Redes de Sociabilidade
DISCIPLINA: PRODUÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM AMBIENTES COLABORATIVOS Segundo semestre de 2014 DEPARTAMENTO: Organização e Tratamento da Informação Prof. Hercules Pimenta dos Santos Doutorando em Ciência da Informação ECI-UFMG
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ESTUDO DE REDES SOCIAIS
ESTUDO DE REDES SOCIAIS • Redes Complexas • interdisciplinar: matemática, física, biologia e sociologia, • refere-se a um grafo que apresenta uma estrutura topográfica (mapeamento),
composto por um conjunto de vértices (nós) que são interligados por meio de arestas, • estudo de redes na forma de grafos é um dos pilares da matemática (1735). • diversos aspectos do mundo real podem
ser representados por meio de redes complexas a partir de analogias para a resolução de problemas específicos • Vértices: cidades, pessoas, números... • Arestas: ligações entre nós, valor da ligação entre nós, distância entre nós...
ESTUDO DE REDES SOCIAIS • Redes Complexas • Ëuler: primeiro teorema da teoria dos grafos, • ajuda a compreender as propriedades dos vários tipos de grafos e como se
dava o processo de sua construção: como seus nós se agrupavam, • crucial para a compreensão das relações complexas do mundo.
Referências • Buchanan (2002) • Barabási (2003) • Watts (2003, 1999)
ESTUDO DE REDES SOCIAIS • Redes Complexas • Sociologia: teoria dos grafos é uma das bases do estudo das redes sociais, • Análise Estrutural: décadas de 60 e 70, • origem sistêmica, berço da maioria das teorias que procuram descartar o
cartesianismo da análise da parte, buscando a análise do todo, afirmando que este possui propriedades que vão além da mera soma de suas partes. Referências • Degenne e Forsé (1999) • Wellman (1998) • Scharnhorst (2003)
ESTUDO DE REDES SOCIAIS • Análise de Redes Sociais • duas grandes visões do objeto: as redes inteiras (whole networks) e as redes
personalizadas (ego-centered networks) • primeiro aspecto: relação estrutural da rede com o grupo social "As redes, de acordo com esta visão, são assinaturas de identidade social - o padrão de relações entre os indivíduos está mapeando as preferências e características dos próprios envolvidos na rede.“ (WATTS, 2003, p. 48) • segundo: foca o papel social de um indivíduo
“Compreendido não apenas através dos grupos (redes) a que ele pertence, mas igualmente, através das posições que ele tem dentro dessas redes. A diferença entre os dois focus (sic) está no corpus da análise escolhida pelo pesquisador” (RECUERO, [s.d.], p. 3).
ESTUDO DE REDES SOCIAIS • Análise de Redes Sociais • Garton et al. (1997): • foca principalmente nos padrões de relações entre as pessoas, • vai além dos atributos individuais considerando as relações entre os atores
sociais, • novas unidades de análise: • relações (caracterizadas por conteúdo, direção e força), • laços sociais (que conectam pares de atores através de uma ou mais relações), • composição do laço social (derivada dos atributos individuais dos atores envolvidos), • multiplexidade (mais relações nos laços, maior a sua multiplexidade). HS
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Análise de Redes Sociais • assim, a análise estrutural das
redes sociais foca na interação geradora das relações sociais entre os atores, que originarão as redes, • em uma rede social, as pessoas são os nós e as arestas são constituídas pelos laços gerados pela interação, • mediação virtual: observar o lugar onde essa interação acontece.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Análise de Redes Sociais: modelos de análise de redes complexas • Modelo de Redes Aleatórias • Erdös e Rényi • Modelo de Mundos Pequenos • Watts e Strogatz • O Modelo das Redes Sem Escalas • Barabási
RECUERO, Raquel, s.d.: Esses modelos seriam suficientes para dar conta do estudo das redes sociais constituídas via comunicação mediada por computador?
PERGUNTA?
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Análise de Redes Sociais: modelos de análise de redes complexas • Modelo de Redes Aleatórias • Erdös e Rényi • Modelo de Mundos Pequenos • Watts e Strogatz • O Modelo das Redes Sem Escalas • Barabási
RECUERO, Raquel, s.d.: Esses modelos seriam suficientes para dar conta do estudo das redes sociais constituídas via comunicação mediada por computador?
