REFLEXÕES SOBRE A CORUMBÁ-MS DO INÍCIO DO SÉCULO XXI

May 31, 2017 | Autor: Lisandra Lamoso | Categoria: Guerra do Paraguai, Historia Regional, Agricultura E Pecuaria, Pantanal, Mato Grosso Do Sul, Corumbá
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LAMOSO, Lisandra Pereira. Reflexões sobre a Corumbá do início do século XXI. In: MORETTI, Edvaldo Cesar; BANDUCCI JUNIOR, Álvaro. (Org.). Pantanal: territorialidades, culturas e diversidade. 1ed.Campo Grande: Editora UFMS, 2012, v. 1, p. 141-171.

REFLEXÕES SOBRE A CORUMBÁ-MS DO INÍCIO DO SÉCULO XXI1 Lisandra Pereira Lamoso Universidade Federal da Grande Dourados [email protected]

Corumbá já mereceu importantes trabalhos sobre diversos aspectos de sua formação sócio-espacial. Lembro-me que iniciei minhas leituras a respeito de Corumbá para compor o programa da disciplina Geografia do Mato Grosso do Sul2. A expressão do rebanho bovino e sua importância econômica me levaram ao trabalho “Inserção de Mato Grosso ao mercado nacional e gênese de Corumbá”, de Mamigonian (1986). Na sequência vieram historiadores, que destacavam o papel de Corumbá como núcleo comercial (SALSA CORRÊA, 1981), a ocupação da fronteira oeste (CORRÊA, 1999) e o papel dos comerciantes nas articulações econômicas (ALVES, 1985). Lembro-me de ter sido surpreendida pelo trabalho do conhecido geógrafo Orlando Valverde, sobre o planejamento do município (VALDERDE, 1972), algo que julgara inusitado para o início dos anos setenta. A aproximação com a geografia me fez deparar com as interpretações sobre o crescimento da cidade e a discussão sobre o urbano em Ito (1992) e com o doutorado de Garms (1993), com o sugestivo título “Pantanal: mito e realidade”. Em nível mais geral, em 1990, o Pantanal recebeu da Editora Ática, o título “O que é Pantanal?”, escrito por Albana Xavier Nogueira.

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Este texto é parte de pesquisa desenvolvida sobre as estruturas produtivas do Mato Grosso do Sul, com apoio financeiro do CNPq e da Fundect. 2

Disciplina ministrada no Centro Universitário de Dourados (UFMS) em 1993 e 1994.

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O início da pesquisa sobre mineração em Corumbá3 levou-me a realizar, de forma mais sistemática, uma revisão bibliográfica com o intuito de conhecer o que a literatura havia produzido sobre a atividade da mineração no espaço regional. Sobre esta atividade, apesar de escassos, alguns trabalhos já haviam sido realizados, como o de Campos (1995) e Lorenz (1990), especificamente sobre recursos minerais. Registros históricos estavam registrados em Leonardos (1957), Lisboa (1944) e vários exemplares da Revista Brasil Oeste, com artigos de Sizínio Leite da Rocha (1961) foram fundamentais para montar o “quebra-cabeça” sobre a origem da exploração mineral. Como conhecer a indústria extrativa mineral não era suficiente, sem compreender a dinâmica do processo de desenvolvimento e suas articulações em várias escalas, li Souza (s/d), que foi de extrema utilidade para contextualizar a exploração mineral e Queiroz (1997), cujo conteúdo extrapola a questão da Novoeste como meio de transporte para fazer um complexo panorama das articulações econômicas e da dinâmica regional. Da mesma forma, Oliveira (1998) descortinou a rede de fluxos que Corumbá estabelecia, em sua condição de fronteira. Para além dos aspectos históricos, sem que estes possam ser dissociados, a questão ambiental e o turismo começavam a chamar a atenção. Da revisão bibliográfica “obrigatória”, por necessidade acadêmica, passei para a fase de leituras “despreocupadas”, entre as quais Souza (2003), sobre os distritos industriais, que em um dos capítulos discute a definição de Corumbá como pólo pelo planejamento regional. Em 2004, Queiroz publicava, na forma livro, outro relevante volume de contribuições no âmbito da História Econômica. Essa sequência aleatória, embora com certa cronologia, me induziram a perceber que gradativamente os trabalhos sobre dinâmicas econômicas foram substituídos por novos olhares sobre a região, principalmente a partir do final dos anos noventa. Na Geopantanal, importante canal de divulgação da produção regional, Pereira e Paixão (1999) publicaram “Breves considerações sobre a atividade turística em Corumbá-MS”. Em 2000, Moretti defendeu a tese “Pantanal, paraíso visível e real oculto. O espaço local e o global” e outro trabalho sobre turismo em 2003, que já incluía o viés das políticas públicas na análise da atividade (MORETTI, 2003). Embora

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Pesquisas que deram origem à tese “Exploração de minério de ferro no Brasil e no Mato Grosso do Sul”, defendida em 2001 na Universidade de São Paulo, com a orientação do Prof. Armen Mamigonian.

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não tenha sido o objetivo estudar o turismo e o turista, como o autor reconhece4, esses elementos compareciam em suas investigações. Desde final dos anos setenta o turismo estava sendo implantado na região de forma sistemática, com caráter empresarial, no momento em que a pecuária reduziu sua participação econômica nas contas regionais. Segundo Banducci e Moretti (2001, p.10),

[...] a crise que naquele momento se abateu sobre a pecuária regional, praticada nos moldes tradicionais – extensiva e com baixa produtividade –, atinge diretamente a economia destes municípios, acelerando o êxodo rural e aumentando o processo de favelização das periferias das cidades localizadas no interior do Pantanal.

Esse processo teria contribuído para a expansão da atividade turística como alternativa econômica e vários trabalhos acadêmicos foram produzidos na sequência, nos quais o turismo aparecia com particular relevância, como Moretti (2001), Banducci Junior (2001), Lomba (2005) e Paixão (2006). Turismo e favelização foram componentes determinantes para que a exploração sexual e comercial de crianças e adolescentes fosse pauta também da academia, no trabalho de Silva et al. (2005). Lomba caracterizou a relação entre turismo e exploração sexual da seguinte forma:

A demanda turística é eminentemente masculina formada, principalmente, por empresários de grandes centros urbanos brasileiros, com um padrão financeiro superior ao da grande maioria da população brasileira e, ainda, detendo traços culturais machistas e sexistas. O turismo de pesca que procura Corumbá encontra na população socialmente excluída, as condições de oferta propícias para incluir em seus pacotes turísticos o consumo de sexo, dentro de condições mercantilistas, buscando nos indivíduos mais jovens, crianças e adolescentes, em sua maioria do sexo feminino, a possibilidade de poder realizar suas fantasias sexuais, mediante a exploração sexual disfarçada em simples atividade de lazer pesqueiro. (LOMBA, 2005, pp.118-90).

