Reconhecimento, Autonomia e Reificação em Honneth - Notas de Aula

July 4, 2017 | Autor: Marcelo Cattoni | Categoria: Critical Theory
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Reconhecimento, Autonomia e Reificação em Honneth Notas de aula Marcelo Cattoni

O reconhecimento, para Honneth, precede o conhecimento; e tem uma dupla dimensão, social-ontológica e ética. Honneth distingue dois níveis de reconhecimento. O reconhecimento elementar do outro enquanto outro, seja como alguém que me limita ou desafia, seja como alguém que me respeita ou mesmo me estima, faz parte do próprio processo de socialização e da formação da personalidade, em sociedade. O reconhecimento elementar ou primário é existencial e pré-epistemico. O reconhecimento recíproco significa respeitar o outro enquanto outro, igual em dignidade. Amor, amizade, direitos, estima social... implicam esse modo de reconhecimento recíproco. E ele é conquistado na luta política e social, contra a opressão, a violência, a iniquidade, a invisibilidade, o encobrimento, o desrespeito, o desconhecimento. Na disputa política, portanto, pelo sentido e alargamento da liberdade e da igualdade enquanto algo "real efetivo", como exigências normativas que se impõem de dentro do processo histórico. E que, por isso mesmo, são exigências sempre abertas a novos desdobramentos, sobre o pano de fundo de um processo de aprendizado social, crítico e sem garantias contra o retrocesso, de longa duração. Reconhecimento significa que a liberdade de um é sempre mediada pela liberdade do outro e vice versa. Que ninguém é livre, como dizem os liberais, pela mera compatibilização do arbítrio de um com a liberdade individualista de todos; ou pela simples redistribuição de ser bens tidos - por quem? - como básicos: a liberdade liberal sempre leva a um "sofrimento de indeterminação". A liberdade concreta ou autonomia é a expressão de um processo social de "autorrealização prática" que somente se dá em relação com o outro. É um "processo intersubjetivo contínuo", no qual até mesmo "a atitude frente a si emerge em seu encontro com a atitude do outro frente a ele". O que leva ao encobrimento, à invisibilização, à humilhação, ao desconhecimento ou ao esquecimento do outro, como outro, e à violação da sua igual dignidade, são patologias sociais próprias à racionalidade instrumental típica de um sistema capitalista, com todas suas consequências reificantes, coisificantes. Nesse sentido, portanto, procuro me situar em pleno terreno da chamada Teoria Crítica da Sociedade, numa tradição hegeliana de esquerda e do marxismo ocidental.

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