Recriando espaços por meio de narrativas: a potência da mediação nos processos de ressignificação de bens culturais | Recreating spaces through narratives: the mediation power on bringing new meanings to cultural heritage

August 30, 2017 | Autor: Vivian Barbour | Categoria: Mediação, Educação Patrimonial, Mediação Cultural
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Modalidade: Comunicação oral / pôster GT: Artes Visuais Eixo Temático: Histórias: documentação, acervos e narrativas

RECRIANDO ESPAÇOS POR MEIO DE NARRATIVAS: A POTÊNCIA DA MEDIAÇÃO NOS PROCESSOS DE RESSIGNIFICAÇÃO DE BENS CULTURAIS Luciana Fortes Félix (Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campo de Poesia e Literatura, São Paulo, Brasil) Vivian Legname Barbour (Programa de Pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, São Paulo, Brasil) RESUMO: A partir de um arcabouço teórico que visa discutir criticamente as atividades de mediação e de educação patrimonial, o presente artigo apresenta a experiência desenvolvida pela equipe educativa no âmbito da Casa Modernista, bem cultural pertencente ao acervo do Museu da Cidade de São Paulo / Secretaria Municipal de Cultura. As inquietações vividas no cotidiano de educação não formal específico desse bem cultural, associadas a um aprofundamento teórico nas noções de mediação e de patrimônio cultural, levaram à concepção e realização do Projeto Memória Presente – Construindo um arquivo modernista. A mediação, enquanto instrumento de educação não formal, ao romper com os modelos tradicionais de ensino fundados na escola, acaba também por descontruir os próprios papeis tradicionalmente postos para os personagens que compõem os processos de aprendizado. Em se tratando de uma educação não formal no contexto de um patrimônio cultural, essa afirmação ganha ainda mais força, à medida que o objeto de conhecimento, neste caso específico, tem o seu valor e significado reformulados a todo instante como fruto das relações sociais. Tal constatação é fruto da experiência educativa vivida com o Memória Presente, o qual se apoiou em discussões do âmbito da História Oral para propor uma mediação forjadora de reapropriações e ressignificações do público para com o bem cultural que estava sendo mediado. Palavras-chave: bem cultural; educação patrimonial; história oral.

RECREATING PLACES THROUGH NARRATIVES: THE POWER OF MEDIATION ON THE CULTURAL HERITAGE RESSIGNIFICATION PROCESSES ABSTRACT: From a theoretical outline that critically discuss mediation and cultural heritage education activities, this article presents the experience gained by the educational team of Casa Modernista, a cultural heritage that belongs to Museu da Cidade de São Paulo / Secretaria Municipal de Cultura. The daily concerns lived by Casa Modernista, associated to designated theoretical studies on mediation and cultural heritage, has led to the conception and realization of the project Memória Presente – Counstruindo um arquivo modernista. The mediation, as an instrument of non-formal education, breaks the traditional models of

teaching inside schools and, thus, ends up deconstructing the roles that are conventionally set for those who are part of the learning processes. In the case of non-formal education activities held in a cultural heritage context, this statement becomes even stronger as the object of study holds its value and meaning from the social relations that are continuously born around such space. The above stated is what the educational team learnt from the Memória Presente experiment, which supported itself on concerns brought by the Oral History outline in order to let the public once again appropriate and give new meanings to the cultural heritage that they relate to. Key words: cultural heritage; heritage education; oral history.

Mediação e patrimônio cultural como espaços de potência A mediação é um espaço privilegiado de atuação nos processos de reflexão acerca das vivências, experiências e percepções que as pessoas estabelecem com o universo cultural. Dentro do meio artístico – este compreendido pelas produções visuais, cênicas, musicais, performáticas, entre outras – esse exercício se mostra importante à medida que permite que o público, inicialmente tido como espectador, possa reconhecer e perceber o estímulo ao qual ele está exposto, de modo que este exercício possa redundar numa experiência que o marque e o modifique. A arteeducadora Rejane Coutinho, distinguindo as noções de reconhecimento e de percepção, descreve esse processo de apreensão, apropriação e transformação do universo artístico de modo bastante elucidativo: O ato do reconhecimento é um momento anterior à percepção. Quando entramos em uma exposição de obras de arte, olhamos as obras expostas, lemos suas etiquetas, identificamos o artista, o título da obra, as dimensões e as técnicas empregadas. É o momento do reconhecimento do que nos é dado a perceber. Daí pode acontecer ou não o desenvolvimento de um processo de percepção mais denso, onde passamos a absorver e a interagir com as obras. Pode então se estabelecer uma atividade de reconstrução, de interpretação, onde estabeleceremos relações com as nossas experiências anteriores. (COUTINHO, 2004, p. 155).