À medida que o turismo expandia seu espaço na pauta, os novos olhares se voltavam para a cultura pantaneira (NOGUEIRA, 2002), os novos saberes (REIS, 2004; GIRARD & VARGAS, 2008) e a questão da sustentabilidade (CASTELNOU et. al, 2003). Corumbá também foi recorte espacial para uma discussão sobre aspectos da 4

Palestra sobre “Turismo e Ambiente” durante a Semana do Geógrafo, na UFGD em 26 de maio de 2009

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educação formal (BRITO, 2001) e para a discussão de práticas políticas (SABOYA FILHO, 2004). Os trabalhos no âmbito da Geografia e Meio Ambiente (ou Geografía Física) foram inúmeros. Há que se destacar as contribuições de Sakamoto (2009 e 2008), obras a partir das quais é possível retirar extensas referências bibliográficas. Em 2006, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi defendida a tese “Pantanal: um espaço em transformação”, por Ana Paula Correia Araújo. Araújo (2006 e 2003) apresenta uma análise pouco tradicional que teve o objetivo de ressaltar como teria sido rompido o processo de isolamento regional com a revalorização produtiva da tradicional atividade da pecuária e da expansão do turismo, nas modalidades do turismo ecológico e rural5. Entre vários trabalhos, a tese de Pereira (2007), com orientação do Prof. Eduardo Abdo Yágizi foi significativo para a reflexão sobre o que foi feito com a arquitetura e com o patrimônio ambiental urbano da cidade de Corumbá. As ilustrações contidas da tese expõem o desejo de uma modernidade pastiche, de imitação servil, de identidades sobrepostas, indiferentes ao processo histórico, materializadas nas formas, ruas e fachadas. Os trabalhos acadêmicos, ao estarem em sintonia com as pautas do concreto, vão apresentando por si, a evolução de conflitos e as dinâmicas relações socioespaciais deles derivadas. Após as investigações de caráter histórico (que principalmente ressaltaram as dinâmicas produtivas com destaque para o comércio e a extração mineral), vieram textos sobre a atividade turística, a cultura e novos saberes e mais recentemente começaram a surgir trabalhos interessados na condição de fronteira como forma de integração, principalmente através da relação existente entre as cidades gêmeas Corumbá – Puerto Quijarro – Puerto Suares (OLIVEIRA, 2009) e a relação imigrantes/fronteiras (MACHADO DE OLIVEIRA, 2005 e 2009). A recomendação, pela Capes, do Mestrado em Geografia da Universidade Federal da Grande Dourados, em 2006, com área de concentração “Produção do Espaço Regional e Fronteira” e a recomendação em 2008 do Mestrado Interdisciplinar em “Estudos Fronteiriços”, sediado no Campus do Pantanal, da Universidade Federal de

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É necessário registrar que o Pantanal está dividido em onze subregiões: Barão do Melgaço, Cáceres e Poconé, no estado de Mato Grosso; Abobral, Miranda, Aquidauana, Porto Murtinho, Nabileque, Paraguai, Paiaguás e Nhecolândia, no estado de Mato Grosso do Sul e a autora se dedica à porção sul-matogrossulense, o que já comporta processos heterogêneos e complexos e possibilita diversas leituras.

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Mato Grosso do Sul tendem a ser indutores das pesquisas sobre fronteiras e suas diversas implicações. Eventos organizados no Estado de Mato Grosso do Sul também são exemplos das tendências acadêmicas para novas pesquisas. Já foi organizado o Seminário de Estudos Fronteiriços (Corumbá), o Seminário Regional Território, Fronteira e Cultura (Dourados) além de duas edições do Seminário Internacional da América Platina (Campo Grande) até a data de 2009. Esse conjunto possibilita um acúmulo (logicamente sempre insuficiente) sobre a formação sócio-espacial do Pantanal (e de Corumbá). Nesse texto, pretendo continuar na trajetória de compreender Corumbá e para isso estabeleço um recorte temporal que contempla os primeiros anos do século XXI. O recorte temporal não pretende delimitar os eventos, visto que sobre o período incidem os pretéritos e os futuros intencionais, mas propiciar uma definição para fins analíticos. Reconhecendo minhas limitações teóricas e empíricas, darei prioridade, a três elementos que considero relevantes para a formação da economia regional, sem excluir a leitura das demais escalas.

À margem direita do Rio Paraguai Corumbá é o maior município em extensão territorial do Mato Grosso do Sul, com 64.961 km2, a 118 metros de altitude e distante 434 importantes quilômetros da capital6, o que, sem reduzir polarização à questão da distância física, de certa forma lhe possibilita um dinamismo peculiar. Apesar de eficácia duvidosa para a compreensão das formações sociais, os tradicionais indicadores econômicos serão utilizados, neste texto, para apresentar um panorama da economia corumbaense e possibilitar elementos para uma reflexão sobre sua dinâmica produtiva. Para termos algumas referências, além de Corumbá serão, também, apresentados dados de outros municípios do estado. Parece haver um relativo consenso de que a economia corumbaense é baseada na pecuária extensiva. Isso pode ser comprovado quando temos o valor

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O adjetivo “importantes” foi utilizado com a intenção de sublinhar que a distância entre Corumbá e a capital Campo Grande lhe conferiu, historicamente, uma relativa autonomia nas relações mercantis. Isso não significa que o movimento de polarização possa ser reduzido à escala geométrica das distâncias.

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adicionado7 na agropecuária e consideramos que não há forte base agrícola no município. No conjunto de municípios de Mato Grosso do Sul, Corumbá apresentou, em 2007, o maior valor adicionado na agropecuária, seguido por Ribas do Rio Pardo e Maracaju (ver Quadro 1).

Quadro 1

Municípios de maior valor adicionado na agropecuária em 2007

Ordem 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

MUNICIPIO Corumbá Ribas do Rio Pardo Rio Brilhante Maracaju Três Lagoas Sidrolândia Campo Grande Nova Andradina Água Clara Santa Rita do Pardo Brasilândia Aquidauana Costa Rica Dourados

Fonte: IBGE,

Valor adicionado (em mil reais) 166.169 112.846 107.156 107.452 86.379 74.240 73.389 74.050 73.041 68.043 62.956 62.838 63.394 63.216 Organizado pela autora

Corumbá supera em muito o segundo colocado, Ribas do Rio Pardo. Rio Brilhante, que também é um município no qual a pecuária é expressiva, está gradativamente sendo inserindo na economia industrial através da implantação de empreendimentos do setor de açúcar e álcool, com a instalação das usinas Rio Brilhante e Usina Passatempo, da Louis Dreyfuss. Quanto ao valor adicionado na indústria (ver Quadro 2), Três Lagoas tem confirmado seu processo de expansão industrial e Dourados se apresenta na terceira colocação no ranking do estado, o que contradiz com o discurso que paira no senso comum de que “a cidade não tem indústrias”. Em Dourados, o porte dos 7

Valor adicionado é o que cada atividade acrescenta aos bens e serviços consumidos no seu processo produtivo. O dado permite medir o valor criado por um setor da economia e a sua contribuição na formação do Produto Interno Bruto (PIB).

