectos
cognitivos da leitura apresentados, é visível que o ato de ler é uma função
complexa e pessoal, portanto um trabalho ao qual podemos aplicar os estudos
ergonômicos relacionados à carga mental.
Para Iida (2005), carga mental é um conceito dentro da definição
maior de ergonomia cognitiva, que inclui ainda memória, raciocínio e tomada
de decisão como conceitos separados. Por outro lado, para Corrêa (2003),
carga mental abrange todo o campo da ergonomia cognitiva de Iida, e mais.
Corrêa (2003) separa carga mental em carga psíquica e carga cognitiva. O
autor define carga psíquica como relacionado aos aspectos emocionais que
permeiam a relação entre a função e seu efetuador, e portanto fogem ao
escopo dessa pesquisa. Carga cognitiva, por outro lado, é definido pelo
autor como a carga relacionada ao uso das funções mentais como memória,
raciocínio, tomada de decisão e interpretação de estímulos. Trabalha-se
aqui com a definição de carga cognitiva como incluindo todo o esforço
mental gerado por uma atividade.
É possível traçar um paralelo entre carga cognitiva e a busca por uma
melhor legibilidade e leiturabilidade. A busca por uma leitura mais fluida
e confortável envolve buscar formas de apresentação do texto que permitam
uma otimização do processo de leitura, portanto diminuindo sua carga
cognitiva (IIDA, 2005).
Apesar de leiturabilidade ser um aspecto essencialmente conceitual, a
distinção entre diagramações com mais ou menos leiturabilidade passa por
várias medidas quantitativas, como velocidade de leitura, tempo de fadiga
do leitor, e até amplitude dos movimentos do olho (TINKER, 1963). Essas
medidas são validadas pelo processo de leitura em si, onde a dificuldade
para compreensão, seja de um elemento específico ou da estrutura da obra
como um todo, resultam em mudanças na velocidade e intensidade dos
movimentos físicos requeridos e da carga mental da tarefa.
Pesquisas apontam que o processo de leitura não se dá através de um
movimento contínuo do olhar através da linha ou grid, e sim por grandes
saltos, onde o leitor apreende toda a sentença ou elemento rapidamente,
para depois pausar brevemente para interpretá-lo (HORCADES, 2007; MARTINS,
2007b; IIDA, 2005). Esse processo é ilustrado na figura 3. É devido a essa
característica que uma baixa legibilidade causa pausas súbitas que
atrapalham o processo de leitura ágil (MARTINS, 2007b), enquanto falhas no
entendimento ou interpretação (leiturabilidade) levam o leitor a retornar
ao início da linha de texto (HORCADES, 2007). Para evitar essas situações,
diversos teste de legibilidade e tabelas de valores recomendados são
encontrados (BRINGHURST, 2005; SAMARA, 2010; WILLBERG e FORSSMAN, 2007),
que são utilizados na avaliação das diagramações analisadas e geradas.


Figura 3 – O processo de leitura: a recepção de sentenças inteiras e a
pausa para interpretação
Fonte: Acervo pessoal.

Os aspectos conceituais ao redor de um objeto de design editorial
tomam forma na diagramação em si. É através das escolhas formais do
designer que a pesquisa conceitual gera resultados concretos.


2.2 Aspectos formais


Os aspectos formais do processo de design se referem às escolhas
técnicas, isto é, aos elementos visíveis em si. Para atingir os aspectos
conceituais desejáveis de um produto impresso, o design editorial faz uso
de uma variedade de elementos que constituem a apresentação gráfica do
material. Como o presente projeto trata de uma diagramação independente de
conteúdo, os aspectos formais mais importantes podem ser categorizados
entre a disposição dos elementos na página, e a forma e disposição dos
caracteres no corpo de texto. As áreas de pesquisa desses elementos são,
respectivamente, o layout e a tipografia (HASLAM, 2006; BRINGHURST, 2005).
Esse capítulo trata de delinear os aspectos gerais pertinentes à cada uma
dessas áreas, bem como as informações mais abrangentes encontradas que se
aplicam ao escopo do projeto. Uma parte considerável da pesquisa, porém,
está distribuída nos capítulos seguintes, conforme os dados se fazem
necessários para avaliar dados coletados ou justificar escolhas de design.

2.2.1 Layout e grid


De acordo com Ambrose e Harris (2009), layout se refere à forma como
o designer distribui textos e imagens em um projeto. Essa distribuição leva
em conta tanto a disposição dos elementos em relação ao suporte onde estão,
como em relação uns aos outros. O processo de gerar um layout lida não
apenas com posições, mas também com dimensões, proporções, e repetição dos
elementos. O layout afeta diretamente a percepção do conteúdo pelo leitor,
uma vez que os mesmos elementos, distribuídos de forma diferente, geram
reações diferentes. Os autores introduzem o conceito de intensidade, onde
layouts mais intensos têm mais elementos próximos ou dentro da mesma
página, enquanto layouts menos intensos têm mais espaço negativo (AMBROSE e
HARRIS, 2009).
A etimologia do termo vem do processo manual de colocar os elementos
manualmente numa superfície para reprodução em série (ERLHOFF e MARSHALL,
2008), do inglês to lay out, algo como "deitar algo sobre". Erlhoff e
Marshall (2008) apontam também que, atualmente, nenhum passo de geração de
layout exige qualquer processo manual, podendo ser efetuado digitalmente
desde o design até a impressão final. A geração de um layout que busque a
transmissão clara de conteúdo terá grandes vantagens se fizer uso de um
grid (SAMARA, 2010).
O grid é a malha construtiva de um produto gráfico. Conforme Ambrose
e Harris (2009), é o guia ou modelo estrutural que gera a sensação de
consistência dentro de uma publicação. No conceito de Samara (2010, p.
202), essa consistência provém da "clareza, eficiência, economia e
continuidade" permitidas pelo uso do grid. Ainda, o grid permite que o
usuário navegue com mais facilidade por entre diversos tipos de informação,
além de permitir ao designer resolver problemas de organização rapidamente,
seguindo o modelo gerado inicialmente (SAMARA, 2010).
A figura 4 ilustra como diversos tipos de grid podem ser disposto sobre uma
página. As linhas formam uma estrutura imaginária na qual o designer pode
dispor os elementos de conteúdo. Repetindo o mesmo grid, ou conjunto de
grids, por toda uma obra ou série, é gerada a sensação de solidez e
consistência (AMBROSE e HARRIS, 2009).

Figura 4 – Exemplos ilustrativos das possibilidades da utilização de grids
Fonte: Acervo pessoal, baseado em http://www.gomediazine.com/design-
articles/grid-kit-design-layout-templates/

Samara (2010) apresenta a anatomia de um grid como algo comum a todos
os grids, independente de sua complexidade. De acordo com o autor, todo
grid pode ser dividido entre algumas ou todas as seguintes divisões
básicas: margens, linhas de fluxo, colunas, módulos, marcadores e zonas
espaciais. As margens são as proporções entre a borda do suporte e o
conteúdo ou mancha gráfica. Colunas e linhas de fluxo são, respectivamente,
as divisões verticais e horizontais do grid. Cada área gerada pela
interseção entre duas linhas e duas colunas é um módulo, que serve de base
para a dimensão dos elementos. Um módulo fixo, isto é, que será ocupado
pelo mesmo elemento por toda a obra, é um marcador. Exemplos de marcadores
são os espaços reservados para numeração de página. Por fim, um grupo de
módulos com uma função específica no grid é uma zona espacial. Um grupo de
quatro módulos separados para conter uma imagem específica, por exemplo, é
uma zona espacial.
A anatomia apresentada pelo autor, porém, se limita a grids formados
por retângulos idênticos. Como apresentado por Ambrose e Harris (2009), e
ilustrado no exemplo na figura 4, grids podem fazer uso de todo tipo de
linha, quebrando o espaço ou gerando simetrias de todas as formas.
Ao se aplicar um grid na formatação de um trabalho acadêmico, é
esperado que a maior parte do conteúdo seja composto por texto. Dessa
forma, a base do grid se dá pela disposição das margens que delimitam a
mancha gráfica. Bringhurst (2005) afirma que as margens têm a função de
prender, visualmente, o bloco de texto na página, ao mesmo tempo que
emolduram eficientemente o desenho do bloco de texto. Ainda, precisam
facilitar o manuseio e a leitura, evitando que os polegares se sobreponham
ao texto. Willberg e Forssman (2007) adicionam que o primeiro passo para
localizar o bloco de texto na página deve ser o método de encadernação da
obra final. Willberg e Forssman (2007) e Ambrose e Harris (2009) apresentam
ainda o modelo tradicional de margem, aonde a margem interior é a menor,
seguida pela margem superior. A margem exterior tem duas vezes a largura da
interior e, por fim, a margem inferior é a maior de todas. Essa estrutura
pode ser visualizada na figura 5.

Figura 5 – Comparação entre margens simétricas e margens tradicionais.
Fonte: Acervo pessoal



2.2.2 Tipografia


Erlhoff e Marshall (2008) definem tipografia como um termo geral que
abrange tanto o desenvolvimento de famílias tipográficas, através do
desenho de caracteres, quanto a escolha de famílias já existentes e seu
arranjo no espaço da página. A criação de tipos escapa ao escopo do
presente trabalho, portanto esse capítulo se concentrará na segunda parte
dessa definição. Primeiramente, é explicitada a anatomia de um caractere,
gerando uma base teórica para a escolha de famílias tipográficas na geração
de alternativas. Em um segundo momento, são apresentadas as possibilidades
de arranjo do tipo e as variáveis envolvidas no processo de diagramar um
corpo de texto dentro do seu espaço reservado no layout.


2.2.2.1 Caractere e família tipográfica


O caractere é um elemento de linguagem, um símbolo de escrita. Também
é chamado de tipo ou glifo. O desenho de um caractere envolve vários sub-
elementos que formam a anatomia de uma face tipográfica (BRINGHURST, 2005;
NARDI, 2005; SAMARA, 2010). Esses elementos estão indicados nas figuras 6 e
7. Na figura 6 são apresentadas as linhas de altura. A linha da ascendente
(1) indica a altura do traço de caracteres mais altos que a linha de caixa-
alta (2). Já a linha de altura-de-x (3) indica a altura-de-x (4), base para
letras em caixa-baixa. Seu nome provém da utilização do caractere "x" como
padrão de caixa-baixa, devido a seu formato sem curva, que facilita a
visualização de sua altura real. Por fim, temos a linha de base (5), e a
linha da descendente (6), que serve à mesma função da linha da ascendente,
porém para caracteres com traços que ultrapassam a linha de base (NARDI,
2005).