Além de a autora estabelecer uma importante distinção entre os atos do reconhecimento e da percepção, a noção de experiência tem relevante papel na aproximação do indivíduo com o universo artístico. Em verdade, ela é a balizadora daquilo que será absorvido e resignificado. No entender da autora, o papel da mediação é justamente estabelecer um laço entre aquilo que está colocado pela obra e o repertório individual daquele que a recepciona. Importante na mediação voltada ao universo artístico, o movimento acima descrito é também muito caro àquilo que podemos chamar de educação patrimonial, entendida como uma mediação voltada a um bem ou patrimônio cultural ou, nas palavras de Evelina, como “o ensino centrado nos bens culturais, como a metodologia que toma estes bens como ponto de partida para desenvolver a tarefa pedagógica; que considera os bens culturais como fonte primária de ensino” (GRUNBERG, 2000). Ainda que bastante elucidativo do ponto de vista pedagógico, conforme poderá ser observado ao longo desse artigo, o conceito desenvolvido por Evelina de certa forma será relativizado no caso concreto que se pretende apresentar, uma vez que a experiência educativa que aqui se explorará

experimentou um processo no qual o público acabou por ensinar o patrimônio, e não o contrário. De todo modo, em se tratando de mediação e/ou educação patrimonial, o patrimônio cultural é o intrínseco ponto de partida. Se na reflexão de Coutinho partíamos do universo artístico e estético1, em se tratando de patrimônio cultural esse campo irá se alargar para abarcar bens que remetam também à ideia de memória e história. O termo “patrimônio cultural” é polifônico e produto de reflexões sobre o que inicialmente era conceituado como “patrimônio histórico e artístico nacional”. De fato, essa ideia inicial encontrou contundente respaldo na significação trazida pelo Decreto-lei 25 de 1937, primeiro texto legal federal, ainda vigente, que normatizou o campo do patrimônio no Brasil. Segundo ele, “constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens moveis e imóveis existentes no país cuja conservação seja de interêsse do público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da historia do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico” 2. Vê-se que as ideias de identidade nacional e de excepcionalidade eram as norteadoras do processo de identificação do que seria considerado, naquele momento, como patrimônio histórico e artístico. Apresentando importante crítica à experiência institucional do SPHAN – Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico, no seu cinquentenário em 1987, o sociólogo Sérgio Miceli destaca, ainda, como tais parâmetros, em conjunto com a formação intelectual e profissional daqueles que compunham o órgão, redundaram, na prática, em uma “agência de política cultural empenhada em salvar do abandono os exemplares arquitetônicos considerados possuidores de valor estético significativo para uma história das formas e dos estilos da classe dirigente brasileira” (MICELI, 2001, p. 363). Assim, a experiência patrimonial federal, além de se fundar em noções restritivas de nacionalidade e excepcionalidade, na prática traduzia escolhas fundadas em valores intrinsecamente estéticos e exclusivos de determinados setores da sociedade brasileira. No campo teórico, a discussão sobre patrimônio teve diversos avanços desde sua institucionalização nos anos 1930, notadamente a partir dos anos 1970 com o recém-criado CONDEPHAAT3, onde foi realizado um movimento de revisão do projeto conceitual do campo patrimonial. Um dos pontos marcantes deste período foi o entendimento de que o patrimônio cultural não deveria ser símbolo de representação de uma ideia de nação, mas sim representação da própria sociedade, marcada pela pluralidade cultural. É nesse âmbito que o autor Ulpiano Bezerra de Meneses irá propor uma nova forma de se pensar e se praticar o patrimônio, de modo a desvencilha-lo das tradicionais ideias de nacionalidade e excepcionalidade. Para tanto, ele irá se valer da ideia de patrimônio enquanto fato social, ou seja, não 1

Coutinho assim diferencia os termos „artístico‟ e „estético‟: “O artístico se refere ao ato de produção e o estético ao de percepção e apropriação. Segundo Dewey, „Para ser verdadeiramente artística, uma obra tem também de ser estética – isto é, feita para ser gozada na percepção‟. Aquele que produz uma obra de arte tem incorporada em si a própria dimensão da percepção e da recepção e essas dimensões vão influir no trabalho que está em vias de produzir.” In COUTINHO, Rejane, Vivências e experiências a partir do contato com a arte, in TOZZI, Devanil; COSTA, Marta Marques; e HONÓRIO, Thiago, Educação com arte. Ideias 31. São Paulo: Fundação para o Desenvolvimento da Educação, 2004, p. 155. 2 o Artigo 1 , caput, in BRASIL, Decreto-lei n. 25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0025.htm. 3 O Conselho de Defesa do Patrimônio Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo foi previsto pelo artigo 128 da Constituição Estadual no ano de 1968. Sua organização e competência foi então estabelecida pela Lei Estadual 10.247 de 1968.