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estabelecimentos é menor e quanto mais moderno, menos empregos diretos são criados, o que oferece uma impressão de fraca industrialização. Corumbá é o quarto no ranking estadual, o que também desfaz o mito de que na planície do Pantanal tem presença apenas a pecuária extensiva.

Quadro 2 Municípios de maior valor adicionado na indústria em 2007 Ordem 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

MUNICIPIO Campo Grande Três Lagoas Dourados Corumbá Nova Andradina Naviraí Bataguassu Sidrolância Ribas do Rio Pardo Ponta Porã

Fonte: IBGE,

Valor adicionado (em mil reais) 1.219.480 380.747 324.130 204.955 179.033 145.052 121.559 93.449 75.029 68.020 Organizado pela autora

Nos serviços, Dourados permanece na segunda posição, confirmando sua condição de centralidade no oferecimento de extensa rede de serviços, principalmente de saúde e educação, para a população da porção sul do estado. Corumbá aparece em terceiro lugar, antes de Três Lagoas, superando em mais que o dobro do valor adicionado (ver Quadro 3).

Quadro 3 Ordem 1 2 3 4 5 6

Municípios de maior valor adicionado nos serviços em 2007 MUNICIPIO Campo Grande Dourados Corumbá Três Lagoas Ponta Porã Maracaju

Valor adicionado (em mil reais) 5.112.485 1.262.756 1.154.624 560.674 315.031 252.483 147

7 8 9 10

Nova Andradina Naviraí Paranaíba Ponta Porã

242.909 240.033 204.736 68.020

Fonte: IBGE,

Organizado pela autora

O conjunto das atividades econômicas, analisados em termos de finanças municipais, resulta em uma terceira posição para Corumbá, no conjunto dos 78 municípios do estado (ver Quadro 4). A arrecadação de impostos encontra em Campo Grande, sua supremacia de capital e centro de aglomeração, seguido por Dourados, com arrecadação na casa dos 38 milhões anuais e Corumbá, na casa dos 21 milhões. Na cota que cabe ao município na arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Corumbá apresenta a segunda maior arrecadação do estado, superando Dourados. Sem estudos detalhados não é possível mensurar, mas os efeitos da desoneração das exportações, impostos pela Lei Kandir repercutem nesse demonstrativo.

Quadro 4 Demonstrativo da arrecadação de impostos com destaque para o ICMS -2007 MUNICIPIO Campo Grande Dourados Corumbá Três Lagoas Ponta Porã Aquidauana Nova Andradina Naviraí Paranaíba

População 724.638,00 182.747,00 96.343,00 85.376,00 72.206,00 44.904,00 43.508,00 43.404,00 38.692,00

Fonte: Tesouro Nacional, 2009

Impostos 208.416.850,60 38.351.217,20 21.420.794,93 17.175.478,56 6.814.700,66 2.481.660,07 4.581.894,49 7.442.382,32 5.535.537,20

Cota ICMS 185.317.319,50 55.737.737,18 70.098.263,29 40.743.557,16 17.948.874,24 10.056.548,97 14.180.904,36 17.889.866,11 10.248.814,18 Organizado pela autora

No demonstrativo do balanço orçamentário de 2007 é interessante notar que a capital apresenta um déficit de quase vinte milhões de reais. Corumbá, Três Lagoas e Naviraí estão na condição mais confortável quanto a recursos para investimentos (ver Quadro 5).

Quadro 5

Demonstrativo de balanço orçamentário - 2007 148

MUNICIPIOS Campo Grande Dourados Corumbá Três Lagoas Ponta Porã Aquidauana Nova Andradina Naviraí Paranaíba

Despesas Orçamentárias 1.090.772.607,00 241.131.789,10 150.656.136,40 125.629.414,10 80.394.079,93 46.279.908,03 30.356.630,94 59.761.328,55 46.322.650,99

Receita Orçamentária 1.071.063.446,00 243.607.793,70 161.616.232,30 135.806.727,30 82.007.862,15 47.753.269,34 38.501.789,11 69.900.497,86 47.602.325,67

Fonte: Tesouro Nacional, 2009

Superávit ou défict -19.709.160,87 2.476.004,60 10.960.095,90 10.177.313,19 1.613.782,22 1.473.361,31 8.145.158,17 10.139.169,31 1.279.674,68 Organizado pela autora

O Produto Interno Bruto (PIB) é uma abstração quando transformado em PIB per capita, dada a concentração de renda que a média numérica tende a mascarar, mas é um importante indicador macroeconômico, pois demonstra a expressão numérica do processo de geração de riquezas (produção de bens e serviços) pelos diversos setores, durante um período de tempo. O Quadro 6 apresenta a evolução do PIB a preço de mercado corrente.

Evolução do Produto Interno Bruto (em mil reais)

Quadro 6 MUNICÍPIOS Campo Grande Dourados Corumbá Três Lagoas Ponta Porã

2001

2002

2003

2004

2005

2006

3.847.087

4.150.664

5 503 541

6 364 572

6 945 587

7 839 567

1.080.750

1.175.954

1 749 575

1 846 767

1 807 455

1 930 401

597.766

704.930

1 156 490

1 267 906

1 484 782

1 973 945

615.556

695.416

792 392

998 969

1 025 512

1 167 816

341.124

430.035

537 646

504 745

501 404

504 810

Fonte: IBGE, 2009

Organizado pela autora

Desde 2001 há uma evolução positiva do PIB nos principais municípios do estado. As crises são pontuais em determinados setores, mas não atingem significativamente o valor total da riqueza produzida. Setores do agronegócio, como a carne bovina, tiveram problemas com foco de febre aftosa, a safra de grãos foi atingida pelo período prolongado de estiagem no sul do estado e os efeitos da crise financeira internacional ainda não tiveram seus dados disponibilizados pelo IBGE. Mas mesmo esse conjunto não foi capaz de alterar uma tendência de incremento do PIB municipal nos municípios apresentados. Corumbá, em 2006, superou o PIB de Dourados, que há vários anos apresentava-se com folgada superioridade. Em 2001 foi quase o dobro. Se considerarmos que a atividade 149

pecuária manteve, em Corumbá, seu ritmo histórico, sem maiores alterações ou significativas mudanças produtivas, a aceleração na formação do PIB pode ser creditada à indústria, em particular aos investimentos na cadeia mínero-siderúrgica. Disto deduzo que a valorização do minério de ferro no mercado internacional é um vetor incidente na economia de Corumbá. Esse impacto significativo demonstrará sua face mais cruel nos períodos de queda da demanda internacional e retração de investimentos. Dados posteriores a 2006 poderão apresentar a medida da interferência da exploração mineral no PIB do município. A Figura 1 foi organizada para demonstrar a evolução do PIB dos quatro principais municípios do estado. O demonstrativo exclui Campo Grande, por considerar que este apresenta uma situação bastante diferenciada dos demais. A inflexão entre 2004 e 2005, para Dourados, foi devido à crise na agropecuária. Três Lagoas manteve seu ritmo de crescimento e Ponta Porã apresentou um preocupante quadro de estabilidade.

