QUARESMA, J. C., ed. (2015) - Ad Aeternitatem. Os espólios funerários de Ammaia a partir da colecção Maçãs do Museu Nacional de Arqueologia . Universidade de Évora/HERCULES. ISBN: 978-989-20-5717-0

July 4, 2017 | Autor: José Carlos Quaresma | Categoria: Late Antique Archaeology, Funerary Archaeology, Roman Archaeology
Share Embed


Descrição do Produto

Ad Aeternitatem Os espólios funerários de Ammaia a partir da colecção Maçãs do Museu Nacional de Arqueologia

Ad Aeternitatem Os espólios funerários de Ammaia a partir da colecção Maçãs do Museu Nacional de Arqueologia

COORDENAÇÃO CIENTÍFICA José Carlos Quaresma COORDENAÇÃO EXECUTIVA Sofia Borges CONSULTOR CIENTÍFICO Carlos Fabião TEXTOS DE ESTUDO José Carlos Quaresma Vítor Dias Mário Cruz José Ruivo Graça Cravinho MAQUETAGEM Nuno Carriço FOTOGRAFIAS DOS CATÁLOGOS Direção-Geral do Património Cultural / Arquivo de Documentação Fotográfica (DGPC/ADF) / Museu Nacional de Arqueologia (MNA), excepto os nºs 6-12, 18, 19, 25, 29-31, do capítulo 2, e os nºs 30, 31, 44 e 45, do capítulo 3, dos respectivos autores. FOTOGRAFIA DE CAPA Jarro em vidro (MNA n.º inv.º 13667). Fotografia: Direção-Geral do Património Cultural / Arquivo de Documentação Fotográfica (DGPC/ADF) / Museu Nacional de Arqueologia (MNA): Júlia Redondo DEPÓSITO LEGAL 392555/15 ISBN 978-989-20-5717-0 A presente publicação apresenta-se no âmbito do protocolo de colaboração estabelecido entre a Direção-Geral do Património Cultural, o Museu Nacional de Arqueologia e a Fundação Cidade de Ammaia, tendo em vista o estudo e a exposição temporária no Museu desta Fundação da designada !Coleção Maçãs" do acervo do Museu Nacional de Arqueologia. NOTA EDITORIAL Foi dada total liberdade aos autores dos textos para seguirem ou não o acordo ortográfico.

AGRADECIMENTOS A presente edição aconteceu com a concertação de esforços entre o Museu Nacional de Arqueologia e a Fundação Cidade de Ammaia, nomeadamente nas pessoas dos respectivos directores, António Carvalho e Carlos Melancia. Na primeira instituição cumpre ainda agradecer todo o empenho de Maria Amélia Fernandes e Luísa Guerreiro; na segunda instituição, o empenho de Joaquim Carvalho e João Aires. Por último, ao suporte financeiro do Laboratório HERCULES da Universidade de Évora, ao abrigo do projecto IMAGOS, e ao empenho de António Candeias e José Mirão, sem os quais esta edição não teria sido possível.

Índice 7

Prefácios

António Carvalho Carlos Melancia

11

1 - Introdução. Ammaia, António Maçãs e José Leite de Vasconcelos José Carlos Quaresma

23

2 -Terra sigillata, paredes finas e lucernas dos sectores funerários de Ammaia José Carlos Quaresma

47

3 - A cerâmica comum das necrópoles de Ammaia

91

4 - Espólio funerário de Ammaia. A joalharia

143

5 - Moedas dos mortos, dinheiro dos vivos

169

6 - Espólio funerário de Ammaia. Os vidros

Vítor Dias

Graça Cravinho

José Ruivo

Mário da Cruz

7

Prefácios A ligação do Museu Nacional de Arqueologia à cidade romana de Ammaia é centenária. Como ocorreu em outros casos, a relação entre Museu e sítio arqueológico, manifestouse através do interesse do fundador do Museu – o Doutor José Leite de Vasconcelos – na investigação orientada para a incorporação de espólio no Museu. Neste caso, o acervo era, no essencial, proveniente das necrópoles da cidade romana. Como em muitas outras situações, a relação assentava numa ligação pessoal estreita a uma personalidade local. Desta feita com António Maçãs. Claro que um sítio arqueológico com esta monumentalidade mereceu a atenção do fundador do Museu que, no início do século XX, ali também desenvolveu escavações arqueológicas. O ano de 1913, em que é publicado o terceiro e último volume das Religiões da Lusitânia, é também o ano em que António Maçãs visita o então Museu Etnológico Português, em Belém, despertando para a Arqueologia, e criando-se entre ele e Leite de Vasconcelos, a partir desse momento, uma profunda relação de amizade. Após o desaparecimento do fundador do Museu, a história da instituição e da cidade romana não se voltaram a cruzar de forma digna de nota, até ao momento em que Delmira Maçãs, filha de António Maçãs, legou ao Museu, por testamento elaborado em 1983, o acervo, também proveniente das necrópoles, herdado de seu pai e que tinha em seu poder, num gesto que pode ser interpretado como uma vontade de evitar a dispersão do espólio, reagrupando-o no Museu fundado pelo seu padrinho de baptismo e ao qual o seu pai tinha entregado, como outros, numerosas peças. Em 2001, o Museu Nacional de Arqueologia e a Fundação Cidade de Ammaia, constituída em 1997, estabeleceram por protocolo um relacionamento institucional, que culminava um processo de aproximação entre ambas as instituições, destinado a regular e enquadrar o apoio técnico que o Museu Nacional de Arqueologia iria prestar à Fundação Cidade de Ammaia, nomeadamente através da instalação de um Laboratório no Museu da Fundação e a realização de duas exposições (em 2001 e em 2007) no Museu do sítio, em São Salvador de Aramenha. Na vertente das escavações arqueológicas da antiga cidade romana, uma nova dinâmica regista-se a partir de 1990. Após diferentes campanhas e trabalhos publicados dignos de nota, os resultados alcançados com o projecto internacional Radio-Past divulgados em 2013, merecem especial atenção por nos apresentarem uma primeira imagem da cidade. Actualmente, o projecto IMAGOS - desenvolvido por um consórcio científico que integra centros de investigação das Universidades de Évora e de Lisboa - realiza trabalhos arqueológicos na cidade romana e estudou detalhadamente, vidros, cerâmicas, moedas e jóias que compõem a denominada “Colecção Maçãs”, do Museu Nacional de Arqueologia.