como mero objeto, mas como produto que só pode ser entendido no contexto de sua produção. Nesse entender, patrimônio cultural é produto da cultura4. A partir do entendimento do autor, o patrimônio somente pode ser compreendido quando reconhecido seu caráter em constante reelaboração, uma vez que ele não emana valor, mas, ao contrário, tem valor à medida que lhe é atribuído pelas pessoas que com ele se relacionam5. Essa concepção opõe-se àquela que entende o patrimônio como objeto uníssono, excepcional e de valor intrinsecamente estético. Colocá-la em prática no âmbito cotidiano dos bens culturais, no entanto, é desafio que ainda se coloca tanto nos campos institucionais de preservação como na percepção de tais bens pela sociedade. Foi a partir desses questionamentos, e da vivência cotidiana do trabalho educativo dentro da Casa Modernista, que esse entendimento ainda respaldado nos ideais dos anos 1930 pôde ser aos poucos desconstruído, de modo a situar o patrimônio cultural mediado não no âmbito de uma cultura e identidade impostas e/ou atribuídas, mas como fruto das relações sociais que ele estabelece com a sociedade. A seguir, será exposta a experiência vivida na Casa Modernista, bem cultural pertencente ao Museu da Cidade de São Paulo/MCSP, ligado à Secretaria Municipal de Cultura, que culminou com a realização do projeto Memória Presente – Construindo um arquivo modernista e que permitiu um processo reflexivo acerca das potencialidades de desconstrução da noção de patrimônio enquanto instrumento que permite a reapropriação e ressignificação dos bens culturais existentes na cidade pela sociedade que lhe atribui valor. A Casa Modernista e sua Memória Presente O trabalho educativo desenvolvido na Casa Modernista entre fins de 2013 e início de 2014 se deparou com uma série de questões, tanto as tradicionalmente afetas ao campo da mediação cultural como outras oriundas do próprio espaço que estava sendo mediado, as quais provocaram a equipe educativa a pensar e propor novas formas de educação não formal para serem desenvolvidas naquele bem cultural. Inicialmente, havia uma preocupação em desconstruir a noção de ação educativa como um lugar muitas vezes exclusivamente comprometido com a exposição e transmissão de conhecimento, no qual se reforça e pressupõe a existência de um discurso oficial único. No caso da Casa Modernista da Rua Santa Cruz, ele se ateria sobremaneira ao período de construção da Casa e de seu pertencimento à história do movimento modernista que passou a se consolidar em São Paulo e no Rio de Janeiro a partir dos anos 1920. Tendo o epíteto de “primeira construção de arquitetura moderna do Brasil”, o discurso institucional sobre o espaço se centrava na ideia de origem daquele bem e nos seus fatos consequentes. Neste processo, cometia-se uma ação bastante sintomática do modo como os bens culturais são tratados na prática: como espaços ou objetos atemporais, que não acumulam historicidade e, por isso mesmo, são dotados de um valor estético intrínseco e imanente. 4

EMPLASA, Comunidade em debate: Patrimônio Ambiental Urbano. Centro de Documentação e Informações Técnicas, 1979. 5 MENESES, Ulpiano Bezerra de, O campo do patrimônio cultural: uma revisão de premissas, in IPHAN, I Fórum Nacional do Patrimônio Cultural: Sistema Nacional de Patrimônio Cultural: desafios, estratégias e experiências para uma nova gestão. Ouro Preto / MG, 2009. Anais, vol. 2, tomo 1. Brasília: IPHAN, 2012, p. 33.