Figura 6 – Linhas de altura
Fonte: Acervo pessoal, baseado no material de apoio Tipocracia – curso
introdutório


Já na figura 7, é visível a divisão de elementos do caractere em si.
Conforme a nomenclatura apresentada por Nardi (2005), toda área positiva
que compõe o caractere é um traço. Traços verticais são hastes, horizontais
são barras, e arredondados ou circulares são bojos. A área dentro de um
bojo forma um olho ou miolo. Nas extremidades dos caracteres temos a serifa
e os terminais, não necessariamente presentes em todas as famílias
tipográficas (NARDI, 2005). Terminais se diferenciam das serifas por essas
últimas apresentarem mudanças bruscas no trajeto do traço, enquanto as
terminais são continuações naturais do traço da letra.


Figura 7 – Anatomia de uma face tipográfica
Fonte: Acervo pessoal, baseado no material de apoio Tipocracia – curso
introdutório

Um conjunto de caracteres desenvolvidos dentro do mesmo padrão visual
é uma família tipográfica. A escolha de uma fonte tipográfica para um
projeto depende de diversos fatores. Primeiramente deve-se confirmar a
qualidade a família tipográfica, para garantir sua legibilidade e para
confirmar a presença de todos os símbolos necessários para o texto
(WILLBERG e FORSSMAN, 2007). Bringhurst (2005) estima que haja mais de mil
espécimes e glifos possíveis, entre letras maiúsculas, minúsculas,
numerais, símbolos técnicos etc. Essa informação se faz útil dentro desse
projeto, uma vez que a abrangência de temas no universo de trabalhos
acadêmicos torna necessário escolher famílias tipográficas completas,
principalmente pela presença de símbolos técnicos.
A segunda preocupação, reiterada por Bringhurst (2005), é a coerência
cultural da família de tipos. Cada conjunto de características no estilo de
um caractere é representativo de certa época e local. O autor recomenda que
seja levada em consideração essa carga histórica de cada tipo, buscando
relacioná-las ao conteúdo. Como o presente projeto lida com infinitas
possibilidades de conteúdo, a geração de alternativas deve dar cabo de
decidir entre permitir diversas possibilidades de famílias, ou de
estabelecer como norma famílias neutras.
Iida (2005) recomenda o uso de tipografia serifada em textos
corridos, e não-serifada em títulos. Samara (2010) aponta que tipos
serifados geralmente aparentam ser menores que tipos não-serifados do mesmo
tamanho, e recomenda que a tipografia seja formatada levando em conta essa
diferença. Lidwell (2003), por outro lado, afirma que as diferenças
práticas entre ambas são apenas estéticas. A relação entre serifa e
legibilidade/leiturabilidade, portanto, é uma questão ainda em aberto na
área. Qualquer que seja o caso, o cuidado na escolha de famílias
tipográficas só obterá sucesso se atrelado a um arranjo coerente do texto.


2.2.2.2 Arranjo e organização


A organização do texto em seu espaço é tão importante quanto a
escolha da família tipográfica (BRINGHURST, 2005). O processo de arranjar a
tipografia em um corpo de texto corrido é como um layout dentro do layout,
envolvendo margens, entrelinhas, espaço entre palavras, espaço entre
caracteres, caracteres por linha, tabulação etc. No conceito de Bringhurst
(2005), estabelecer dimensões e espaçamentos no ambiente tipográfico é
comparável a pintar uma tela: criam-se texturas implícitas que alteram a
reação do leitor ao texto. Samara (2010) afirma ainda que a busca do
designer no arranjo tipográfico deve ser de atingir uma mancha gráfica que
não distraia e nem canse o leitor. Esse conceito é ecoado por Bringhurst
(2005) e Willberg e Forssman (2007).
O arranjo tipográfico inclui diversas facetas que vão desde a
macrotipografia, como a escolha da família tipográfica, até a
microtipografia, que pode tratar até das distâncias entre letras dentro de
uma palavra (WILLBERG e FORSSMAN, 2007). Uma vez que o presente projeto
trata da geração de uma proposta que possa ser adequada a uma infinidade de
conteúdos por autores de áreas diversas, os níveis mais detalhados do
arranjo tipográfico não podem ser definidos com precisão. À exemplo do
espaço entre letras, Willberg e Forssman (2007, p. 29) declaram: "a
diferenciação do espaço entre letras pertence às finesses da tipografia.
Aqui só deve se aventurar quem tem certeza do que faz e quem domina a
profissão." A mesma afirmação pode ser estendida a muitas outras áreas da
tipografia, de forma que aqui serão tratados apenas de quatro pontos
principais: tamanho do tipo, hierarquia de títulos, entrelinha e
alinhamento do texto corrido.
Bringhurst (2005) explicita a escala tradicional de tamanhos na
tipografia, existente desde o século 16, como equivalentes à uma escala
diatônica musical, e recomenda que mesmo um tipógrafo profissional deve ter
cautela ao se desviar dela. A escala tradicional em pontos está ilustrada
na figura 8, e segue a seguinte progressão: 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 14, 16,
18, 21, 24, 36, 48, 60 e 72.


Figura 8 – Escala tradicional de tamanhos tipográficos, após impressão a
jato de tinta
Fonte: Fac-símile de Elementos do Estilo Tipográfico

Iida (2005) aponta que o cálculo de tamanho mínimo da tipografia
aplicada deve ser 1/200 da distância da qual será lida. No caso do trabalho
acadêmico impresso, cuja distância de leitura fica entre 30 e 40
centímetros, o resultado é um tamanho mínimo de 2 milímetros
(aproximadamente 5 pontos). Esse valor está muito abaixo do recomendado por
outros autores, possivelmente não levando em conta a perda de nitidez na
impressão de tipos pequenos. Samara (2010) e Lidwell (2003) recomendam que,
no texto impresso, seja mantido o tamanho entre 9 e 14 pontos. Samara
(2010) inclusive nomeia tamanhos acima de 14 pontos como corpo de título, e
tamanhos abaixo de 9 pontos como corpo de legenda.
A questão de títulos e legendas já aponta uma base para a
hierarquização de títulos. Willberg e Forssman (2007), porém, fazem
sugestões de hierarquias específicas para trabalhos científicos, na forma
de duas estruturas similares, uma delas ilustrada na figura 9. O título
principal do capítulo seria em semibold, maior e afastado do trecho
anterior e posterior por duas linhas, seguida de subtítulo também em
semibold, porém no tamanho do corpo de texto e menos afastado. Subtítulos
secundários seriam, então, em itálico regular, sem afastamento do trecho
seguinte. Apesar de não justificada pelos autores, pode-se citar a vantagem
de auxiliar a numeração dos títulos com recursos tipográficos que geram
manchas gráficas de aparência decrescente.






]




Figura 9 – Hierarquia ideal de títulos em publicação científica conforme
Willberg e Forssman
Fonte: Acervo pessoal


Conforme Iida (2005), diferenças de peso visual entre unidades de
informação são mais facilmente percebidas como hierarquias. Porém, tanto
Iida (2005), quanto Bringhurst (2005) criticam o uso de palavras inteiras
em caixa-alta para transmitir essa diferença de peso. Na mesma linha de
pensamento, Ambrose e Harris (2009) dividem uma hierarquia comum em nível A
(título do texto), nível B (título do capítulo), C (subtítulos) e o corpo
de texto. Títulos de nível A costumam apresentar tamanho e/ou peso maior
que títulos de nível B, que por sua vez geralmente apresentam tamanho e/ou
peso maior que o nível C e o corpo de texto. A diferença entre o nível C e
o corpo de texto, de acordo com os autores, pode ocorrer por variações
sutis, como o uso de itálico nos subtítulos. Ainda, sugere que se separe o
nível C do corpo de texto através de linhas em branco, enfatizando a
hierarquia. O resultado sugerido é ilustrado na figura 10.







Figura 10 – Hierarquia de títulos sugerida por Ambrose e Harris
Fonte: Acervo pessoal

Outro ponto que merece atenção na organização do texto é a definição
do espaço entre as linhas. Willberg e Forssman (2007) e Iida (2005) apontam
a entrelinha como fator crítico na legibilidade e leiturabilidade de um
texto. Iida (2005, p. 294) explica que "linhas muito longas e pouco
espaçadas entre si causam embaralhamento visual", enquanto Samara (2010) é
mais explícito em afirmar que entrelinhas mal configuradas levam o leitor a
confundir a linha na qual se encontra, podendo pular linhas ou voltar ao
início de uma linha já lida. Bringhurst (2005) define a entrelinha como a
unidade rítmica básica do texto e, como tal, sugere que tenham valores
coerentes por todo o texto, ainda que haja experimentações com as outras
medidas do arranjo tipográfico.
Muitas relações são estabelecidas para o cálculo da entrelinha.
Willberg e Forssman (2007) apontam como regra que o espaço entre as linhas
deve permanecer visivelmente maior que o espaço entre as palavras de uma
mesma linha. Samara (2010) diz que a entrelinha deve ser visivelmente maior
que a altura percebida da linha de texto em si, mas não tanto que faça a
entrelinha ser percebida como um elemento à parte. Bringhurst (2005) aponta
o mesmo conceito, afirmando que textos contínuos geralmente exigem
entrelinhas positivas e dificilmente são compostos com entrelinha negativa
ou de corpo (isto é, de valor proporcional um). Por fim, Willberg e
Forssman (2007), Samara (2010) e Bringhurst (2005) afirmam que colunas mais
largas exigem entrelinhas maiores.
Por fim, são pesquisadas as configurações de alinhamento do texto,
especialmente as diferenças de aplicação do texto justificado e do alinhado
à esquerda. Willberg e Forssman (2007) e Samara (2010) escrevem que ambos
os casos resultam em composições desagradáveis quando feitas
automaticamente pelo computador. O texto justificado pela máquina cria
buracos entre as palavras que alteram a unidade da linha, enquanto o
alinhado à direita gera blocos de texto sem ritmo, que chamam a atenção do
leitor para sua margem irregular. Porém, Willberg e Forssman (2007) afirmam
ainda que, em textos de linhas largas, a escolha entre os alinhamentos é
puramente estética. Já Iida (2005) rejeita o texto justificado,
argumentando que a mudança de espaçamento entre as palavras dificulta a
leitura, sem fazer distinção de larguras de linha ou de percepção estética.
Nota-se que, em um balanço das avaliações dos autores pesquisados, um texto
justificado automaticamente gera problemas de legibilidade e
leiturabilidade mais graves do que os gerados por um alinhamento à esquerda
gerado automaticamente.
Uma vez introduzidos os conceitos de design a serem aplicados nessa
etapa do projeto, forma-se a base para a percepção do trabalho científico
enquanto objeto de design. Os critérios estabelecidos pela pesquisa
teórica, porém, não levam em conta os detalhes do ambiente onde o presente
trabalho se insere. O próximo passo da pesquisa é, portanto, a coleta
desses dados para análise.
3 COLETA E ANÁLISE DE DADOS


Quando se atinge uma etapa na resolução de um problema onde não
existem as informações necessárias para prosseguir, são utilizados
"procedimentos racionais e sistemáticos" (MORESI, 2003) para obter e
analisar tais informações. Esse capítulo descreve e justifica os
procedimentos escolhidos e seus resultados. As informações necessárias,
nesse caso, são dados que estabeleçam a relação entre o trabalho acadêmico
e o ambiente social em que este se insere. É efetuada uma análise
sincrônica para traçar paralelos e comparações entre as decisões de design
presentes no Guia da UNIVILLE e as presentes em guias e manuais de outras
instituições. É também aplicado um questionário para envolvidos no Ensino
Superior, para analisar como o indivíduo inserido no ambiente acadêmico
entende a normatização. Por fim, são efetuadas entrevistas individuais com
professores da UNIVILLE, a fim de conhecer os detalhes da relação entre o
corpo discente da instituição e as normas gráficas da mesma.