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Análise de Redes Sociais: modelos de análise de redes complexas • Modelo de Redes Aleatórias • Erdös e Rényi
O trabalho de Erdös e Rényi é considerado fundamentalmente importante porque foi o primeiro a relacionar grafos com redes sociais e tentar aplicar suas propriedades e características para grupos humanos (Barabási, 2003).
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Análise de Redes Sociais: modelos de análise de redes complexas • O Modelo das Redes Sem Escalas • Barabási
BARABÁSI, Albert-László. Linked. How Everything is Connected to Everything else and What it means for Business, Science and Everydai Life. Cambridge: Plume, 2003.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Análise de Redes Sociais: modelos de análise de redes complexas • Modelo de Mundos Pequenos • Watts e Strogatz
WATTS, Duncan J. Small Worlds. The dynamics of Networks between Order and Randomness. New Jersey: Princetown University Press, 1999.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Análise de Redes Sociais: aplicações, o caso do ORKUT • software, • criado por Orkut Buyukokkten: Universidade de Stantford, • Google (janeiro de 2004), • conjunto de perfis de pessoas e comunidades, • ideia de "software social", • fotos, • preferências pessoais, • listar amigos, • formar comunidades.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Análise de Redes Sociais: aplicações, o caso do ORKUT • oferece
boa visão das teorias das redes sociais, • indivíduos enquanto perfis: é possível perceber suas conexões diretas (amigos) e indiretas (amigos dos amigos), • organizações sob a forma de comunidades, • ferramentas de interação variadas: fóruns para comunidades, envio de mensagens para cada perfil, envio de mensagens para comunidades, amigos e amigos de amigos.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Análise de Redes Sociais: aplicações, o caso do ORKUT • em princípio, • parece demonstrar a existência de redes sociais amplas, • altamente conectadas, • com um grau de separação muito pequeno, exatamente como o previsto no
modelo de Watts e Strogatz, • é possível visualizar perfis de desconhecidos, • entretanto, percebe-se que a maioria das "distâncias" entre os membros do sistema é reduzida pela presença de alguns indivíduos: • "amigos de todo mundo“: hubs.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Análise de Redes Sociais: aplicações, o caso do ORKUT • "amigos de todo mundo“: hubs.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Análise de Redes Sociais: aplicações, o caso do ORKUT • modelo de Barabási apresenta alguns problemas: • todos os perfis no Orkut podem ser qualificados: sensualidade, confiança e
interesse, • quanto mais amigos, mais qualificações: interesse grande na popularidade, • nem todos esses amigos são "amigos“: “adds” sem qualquer tipo de interação, em uma relação puramente aditiva • conexões falsas: não apresentam interação social e, portanto, não são representativas no sentido de demonstrar a existência de uma rede social.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Análise de Redes Sociais: aplicações, o caso do ORKUT • modelo de Barabási apresenta alguns problemas: • conexões representam grandes nós que conectam membros de vários
grupos isolados: gera grau de separação menor entre si. • essas redes não podem ser consideradas a priori redes sociais: • porque em sua formação (ato de adicionar amigos), dispensam a interação social, já que esta não é pressuposto para o estabelecimento da conexão. • funcionam apenas como hubs no sistema do Orkut.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Análise de Redes Sociais: aplicações, o caso do ORKUT • Watts: rede sem escalas: • os laços sociais seriam tratados como independente de “custo” e, portanto,
passíveis de ser acumulados pelos hubs, • Orkut: os aparentes laços sociais se dão sem custo algum, na medida em que basta adicionar alguém, • não existe envolvimento de troca de capital social, nenhum tipo de envolvimento entre os indivíduos nesta díade, • do mesmo modo, a exclusão de amigos passa praticamente despercebida: basta deletar da lista.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Análise de Redes Sociais: aplicações, o caso do ORKUT • Watts: rede sem escalas: • muitas conexões são realizadas de modo aleatório, mas não são todas:
• muitos procuram conectar-se a seus amigos no mundo off-line. • outros tantos, apenas a pessoas bonitas, • outros, a pessoas que admirem profissionalmente...