Os painéis dispostos ao redor da Casa são bastante significativos de como o discurso institucional pode se consolidar ignorando e/ou se fechando para outras facetas da história que contribuíram para a atual condição da edificação. O material exposto na Casa Modernista em caráter permanente apresenta dados da época em que o espaço era habitado pela família Warchavchik, dados que relacionam a construção e a família ao movimento modernista paulistano6 e informações bastante sucintas sobre o processo de restauro que a Casa sofreu antes de sua abertura ao público, em 2008, como parte integrante do Museu da Cidade de São Paulo. O público que frequentava a Casa, no entanto, tinha uma série de outras memórias com relação àquele espaço, tanto memórias que remetiam a uma experiência individual como relatos que faziam parte da própria historia da preservação daquele lugar. Ficou então uma questão para o trabalho educativo: em que medida os espaços reconhecidos como bens culturais estão abertos para ouvir aqueles que os frequentam? Esse ponto se mostrou bastante sensível na construção de uma arte-educação voltada para um patrimônio cultural, porque se entendemos que ele não emana valor per se e que ele não deve ser assinalado por um critério puramente estético, faz-se necessário abrir espaços para que as mais diversas percepções e valorações sobre ele sejam expostas para que elas mesmas possam reverberar na compreensão do bem. A partir dessas inquietações, o educativo se propôs a elaborar um canal de diálogo no qual pudessem ser coletadas e registradas as várias formas de representação que a Casa Modernista vinha adquirindo desde a sua construção, em seus diversos períodos de interação com a sociedade, seja como espaço de moradia, seja como espaço de cultura, entre tantas outras faces e possibilidades. Buscava-se, assim, ativar um espaço de troca com os atores sociais responsáveis pela criação do arcabouço simbólico que justificava a manutenção da Casa como patrimônio cultural. O Projeto Memória Presente – Construindo um arquivo modernista surgiu, então, como resultado de uma práxis, onde algumas inquietações teóricas dos próprios educadores, somadas ao contexto prático no qual o trabalho educativo era desenvolvido, serviram de base para a elaboração de uma atividade que pudesse dar conta de abarcar a noção de patrimônio cultural como “significante para‖ e “significado pelas‖ relações sociais que o rodeiam e o tecem. Importante pontuar que, dentre as experiências práticas vividas no cotidiano educativo, é de se destacar o quanto ainda reverberava em algumas pessoas que visitavam aquele espaço as mobilizações que ocorreram nos anos 1980 e que culminaram na sua preservação e tombamento. Isso porque, após a morte de Mina Klabin e Gregori Warchavchik, donos da casa, os filhos decidiram vendê-la. Naquele momento, ao contrário de quando a Casa foi construída nos anos 1920, um terreno de mais de doze mil metros quadrados na Vila Mariana não representava mais um espaço distante da “cidade” – modo como as pessoas se referiam ao que hoje representa o bairro central de São Paulo – mas um espaço de grande potencialidade econômica devido ao seu tamanho e boa localização7. 6

Para maiores informações sobre a Casa Modernista e Gregori Warchavchik, cf. LIRA, José, Warchavchik: Fraturas da vanguarda. São Paulo: Cosac Naify, 2011. 7 Importante destacar que a Casa Modernista se situa em uma travessa da Avenida Domingos de Moraes, que por sua vez é continuação da simbólica Avenida Paulista. Ademais, próxima à Casa há toda uma rede de infraestrutura como metrôs, terminais de ônibus, serviços diversos e museus, como é o caso do Museu Lasar Segall.

Peça gráfica de divulgação das sessões de coleta realizadas pelo “Memória Presente”

Fonte: acervo do Projeto Memória Presente – Construindo um arquivo modernista

Sua venda logo atraiu os olhares do mercado imobiliário, que ali pretendia construir algumas torres residenciais, demolindo a casa e destruindo os jardins. Tudo isso só não foi levado a cabo por conta da articulação e da mobilização dos moradores do bairro. Em meio ao processo de redemocratização com o fim da ditadura militar, a população se articulou, tanto nas ruas quanto nos meios de comunicação, com o intuito de preservar aquele espaço que era tido como um dos poucos verdes remanescentes do bairro8. Esse capítulo da historia da Casa Modernista, portanto, é essencial porque permitiu sua sobrevida até os dias atuais. Apesar disso, não há nada na Casa que remeta a essas memórias, e a equipe educativa só pôde acessálas pelos moradores que participaram do movimento e que ainda frequentavam o espaço e por meio de uma bibliografia específica. Essa situação da Casa Modernista serviu de aditivo à inquietação do trabalho educativo no sentido de se pensar quantas estórias a Casa possuía e que, no entanto, permaneciam à margem do discurso institucional e, portanto, inacessíveis aos demais visitantes. Ademais, o educativo se perguntava o quanto que um patrimônio cultural que não se abre para as memórias e significados que provocou ou provoca pode se transformar num espaço estéril, tomado por uma simples 8

Sobre as mobilizações que permitiram a preservação da Casa Modernista, cf. ASSOCIAÇÃO MUSEU LASAR SEGALL, O Parque Modernista: uma luta comunitária. Catálogo da exposição organizada com a colaboração do Movimento Pró Parque Modernista. São Paulo: Museu Lasar Segall, 1984.

contemplação ou um voyeurismo cultural, onde o ―voyeur, com efeito, restringe sua gratificação essencialmente à visão e não se expõe, não se compromete, em suma, não muda” (MENESES, 2012, p. 28). Deste modo, por meio do Projeto Memória Presente buscava-se permitir uma reaproximação, reapropriação e ressignificação daquele bem cultural pelo público que com ele se relacionava e, com isso, ensejar uma retomada do protagonismo da Casa Modernista como espaço de memória presente, que nos remetesse tanto a estórias passadas quanto a possibilidades futuras de interação. Apresentação de abertura do “Memória Presente‖, no teatro ao ar livre da Casa Modernista, em 25 de janeiro de 2014