3.1 Análise sincrônica


Conforme Bonsiepe (1986), a análise sincrônica se dá através da
análise de paralelos entre vários objetos de design concorrentes ou
similares. Dessa forma são analisadas as normas de diagramação da UNIVILLE
e de outras instituições, buscando gerar comparações e paralelos entre os
diversos modelos encontrados e as conclusões advindas da pesquisa
bibliográfica inicial. Diferente de uma análise sincrônica para produtos de
aplicação comercial, não se almeja evitar reinvenções, uma vez que não há
concorrência direta entre os manuais. Assim, é positiva a aplicação ou
adaptação, na UNIVILLE, das normas gráficas de outras instituições que se
mostrarem coerentes. A análise é efetuada separadamente por soluções de
capa, layout e tipografia.
3.1.1 Capas


A capa é o primeiro contato do leitor com o trabalho (HASLAM, 2006).
Como tal, é aparente que ela tem papel fundamental na função informativa e
convidativa do texto científico. Se o leitor decide por não abrir a obra, a
comunicação é interrompida. Para a análise de capas, é comparada a capa
gerada pelo guia da UNIVILLE (Figura 11) com a de uma dissertação de
mestrado da Universidade de São Paulo / USP (Figura 12), além de uma
análise geral de capas de trabalhos acadêmicos dentro de normas similares
às da UNIVILLE, porém não idênticas.























Figura 11 – Capa de trabalho acadêmico de acordo com as normas da UNIVILLE
Fonte: Acervo pessoal


Figura 12 – Capa da dissertação de mestrando da USP
Fonte: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-11062010-
131616/pt-br.php

O padrão de capa da UNIVILLE utiliza a família tipográfica Arial no
exemplo, mas também permite Times New Roman. Todos os elementos são
centralizados e em tamanho 12 e cor preta, com entrelinha dupla e margens
de valores diferentes, descentralizando o conteúdo. O único recurso
tipográfico utilizado na diferenciação de informações é o uso de caixa-alta
em todos os itens, exceto o nome do curso, cidade e data.
Na capa da dissertação, as margens são iguais, garantindo que o
conteúdo fique de fato centralizado. O texto todo, porém, está alinhado à
esquerda. O resultado é a percepção de uma moldura, mesmo sem utilizar
nenhum elemento não tipográfico. A hierarquia entre as informações é feita
por meio de tamanho, cor (tons de cinza) e proximidade dos elementos. A
entrelinha não se sobressai ao texto, e o título é o único elemento que não
se apresenta em caixa-alta. Ainda assim, graças à seu posicionamento e
tamanho, é percebido como a informação principal da capa. A tipografia
utilizada é uma humanista sem-serifa, tal qual Frutiger ou Corbel.
A comparação entre ambas aponta a alternativa da USP como mais
alinhada aos conceitos encontrados na pesquisa teórica. Vale notar, porém,
que ambas as capas analisadas apresentam palavras inteiras em caixa-alta,
que foi visto na pesquisa teórica como não ideal (BRINGHURST, 2005; IIDA,
2005). Nota-se, também, que todo o layout utilizado na capa da dissertação
pode ser facilmente reproduzido em editores de texto comuns, como Microsoft
Word, sem necessidade de configurações avançadas.
A seguir são analisadas capas de trabalhos acadêmicos de instituições
que também partiram das sugestões da ABNT, mas chegaram a resultados não-
idênticos aos da UNIVILLE. Foram analisadas capas da UTFPR, PUC MINAS e
UNICAMP, ilustradas na figura 13.

Figura 13 – Detalhe de capas de universidades diversas
Fonte: Acervo Pessoal
Nota-se que os três exemplos utilizam negrito em seus títulos para
auxiliar na hierarquização da informação. A capa da PUC MINAS ainda
apresenta negrito em todos os outros dados, exceto cidade e ano, enquanto a
capa da UNICAMP apresenta negrito no nome da instituição, cidade e ano.
Essa discrepância indica que, em cada um dos três casos, os dados
apresentados receberam diferentes níveis de importância, com a única
concordância aparente sendo na prioridade do título. O presente projeto,
portanto, deve decidir as prioridades das informações de capa, na ausência
de um consenso no material pesquisado.
Outros detalhes visíveis na análise das capas são os diferentes
níveis de complexidade no alinhamento. A capa da UTFPR apresenta toda a
informação centralizada, com os dados praticamente equidistantes entre si.
Já a capa da PUC MINAS quebra o ritmo da mancha gráfica com o alinhamento à
direita do nome do autor, e a UNICAMP parece dividir sua capa em dois
blocos. O posicionamento da descrição do tipo de trabalho, no exemplo da
UNICAMP, segue o posicionamento de dados da folha de rosto.
A linha que ocupa o espaço oposto à esquerda, porém, não parece
apresentar qualquer função hierárquica e é fonte de distração durante a
recepção das informações. Essa percepção é justificada por Dondis (2003),
que explica o desequilíbrio visual percebido por elementos fora do eixo
vertical. Esse desequilíbrio é ainda agravado pela linha ser o único
elemento não-textual em toda a capa, sendo naturalmente segregado durante o
processo de leitura.
Chega-se a avaliação de que, sendo uma capa de trabalho acadêmico
composta por poucos e esparsos elementos, se torna especialmente importante
o cuidado com sua diagramação, uma vez que pequenas alterações geram
mudanças bastante perceptíveis, positivas ou não. A partir disso, a
pesquisa segue para o layout interno do trabalho acadêmico.


3.1.2 Layout interno


É através da visualização da mancha gráfica do trabalho que o leitor
irá conceber sua percepção inicial sobre o quão complexo será o processo de
leitura (BRINGHURST, 2005; SAMARA, 2010). Para essa análise, serão
utilizados dois layouts similares, além do Guia da UNIVILLE (Figura 14): o
da dissertação de mestrado da USP já apresentado (Figura 15), e o de um
artigo do periódico "Experiências", da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul / UFRGS (Figura 16);. Na figura 17 foram delimitadas as linhas de
grid dos 3 layouts para melhor visualização dos blocos de conteúdo.


Figura 14 – Página do Guia da UNIVILLE, formatado de acordado com a própria
Fonte: Guia de Trabalhos Acadêmicos da UNIVILLE, 2009

A página do Guia da UNIVILLE utiliza um bloco único de conteúdo, de
acordo com as normas apresentadas no mesmo. Já os dois exemplos seguintes
utilizam um grid similar, onde uma segunda coluna é separada e funciona
como rodapé. Na dissertação da USP, essa coluna fica à esquerda, próxima ao
texto; enquanto no artigo da UFRGS ela fica à direita, com um espaço maior,
gerando maior área de respiro, mas menor aproveitamento do papel.


Figura 15 – Página da dissertação de mestrando da USP
Fonte: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-11062010-
131616/pt-br.php

Figura 16 – Página de artigo em periódico da UFRGS
Fonte:http://www2.capes.gov.br/rbpg/images/stories/downloads/RBPG/Vol.1_2_no
v2004_/116_140_pesquisa_interdisciplinar_posgraduacao.pdf



Figura 17 – Comparação de grid entre os três trabalhos analisados
Fonte: Acervo pessoal


Nota-se que o sistema de duas colunas, onde uma é o corpo de texto e
a outra serve como "rodapé", está presente na diagramação da própria obra
de Bringhurst (2005). Sobre isso, o autor (2005, p.77) coloca: "As notas
laterais dão mais vida e variedade à página e são as mais fáceis de achar e
ler. Desenhadas com cuidado, não precisam aumentar a página nem o custo de
sua impressão". A observação dos exemplos parece confirmar essa afirmação,
bem como o fato de ela já ser apresentada em material publicado por duas
universidades de grande porte bastante distantes entre si. O modelo de nota
lateral é, portanto, um item importante para considerar durante a geração
de alternativas.


3.1.3 Tipografia


Quando o leitor finalmente inicia o processo de leitura, é a forma e
arranjo dos caracteres que vai, por fim, confirmar se a diagramação obteve
sucesso em comunicar o conteúdo com clareza. Para análise das escolhas
tipográficas, são utilizados o artigo da UFRGS mencionado anteriormente, o
Guia da UNIVILLE, e um artigo normatizado de acordo com a Modern Language
Association / MLA, uma associação internacional de discussão acadêmica e
divulgação científica. Detalhes da tipografia nos três trabalhos constituem
a figura 18.