Figura 1

Fonte: IBGE, 2009

Organizado pela autora

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É sempre possível que os dados econômicos conflitem com a qualidade de vida das pessoas que moram nos município, nos lugares do acontecer. Há correntes que dissociam crescimento econômico de desenvolvimento econômico, embora eu pessoalmente seja adepta de que o segundo não ocorre sem o primeiro. Para isso, as estatísticas avançaram na contribuição da leitura da qualidade de vida possível com dado crescimento econômicos, e o Índice de Desenvolvimento Humano8 é um desses instrumentos que permitem uma mensuração “mais social”. Ele parte do pressuposto de que para aferir o avanço do desenvolvimento humano não se deve considerar apenas a dimensão econômica, mas também outras características sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida. A Figura 2 e o Quadro 7 foram organizadas de forma seletiva,

exclusivamente para os objetivos deste texto. A evolução do Indice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) apresenta dados positivos para o período de 1991 a 2000 para todos os municípios listados. Foram selecionados os 15 melhores IDHM de Mato Grosso do Sul no ano 2000. No conjunto dos 78 municípios, o melhor IDHM é de Campo Grande, seguido em ordem decrescente por: São Gabriel do Oeste, Costa Rica, Dourados, Nova Andradina, Três Lagoas, Maracaju, Coxim, Ponta Porã, Cassilândia, Ladário, Jardim, Inocência, Paranaíba e Corumbá, na 15 posição9.

Figura 2

8

O IDH foi criado por Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sem, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1998. O IDH pretende ser uma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano. Não abrange todos os aspectos de desenvolvimento e não é uma representação da "felicidade" das pessoas, nem indica "o melhor lugar no mundo para se viver". Além de computar o PIB per capita, depois de corrigí-lo pelo poder de compra da moeda de cada país, o IDH também leva em conta dois outros componentes: a longevidade e a educação. Para aferir a longevidade, o indicador utiliza números de expectativa de vida ao nascer. O item educação é avaliado pelo índice de analfabetismo e pela taxa de matrícula em todos os níveis de ensino. A renda é mensurada pelo PIB per capita, em dólar PPC (Paridade do Poder de Compra, que elimina as diferenças de custo de vida entre os países). Essas três dimensões têm a mesma importância no índice, que varia de zero a um. (PNUD, 2009). 9

A título de curiosidade, o melhor IDHM do país pertence a São Caetano do Sul, com 0,919.

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Fonte: PNUD, 2009

Organizado pela autora

O Quadro 7 reúne apenas os cinco municípios, com detalhes da composição do IDHM: Renda, Longevidade e Educação.

Quadro 7 Composição do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) por município (1991 e 2000) Município

Campo Grande Dourados Três Lagoas Ponta Porã Corumbá Fonte: PNUD, 2009

IDHMRenda, 1991

0,737 0,675 0,664 0,697 0,647

IDHMRenda, 2000

0,771 0,729 0,719 0,694 0,678

IDHMIDHMIDHMIDHMLongevidade, Longevidade, Educação, Educação, 1991 2000 1991 2000

0,717 0,713 0,670 0,736 0,711

0,757 0,758 0,763 0,774 0,773

0,857 0,815 0,789 0,808 0,812

0,915 0,878 0,869 0,872 0,862

Organizado pela autora

Os índices são igualmente bastante satisfatórios para o município de Corumbá. Nos três quesitos houve melhora no período considerado. Após esse breve panorama com alguns dados sobre a distribuição da produção da riqueza oficialmente (e tradicionalmente) mensurada, sobre a composição das contas municipais e como isso está refletido no IDH, faremos um recorte sobre três aspectos que ajudam a compreender a dinâmica produtiva municipal: o Rio Paraguai, a 152

pecuária e a mineração. Embora separados para efeito de apresentação, não há como dissociar que mantém entre si profundas interações.

Corumbá e o Rio Paraguai - o mito da fluidez

Em Corumbá, o Rio Paraguai é mais que aparelho de logística. Tem uma carga simbólica herdada dos tempos da navegação colonizadora. Se foi através rio que Corumbá se conectou com pontos distantes do território o que, de certa forma, lhe rendeu um caráter “cosmopolita”, é pelo rio que se cria a expectativa de elaborar a retomada de um novo processo de expansão e crescimento econômico. A histórica carga simbólica provoca a impressão que estar à margem do rio significa uma vantagem comparativa automática, o que a economia não tem confirmado. No início do processo de povoamento, o rio

[...] conferiu o papel de centralidade econômica desempenhado por Corumbá dentro da região mais dinâmica de Mato Grosso – aquela articulada pela rede de drenagem do Alto Paraguai – face a sua localização estratégica, rendeu-lhe uma produção material que testemunha a correlação cidade-rio, observável também em demais aspectos de sua realidade urbana (PEREIRA, 2007, p.56).

Esses aspectos são explorados por Pereira (2007), que analisou o rio no contexto histórico do desenvolvimento urbano, seu papel na importância do turismo, como “ideal coletivo à formulação da visão de futuro”, como referência urbanística, na dimensão simbólica, enquanto identidade. [...] como elemento à formulação do ideal coletivo, o rio antecipa da realidade presente e se apresenta como componente determinante de aspirações futuras, induzindo, de certa forma, a mobilização da cidade nessa direção. Apresenta-se assim, em toda extensão de sua dimensão temporal, o rio coloca-se como o passado, o presente e o porvir da cidade.

É sobre esse “porvir” que pretendo refletir, considerando que o passado me é útil como condição para o futuro. Embora não ignore toda a dimensão simbólica estudada

por

outros

autores

com

maior

competência,

reduzirei

o

Rio,

premeditadamente, à dimensão material, como funcionalidade logística, para a circulação de mercadorias, inequivocadamente, uma de suas importantes funções. 153

No atual período, o Rio Paraguai nem sempre atende à necessidade técnica das empresas. Estas exigem velocidade, fluidez e sintonia entre produção-transporteentrega e essa equação não é a mesma do ritmo fluvial (ainda). A existência de um rio, por si só é um fato natural, diferente da existência de uma hidrovia, que é uma construção artificial. O rio tem um ritmo natural dado pelo clima, pela sua conformação física, pela topografia, pelo uso pretérito que já fizeram dele, enfim por um conjunto de condições que nem sempre respondem satisfatoriamente aos operadores logísticos. Isso atinge em particular a atividade mineral, que utiliza o rio para ter acesso ao mercado externo. Há uma expectativa elevada em torno do papel do Rio Paraguai como elemento dinamizador da economia, como meio para circulação de mercadorias e estreitamento das relações comerciais com o Mercosul. Já foi apontada por farta literatura a importância que exerceu em tempos passados, mas há que se pensar em novos termos, o papel que o rio pode exercer em cada período histórico. Esse papel não deve ser reduzido ao seu curso e à geometria das distâncias, pois estas não são absolutas aliás, como nada no espaço. As distâncias são dados relativos. Os lugares e seus fixos continuam na mesma posição, mas diferentes distâncias passam a existir entre eles, tornando-os mais próximos ou mais distantes de cada empresa, instituição ou indivíduo conforme a velocidade com a qual cada um cria seus fluxos entre esses mesmos lugares, o que depende dos diferentes tipos e qualidades de sistemas de engenharia disponíveis, das normas e da capacidade que cada um tem para deles fazer isso (WHITHEAD, 1994, p. 126-7).