Fonte: acervo do Projeto Memória Presente – Construindo um arquivo modernista

Em parceria com o Circo Marambio e artistas circenses convidados, a abertura do Projeto foi pensada no intuito de construir um espaço em que memórias pudessem ser reavivadas e ressignificadas para que então, num segundo momento, elas pudessem ser coletadas e compartilhadas. Realizou-se, assim, uma apresentação circense e uma roda de conversa no jardim da Casa Modernista, rememorando as sessões teatrais e circenses que a família Warchavchik oferecia aos seus filhos e convidados no teatro ao ar livre. Foi realizada uma atividade que era típica da família, não de modo saudosista no sentido de recompor um passado que se perdera, mas no sentido de propor novas apropriações daquele lugar. Isso porque, nos idos dos anos 1930 e 1940, essas festas e apresentações eram fechadas e exclusivas para alguns seletos e/ou notórios convidados. A apresentação realizada pelo Memória Presente, ao contrário, era aberta ao público e podia ser acessada por qualquer um que quisesse acessar aquele lugar. O espaço do teatro ao ar livre, povoado de memórias do período em que a construção era habitada pela família Warchavchik, serviu, nesse sentido, como suporte de estímulo e convite para que o público também pudesse trazer suas memórias, estórias e relatos ao momento presente. À abertura, seguiu-se uma temporada de coletas, relatos, memórias e materiais que qualquer pessoa quisesse oferecer, tendo como única exigência que a

Casa Modernista estabelecesse qualquer ponto de contato com eles. Para realizar tais coletas, o educativo se deparou com uma série de limitações, as quais fortaleciam ainda mais a noção de que se tratava de um projeto-piloto e, portanto, provocador. Não havia na própria Casa Modernista um suporte físico, como um acervo, para que pudessem ser devidamente arquivados os materiais recolhidos (tanto os físicos quanto as mídias), de modo que realizar as coletas implicava também em se pensar estratégias para salvaguardar o material levantado. Ademais, alguns excessos burocráticos, como o recortado diálogo que era estabelecido entre a Secretaria Municipal de Cultura – administradora de toda a parte construída – e a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente – administradora das áreas verdes – fez com que alguns passos para a consecução do Projeto fossem mais arrastados do que se esperava. A despeito desses contratempos, foi possível contar com a participação de um público bastante diversificado, o qual pôde traduzir a multiplicidade de espaços que aquela construção ocupava no imaginário daqueles que a frequentam e/ou frequentavam. No total, foram treze pessoas que se dispuseram a compartilhar suas memórias ao longo do mês de fevereiro de 2014. Desse número estão excluídas aquelas pessoas que, a despeito de não terem compartilhado suas memórias individuais, participaram das sessões de coleta escutando os relatos que estavam sendo colocados e dialogando com eles. Por meio das coletas, foi possível acessar memórias dos meios diversos períodos vividos pela Casa. Houve relatos de moradores do bairro, que tinham memórias ou bastante recentes e atuais ou memórias que remetiam a um período posterior ao tombamento da Casa, no ano de 1984. Houve, ademais, relatos de pessoas que participaram das manifestações que culminaram com a preservação do local nos anos 1980. Ao mesmo tempo, essas pessoas disponibilizaram uma série de materiais, entre cartas, recortes de jornais, fotos, entre outros, que documentavam minuciosamente todo o movimento. Houve quem relatasse sua experiência como fruto de um vínculo de trabalho com a Modernista e quem relatasse experiências que ainda estavam relacionadas ao período em que a família Warchavchik ali habitava. Como se pode perceber, portanto, não se buscava escrever uma historia linear daquele espaço, mas antes propor a noção de que ele é construído pelas vivências e experiências que estabelecemos com ele, as quais não são articuladas em qualquer espécie de hierarquia. Dado o caráter de projeto-piloto – uma vez que o ideal seria que tais espaços de coleta pudessem compor o cotidiano daquele bem cultural, tendo em vista que ele está em constante transformação e ressignificação – o Memória Presente se colocou como uma ação provocadora, no sentido de pensar e propor novas formas de se trabalhar com arte-educação enquanto método de mediação de um bem cultural. Frutos da escuta: descobrindo a história oral Diversas foram as percepções que permearam o educativo ao longo dos trabalhos de coleta. Num primeiro momento, interessante destacar o modo como as pessoas se dispunham, ou não, a se colocar no espaço criado na Casa Modernista para que elas se abrissem. Dada a escassez de espaços como esse nos bens culturais espalhados pela cidade, não raro observava-se uma sensação de