Figura 18 – Detalhe da aplicação tipográfica de três trabalhos científicos
Fonte: Acervo pessoal

Na figura 18, o detalhe superior provém do artigo da UFRGS. A família
utilizada é Rotis Semiserif, tamanho 11. É a diagramação com menor
entrelinha, mas não apresenta problemas de legibilidade. Sua hierarquia de
títulos é bastante sutil, aparentando usar semibold, ou mais fino, para
seus títulos. Isso contribui para uma mancha gráfica menos eficiente na
busca rápida por informações. Ainda, o uso de tipografia condensada gera
uma mancha gráfica mais densa, que é definida como mais cansativa
(BRINGHURST, 2005; IIDA, 2005).
O detalhe central, da UNIVILLE, utiliza Arial tamanho 12, com
entrelinha de 1,5. Sua hierarquia de títulos é relativamente mais clara, e
sua entrelinha é proporcional ao tamanho do texto e largura de linha,
conforme visto em pesquisa teórica. Porém, o tamanho excessivo do corpo de
texto em relação à página e distância de leitura gera uma mancha gráfica
mais esparsa que o ideal indicado pela mesma pesquisa.
Por fim, o terceiro detalhe apresenta as normas da MLA, que exige uma
hierarquia de títulos baseada na centralização, entrelinhas de 200% e fonte
tamanho 12, além do uso obrigatório de tipografia serifada. Todos esses
pontos estão fora do recomendado pela pesquisa teórica, de forma que é
esperado que a leitura de um texto formatado dessa maneira seja o mais
lento e cansativo entre os três. A análise desses exemplos não só confirma
a importância das entrelinhas e da hierarquia de títulos na apreensão do
texto, como também apontam que nenhum conjunto de normas pesquisado parece
ter adquirido legibilidade ótima.
A fim de coletar dados mais próximos do ambiente do projeto, foram
novamente analisados os três exemplos de trabalhos acadêmicos utilizados na
segunda análise de capas. A figura 19 ilustra os detalhes na organização
tipográfica em um texto conforme normas da UTFPR, PUC MINAS e UNICAMP.

Figura 19 – Detalhe de páginas de texto falso, conforme normas de
universidades diversas
Fonte: Acervo Pessoal

São algumas as diferenças entre as normas analisadas e as da presente
instituição. As normas da UTFPR estabelecem o uso de negrito nos títulos
até o segundo nível de subcapítulos, com apenas o título principal do
capítulo em caixa-alta. Títulos são seguidos de uma linha em branco, e
precedidos por duas. Essas pequenas mudanças são o bastante para tornar a
hierarquização de informações muito mais próxima do ideal sugerido pela
pesquisa teórica.
A PUC MINAS exige o uso de um único espaço em branco entre títulos e
texto, gerando uma página mais econômica, em troca de uma manca gráfica
mais pesada. Situação oposta à da UNICAMP, que exige entrelinha de 200%,
gerando uma página esparsa que torna menos evidente a relação entre os
títulos e os parágrafos aos quais se referem.
Novamente, conclui-se que pequenas alterações nas variáveis de uma
diagramação simples causam diferenças perceptíveis no processo de leitura.
Após estabelecidos os paralelos entre as normas da UNIVILLE, a pesquisa
bibliográfica e outras formas de diagramação de publicações acadêmicas,
resta estabelecer a relação entre as normas e os seus usuários e leitores
mais comuns: os estudantes do Ensino Superior.
3.2 Questionário


Para justificar a proposta desse trabalho junto ao seu público-alvo
principal de alunos e professores do Ensino Superior, foi efetuado um
questionário aberto online, porém direcionado principalmente a alunos do
Ensino Superior em qualquer lugar do Brasil, de forma a gerar dados
quantitativos sobre a percepção desses sobre as normas, geralmente
adaptadas à partir da ABNT. Esse questionário está apresentado no Apêndice
A. Foi utilizado o serviço online SurveyMonkey, o que permitiu a utilização
de escalas de Likert de forma simples. Foram obtidas 122 respostas, das
quais 100 puderam ser acessadas e contabilizadas, devido às limitações da
versão gratuita do serviço. O número de respostas contabilizado para cada
pergunta variou, uma vez que muitas das perguntas não eram obrigatórias. O
direcionamento obteve sucesso, uma vez que 89% dos respondentes se
declararam alunos de graduação, como observável na figura 20. As opções
relacionadas à professores não tiveram qualquer representante, o que pode
indicar peculiaridades na forma de divulgação do questionário, mas ainda se
mantém dentro do esperado para essa coleta. Os dados completos estão
disponíveis no Apêndice B.

Figura 20 – Gráfico representando papel dos respondentes no meio acadêmico.
Fonte: Acervo pessoal

Os respondentes foram então apresentados a uma escala de Likert, onde
assinalaram o quanto as normas baseadas na ABNT eram melhores ou piores do
que as diversas possibilidades de diagramação encontradas em outras
publicações científicas. Vários dos resultados foram surpreendentes, uma
vez que se opõem aos resultados da pesquisa bibliográfica e da análise
sincrônica. No geral, os respondentes consideraram as normas baseadas na
ABNT como mais fáceis de serem lidas, mais organizadas, menos cansativas e
mais neutras quanto ao conteúdo, porém menos simples de formatar e menos
convidativas. Esses dados estão representados na figura 21.

Figura 21 – Gráfico representando opinião dos respondentes acerca das
normas baseadas na ABNT.
Fonte: Acervo pessoal

Deve-se considerar, também, o grau de complexidade dessa questão em
relação às outras, podendo ter ocorrido erros de interpretação. Qualquer
seja o caso, se faz ainda mais importante a aplicação das entrevistas
individuais com professores, de forma a avaliar esses dados.
Em sequência, o questionário pedia ao respondentes que organizassem
seis quesitos de uma apresentação de trabalho científico, da mais até a
menos importante. O serviço utilizado calculou, então, a importância média
de cada quesito em relação aos outros, conforme apontada pelos
respondentes. O resultado, apresentado na figura 22, aponta que a
organização das informações e a facilidade de leitura são os quesitos mais
importantes, seguidos da neutralidade visual e amigabilidade da
apresentação. Os quesitos menos importantes foram a simplicidade na
formatação e a estética resultante.


Figura 22 – Gráfico representando opinião dos respondentes acerca das
prioridades de apresentação de um trabalho científico.
Fonte: Acervo pessoal

A próxima pergunta fazia referência à avaliação geral dos
respondentes quanto ao grau de satisfação com as normas e sugestões
gráficas apontadas pela ABNT e pelos manuais de instituições que se baseiam
nelas. As possibilidades de avaliação eram:
a) "Completamente satisfatória – não há espaço para melhorias";
b) "Suficientemente satisfatórias – não há necessidade de melhorias";
c) "Regulares – podem ser melhoradas";
d) "Insatisfatórias – necessitam de melhorias";
e) "Completamente insatisfatórias – necessitam de reestruturação total".
Os resultados estão ilustrados na figura 23, e possibilitam várias
conclusões. Primeiramente, a grande maioria dos respondentes acredita que a
normatização atual sugerida pela ABNT está entre regular e insatisfatória.
Ainda, são poucos os que estão completamente satisfeitos ou insatisfeitos
com a mesma. Uma segunda análise desses dados é de que 33,4% dos
respondentes acreditam haver necessidade de melhorias; 83,7% dos
respondentes percebem a possibilidade positiva de tentar melhorar as normas
atuais; e 96,7% enxergam espaço para melhoria dentro das normas atuais.
Esses valores são fortes indicadores da premissa do presente trabalho.

Figura 23 –Gráfico representando a avaliação dos respondentes quanto as
normas gráficas da ABNT.
Fonte: Acervo pessoal

Por fim, dado o alcance nacional do questionário, foi perguntado se a
instituição aonde o respondente estuda utiliza normas idênticas ou
similares às sugeridas pela ABNT. Nos resultados, ilustrados na figura 24,
uma maioria de 94,3% respondeu positivamente à questão. Esse resultado está
dentro do esperado, dado a análise sincrônica, que encontrou normas
similares às sugeridas pela ABNT em todas as instituições pesquisadas.

Figura 24 –Gráfico representando a porcentagem de normas similares à ABNT
utilizadas no país.
Fonte: Acervo pessoal

Essa fase de coleta de dados teve resultados que, em geral, validam a
proposta do trabalho. Porém, também demonstram algumas incoerências, cujas
causas podem estar tanto na estruturação do questionário, quanto na forma
de aplicação (anonimamente pela internet). Dessa forma, se faz necessária
uma coleta de dados mais pessoal, que traga resultados mais próximos da
UNIVILLE, e que tenha maior participação do corpo docente. Foi então
efetuada uma série de entrevistas semi-estruturadas com professores da
instituição.