Aproveito Whithead para considerar que no atual período, os volumes (de carga, principalmente de minérios) a serem transportados são significativamente maiores que aqueles dos anos setenta. A logística requer barcaças mais carregadas, maior comprimento dos comboios e maior velocidade da navegação. Isso não é possível nos “períodos de seca” no Pantanal, por isso as empresas tiveram que adaptar seus estoques, seu ritmo de produção e o fechamento dos contratos, ao ritmo dado pelo rio. Mas isso não é feito de forma subordinada. A cada valorização das commodities (minério de ferro e manganês), maior progresso técnico é incorporado no sistema de transporte (tipo das embarcações, GPS, batimetria, sinalização, comunicação via satélite, hélices etc). O progresso técnico não é incorporado automaticamente. Duas dimensões tem favorecido isso: a tecnologia teve o preço reduzido e propostas que 154

transferiam para o rio a responsabilidade de maior fluidez foram abortadas juridicamente, após articulações e resistências políticas (aquelas propostas de retilinização, dragagem). Em síntese, o rio não atende aos interesses das empresas, mas como a produção da mercadoria não pode ser transferida para outro lugar (essa é a fixidez da extração mineral, que apenas pode ocorrer onde o minério está), sempre que o preço for capaz de remunerar o investimento, o progresso tecnológico será incorporado ao sistema logístico. Só assim a fluidez pode deixar de ser um mito, uma virtualidade, para se concretizar e ela o faz pela via da incorporação do progresso técnico. A navegação pelo rio se concretiza quando há demanda. A existência do rio, ou estar às margens dele não significa absolutamente nada para a economia municipal, do ponto de vista econômico, bem entendido. Parece haver consenso de que as hidrovias são necessárias e devem ser construídas politicamente como mais uma alternativa para o transporte de cargas a granel, principalmente commodities. O que por vezes passa desapercebido é que a viabilidade econômica da hidrovia depende de condições de multimodalidade, pois o rio tem seu curso e não passa de “porta-em-porta” como o caminhão baú. A hidrovia se constitui como alternativa na medida em que as rodovias ou ferrovias (ou ambas), cheguem até os portos fluviais, em um eficiente sistema de embarque e desembarque. Essa não é a condição da Hidrovia do Rio Paraguai, pelo menos não completamente. O rio passa pela planície de forma meândrica, em área de pouca densidade rodoviária (para o bem e para o mal...). A ausência da rede rodoviária de certa forma preserva o ambiente do fluxo do tráfego, da velocidade, da poluição, do adensamento construtivo e do próprio processo de especulação no uso da terra. Concomitantemente, reduz a acessibilidade do transporte de cargas. Pires (2000, p.62), investigou a infraestrutura de transporte e o desenvolvimento agrícola na região Centro-oeste e registrou, em referência à Hidrovia Paraguai-Paraná, que a movimentação de mercadorias pela mesma é fraca, pouco diversificada, havendo somente transporte de minérios, manganês, trigo, madeira e grãos. O autor apresentou a seguinte proposta:

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Se não houver um maior empenho tanto dos agentes públicos como de privados, a hidrovia não se tornará uma alternativa ao transporte rodoviário, visto que existe a necessidade de realização de investimentos para que o fluxo de mercadorias seja mais dinâmico fortalecendo, assim, as vantagens que essa região tem vis-à-vis a outras referentes ao menor preço das matérias-primas para as agroindústrias processadoras de grãos e carnes. (PIRES, 2000, p.62)

Em outro trabalho sobre transportes, Gonçalves (2008) regionalizou o estado em pólos de produção e industrialização, definindo dez pólos: 1) Campo Grande, 2) Dourados, 3) Naviraí, 4) Três Lagoas, 5) Chapadão do Sul, 6) Corumbá, 7) Porto Murtinho, 8) Jardim, 9) São Gabriel do Oeste e 10) Nova Andradina, e os três modais de transporte, com todo seu aparato técnico, de portos e estações. Para o escoamento da produção de soja da região norte do estado, sinteticamente, suas conclusões são as seguintes: a produção do pólo Chapadão do Sul segue com vantagem pelo percurso: Chapadão do Sul – Três Lagoas (rodoviário) para Três Lagoas – Pederneiras (hidroviário) e Pederneiras – Santos (ferroviário). A hipótese de escoar por Porto Murtinho implica em frete de retorno para o transporte rodoviário e também uma análise do mercado de destino e seus custos totais. Para Ásia, há uma redução do trajeto e para os tradicionais mercado norte-americano e europeu, a distância é maior. Em ambos os casos há que calcular o preço do frete marítimo de Nueva Palmira em diante. Do pólo Campo Grande, a rota mais econômica é Campo Grande – Porto Murtinho (rodoviário), Porto Murtinho – Nueva Palmira (hidroviário). Campo Grande – Corumbá – Nueva Palmira é o segundo custo mais econômico para o escoamento. Para o Pólo de Dourados, o menor curso de transporte é para Dourados – Porto Murtinho (rodoviário), Porto Murtinho – Nueva Palmira (hidroviário), para o transporte da soja. Para o escoamento do minério, a circulação Corumbá – Nueva Palmira supera qualquer possibilidade de simulação alternativa. Em suas conclusões, Gonçalves (2008, p. 98) registra a pouca interferência dos cenários de remuneração de retorno para o modal rodoviário; o predomínio do modal hidroviário como menor custo total para a movimentação de cargas de quatro pólos do estado; a necessidade de melhor aparelhar Porto Murtinho e sobre Corumbá, o autor recomenda uma reestruturação do Terminal de Porto Esperança para funcionar como um Terminal rodo-ferro-hidroviário. Sua análise é de que isso reduziria ainda 156

mais o custo de transporte, já que a maioria das cargas embarcadas na Ferrovia Novoeste (ALL) se concentra em Corumbá, porto que representa um acréscimo de 141 quilômetros na rota entre Nueva Palmira, em relação a Porto Esperança (GONÇALVES, 2008, p. 98). Em síntese, o rio é útil, sair por Corumbá, não. O trabalho de Gonçalves apresenta simulações e cenários, o que não implica que mudanças nas variáveis determinadas pela política ou pela economia, não possam alterar suas conclusões, mas os resultados são bastante indicativos do papel secundário que Corumbá tem para o transporte de grãos do estado. Corumbá é um ponto importante, nesse período, para o escoamento da produção mineral, e talvez a siderúrgica. Não é pouca coisa, mas não significa que a Hidrovia do Paraguai seja um fator de impulso ao desenvolvimento econômico diversificado. Ela é funcional para a atividade mineral e para os demais setores, ainda trata-se de uma virtualidade.