A realidade é que nem todas as conexões são aleatórias, embora muitas delas o sejam.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Análise de Redes Sociais: aplicações, o caso do ORKUT • Modelos de análise: • Erdös e Rényi, • Watts e Strogatz, • Barabási. • são insuficientes • falham em perceber as complexidades de uma rede social na Internet, • apesar de afirmarem sua aplicabilidade para as redes sociais, não
consideram as premissas mais básicas da análise social: • que, as relações entre os indivíduos na comunicação mediada por computador não são aleatórias, • a motivação dessas conexões, • o teor das interações e laços sociais estabelecidos entre os nós, • e a influência na rede.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Análise de Redes Sociais: aplicações, o caso do ORKUT • Modelos de análise: • O modelo de Barabási, o mais mecanicista, traz um importante insight no
sentido de prever o mecanismo de construção das redes, o de "ricos mais ricos“ e a presença de conectores. Entretanto, o modelo falha • não leva em conta, por exemplo, o custo de manutenção dos laços sociais: Hubs, simplesmente acumulam laços, • desconsidera o contexto social e o capital social envolvido em cada interação, • o mecanismo de "ricos mais ricos“: falha na formação de grupos sociais na Internet, pois as pessoas procuram conectar-se a outras por motivos específicos e não simplesmente porque possuem mais conexões. INSUFICIENTES: em grande parte, devido à sua natureza matemática e pouco investigativa do teor das conexões e por não considerar a interação para a HS constituição do laço social (RECUERO, s.d.).
REDES SOCIAIS ONLINE COMO ESTRUTURAS SOCIAIS
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Redes Sociais online como estruturas sociais
A revolução não está nas redes em si, e sim nas redes sociais online, ou seja, no surgimento e apropriação dos sites de redes sociais. • modos como as pessoas se conectam, • como trocam informações por meio das conexões, • como essas trocas influenciam a sociedade • geração de sentidos diversos, • valores transformados.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Redes Sociais online como estruturas sociais
A revolução não está nas redes em si, e sim nas redes sociais online, ou seja, no surgimento e apropriação dos sites de redes sociais.
Pesquisa da década de 60 (MILGRAM, 1967) afirma que entre qualquer pessoa e outra há no máximo seis graus de separação.
Mesmo com uma distância relativamente longa, o caminho tem poucos passos.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Redes Sociais online como estruturas sociais
A revolução não está nas redes em si, e sim nas redes sociais online, ou seja, no surgimento e apropriação dos sites de redes sociais.
Uma pesquisa publicada em 2012 na Itália traz que hoje, no Facebook, esse grau cai para 4 (BACKSTROM, et al, 2012).
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Redes Sociais online como estruturas sociais • as redes sociais online e sua maior complexidade • fatores que estão sendo transformados:
• capital social, • permanência, • difusão de informações. • permite estudar, por exemplo:
• a criação das estruturas sociais, • • • •
• suas dinâmicas, a criação de capital social e sua manutenção, a emergência da cooperação e/ou da competição, as funções das estruturas sociais e, as diferenças entre os variados grupos e seu impacto nos indivíduos.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Redes Sociais online como estruturas sociais • Constituição: parte de um ponto de vista interacionista: • criar um perfil: representação individualizada, • associam-se a outras pessoas, • uso massivo: conexões associativas criam efeitos relevantes,
• fenômeno: hiperconexão,
• conexões homogêneas: pessoas parecidas, • redes caóticas: grupos heterogêneos mais próximos. • redes mais complexas que as off-line • tipos diferentes de conexões gerados por valores tácitos • popularidade, • status: intelectual, financeiro, político. • permanência • off-line: perda de laços inerente.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Redes Sociais online como estruturas sociais • conversações em rede, demandam: • interação, • concordância:
• contexto, • linguagem, • semiose:
processo de significação, produção de significados e decodificação • convenções informais são criadas: KK..., HAUHAU..., RSRS..., JAJA... • MAIÚSCULAS
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Redes Sociais online como estruturas sociais • conversações em rede, características:
• mensagens se reproduzem, • audiências invisíveis: alimenta o caos na rede social online, • milhares de pessoas falam ao mesmo tempo, sobre o mesmo assunto, • migração: diferentes redes e canais de comunicação,
• multimodalidade: leitura, escrita, oral... • nessa tecnologia: • proporciona que as informações circulem mais rápido: efeitos sociais • “eternizadas”: mantidas pela rede, • os movimentos: representam um espaço de opinião pública, • “revolução do sofá”: pessoas influenciando pessoas.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Redes Sociais online como estruturas sociais • questões emergentes, ou temas que estão se reconfigurando:
• privacidade:
• há privacidade? • nova forma de existência: exposição compulsória, • passado eternizado: printscreen = demissão. • rastros: • onde você estava...? • o que você pensava...? • como você agia...?