3.3 Entrevistas


O público-alvo do presente trabalho inclui, além de estudantes, o
corpo de professores e orientadores da UNIVILLE. Por essa razão, foram
efetuadas três entrevistas com professores da instituição, a fim de
levantar dados qualitativos sobre o modo como se relacionam com as normas
gráficas exigidas pela instituição. Cada entrevista foi feita com o apoio
de materiais ilustrando os conceitos de tamanho, entrelinha, grid e família
tipográfica, uma vez que os professores entrevistados não estavam
envolvidos na área de design. Foi utilizado um roteiro, apresentado no
Apêndice C, que previa os seguintes tópicos:
a) opinião quanto às normas atuais;
b) experiência com normas de outras instituições;
c) comentários acerca dos exemplos ilustrativos;
d) requisitos que uma normatização gráfica deveria cumprir.
Devido ao caráter informal e semi-estruturado das entrevistas,
algumas informações recebidas fogem ao escopo do presente trabalho e foram
suprimidas aqui. Foram também suprimidas informações pessoais dos
entrevistados, uma vez que o foco dessa coleta é a análise da opinião de um
espaço amostral dentro do corpo docente da UNIVILLE, e não da opinião de
indivíduos específicos. Ainda assim, todos os entrevistados permitiram
conscientemente a gravação e utilização de suas entrevistas. Todas as
entrevistas foram gravadas integralmente, e o áudio está disponível junto
aos arquivos multimídia que acompanham o texto do projeto.
A primeira entrevista se deu com um professor do departamento de
Educação Física, que leciona e orienta na UNIVILLE há nove anos. Ele
confirma a importância da normatização, indicando que corrigir vários
trabalhos com apresentações gráficas diferentes se torna mais cansativo.
Também apresenta que a grande vantagem das normas da ABNT é o fato de que
já estão organizadas e são amplamente utilizadas, isto é, não exigem da
instituição ou dos professores o trabalho de gerar novas normas. Aponta,
porém, que não atenta para os detalhes da norma, como pequenas alterações
nos valores de fonte, por exemplo. Já a entrelinha tem valor satisfatório
por permitir, no trabalho impresso, o registro das correções durante bancas
e das recomendações, durante orientações.
O entrevistado também aponta que tem uma preferência particular
quanto a apresentação gráfica de textos. Quando encontra textos, sejam em e-
mails ou periódicos, por exemplo, que não estão dentro desse padrão, ele
mesmo os formata antes da leitura. Esse padrão se constitui, basicamente,
em texto justificado em coluna única. O uso da coluna única é explicado
pela preferência do entrevistado em ler e corrigir textos digitalmente, uma
vez que textos em múltiplas colunas dificultam a fluidez da leitura na
tela. A preferência pelo texto justificado, por sua vez, é explicada como
facilitadora da organização mental para o processo de leitura. Esse
raciocínio não encontra paralelo na pesquisa bibliográfica, como visto
anteriormente.
Outros pontos pertinentes na primeira entrevista incluem a declaração
do entrevistado de que "quanto mais simples, melhor", e que o cuidado com
os detalhes da norma não cabem ao professor que orienta o conteúdo do
texto. Basta apenas que o texto esteja compreensível em sua totalidade.
Dessa forma se apresentam como quesitos mais importantes a fácil aplicação
da norma, e a legibilidade satisfatória do resultado final. O entrevistado
não comentou sobre experiência com normas de outras instituições.
A segunda entrevista se deu com uma professora envolvida na
instituição há 34 anos. Ela faz parte dos departamentos de Pedagogia,
Administração, e Educação Física, lecionando Sociologia em todos. Ela diz
que espera que as normas da UNIVILLE estejam o mais próximo possível das
normas da ABNT, e que o uso da norma da instituição deveria se dar não
apenas nas disciplinas de metodologia e nos últimos anos dos cursos, e sim
em todas as matérias. Dessa forma, explica, os alunos se habituariam a
normatização com mais facilidade e poderiam prosseguir com seu uso em sua
vida profissional.
Por outro lado, ela apresenta também a opinião de que, quanto mais
flexível é uma normatização, mais fácil ela se adapta à vários tipos de
leitores, professores e alunos, facilitando seu trabalho. A rigidez
absoluta na normatização seria prejudicial à produção e transmissão de
conteúdo. Sua maior preocupação quanto a uma normatização é que ela esteja
facilmente acessível ao aluno, e que a forma como o Guia da UNIVILLE é
disponibilizado atualmente está aquém do ideal. A entrevistada não comentou
sobre experiências com outras normas.
A terceira entrevista foi efetuada com uma professora dos
departamentos de Pedagogia, Artes Visuais e Licenciaturas, onde leciona
Didática, Psicologia, e orientação de estágio. Está envolvida na
instituição há onze anos. Ela inicia apresentando um ponto similar ao da
entrevistada anterior, de que as normas atuais não são comunicadas ou
disponibilizadas de forma eficiente ao aluno, mas de que as normas em si
cumprem com as necessidades que deveriam. Por sua experiência com normas de
outras instituições, a entrevistada declara que já trabalhou com normas
muito inferiores às da UNIVILLE, em outra faculdade da região.
A entrevistada aponta que a diferença entre a apresentação gráfica de
trabalhos acadêmicos e de periódicos científicos se dá principalmente pela
função diferente que ambos exerceriam. Enquanto o periódico científico é
uma ferramenta de estudo voluntário do profissional, o trabalho acadêmico
é, para o professor, uma leitura obrigatória. Pode ser necessária para o
professor a leitura de dezenas de trabalhos, em sequência, corrigindo
devidamente todos eles. Dessa forma, o tamanho da tipografia utilizada, por
exemplo, deveria priorizar a diminuição da fadiga, mas também levar em
consideração que a idade de alguns professores exigiria um tamanho maior.
Um tamanho de 10 pt com entrelinha simples, no exemplo dado pela
entrevistada, já seria uma leitura difícil para esse caso.
Utilizando dos exemplos ilustrativos, a professora mostrou
preferência por textos justificados, mas esclareceu que essa preferência se
dá pela aparência organizada do texto "enquadrado", não justificando a
leiturabilidade em si. Apresenta também preferência por famílias
tipográficas não-serifadas, apontando Corbel, Myriad e Calibri como
exemplos, comentando incômodo com a leitura providenciada por famílias
tipográficas como a Times New Roman. Disse ser indiferente quanto a
utilização de colunas múltiplas.
Quanto aos requisitos de uma norma ideal, a entrevistada indicou a
facilidade de aplicação como ponto forte, indicando que muitos alunos não
têm conhecimento suficiente das ferramentas envolvidas. O uso de múltiplas
colunas ou caixas de texto paralelas ao texto corrido, por exemplo, seriam
extremamente difíceis para boa parte dos acadêmicos. Também apresentou que
o caráter convidativo de um trabalho acadêmico perde muito da sua
importância uma vez que as revistas e publicações científicas da UNIVILLE
fazem suas próprias diagramações, e que a comunidade em geral não costuma
ter acesso ao trabalho tal qual exigido pela norma da instituição.
Por fim, a entrevistada afirmou que, em trabalhos onde não existe a
exigência rígida das normas, prefere requisitar de seus alunos um padrão
diferente de hierarquia de informação, seguindo a sequência de títulos em
negrito e caixa alta, subtítulos com caixa alta e sem negrito, subtítulos
secundários em caixa baixa com negrito, e subtítulos terciários em caixa
baixa sem negrito.
As entrevistas apontaram haver uma grande divergência na rigidez com
que cada professor trata a normatização de trabalhos acadêmicos. Essa
divergência, porém, parece ter uma causa comum: o entendimento de que o
aluno, em geral, encontra mais problemas com a normatização do que seria
esperado. Fica evidente a oportunidade de se apresentar as normas de forma
mais acessível e simples de ser aplicada. As análises apresentadas pelos
entrevistados nos quesitos de tipografia também parecem apontar a presença
de um condicionamento do professor, causado pela recepção constante do
mesmo modelo de trabalho por vários anos.
A partir da apresentação completa dos dados coletados através de
análises sincrônicas, aplicação de questionário e entrevistas, somadas à
pesquisa teórica, é estabelecida uma base coerente para a geração de um
conceito que permeie a produção da proposta.
4 CONCEITUAÇÃO

O conceito é a apresentação dos requisitos e objetivos do produto
final esperado pelo trabalho de design. Através da revisão dos resultados
da pesquisa, aliada à utilização da ferramenta do Diagrama de Ishikawa, é
estabelecido um conceito norteador para guiar as escolhas de design
apresentadas pela proposta. Esse conceito é então representado na forma de
texto e de palavras-chave, coerentes com o escopo do trabalho enquanto
design editorial.
Foi analisado o resultado de cada parte da pesquisa até o momento,
dividindo-se então os requisitos mais apontados por cada setor da pesquisa.
Esses dados foram então inseridos no Diagrama de Ishikawa, a fim de apontar
quais requisitos são mais importantes para o trabalho como um todo. O
Diagrama de Ishikawa, também chamado de diagrama da espinha de peixe, ou de
causa e efeito, foi desenvolvido por Kaoru Ishikawa em 1968. Sua função é
apontar as causas de um evento, ou os termos que mais abrangem o universo
de um problema (ISHIKAWA, 1976). O diagrama da presente pesquisa, ilustrado
na figura 25, foi subdividido em alunos da instituição; professores da
instituição; referencial teórico estudado e princípios basais da ABNT.


Figura 25 – Diagrama de Ishikawa gerado.
Fonte: Acervo pessoal.
A partir disso, foram colocados os requisitos concluídos de cada
"ramo" do diagrama. O diagrama final foi então analisado, e a repetição de
termos foi utilizada como critério de importância. Os termos que mais se
repetem se tornaram as partes mais pertinentes do conceito que seria
gerado. Estabeleceu-se então uma hierarquia de requisitos, que foi
apresentada na forma de uma nuvem de palavras-chave, ilustrada pela figura
26. Dessa forma é possível representar o conceito do projeto de forma
simples e de fácil entendimento, seguindo os conhecimentos de design da
informação encontrados na pesquisa teórica. Vale notar que esse conceito
foi também aplicado à estilização das figuras geradas que ilustram o
presente trabalho.


Figura 26 – Nuvem de palavras-chave, representando o conceito do projeto
Fonte: Acervo pessoal.

O conceito norteador da proposta de normas gráficas para trabalhos
acadêmicos da UNIVILLE busca, primeiramente, a legibilidade e a
leiturabilidade. A transmissão clara da informação é de maior importância.
Deve também ser simples e de fácil aplicação, evitando tornar o processo
mais trabalhoso do que é com as normas atuais. Como pesquisa em design,
considera-se importante que esteja atualizado com os conhecimentos
correntes no campo. Como normatização de trabalhos acadêmicos, deve ser
consistente, padronizado e esteticamente neutro para receber conteúdos de
todas as áreas. Por fim, deve ser mais convidativo e amigável do que a
proposta atual, buscando tornar sua leitura mais agradável e assim
auxiliando na disseminação do conhecimento acadêmico. Com o conceito
estabelecido, é iniciada a geração da proposta.
5 GERAÇÃO DA PROPOSTA


A proposta inicial para normatização gráfica se dá em três etapas.
Primeiro, o componente do trabalho é analisado de acordo com o estudado na
pesquisa teórica e análises. Depois, é feita uma escolha de design quanto
ao componente. Efetuado esse processo com todos os componentes analisados,
as escolhas são então unidas em páginas de amostra, ilustrando o resultado
final. Seguindo a ordem da pesquisa teórica, a geração se inicia pelo grid
e layout.


5.1 Escolha de grid e layout


Como apontado na pesquisa teórica, o ponto de partida da localização
do texto na página deve ser o método de encadernação pretendido (WILLBERG e
FORSSMAN, 2007). A maioria dos departamentos da UNIVILLE exige que
trabalhos impressos sejam entregues com espiral. Partindo de uma distância
de 1 centímetro entre o limite da página e a espiral de encadernação comum,
esse valor é dobrado, gerando uma margem interna de 2 centímetros,
garantindo o equilíbrio visual da borda esquerda da mancha gráfica com o
fim da página à esquerda. Seguindo o modelo tradicional, chega-se aos
valores de 4 cm para margem exterior, 3 cm para margem superior, e 6 cm
para margem inferior, conforme ilustrado na figura 27.

Figura 27 – Primeira escolha de medidas de margem conforme modelo
tradicional
Fonte: Acervo pessoal.
Esse resultado, porém, se mostrou desequilibrado visualmente. Revendo
as definições pesquisadas, fica aparente que o modelo tradicional se ocupa
do equilíbrio visual em publicações de página dupla, como apontado por
Bringhurst (2005). Para aplicá-lo a um texto de página única, o presente
projeto deve dar conta dessa alteração no o eixo de simetria. Em uma página
dupla, o próprio limite entre as páginas funciona como eixo. Para manter
essa simetria em um espaço de página única, essa linha foi traçada
horizontalmente, tornando iguais os valores das margens superior e
inferior. As diferenças entre as duas combinações apresentadas estão
ilustradas pela figura 28.

Figura 28 – Comparação de mancha gráfica e eixos de simetria nas duas
possibilidades de margem.
Fonte: Acervo pessoal.