O atraso? A decadência?A pecuária em Corumbá

Sobre a pecuária, pesa a crítica de que tem sido realizada de forma extensiva, com animais criados soltos e pouca interferência humana. Embora correta, falta à crítica o reconhecimento de que esse é um sistema adaptado às condições naturais. São os “saberes do fazendeiro”, cuja diferença para as demais classes está em seu poder de acumular riqueza mesmo valendo-se de práticas centenárias. As condições no Pantanal são propícias para a prática de cria e venda de bezerros. Não se pode afirmar que este sistema não seja competitivo, de baixo nível tecnológico ou alcance baixa produtividade. Quando se afirma isso, se compara modelos incomparáveis, pois para cada manejo e para cada lugar, há especificidades ambientais e econômicas. A produtividade das fazendas do Pantanal deve ser comparada entre elas. Para a Zootecnia ou para a Economia, números são números e são comparáveis. Para a Geografia, produtividade implica em um conjunto de condições, mudou o espaço, alteram-se todos os parâmetros de comparação. Espaços diferentes comportam produtividades espaciais diferentes e tal reflete na produção. As chamadas “crises na pecuária” em Corumbá ocorrem em função de preços, concorrência e adversidades climáticas. A Figura 3 apresenta a variação do efetivo do rebanho bovino em Corumbá, de 1979 a 2007. Em 1979, o efetivo era de 157

2.020.320 milhões de cabeças. O menor valor foi alcançado em 1989, com 1.241.959 milhão de cabeças. Em 2007 foi 1.811.254 milhão de cabeças, o que mantém uma média histórica de, aproximadamente, 1.600.000 cabeças. É possível supor que a elevação da média, a partir do início do século XXI, foi propiciada pelas iniciativas de manejo, melhoramento genético e cuidado com as condições sanitárias. A queda em 1989, que serviu para abrir espaço para o turismo, foi uma queda cíclica, que naquele período encontrou uma atividade que já se expandia em várias partes do país e do mundo, como parte do processo de mercantilização da natureza.

Figura 3

Fonte: IBGE, 2009

Organizado pela autora

As oscilações são chamadas de “ciclo pecuário”. Garcia (1985) afirma que o abate de fêmeas aptas para a cria, além dos limites naturais determinados pelo descarte (acima de 25%), descompensa a composição do rebanho, provoca o aumento da oferta e o declínio nos preços do gado, gerando desestímulo da cria. A redução nos nascimentos reverte a fase de declínio nos preços. [...] na fase crescente dos preços de 1970/73 houve fartura do crédito, que contribuiu para a ampliação do capital reprodutivo (retenção de matrizes); o excessivo endividamento na fase eufórica dos preços, além de retrair a oferta, provocou certo alargamento horizontal do 158

ciclo pecuário. Com a fase de declínio dos preços após 1974, acompanhada do reintegro do crédito, nem sempre convenientemente aplicado, desencadeou-se uma série de efeitos desestabilizadores no rebanho. (...). É claro que o aumento da produção decorreu da intensificação do abate de matrizes, em resposta ao declínio dos preços. (GARCIA, 1985, p.12)

Nos anos de 1982, 1988 e 1995 foram registradas três, das quatro maiores cheias na região (ARAÚJO, 2006). Esse conjunto de fatores provocou uma descapitalização, embora a mesma não tenha sido significativa para alterar a representação de poder da classe dos fazendeiros, na política regional. Associar a pecuária tradicional ao conservadorismo latifundiário do fazendeiro pantaneiro pareceme um equívoco técnico e político. Tecnicamente, já foi constatado que o pecuarista do Pantanal responde significativamente aos estímulos de mercado, com ajustamentos simultâneos da produção, aos níveis de preços e às condições naturais da região, sendo que os estímulos de mercado poderão ter sua resposta observada com certa defasagem em relação a outros centros pecuários do País (GARCIA, 1981, p.21). Politicamente, a

manutenção de forças retrógradas aos avanços sociais transformadores e solidários não é atraso da classe dos fazendeiros. Os atrasados somos nós, que não conseguimos ainda construir um projeto político-econômico para se contrapor às condições de apropriação desigual e conservadora. A pecuária regional é uma atividade rentista e patrimonialista. Ela concentra renda, imobiliza pouco ou nada nas estruturas produtivas regionais e assim tende a continuar, se não foram criadas condições objetivas de alteração desse quadro. A ideologia move montanhas, mas esta ainda não existe enquanto força de tamanha envergadura, para se contrapor às relações de poder centenariamente estabelecidas.

A mineração faz qual diferença?

O valor da mineração para a geoeconomia de Corumbá não é absoluto. É um valor relativo e relativizado de acordo com o período histórico e a conjuntura econômica (nacional e internacional). Em trabalho publicado em 2003, realizei uma tentativa de periodização que pretende demonstrar como os eventos externos influem como vetores ora de modernização e expansão da atividade mineral, ora de retração de investimentos, 159

concentração de empresas e redução da lavra (LAMOSO, 2003). Em 2007, esta proposta foi aprofundada e discuto a inserção produtiva de Corumbá no mercado internacional a partir da mineração de ferro e manganês (LAMOSO, 2007). Mantendo o mesmo princípio, a questão é que a mineração faz diferença para o processo de desenvolvimento regional, mas o faz de forma qualitativamente diferenciada, que só pode ser compreendida se tomamos Corumbá como parte do todo e entendemos a lógica da valorização econômica internacional e as oscilações do processo de industrialização brasileiro. Os últimos dados do Tesouro Nacional acusaram dois recebimentos da cota da Contribuição Financeira sobre Exploração Mineral (CFEM), que cabe ao município, por conta da exploração de minério em seu território. Em 2002 a Prefeitura recebeu 1.421.619,31 reais e em 2007, a quantia de 2.741.748,15. São valores expressivos, mas não são regulares. A administração pública não pode contar regularmente com valores fixos no recebimento da CFEM. O ICMS arrecadado sofre com a Lei Kandir10 e restam outros tributos, da imensa cadeia tributária, que contribuem com as contas municipais. A utilização da receita arrecadada direta ou indiretamente com a atividade mineral fica a cargo do poder público. Não há uma relação direta entre a qualidade de vida da população e a atividade econômica da mineração assim também como não há relação direta entre piora da qualidade de vida e atividade mineral, não para Corumbá. A mineração pode dar retorno financeiro e isso não ser aplicado em favor da população. Municípios do entorno de Carajás-PA, pesquisados por Palheta (2004) são exemplo dessa situação. Podemos encontrar uma outra situação no Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais. O capital privado não determina (pelo menos não tem essa prerrogativa jurídica) como são investidos os recursos arrecadados das empresas de mineração. Fora a parte fiscal, há uma rede de empregos qualificados que, diretamente não são muitos, pois se trata de um setor capital intensivo. Mas, paradoxalmente, o impacto da criação desses postos de trabalho pode ser melhor visualizado e mensurado se eles deixarem de existir. Quando somados os postos de trabalho da Mineração Corumbaense e Urucum Mineração, no início de 2001, havia algo em torno de 700 empregos diretos e uma proporção de 3 por 1 para a criação de vagas indiretas, pois há uma rede de terceirizadas, como a empresa de Transportes Julio Simões e outras 10