estranhamento e euforia por parte das pessoas que tomavam conhecimento do Projeto. Tanto para a abertura do Memória Presente, como para o período de coletas, o convite feito pelo educativo se propunha o mais extenso possível. A ideia era tanto permitir a criação de novos laços com e por meio da Casa – válida para pessoas que, na abertura, frequentavam a Casa pela primeira vez –, como também se abrir para os mais diversos relatos ou memórias que tivessem qualquer ponto de contato com a Casa Modernista. Para tanto, a equipe educativa abordou os moradores do bairro em suas próprias casas para convidá-los a participarem do Projeto, levantou diversos materiais da Modernista para identificar e convidar pessoas cuja relação com ela ficou de alguma forma registrada, convidou atuais e antigos funcionários do espaço enquanto parte do acervo do Museu da Cidade de São Paulo e mesmo novos públicos que frequentaram o espaço nos períodos de divulgação. Fruto dessa abertura proposta pelo Memória Presente, o que se percebeu ao longo dos trabalhos de coleta foi a multiplicidade de espaços e significados que um patrimônio cultural pode ocupar no universo daqueles que lhe prestam valor. E conforme as sessões de coleta foram ocorrendo, o educativo pôde perceber quão valioso era aquele exercício de identificação e compartilhamento de memórias, uma vez que aquele espaço de escuta valorizava a experiência que cada um tinha para dar. Se este processo era forte para quem compartilhava as memórias e para o próprio educativo, a Casa Modernista ela mesma era dia a dia enriquecida com uma diversidade de experiências que a situavam como protagonista da história. O excerto abaixo, extraído de uma das coletas, é bastante significativo da potencialidade do processo de compartilhamento e escuta como um espaço de valorização do ser histórico e de alargamento dos valores que tradicionalmente são atribuídos a um bem cultural. Teve um momento na minha vida que aconteceu, acho que vocês talvez nem se lembrem – na época da eleição presidencial de 1989: Lula e Collor. Na época eu apoiei Lula porque eu não queria que a direita tomasse conta do Brasil. E foi aquela decepção – vocês acho que sabem o histórico do que aconteceu aquele ano. E pra esquerda, naquele momento foi um baque, um baque terrível. E ai a Casa me acolheu no meu momento de tristeza profunda. Foi uma depressão que era muito comum na época dos militantes de esquerda. Eu me lembro que eu comecei a andar por esse parque, entrei pela Casa e comecei a andar por esse parque e fui em direção às arvores e fui descendo, desnorteado, sem rumo, sem perspectiva. De repente, me deu vontade – agora não me recordo qual árvore, abracei. Comecei a abraçar uma árvore e chorei9.

Do mesmo modo, percebeu-se como a relação que a pessoa estabelece com o local pode ser definidora do tipo de memória e experiência que será consolidado. Um sintoma dessa afirmação é o fato de, a despeito dos convites, nenhum funcionário terceirizado ter se disposto a compartilhar suas memórias sobre aquele espaço, talvez porque elas poderiam ser bastante distintas daqueles que enxergavam na Casa Modernista tão somente um espaço de cultura e lazer. O silêncio dessas pessoas e, portanto, a não-coleta desses relatos insinua a fragilidade do discurso institucional, que costuma focalizar as valorações positivas 9

Coleta com Wilson Torres, em 29 de janeiro de 2014, nos fundos da Casa Modernista. Acervo do Projeto Memória Presente – Construindo um arquivo modernista.

do bem, as quais são colocadas como justificadoras de sua importância para uma coletividade. Deste modo, o discurso institucional acaba obscurecendo as outras experiências que não necessariamente contribuem para a sua conformação. O silencia observado na Casa Modernista pode ser atribuído à possibilidade que as experiências desses trabalhadores teriam de confrontar o entendimento daquele lugar como patrimônio segundo o discurso institucional. Essa reflexão dialoga com a problemática trazida pela noção de História Oral, que foi um ponto chave para o amadurecimento do Projeto. Conforme propõe Karen Worcman: Articular pessoas por meio da produção e conhecimento de suas experiências é fundamental para romper o isolamento de alguns grupos sociais e impulsionar processos de mudança das relações sociais, politicas e econômicas. Ouvir o outro é o primeiro passo para respeitá-lo. Além disso, acreditamos que a pessoa, a comunidade, o grupo que conta sua história, percebe a dimensão do que realizou e reafirma sua capacidade de decidir e participar. (WORCMAN, 2006, p. 11)