Os valores finais de margem escolhidos são, portanto, 2 cm para
margem interior, 4 cm para exterior, e 3 cm para superior e inferior. O
resultado final não só faz referência à tradição tipográfica, por ter se
baseado no modelo tradicional, como também cumpre com os outros pontos
encontrados na pesquisa teórica, mantendo o polegar longe do texto
(BRINGHURST, 2005), levando em consideração a montagem do produto final
(folhas impressas de um lado só, presas por espiral) e emoldurando
visualmente o bloco de texto na página (BRINGHURST, 2005). Nota-se, também,
que a utilização de margens de valores diferentes aos exigidos atualmente
não aumenta a dificuldade de aplicação da norma, uma vez que o processo de
inserção da variável no processador de texto se dá da mesma forma.
Dentro dos limites da margem, existem ainda as possibilidades de
colunas e rodapés laterais, observadas na análise sincrônica. Um exame dos
processadores de texto mais comuns, como o Word, indicou ser inviável o uso
de rodapés laterais. A função não existe nos programas, e exigiria o uso de
outras ferramentas, como caixas de texto. Isso tornaria o processo de
diagramação do rodapé um trabalho lento e árduo, além de se perderem as
automações permitidas pelo uso do rodapé padrão dos softwares examinados.
Dado a importância da simplicidade de uso e aplicação no conceito do
trabalho, o uso de rodapés laterais foi descartado.
Colunas, por outro lado, não apareceram nas análises sincrônicas.
Como evidenciado pelas entrevistas, o uso de colunas dificulta a leitura do
trabalho em formato digital. Seria inviável para esse projeto gerar normas
que tornassem o resultado final menos legível do que as normas atuais,
qualquer que seja o meio. Portanto, o uso de múltiplas colunas também foi
descartado.
Ainda que o grid resultante pareça simples, deve-se levar em conta
que itens como imagens e número de página são, efetivamente, módulos desse
layout. A paginação é um marcador, isto é, um módulo que permanece com suas
medidas inalteradas no decorrer das páginas (SAMARA, 2010). Já a inserção
de imagens, quadros e tabelas gera módulos flutuantes, que não tem medidas
definidas em relação à página. Ainda assim, suas margens em relação ao
bloco de texto podem ser normatizadas. Esses casos são analisados a seguir.
Bringhurst (2005) denomina o espaço para numeração de página como
"fólio", e recomenda que seja sempre disposto em um ponto da página de
fácil localização, mas que não atrapalhe a leitura. O autor comenta que, na
prática, os pontos que cumprem essa função são os cantos externos às
margens. Outras opções, em geral, dificultam a navegação rápida pela obra.
Sugere, ainda, que obras grandes (em tamanho físico) devem preferir o canto
inferior. Sendo assim, e não havendo contradição no resto da pesquisa, a
paginação deverá ser localizada no canto inferior externo da página.
Por fim, é escolhida uma forma de inserção de imagens, quadros e
tabelas no texto. Nesse sentido, considera-se interessante evidenciar que a
norma 14.724 da ABNT (2002, 2011) não exige ou sequer sugere o alinhamento
das imagens na margem esquerda, tal qual é exigido pelas normas da UNIVILLE
(2009). França et al (2007), porém, sugerem a centralização da imagem na
página. Uma imagem de largura pequena alinhada à esquerda causa quebras
súbitas e sem ritmo na borda direita da mancha gráfica. Esse tipo de quebra
causa saltos de movimento do olhos que, como visto na pesquisa teórica
acerca do processo de leitura, aumenta a fadiga do leitor. A imagem
centralizada, por outro lado, gera um ritmo de leitura onde as figuras
"partem" do texto, ao se separarem da borda esquerda. Ainda, estando
centralizadas, criam um segundo eixo de simetria dentro do bloco de texto.
Essa análise está ilustrada na figura 29.

Figura 29 – Silhuetas geradas por uma imagem pequena no bloco de texto,
conforme alinhamento.
Fonte: Acervo pessoal.

Como evidenciado pela figura 30, a última edição da NBR 14.724 (ABNT,
2011) altera as normas para legendamento de figuras até então exigidas
(ABNT, 2002). Na nova versão da norma, a definição da imagem se encontra
antes da mesma, enquanto a fonte se encontra após. Essa configuração
permite que, se centralizadas as imagens, o seu espaço dentro do bloco de
texto esteja satisfatoriamente "reservado". A aparição da imagem durante o
processo de leitura, na nova norma, é introduzida pela definição textual da
imagem. Na norma antiga, a imagem surge subitamente. Caso o texto não a
introduza propriamente, isso pode afetar negativamente o fluxo de leitura.

Figura 30 – Comparação entre inserção de imagens nas edições de 2002 e 2011
da NBR 14.724.
Fonte: Acervo pessoal.

Com base nesses dados, as imagens dentro da proposta de normatização
gráfica desse trabalho deverão ser centralizadas. Deverão ser, também,
legendadas tal qual apresentado pela NBR 14.724 de 2011. Recomenda-se,
ainda, o uso da borda automática criada pelo processador de texto, a
exemplo das figuras que ilustram o presente trabalho. Dessa forma pode-se
visualizar claramente os limites da imagem, mesmo que tenha bordas claras.
Conforme Iida (2005), a figura com contorno definido é mais facilmente
percebida como figura e se destaca do fundo.
Tabelas e quadros, tal qual encontrados nas normas da UNIVILLE (2009)
lidam com definições do IBGE (1993) e, portanto, são referentes à própria
metodologia científica para apresentação de dados. Dessa forma, o presente
projeto não visa dispor detalhadamente sobre sua construção. É interessante
notar, porém, dois pontos referentes ao tema.
O primeiro é a presença, no documento de Normas de apresentação
tabular (IBGE, 1993), de um último parágrafo no texto principal da norma,
dedicado à apresentação gráfica. O trecho se limita a recomendar que
tabelas e quadros devem seguir uma "uniformidade gráfica, [...] nos corpos
e tipos de letras e números, no uso de maiúsculas e minúsculas, e nos
sinais gráficos utilizados" (IBGE, 1993, p. 30). Observa-se então que, na
fundamentação da norma, existe um cuidado com sua apresentação tipográfica,
ao mesmo tempo que é dada uma grande liberdade para a mesma, uma vez que a
norma do IBGE não obriga o uso de qualquer família ou tamanho específico.
O segundo ponto é a prática observada, em alguns cursos da presente
instituição, de gerar tabelas e quadros graficamente complexos, para então
legendá-los e organizá-los como "figura", a fim de poder evitar a
normatização das tabelas e quadros. Os dois pontos apresentados parecem
favorecer a aplicação da possibilidade apresentada pela NBR 14.724 (ABNT,
2011) de utilizar termos diversos na legenda de itens não-textuais, como
"desenho, esquema, fluxograma, fotografia, gráfico, mapa, organograma,
planta, quadro, retrato, figura, imagem, entre outros" (ABNT, 2011, p.11).
Dessa forma, o autor do trabalho fica livre para definir sua figura como
achar coerente, podendo inclusive referenciá-lo como tabela, caso esteja
dentro das normas do IBGE. Apontadas as facetas mais importantes do layout
de um trabalho acadêmico, são efetuadas então as decisões referentes à
tipografia e à hierarquização.
5.2 Escolha de tipografia


O primeiro passo na delimitação de famílias tipográficas possíveis se
dá através da adequação ao conceito. Para facilitar ao máximo o acesso do
aluno ou professor às exigências da norma, foram escolhidas, inicialmente,
tipografias de uso em texto corrido que estivessem incluídas na maioria dos
computadores. Essas fontes, também chamadas de system fonts (fontes do
sistema), incluem ainda a vantagem de serem completas ao que se refere a
caracteres especiais, dado que são usadas em todo o mundo em diversas áreas
do conhecimento. Garante-se, assim, a presença de todos os símbolos
necessários, requisito apresentado por Willberg e Forssman (2007). Essas
fontes são: Arial (Windows); Calibri (Windows); Comic Sans (Windows);
Courier (Navegadores de internet); Georgia (Windows e Mac); Helvetica
(Mac); Lucida Grande (Mac); Lucida Sans Unicode (Windows); Palatino
Linotype (Windows e Mac); Tahoma (Windows); Times New Roman (Windows);
Times Roman (Mac); Trebuchet (Windows) e Verdana (Windows).
Em uma primeira análise, as faces Comic Sans e Courier foram
removidas, por não caberem ao conceito de neutralidade. Essa avaliação não
se dá apenas visualmente (como ilustrado na figura 31), mas também através
da análise da história de ambas as famílias. Courier é uma fonte criada por
Howard Kettler em 1955, para simular o uso de uma máquina de escrever
(VANDERBILT, 2004, web), portanto representa uma estética específica que
foge à neutralidade. Já a família tipográfica Comic Sans tem sua história
explicada por Steel (2009, web) em matéria ao The Wall Street Journal.
Projetada por Vincent Connare em 1994, foi desenvolvida para um uso muito
específico: o sistema BOB, uma interface para crianças da Microsoft. O
autor nunca pretendeu seu uso corrente, tendo apenas desenhado rapidamente
os caracteres, baseado em histórias em quadrinhos que encontrou em seu
escritório (STEEL, 2009, web).


Figura 31 – As faces Comic Sans e Courier.
Fonte: Acervo pessoal.

Seguindo a pesquisa histórica das system fonts, é feita uma análise
das famílias restantes, a fim de descobrir se foram projetadas para tela ou
impressão. Tipografias projetadas para a tela foram também removidas, dado
que todo trabalho acadêmico que vai à banca, na UNIVILLE, é inevitavelmente
impresso. A família Calibri, por exemplo, foi projetada por Lucas de Groot
especificamente para fazer uso das tecnologias recentes de renderização
suave de caracteres (LUCASFONTS, s.d., web,). Georgia, Verdana e Tahoma
foram todas desenhadas por Matthew Carter especificamente para uso em tela
de definição regular ou baixa (MICROSOFT, s.d., web; WILL-HARRIS, 1996,
web). Por fim, a Trebuchet foi projetada por Vincent Connare para uso em
websites (CONNARE, 1997, web). Exemplos dessas tipografias podem ser vistos
na figura 32.

Figura 32 – As faces Calibri, Georgia, Verdana, Tahoma e Trebuchet MS.
Fonte: Acervo pessoal.