A Lei Kandir desonera as exportações e deixa em aberto o embate para a recomposição da receita nos estados e municípios.

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prestadoras de serviços. O que quero dizer é que embora não sejam quantitativamente muitos, são importantes, tanto para a escala individual, como para o conjunto de atividades e pagamentos que envolvem. É certo que o adensamento da cadeia produtiva tende a incorporar mais empregos diretos e indiretos e uma correspondente massa salarial ampliada, com empregos melhor remunerados e que exigem maior qualificação da força de trabalho. Isto é positivo para a população em tese, porque objetivamente não há quantidade de empregos qualificados disponíveis caso haja a expansão da cadeia minero-siderúrgica. Muitos empregos serão criados “para fora” até que redes de capacitação sejam implantadas e dêem retorno. O início do ano de 2009 trouxe alterações na expectativa de mercado devido à crise financeira, mas mesmo antes disso, a situação da Rio Tinto (Mineração Corumbaense Reunidas) na Morraria do Urucum nunca foi confortável. Sou levada a crer que a instalação da Rio Tinto na vizinhança de sua concorrente deve-se à tese da “reação oligopolista”, quando a decisão locacional de uma corporação pode gerar respostas similares da concorrente. Quando um membro do oligopólio mundial decide se instalar em determinada área, é provável que os demais procurem seguí-lo para evitar um temporário monopólio territorial que possa lhe conferir ganhos extraordinários. As restrições à atuação de capital estrangeiro em áreas de fronteira funcionavam como um marco regulatório impeditivo para os planos de expansão da companhia Rio Tinto. Em fevereiro de 2009, um conjunto de fatores provocou alteração no quadro das empresas do setor de minerais metálicos em Corumbá. A MMX determinou férias

coletivas, paralisou a produção siderúrgica e colocou seus ativos em Corumbá à venda. A Rio Tinto, movida pela política de redução do endividamento de 10 bilhões de dólares, vendeu seus ativos da Potasio Rio Colorado (PRC), na Argentina, por 850 milhões de dólares, e de minério de ferro em Corumbá, incluindo a infraestrutura logística, por 750 milhões de dólares para a Vale (Companhia Vale do Rio Doce). A Vale, como fração do oligopólio mundial, monopoliza Corumbá desde o início de 2009. Novamente, de forma paradoxal, a presença que teve a Rio Tinto será passível de mensuração a partir de sua ausência. Talvez a questão que mais atraia a atenção seja mesmo a questão ambiental. A exploração mineral ocorre na Morraria do Urucum desde 1870, quase tão centenária quanto a pecuária extensiva, mas a cada ano que passa, novas técnicas são desenvolvidas, bem como novas necessidades operacionais. Há uma relação direta 161

incontestável de que quanto maior o preço da tonelada do minério, mais se intensifica na Morraria do Urucum. O último ciclo expansivo foi interrompido com a crise financeira, que fez também a China, principal consumidora do minério de ferro brasileiro e mundial, reduzir sua demanda e propor a renegociação de preços com as principais empresas fornecedoras, entre as quais, a Vale. Soberana, sem a concorrência que lhe fez a Mineração Corumbaense nos últimos trinta anos, a Urucum Mineração se organiza como uma fração do mercado internacional, no qual grassa uma concorrência oligopólica e esta impõe uma lógica competitiva ao extremo. A empresa direciona sua produção para mercado internacional e precisa manter o protocolo de cuidados com o meio ambiente. Qualquer deslize ambiental que implique em impacto negativo tem o potencial de prejudicar a imagem da Vale e provocar a desvalorização, ainda que momentânea, de suas ações negociadas nas principais bolsas de valores do mundo. Estar no Pantanal assim como estar na Floresta Amazônica confere à empresa uma visibilidade nem sempre desejada. Foi desenvolvido um interessante estudo por Silva e Drummond (2009) sobre o papel das certificações ambientais nas ações das empresas de mineração na Amazônia. Para a situação pesquisada, os autores concluíram que as certificações ainda contemplam ações pontuais e não há um sistema de avaliação que contabilize os efeitos mais amplos das áreas das empresas com as suas áreas de entorno (SILVA e DRUMMOND, 2005, p.19). Em Corumbá, a mineração atraiu a atenção para o problema ambiental quando ficou eminente o risco de desaparecimento do Córrego do Urucum. No Maciço do Urucum nascem os principais cursos d'água: córregos das Pedras, Banda Alta, Piraputanga, São Domingos e Urucum. É provável que a lavra da mina subterrânea de manganês do Urucum utilize a água do Córrego Urucum para lavagem do minério, reduzindo a água na nascente e devolvendo-a para o Córrego Arigolância, com altos teores de ferro e manganês, já que parte da água é utilizada na lavagem do minério de ferro11. Independente do mecanismo de utilização da água, o fato é que houve ações do IBAMA que resultaram em Termos de Ajustamento de Conduta, discutidos com Ministério Público Estadual, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e a Urucum Mineração.

11

Trata-se de uma suposição com base em conversas realizadas durante trabalho de campo em outubro de 2008.

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Dessa situação, penso que existe uma necessidade empresarial e de marketing da empresa em não se envolver em impactos ambientais negativos, mas ao mesmo tempo, a resolução dos conflitos ocorre apenas por pressão e proposição dos movimentos sociais organizados, mediados pelo aparato jurídico do Estado. São os movimentos de contestação que expõe as debilidades das empresas quando as mesmas provocam impactos negativos.

Nesse sentido, Organizações Não-governamentais e Movimentos Sociais tem representado um importante papel em Corumbá.