Abrir um espaço para que as pessoas compartilhem suas memórias, portanto, é projeto educativo que transcende o objetivo de se repensar e revalorar um bem cultural, porque também é um exercício que provoca no público um processo de despertar para o seu pertencimento e sua capacidade de transformação na sociedade em que vive. Identificar os fatos que constituem a memória e transformá-los em linguagem e em narrativa para expô-los é o próprio exercício de se escrever a história. Do ponto de vista do patrimônio cultural, esse processo permite um rompimento com a atitude de voyeurismo cultural, já citada, para que então o público se identifique como agente que produz história e, nesse sentido, se reaproprie e ressignifique os bens culturais que muitas vezes são impostos com valores que lhes são alheios. Este exercício pôde ser observado ao longo das coletas realizadas pelo Memória Presente. Com relação às mobilizações que ocorreram nos anos 1980 para a preservação da Casa Modernista, por exemplo, interessante observar o relato de dois moradores do bairro, no qual o Poder Público é questionado pela ausência de qualquer menção sobre o movimento nas informações institucionais espalhadas pelo local: “Acho que deve ser mencionada naquela placa que fala da Casa Modernista (...), que apareça essa informação de que em 1983 se iniciou uma campanha pra defender isso aqui, senão não tinha. E quem fez isso foi a população do bairro” 10. E, mais adiante: “Porque puseram esses totens aí que falam do Warchavchik, falam da importância da Casa, e não fala nada, mas nem uma linha, do movimento, entendeu? (...) Se está de pé é por causa do movimento e como não falam?” 11. O obscurecimento desse movimento se torna ainda mais problemático quando levado em conta o fato de que a partir dele se criou a Associação Pró Parque Modernista, que iria cuidar voluntariamente do espaço por mais de cinco anos, enquanto o imbróglio envolvendo o Estado de São Paulo e a família Warchavchik não se resolvia na justiça. O fato é que, uma vez tombada a Casa em 1984, a família sentiu-se frustrada no seu direito de vender seu bem e exigiu então 10

Coleta com Pranciskus Algimantas Zibas, em 12 de fevereiro de 2014. Acervo do Projeto Memória Presente – Construindo um arquivo modernista. 11 Coleta com Dagmar Zibas, em 12 de fevereiro de 2014. Acervo do Projeto Memória Presente – Construindo um arquivo modernista.

que a Casa fosse desapropriada pelo Estado, de modo a receber uma indenização indireta pelo ocorrido. Nesse ínterim, a Associação, por meio de um comodato com os herdeiros, tornou-se gestora da Casa e passou a organizar uma série de eventos e discussões, sempre no intuito de alcançar aquilo que considerava ser seus três principais objetivos: a preservação jurídica, a preservação física e o uso público em definitivo12. Coleta com Ayrton Camargo e Silva, em 15 de fevereiro de 2014, nos fundos da Casa Modernista

Fonte: acervo do Projeto Memória Presente – Construindo um arquivo modernista

O questionamento com relação à ausência de qualquer menção a todo esse processo, portanto, evidencia uma crítica à hierarquia que muitas vezes se estabelece com relação às informações e relatos que compõem a história de um bem cultural. Por que mencionar apenas a passagem da família Warchavchik, quando a Casa acumulou diversas outras experiências que igualmente lhe atribuíram valor e significado? Relativizar essas hierarquias é compreender que as relações que estabelecemos com o bem cultural também produzem história. E este exercício permite que as pessoas compreendam que são seres históricos e, nesse sentido, atuantes e transformadores do meio em que vivem. Do ponto de vista do cotidiano de um patrimônio cultural, isso permite que ele não fique congelado em valorações estéreis, mas que ele se atualize, ganhe novos significados – ainda que isso possa significar uma releitura dos que já existem -, ou mesmo se relativize ou desvalorize como bem cultural. Conforme colocado no início, o trabalho de mediação tem uma enorme potencialidade no sentido de permitir e provocar espaços em que possa ser desenvolvido esse exercício de pertencimento e mudança social. Esse potencial está descrito de forma bastante elucidativa a seguir: Em um mesmo grupo podem conviver vários tipos de “narrativas históricas”, mas certamente algumas “narrativas” dominam os principais meios de comunicação e transmissão de valores. Ampliar o 12

Informações detalhadas das atividades que envolveram e se seguiram às mobilizações de 1983 foram compartilhadas na coleta com Ayrton Camargo e Silva em 15 de fevereiro de 2014. Acervo do Projeto Memória Presente – Construindo um arquivo modernista.

número de “autores” da história abre espaço para a construção de múltiplas narrativas históricas e cria a possibilidade de revisão de tais valores. Nesse sentido, destacamos o potencial que a história oral tem como ferramenta de inclusão social. Fortalecer o senso de pertencimento e de autoria de cada um, somado à possibilidade de fazer-se “ouvir” é o grande sentido social que um projeto de memória pode adquirir. (WORCMAN, 2006, p. 204)