Dessa forma, restaram como opções as famílias Arial, Helvetica,
Palatino Linotype, Lucida Sans Unicode, Lucida Grande, Times New Roman e
Times Roman; todas apresentadas na figura 33. Foi então efetuado um teste
de legibilidade para garantir que todas eram opções viáveis. Willberg e
Forssman (2007) definem que teste de legibilidade se dão através da
apresentação dos caracteres impressos em tamanho reduzido. Foram impressas
tabelas de caracteres em várias dessas tipografias. Essas tabelas estão
presentes no Apêndice D. Os resultados foram satisfatórios, e as famílias
de tipos Arial, Helvetica, Palatino Linotype, Lucida Sans Unicode, Lucida
Grande, Times New Roman e Times Roman mantiveram sua legibilidade em
tamanhos reduzidos e serão permitidas na proposta.

Figura 33 – As system fonts restantes que serão permitidas na proposta.
Fonte: Acervo pessoal.


5.2.1 Tamanho, posicionamento e hierarquia


O tamanho do texto corrido, de acordo com a pesquisa teórica, ficaria
idealmente entre 14 e 9 pontos (LIDWELL, 2003; SAMARA, 2010). Porém, também
foi estabelecido na pesquisa teórica que o maior responsável pela
legibilidade do texto é a sua entrelinha proporcional e não o seu tamanho.
Logo, se aproximar demais do tamanho máximo recomendado parece
desnecessário. Dessa forma, foi estabelecido que o tamanho de texto corrido
exigido será de 11 pontos. Esse tamanho se encontra na "metade menor" da
escala entre 9 e 14 pontos, e tem a vantagem adicional de ser o tamanho
padrão na maioria dos processadores de texto.
Seguindo as mesmas recomendações para gerar uma hierarquia, títulos
primários têm tamanho 14; enquanto legendas, citações com mais de três
linhas e notas de rodapé tem tamanho 9 e entrelinha simples. Dessa forma se
estabelecem nas pontas da escala de tamanho ideal, sem ultrapassá-las.
Visto as hierarquias exemplificadas por Willberg e Forssman (2007) e
Ambrose e Harris (2009), títulos primários e secundários se apresentam em
negrito e, a partir dos terciários, em itálico. Todos os níveis de título
apresentam duas linhas em branco antes e uma depois de si mesmos, exceto o
título primário que é separado do início do texto por 4 linhas em branco.
Busca-se, assim, gerar uma mancha gráfica menos condensada e mais clara,
mas sem desperdício excessivo da área da página.
Conforme se mostrou mais coerente na pesquisa teórica e na coleta de
dados, a entrelinha terá seu valor mantido em 150%, tal qual a norma atual,
por diversos motivos. Primeiramente, os autores pesquisados apresentaram
como ideal que a entrelinha deve ser positiva, especialmente em colunas de
texto largas. O valor de 150%, especificamente, é fácil de ser inserido no
processador de texto, cabendo ao conceito de facilidade de aplicação.
Ainda, a manutenção do valor atual facilitaria, para professores e
orientadores, a transição entre as normas atuais e as propostas, uma vez
que a pesquisa apontou que o espaço é utilizado para correções. Todas as
escolhas de tamanho, posicionamento e hierarquia estão ilustrados pela
figura 34, finalizando assim a proposta para o bloco de texto, e definindo
as linhas gerais a serem aplicadas na normatização dos outros elementos de
um trabalho acadêmico.

Figura 34 – Exemplo de página de texto conforme nova proposta.
Fonte: Acervo pessoal
5.3 Capa


O primeiro passo para o arranjo da capa é a hierarquização da
informação que ela apresenta. O presente trabalho interpreta como ordem de
importância na capa: título do trabalho, seguida de autor(es), orientador e
matéria. Instituição e departamento ficam em terceiro e, por fim, cidade e
ano. A partir disso foram estabelecidas micro-hierarquias entre os
conjuntos "autor/orientador/matéria", "instituição/departamento" e
"cidade/ano". Essas micro-hierarquias foram então combinadas na área da
página, buscando se ater às mesmas normas que regem os elementos textuais.
Uma parte da geração de alternativas resultante dessas combinações se
apresenta na figura 35.

Figura 35 – Manchas gráficas resultantes das alternativas geradas para capa
Fonte: Acervo pessoal.

Considerando as premissas de simetria e equilíbrio visual, foi
escolhida a alternativa ilustrada na figura 36. A alternativa apresenta
todo o conteúdo alinhado à esquerda. Conforme Dondis (2003), o olho humano
parece demonstrar preferência pelo lado esquerdo do campo visual,
provavelmente condicionado pelo método ocidental de impressão e leitura. A
alternativa também apresenta a mesma ordem vertical de itens da capa
atualmente exigida pela instituição, dividida em um grupo superior e um
inferior. Dessa forma se busca diminuir o impacto da apresentação do novo
formato de capa ao público-alvo já condicionado pelo modelo atual.

Figura 36 – Alternativa escolhida para capa.
Fonte: Acervo pessoal.

5.4 Elementos de listagem


Ainda que o sequenciamento dos elementos em um trabalho acadêmico
esteja relacionado à sua função na metodologia da pesquisa, vários desses
elementos compartilham as mesmas funções abstratas, quando analisadas do
ponto de vista do design de informação. Dessa forma, o presente trabalho
apresenta a diagramação do Sumário, Índice e Listas de Tabelas e
Ilustrações como elementos de listagem de páginas. Glossário e Listas de
Abreviaturas e Símbolos seriam, por sua vez, elementos de listagem de
definições.
Sobre listas, Bringhurst (2005, p. 43) comenta que são a oportunidade
de utilizar a tipografia para "construir verdadeiras estruturas
arquitetônicas". Essa oportunidade é perdida, geralmente, por dois erros
comuns apontados pelo autor. Um deles é assim descrito:
[...] linhas pontilhadas pouco esclarecedoras que forçam
o olho a caminhar cabisbaixo pela largura da página, como
se fosse um prisioneiro sendo escoltado de volta à cela.
[...] Separar títulos e números, alinhar um à esquerda e
outro à direita, com ou sem pontilhado, irá apenas
embaralhar a informação (BRINGHURST, 2005, p. 44).


Esse exemplo combina com a normatização atual de sumários na
UNIVILLE, indicando a oportunidade de uma mudança mais profunda na
organização do elemento. Partindo-se dos exemplos de listas apresentados
por Bringhurst, o presente projeto propõe que sumários e listas de páginas
sejam estruturados em tamanho 11, alinhados à direita, com um único ponto
separando título e número. O título da página em si é apresentado
centralizado, em negrito, tamanho 14 e separado por uma única linha em
branco. Dessa forma, busca-se otimizar o processo de leitura e a busca pela
informação.
No Sumário, em especial, propõe-se uma hierarquização mais evidente
entre capítulos. O título primário deverá ser composto em negrito, com uma
linha em branco separando capítulos e elementos entre si. Uma linha em
branco pode ser opcionalmente aplicada aos outros elementos de listagem
para separá-los em seções evidentes. Um exemplo de Sumário está ilustrado
na figura 37. Seguem então exemplos de Índice (figura 38), Lista de
ilustrações (figura 39) e Lista de tabelas (figura 40).

Figura 37 – Proposta para Sumário.
Fonte: Acervo pessoal.

Figura 38 – Proposta para Índice.
Fonte: Acervo pessoal.

Figura 39 – Proposta para Lista de ilustrações.
Fonte: Acervo pessoal.

Figura 40 – Proposta para Lista de tabelas.
Fonte: Acervo pessoal.
No caso de listas de definições, o foco não é mais na busca rápida,
mas sim a leitura simples e prática do item. Dessa forma, é proposto que o
conteúdo seja alinhado à esquerda, em tamanho 11, com um traço separando o
item a ser definido de sua definição. Uma linha em branco deve separar os
itens entre si, caso sejam organizados em ordem alfabética. Se forem
organizados em ordem sistemática ou cronológica, a linha em branco pode ser
aplicada apenas para separar itens dentro de sua classificação. Um exemplo
de Glossário é apresentado na figura 41. Lista de abreviaturas é
apresentada na figura 42, e Lista de símbolos, na figura 43.

Figura 41 – Proposta para Glossário.
Fonte: Acervo pessoal.

Figura 42 – Proposta para Lista de abreviaturas e siglas.
Fonte: Acervo pessoal.


Figura 43 – Proposta para Lista de símbolos.
Fonte: Acervo pessoal.

5.5 Elementos não-metodológicos


Seguindo a mesma lógica da categorização dos elementos de listagem,
são divididas em outra categoria a Dedicatória e a Epígrafe. Esses
elementos foram denominados não-metodológicos por serem externos ao texto
do trabalho, não trazendo informações referentes ao mesmo (ao contrário de
todos os outros elementos do trabalho acadêmico). Possivelmente por esse
mesmo motivo, não foram encontradas normas que os delimitem em nenhuma
parte da pesquisa. Dessa forma, a formatação proposta pelo presente
trabalho é opcional.
Por se tratarem de elementos externos ao texto, foi proposta uma
diagramação que admitisse esse conceito, de forma que, na Epígrafe e na
Dedicatória, o texto é alinhado à direita, na margem inferior da página,
efetivamente gerando uma mancha oposta à padrão do texto. Negrito e itálico
são utilizados para enfatizar e segregar os elementos de informação. Os
exemplos de Dedicatória e Epígrafe seguem ilustrados pelas figuras 44 e 45,
respectivamente.

Figura 44 – Proposta para Dedicatória e Agradecimentos.
Fonte: Acervo pessoal.

Figura 45 – Proposta para Epígrafe.
Fonte: Acervo pessoal.

5.6 Outros elementos


Todos os outros elementos seguem as diretrizes básicas apresentadas
na página de texto corrido, exceto a Folha de rosto, que segue a
diagramação da capa. A única diferença é a colocação do título
centralizado, com um espaço em branco de distância do conteúdo. Dessa
forma, já utilizada na norma atual, os elementos não pertencentes ao
desenvolvimento ficam mais claramente segregados, e é efetuada uma maior
economia do espaço de página.
Seguem, à seguir, os exemplos propostos para Folha de rosto (figura
46), Resumo (figura 47), Abstract (figura 48), Introdução (figura 49),
Conclusão (figura 50), Referências (figura 51), Anexos (figura 52) e
Apêndices (figura 53). Uma vez efetuados esses modelos, parte-se para a
delimitação das normas propriamente ditas, desenvolvendo os produtos finais
do projeto.

Figura 46 – Proposta para Folha de rosto.
Fonte: Acervo pessoal.


Figura 47 – Proposta para Resumo.
Fonte: Acervo pessoal.

Figura 48 – Proposta para Abstract.
Fonte: Acervo pessoal.


Figura 49 – Proposta para Introdução.
Fonte: Acervo pessoal.


Figura 50 – Proposta para Conclusão.
Fonte: Acervo pessoal.