Considerações Finais

Este texto reuniu de forma muito parcial, alguns trabalhos acadêmicos, ente as dezenas que existem, para subsidiar uma leitura possível sobre as condições geoeconômicas desse espaço, nos primeiros anos do século XXI. A data de publicação oficial dos mesmos é reveladora dos assuntos que se colocavam em pauta em determinados períodos históricos. Meu pequeno e seletivo levantamento aponta que houve um predomínio de trabalhos com abordagens históricas que se tornaram, não só ponto de partida, como referência singular para os trabalhos posteriores. A dimensão econômica explicitou-se nos trabalhos sobre três das atividades mais determinantes na produção espacial: o comércio, a mineração e a pecuária. Quando a terceira passou por uma fase de retração, motivada por fatores, eu diria, de ocorrência cíclica tanto ambiental como econômica (preços e clima), o turismo – que começa a se organizar de forma profissional, como atividade econômica – iniciou um processo de expansão. Não é possível afirmar, mas é possível supor que a expansão da atividade turística em Corumbá ocorreria com a retração ou não da pecuária, visto tratar-se de um fenômeno universal, a mercantilização da natureza. O desenvolvimento do turismo foi envolvido de problemas sociais, como a exploração sexual comercial de crianças, de enorme gravidade. Os trabalhos sobre o turismo e suas implicações foram seguidos por novos olhares também da academia. As pesquisas passaram a discutir velhos (e agora novos) elementos: os catadores de iscas, os piloteiros, os ribeirinhos, a cultura do homem pantaneiro, o valor da arquitetura histórica. Foram novos e significativos olhares que enriqueceram ainda mais o já colorido mosaico de dificuldades que Corumbá oferece aos pesquisadores. 163

Do conjunto de todo esse processo, busquei contribuir com alguns dados. Este texto apresentou algumas estatísticas como fator de análise. Por se trabalhar com dados oficiais, pouca originalidade se pode imprimir aos dados levantados, que foram pesquisados por valor adicionado nos três clássicos setores: agropecuária, indústria e serviços. Embora com suas limitações, o fato de termos séries históricas destes dados e um relativo consenso sobre o que representam me fez considerá-los. Os dados são significativos do processo de desenvolvimento econômico de Corumbá nos primeiros anos do século XXI. É o primeiro município do estado em valor adicionado pela agropecuária, o quarto em industrialização e o terceiro em serviços. Sobre isso pesa seu histórico processo de povoamento e constituição e também, provavelmente, embora não tenham sido elencados dados para essa afirmação, um histórico de administração pública bem conduzida. O que me leva a tal afirmação é o fato dos dados de IDHM também se mostrarem favoráveis, com uma tendência de melhora. Como posso não ter relação direta entre crescimento na agropecuária, indústria e serviços com qualidade de vida, a melhoria das condições de renda, longevidade e educação são sinalizadores de um esforço deliberado para que isso acontecesse e também que articulações econômicas que Corumbá desempenha pelos vetores de sua economia, contribuíram com os resultados positivos. O texto particulariza três pontos para discussão: o papel do Rio Paraguai, da pecuária e da mineração. O Rio Paraguai é um dado para a fluidez das trocas, mas no atual período, sua importância é relativa. O conjunto da malha de circulação, os investimentos em infraestrutura, a forma como estão organizadas as estruturas produtivas e a conjuntura nacional/internacional, conferem à fluidez do Rio uma virtualidade, com potencial para se realizar, mas não em sua plena capacidade. A dimensão simbólica, histórica, ordenativa do Rio está superior a sua dimensão econômica. A pecuária não está em decadência e muito menos é responsável por uma pretensa decadência da economia do município. Ela tem se desenvolvido como há dezenas de anos, em consonância com os limites impostos pelo meio ambiente. Há um caráter rentista e patrimonialista fortemente presente mas há também uma ausência de projeto e de desconforto com a situação atual. A ausência de projeto inviabiliza o

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esforço operacional no sentido da mudança e a ausência de desconforto também paralisa a transformação. Quem quer transformar o que, afinal? A mineração, num grosso paralelo, se comporta como a pecuária. Acontece há dezenas de anos num tempo lento, servindo de complemento para os consumidores vizinhos (siderúrgicas do Paraguai e Bolívia). A recente crise financeira iniciada no mercado imobiliário dos Estados Unidos foi uma leve “pá de cal” nos projetos de verticalização da cadeia produtiva. Qualquer movimento de agregação de valor implica em alterar a matriz energética. Não será econômica pela hidroeletricidade e não será sustentável pelo carvão vegetal. Ainda não tenho argumentos para afirmar se seria viável tecnicamente e politicamente, com o uso do gás natural. Um fato é claro: desde 2009 não há empresas concorrentes na Morraria do Urucum e isso não é pouca coisa. O projeto econômico de ampliar a lavra, implantar o pólo mínero-siderúrgico passa apenas pela decisão da Vale12. Finalizo de modo pouco otimista ao acreditar que o destino das regiões não depende da intencionalidade autônoma de seus habitantes e de sua economia. O movimento que intensifica a subordinação dos espaços periféricos ao centro do sistema (seja aos determinantes da economia do sudeste, aos mercados de commodities da Ásia, aos interesses das operadoras de turismo internacionais etc.) é desintegrador. Segundo Brandão (2001, p.125) “Cada espaço constitutivo da diversidade regional acaba sucumbindo, de forma singular, ao enquadramento e à hierarquização proveniente do espaço regional hegemônico”, e continua afirmando que

[...] todas as regiões encontraram seu locus de vinculação na equação produtiva nacional, comprometendo, desse modo, sua autonomia econômica. A impactação intra-regional no momento do (e posteriormente ao) engate de cada região no ´quadro nacional´ é (des)estruturante, uma vez que os ´espaços internos´a cada região metabolizarão, de maneira distinta, esse processo. (BRANDÃO, 201, p.125)

À

“metabolização

de

maneira

distinta”

referida

por

Brandão,

complementaria que se trata das “reações” da formação social. Não adianta a disponibilidade de recursos naturais, força de trabalho ou capital apenas, mas é 12

Não seria de bom senso desconsiderar que como empresa nacional, suas decisões podem ser afetadas por normas regulatórias federais, por pressões do poder público estadual ou municipal, pelas estratégias de mercado, ou por um projeto de desenvolvimento econômico nacional de longo prazo, algo que ainda está para ser criado.

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necessária a capacidade de combiná-los em um processo dinâmico gerador de desenvolvimento econômico em seu sentido mais amplo, como aquele que inclua crescimento econômico e melhoria dos índices de desenvolvimento humano. Em se tratando de desenvolvimento humano, há que se prestar atenção ao papel que os assentamentos de trabalhadores rurais tem representado, não apenas para a economia, porque são significativos nisso também, mas, principalmente pelas condições que criam, se uma nova forma de reprodução social. Não faz parte do meu estilo, terminar com perguntas, mas socializo uma próxima pauta de pesquisa, com as seguintes questões: porque os capitalistas não foram capazes de encarnar o “espírito empreendedor” e montarem atividades genuinamente regionais? Qual é o dreno desse capital, que não se imobiliza na região e a faz refém dos vetores exógenos em seu processo de desenvolvimento? Se há um projeto alternativo de desenvolvimento para Corumbá, quais as condições objetivas ele tem para ser implementado?

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