Considerando que valor é um exercício de atribuição, cabem as seguintes questões: “quem o atribui? Quem cria o valor?” (MENESES, 2012, p. 33). Ao se desenvolver a partir de noções da história oral, o Memória Presente pretendeu que o público, por meio de suas histórias e memórias, atribuísse valores à Casa Modernista. Abrir esse espaço para a escuta significava assumir o fato de que o bem abarca diversos valores, os quais não possuem hierarquia entre si e entre aqueles valores já difundidos sobre o espaço. Por fim, o exercício de atribuição de valor corresponde ao que Worcman aponta como ampliação do número de autores da historia desse patrimônio cultural, que por sua vez contribui em repertório para esses próprios autores. Tendo em vista que a mediação busca potencializar a relação do público com a obra ou com o espaço visitado, a experiência vivida no Projeto Memória Presente revela como essa vivência é rica quando se percebe o público como construtor de um arcabouço simbólico a partir da sua relação com o bem. A relevância deste Projeto está em propor a desconstrução das hierarquias dos discursos que orbitam em torno de um bem cultural. Assim, cabe ao educador estimular o público visitante a se ver e se colocar no papel de agente transformador do espaço.

Referências AGUIRRE, Imanol, Nuevas ideas de arte y cultura para nuevas perspectivas en la difusión del patrimonio, in AGUIRRE, Imanol; FONTAL, Olaia; DARRAS, Bernard; RICKENMANN, René, El acceso al patrimonio cultural. Retos y debates. Cadernos da Cátedra Jorge Oteiza: Universidade Pública de Navarra, Espanha, 2008. ASSOCIAÇÃO MUSEU LASAR SEGALL, O Parque Modernista: uma luta comunitária. Catálogo da exposição organizada com a colaboração do Movimento Pró Parque Modernista. São Paulo: Museu Lasar Segall, 1984. BRASIL, Decreto-lei n. 25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0025.htm. COUTINHO, Rejane, Vivências e experiências a partir do contato com a arte, in TOZZI, Devanil; COSTA, Marta Marques; e HONÓRIO, Thiago, Educação com arte. Ideias 31. São Paulo: Fundação para o Desenvolvimento da Educação, 2004. EMPLASA, Comunidade em debate: Patrimônio Ambiental Urbano. Centro de Documentação e Informações Técnicas, 1979. GRUNBERG, Evelina, Educação Patrimonial — Utilização dos Bens Culturais como Recursos Educacionais, in Museologia Social. Porto Alegre: Secretaria Municipal de Cultura, 2000. LIRA, José, Warchavchik: Fraturas da vanguarda. São Paulo: Cosac Naify, 2011.

MENESES, Ulpiano Bezerra de, O campo do patrimônio cultural: uma revisão de premissas, in IPHAN, I Fórum Nacional do Patrimônio Cultural: Sistema Nacional de Patrimônio Cultural: desafios, estratégias e experiências para uma nova gestão. Ouro Preto / MG, 2009. Anais, vol. 2, tomo 1. Brasília: IPHAN, 2012. MICELI, Sérgio, SPHAN: Refrigério da cultura oficial in MICELI, Sérgio, Intelectuais à brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. PAOLI, Maria Célia, Memória, história e cidadania: o direito ao passado, in DEPARTAMENTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO/ SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA, O Direito à Memória. Patrimônio histórico e cidadania. São Paulo: DPH, 1992. WORCMAN, Karen, PEREIRA, Jesus Vásquez (coords.), História falada: memória, rede e mudança social. São Paulo: SESC-SP / Museu da Pessoa / Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006.

Fontes documentais Acervo do Projeto Memória Presente – Construindo um arquivo modernista. Peças gráficas e fotos, vídeos e material recolhido entre os meses de janeiro e março de 2014.

Luciana Fortes Félix Graduada em Comunicação Integrada com habilitação em Publicidade e Propaganda pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2000-2004), especialista em Produção e Crítica Cultural pela mesma instituição. Graduanda do curso de Pedagogia em Licenciatura Plena pela Universidade de São Paulo (2014 -). Foi arte-educadora da Casa Modernista, equipamento ligado ao Museu da Cidade de São Paulo/Secretaria Municipal de Cultura, onde concebeu e desenvolveu, em conjunto com a equipe educativa, o Projeto Memória Presente – Construindo um arquivo modernista.

Vivian Legname Barbour Graduada em Direito pela Universidade de São Paulo (2007-2012) e mestranda em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo pela mesma instituição (2014-), com o apoio de Bolsa de Mestrado concedida pela FAPESP. Foi arte-educadora da Casa Modernista, equipamento ligado ao Museu da Cidade de São Paulo/Secretaria Municipal de Cultura, onde concebeu e desenvolveu, em conjunto com a equipe educativa, o Projeto Memória Presente – Construindo um arquivo modernista. Lattes: http://lattes.cnpq.br/6140056539456251.

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