Figura 51 – Proposta para Referências.
Fonte: Acervo pessoal.


Figura 52 – Proposta para Anexos.
Fonte: Acervo pessoal.


Figura 53 – Proposta para Apêndices.
Fonte: Acervo pessoal.
5.7 Avaliação da proposta


Após estabelecida a diagramação de todos os itens, foi efetuada uma
breve pesquisa entre professores do departamento de design da UNIVILLE,
visando avaliar a proposta gerada. A pesquisa consistiu em escalas de
satisfação para diversos requisitos do conceito, apresentadas no Apêndice
E, e teve a participação de quatro professores. Nenhum deles, até então,
estava relacionado ao presente projeto. Junto à folha de pesquisa, foi
apresentado a cada professor duas impressões do mesmo texto acadêmico,
encadernadas com espiral. Uma delas estava normatizada de acordo com as
normas atuais da UNIVILLE; e a outra, de acordo com as nova diagramação
gerada.
A primeira parte da pesquisa pedia que os professores, após
analisarem ambos os modelos, fizessem uma comparação da nova proposta em
relação à atual, dentro dos conceitos de legibilidade, atualização e
amigabilidade. Os resultados estão apontados pela figura 54.


Figura 54 – Resultado da avaliação da proposta, primeira parte.
Fonte: Acervo pessoal.

No quesito "legibilidade", um professor apontou os resultados como
"muito mais legíveis", dois como "mais legíveis" e um como "menos
legíveis". Da mesma forma, no quesito de coerência com os conhecimentos
correntes do design, um professor apontou os resultados como "muito mais
coerentes", dois como "mais coerentes" e um como "menos coerentes". Por
fim, no quesito "amigabilidade", dois professores apontaram os resultados
como "menos amigáveis", um como "mais amigáveis" e um como "muito mais
amigáveis".
A segunda parte da pesquisa pedia que os professores analisassem a
proposta por si mesma, e avaliassem como a mesma satisfazia os requisitos
de fácil aplicação, neutralidade, e normatização. Os resultados estão
expostos na figura 55. Obtiveram-se resultados positivos em todos os itens.


Figura 55 – Resultado da avaliação da proposta, segunda parte.
Fonte: Acervo pessoal.
Além da geração de dados quantitativos, foram também tomadas notas
dos comentários emitidos pelos professores durante a pesquisa. A margem
externa foi avaliada por vezes como muito grande, em função do desperdício
de área de folha; e por vezes como muito pequena, em função da quantidade
ideal de caracteres por linha. Foram também feitas sugestões acerca de
itens fora do escopo do projeto, como sobre quais informações apresentar em
capa, ou como o trabalho deveria ser impresso. Por fim, foram recebidos
diversos comentários sobre como o condicionamento do professor ao modelo
antigo poderia ser um fator considerável, ecoando comentários recebidos
durante as entrevistas feitas anteriormente.
Todos os pontos apresentados foram considerados dignos de
consideração em uma possível extensão do presente projeto. Porém, como os
resultados da avaliação apontaram o resultado como satisfatório, e tendo em
vista o cronograma estabelecido para o presente trabalho, foi dado
prosseguimento à geração dos produtos finais com base na proposta gerada.
6 PRODUTOS FINAIS


Um trabalho acadêmico de Design, na UNIVILLE, deve obrigatoriamente
gerar produtos de Design em sua conclusão. Dessa forma, o presente projeto
visou gerar, textualmente, as normas que guiariam a geração de trabalhos
dentro da nova proposta. Essas normas são então organizadas em um Guia, que
será também normatizado de acordo com as próprias normas que contém, à
exemplo do Guia atual da instituição. A geração de um Guia diagramado
especialmente para transmitir o conteúdo das normas fugiria ao escopo desse
trabalho, uma vez que exigiria um novo trabalho de pesquisa paralelo para
obter um resultado otimizado.


6.1 Guia de normas


As configurações descritas pelo capítulo de geração de proposta foram
organizadas em blocos lógicos, e ilustradas conforme necessário. O Guia
final está incluído nos arquivos multimídia que acompanham esse projeto.
Ele contém apenas as normas gráficas, conforme proposto nesse trabalho, e
não inclui elementos de metodologia ou acerca da insituição. Abaixo seguem
dois exemplos de seu conteúdo, comentados.
"O trabalho acadêmico deverá ser diagramado em folha A4. As margens
superiores e inferiores devem ter 3cm. A margem interna deve ter 2cm, e a
externa, 4cm. O texto pode ser composto nas seguintes fontes: Arial,
Helvetica, Palatino Linotype, Lucida Sans Unicode, Lucida Grande, Times New
Roman e Times Roman. Porém, a fonte escolhida deve permanecer a única
durante todo o trabalho."
Ainda que Willberg e Forssman (2007) e Bringhurst (2005) comentem
sobre as possibilidades de combinação entre duas ou mais famílias
tipográficas, ambos concordam que são muitas as nuances a serem analisadas
para garantir um resultado harmonioso, e que, em geral, o uso de uma única
família é a forma mais simples de garantir uma coerência tipográfica.
Diferente do Guia tal qual apresentado pela instituição, o Guia com a
nova proposta está dividido pela ordem dos elementos no trabalho,
independente de seu caráter obrigatório ou opcional. "A capa deve ser
composta conforme ilustrado pelo modelo apresentado (figura 55). [...] A
folha de rosto deverá ser composta conforme seu modelo abaixo (figura 56)."


Figura 56 – Modelo explicativo da capa, para Guia de normas proposto.
Fonte: Acervo pessoal.


Figura 57 – Modelo explicativo da folha de rosto, para Guia de normas
proposto.
Fonte: Acervo pessoal.

Por fim, para gerar um mock-up para o presente projeto, o conteúdo
desse trabalho foi rediagramado dentro das normas geradas, resultando em um
exemplo que utiliza um trabalho acadêmico real. Pretende-se, assim,
facilitar a comparação entre a legibilidade e leiturabilidade de ambos os
conjuntos de normas. Ainda, modelos dos elementos estão incluídos nos
arquivos digitais que acompanham o trabalho. Sua função seria de, uma vez
disponibilizados aos alunos e pesquisadores, agilizar não apenas a
normatização de um trabalho acadêmico, mas também a transição entre as
normas atuais e as propostas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS



O projeto de geração de um Guia contendo novas normas gráficas para
trabalhos acadêmicos da UNIVILLE atingiu seus objetivos. Foram propostas
mudanças no modelo atual, embasadas na pesquisa em design e no método
científico, buscando normas de formatação de trabalhos acadêmicos que são,
conforme analisado, mais legíveis e eficientes em sua comunicação, sem
sacrificar a facilidade de aplicação.
Foram identificados os requisitos e limitações na diagramação de um
trabalho acadêmico, que apresentou uma estrutura complexa e altamente
dependente da eficiência de sua recepção. Foram analisadas obras de
pesquisadores do campo do design editorial e da informação, bem como
especialistas de diversas outras áreas como ergonomia e até linguística,
gerando uma base de pesquisa sólida que poderia ser aplicada a todos os
detalhes da diagramação de um trabalho acadêmico. Ainda, a fundamentação
teórica apresentada constitui um resumo eficiente que poderá vir a servir
questionamentos tipográficos em outros trabalhos.
Partiu-se, então, para uma comparação entre as normas gráficas
apresentadas pelo Guia de Trabalhos Acadêmicos da UNIVILLE e as de outras
instituições, constituindo análises não apenas de modelos profundamente
diferentes das normas atuais da instituição, mas também de modelos muito
similares, visando evidenciar a importância de pequenas escolhas na
diagramação. A seguir, buscaram-se informações sobre a percepção do público-
alvo sobre o tema. Uma coleta de dados online com alunos trouxe muitas
informações relevantes, mas algumas dúvidas permaneceram, que foram sanadas
pela entrevista direta com alguns membros do corpo de professores da
UNIVILLE. A pesquisa pôde apontar, adicionalmente, as diversas
discrepâncias sobre o entendimento acadêmico do design editorial, e a forma
como ela é entendida pelo público não-relacionado ao campo, uma vez que
muitas das opiniões encontradas vão de encontro direto ao que é sugerido
pela pesquisa teórica.
Concluída a base teórica e analítica, seguiu-se então para a
conceituação. O Diagrama de Ishikawa foi fundamental na geração de um
conceito, expresso por uma nuvem de tags, que norteou todo o processo que
se seguiu. A partir disso, foram usadas diversas análises baseadas no
conceito e nas informações coletadas em pesquisa, afunilando as infinitas
variáveis de diagramação de um texto acadêmico até se atingir o que era
evidenciado como escolha ótima. Foi então efetuada uma pesquisa com
professores do departamento de design da UNIVILLE, que avaliaram a proposta
como satisfatória dentro dos requisitos do projeto.
Por fim, foi formalizada a proposta. O presente projeto gerou o
conteúdo textual das normas, e sua subsequente organização dentro de um
Guia. Gerou ainda um mock-up do que seria um trabalho acadêmico completo
que utilizasse as normas propostas. Finalmente, gerou ainda arquivos
digitais contendo os diversos modelos já pré-diagramados para uso em
processadores de texto, visando facilitar a aplicação dos resultados da
pesquisa.
Os autores do presente projeto sugerem que essa pesquisa seja
continuada de forma mais aprofundada, aumentando o escopo de forma a
incluir materiais, formas de encadernação e de impressão. É ainda possível
expandir as coletas de dados efetuadas, entrevistando mais professores, ou
usando métodos mais confiáveis para coletar dados de alunos. Restam, ainda,
várias questões metodológicas e de design que fogem não apenas ao escopo do
trabalho, mas também ao escopo da própria graduação em design gráfico.
Dessa forma, parece interessante considerar uma revisão das formas de
apresentação de trabalhos acadêmicos em esferas mais altas da Academia.
Independente desse fato, os autores esperam que esse trabalho gere
repercussão na instituição, não apenas na forma de uma análise mais
cautelosa das normas atuais, mas também da geração de mais trabalhos de
cunho puramente acadêmico dentro do Departamento de Design. É da opinião
dos autores que o presente projeto representa um resultado ótimo dentro da
proposta, onde a pesquisa de autores e pesquisadores de design e
metodologia científica se uniu a pesquisa do público-alvo da instituição,
para gerar uma proposta simples, mas com ganhos consideráveis em eficiência
e visualidade.

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2 Título 1

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2.1 Subtítulo

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2.1.1 Subtítulo secundário
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Nível A
Corpo de texto

Nível B
Corpo de texto

Nível C
(linha em branco)
Corpo de texto
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