8

Prefácios

9

Breves palavras Como no passado, o Museu Nacional de Arqueologia, por ser a instituição museológica nacional de referência no domínio da Arqueologia e ter uma ligação especial à cidade romana da Ammaia, não pôde pois deixar de considerar o projecto e colaborou dentro das suas possibilidades. O estudo que agora se publica, da autoria de um grupo de investigadores portugueses, é pois essencial para que a comunidade científica e o próprio Museu Nacional de Arqueologia conheçam melhor o espólio que conserva, através da existência de um catálogo de uma das suas colecções mais importantes, pretexto para uma exposição. Deseja-se que o estudo deste espólio constitua um estímulo para que se continue a investigar o tema e volte, tanto quando possível, a reconstituir os contextos, seja do ponto de vista do conhecimento científico, seja do ponto de vista museográfico. Este tipo de estudo contribuirá também para podermos vir a compreender, a partir do cruzamento da investigação no terreno com o estudo dos materiais, se as três necrópoles identificadas pelos trabalhos anteriores pertencem a épocas diferentes ou se a sua distribuição espacial e o espólio funerário dos antigos habitantes da Ammaia traduzem algum significado social, cultural e político. Importa aqui enfatizar a importância maior desta colaboração entre o Museu Nacional de Arqueologia e a Fundação Cidade de Ammaia, desta feita também com as universidades, seja por via do apoio à investigação, que permite actualizar a fortuna crítica sobre este acervo, seja através da cedência de peças da “Colecção Maças” que podem informar uma exposição temporária de referência, dando expressão concreta ao espírito que se pretende sempre renovado e estimulante. Aliás, o actual projecto de investigação e valorização de Ammaia, IMAGOS, que sucede no terreno ao projecto Radio-Past e que se deseja que origine no futuro outras linhas de trabalho, vai permitir colocar Ammaia num lugar de destaque nas investigações que se fazem em Portugal no domínio das cidades romanas não sobrepostas pelas cidades actuais, que têm em Conímbriga e Miróbriga dois notáveis exemplos. O Museu Nacional de Arqueologia, fiel à sua história, estará sempre disponível para colaborar com a Fundação Cidade de Ammaia e com os projectos delineados por equipas de investigadores interessados em estudar esta importante cidade da Lusitânia romana.

António Carvalho Director do Museu Nacional de Arqueologia

A Fundação Cidade de Ammaia foi constituída em Novembro de 1997 com o objetivo central de proteger, estudar e divulgar o património deste monumento nacional votado ao abandono. Durante estes anos, com o recurso a fundos comunitários, temos desenvolvido uma série de investigações das quais sublinho as referentes ao projecto RadioPast, liderado pela Universidade de Évora, através do qual é possível hoje conhecer, por meios não destrutivos, a extensão das ruínas existentes da cidade que abrangem uma área de cerca de 25 ha. A colecção “Maçãs” tem origem na Cidade Romana da Ammaia e foi coleccionada pelo Dr. António Maçãs, a quem presto uma merecida homenagem neste momento, por ter sido pioneiro na tentativa de suster a delapidação do espólio da cidade que estava em curso há muitos anos. No início do séc. XX, uma parte importante deste espólio foi enviada por ele para o MNA ao cuidado do Professor Leite de Vasconcelos e por iniciativa deste museu já esteve exposto no museu do sítio de Ammaia entre Junho de 2001 e Fevereiro de 2007. Uma segunda parcela do espólio recolhido ficou no entanto na posse da filha (Dr.ª Delmira Maças), que, após a criação da Fundação Cidade de Ammaia, quis estudar a hipótese de assegurar que esta parcela podia finalmente ser exibida ao público; assim aconteceu entre Fevereiro de 2007 e Fevereiro de 2010, no museu de sítio. Como, após a sua morte, o protocolo que tinha assinado connosco para o efeito tinha um valor jurídico inferior ao seu testamento, que não foi alterado à luz do protocolo referido, como era sua intenção, esta parte do espólio foi entregue à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa como herdeira Universal, com o destino expresso de ser entregue ao MNA. É assim que, em face destas vicissitudes, só agora é possível estudar o conjunto destas duas parcelas do espólio Maçãs, mais uma vez por iniciativa do MNA, o que é para nós de uma importância vital porque a sua divulgação permite elevar o nível de “museu de sítio” a uma escala internacional condigna com a importância da Cidade Romana da Ammaia. Deus escreve direito por linhas tortas e a Fundação vê hoje mais uma vez publicamente reconhecida a sua acção em prol do património, uma vez que a classificação destas ruínas como monumento nacional em 1949 não se mostrou suficiente para o efeito.

Eng.º Carlos Melancia Presidente do Conselho de Curadores da Fundação Cidade de Ammaia

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.