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Redes Sociais online como estruturas sociais • questões emergentes, ou temas que estão se reconfigurando: • excesso de informação:
• mídia tradicional: • papel de legitimar a notícia, • podemos inferir seu posicionamento diante de determinadas repercussões, • filtragem (o excesso afeta a relevância: Facebook filtra o excesso). • exposição: • ideias tácitas, • ideologias latentes.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Redes Sociais online como estruturas sociais • questões emergentes, ou temas que estão se reconfigurando: • interações mapeáveis: gerando novos efeitos
• novas esferas de opinião pública:
• novelas comentadas no momento em que estão no ar, • atuação de ministros no STF + TV pública: acessibilidade facilitada suscitando a participação. • estruturas de cobertura de eventos, • monitoramento de publicidade: • marcas, • eventos sociais. • nova dimensão do processo de comunicação humana.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Redes Sociais online como estruturas sociais • questões emergentes, ou temas que estão se reconfigurando: • nova dimensão da percepção populacional de si e do outro
• Memes: memética (DAWKINS, 1976)
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Redes Sociais online como estruturas sociais • questões emergentes, ou temas que estão se reconfigurando: • nova dimensão da percepção populacional de si e do outro
• Memes: memética (DAWKINS, 1976)
• • • •
preconceituosos, agressivos, reprodução de discursos de gênero: sexismo, machismo, formas de violência apoiadas no “humor”.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Redes Sociais online como estruturas sociais • questões emergentes, ou temas que estão se reconfigurando: • nova dimensão da percepção populacional de si e do outro
• Memes: memética (DAWKINS, 1976)
• • • •
preconceituosos, agressivos, reprodução de discursos de gênero: sexismo, machismo, formas de violência apoiadas no “humor”.
ESTUDO DE REDES SOCIAIS NA WEB • Redes Sociais online como estruturas sociais • questões emergentes, ou temas que estão se reconfigurando: • nova dimensão da percepção populacional de si e do outro
• Memes
HS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACKSTROM, Lars et al. Four Degrees of Separation. http://arxiv.org/abs/1111.4570>. Acesso em 26 set. 2014.
Cornell
University
Library,
2012.
Disponível
em
<
BARABÁSI, A. L. Linked: How everything is connected to everything else and what it means for business, science and everyday life, 2003. BUCHANAN, Mark. Nexus: Small Worlds and the Groundbreaking Theory of Networks. New York: W.W. Norton e Company, 2002. DAWKINS, Richard. The Selfish Gene. United Kingdom: Oxford University Press. 1976. 224 p. DEGENNE, Alain e FORSÉ, Michel. Introducing Social Networks. London: Sage, 1999. GARTON, Laura; HARTHORNTHWAITE, Caroline; WELLMAN, Barry. Studying Online Social Networks. Journal of Computer Mediated Communication, V 3, issue 1, 1997. MILGRAM, S. The small word problem. Psychology. Today 2, 60-67, 1967. RECUERO, Raquel C. Redes sociais na internet . Porto Alegre: Sulina, 2009. (Coleção Cibercultura) 191 p . ________Redes sociais na Internet: Considerações iniciais. Biblioteca on-line de Ciências da Comunicação, [s.d.]. Disponível em . Acesso em 20 ago. 2014. SCHARNOHORST, Andrea. Complex Networks and the Web: Insights From Nonlinear Physics. Journal of Computer Mediated Communication, V. 8, issue 4. 2003. WATTS, Duncan J. Six Degrees: The Science of a Connected Age. New York: W. W. Norton &Company, 2003. ________. Small Worlds. The dynamics of Networks between Order and Randomness. New Jersey: Princetown University Press, 1999. WELLMAN, Barry. Structural Analysis: from method and metaphor to theory and substance. In : WELLMAN B. e BERKOWITZ, S. D. Social Structures: A Network Approach. Cambridge: Cambridge Press, 1998.