Relatório de Pesquisa - PIBIC/Brasil - Tecnologias Reprodutivas - 2006

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PESQUISA: TECNOLOGIAS REPRODUTIVAS: MATERNIDADE E PATERNIDADE EM TRANSIÇÃO PROFESSORA RESPONSÁVEL: PROFESSORA DOUTORA LUCILA SCAVONE BOLSISTA: FERNANDA PATTARO AMARAL BOLSA: PIBIC/CNPq PERÍODO: janeiro de 2006 a agosto de 2006 RELATÓRIO DE ATIVIDADES

1. Introdução Este relatório abrange os meses de janeiro a agosto do ano de 2006, cujo período fora fecundo para a realização de atividades para a pesquisa em andamento, como bolsista CNPq/PIBIC no projeto: “ Tecnologias reprodutivas: maternidade e paternidade em transição.” Nos meses de janeiro a março foi realizada a primeira parte da pesquisa no município de Ribeirão Preto, cujo sub-tema é: esterilização. Essa primeira parte constou de entrevistas quanti e qualitativas, semi-dirigidas com pessoas que a efetuaram pelo SUS (Sistema Único de Saúde) através do Programa de Planejamento Familiar. Foram escolhidas amostras de 30 pessoas que se submeteram à vasectomia e à laqueadura, após a implantação legal desse programa no município. Foram verificadas as informações concretas sobre o procedimento cirúrgico e seu pós, e as informações abstratas que representam a rede de vivência necessária a cada ser humano, que são manipuladas pelas instituições e pela educação de cada indivíduo. Terminada essa parte, partimos para a realização dessas entrevistas seguindo os mesmos critérios na cidade de Araraquara, também interior de São Paulo. Sendo assim, cada relato, cada entrevista tem uma essência que é contraditória, pois ao mesmo tempo que as prendem aos demais depoimentos, as libertam entre si, isto é, há elementos que as conectam umas às outras, e elementos que as separam do todo em questão. 2. Preparação para ir a campo Em janeiro de 2006 foi realizada uma fase de preparação para a entrevista e observação de campo. Decidimos aplicar o roteiro da esterilização em um universo baseado em 20 mulheres e 10 homens que se esterilizaram entre 2002 e 2004, pelo SUS de Ribeirão Preto, do total de esterilizações do município:

1

Tabela I - Cirurgias de esterilização realizadas em Ribeirão Preto/SP (2000-2006)

Ano Laqueadura Vasectomia TOTAL

2000 61 31 92

2001 206 151 357

2002 343 176 519

2003 495 201 696

2004 499 227 726

2005 626 212 838

2006 203 92 295

Fonte: Meloni, E. Avaliação da oferta e satisfação com os métodos cirúrgicos de planejamento familiar após a implantação da lei 9.263 no município de Ribeirão Preto (FAPESP/USP) Programa de Pós Graduação em Saúde na Comunidade do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina da USP. Obs. dados de 2006 até o mês de abril.

Como base, além de leituras anteriores feitas desde o início desse Projeto TRPM/CNPq/UNESP (em agosto de 2004), a professora responsável, Doutora Lucila Scavone, fez a recomendação da leitura de textos que trabalhassem a questão da etnografia, para um melhor desempenho em campo, que geraria melhor qualidade nos trabalhos executados. O livro de minha escolha foi “El método de la etnografia”, de Marcel Griaule, cuja resenha está no final deste relatório. A leitura do texto facilitou a absorção de conceitos e o ato de desempenho para tal tarefa. Foi um mês dedicado à leitura e releituras de textos passados (quando da fase preparatória da pesquisa, em 2004), como os de Maria Isaura Pereira de Queiroz1. Foi um mês de espera e contatos, também, para as decisões do grupo quanto à data de início das entrevistas de campo na cidade de Ribeirão Preto, levando em conta as disponibilidades de cada integrante da equipe de pesquisadoras. Dessa forma, do primeiro sorteio do universo da pesquisa, foram feitas 20 entrevistas, sendo 8 mulheres e dois homens, em três visitas: Na primeira visita entrevistamos 4 mulheres; na segunda visita, 4 mulheres e 6 homens; na terceira visita, 4 mulheres e 2 homens. Sendo que perdemos ao longo das visitas 10 nomes, sendo 8 mulheres e 2 homens (7 pessoas mudaram-se sem referência; 2 pessoas com endereço insuficiente e 1 recusa). O segundo sorteio constituiuse de entrevistas selecionadas assim: 7 mulheres e 2 homens. Foram realizadas 7 entrevistas, sendo 5 mulheres e 2 homens, também em três visitas. Na primeira visita, entrevistamos 2 mulheres e 1 homem; na segunda, 3 mulheres e na terceira, 1 homem. Perdemos duas mulheres, pois 1 mudou-se e não estávamos de posse da referência, e uma outra estava em cárcere privado. 1

QUEIROZ, M.I.P. de. Variações sobre a técnica de gravador no registro da informação viva. São Paulo: CERU e

FFLCH/USP, 1983.

____________ Relatos orais do “indizível” ao “dizível”. Ciência e Cultura, v. 39, n3, p.271-86, 1991.

2

O terceiro sorteio constituiu-se de 7 mulheres e 2 homens, também divididas em 3 visitas: Na primeira visita entrevistamos 1 mulher; na segunda, 1 mulher e na terceira, também uma mulher. Perdemos 1 mulher, que mudou-se sem referência. Uma das entrevistas apresentou problemas no áudio e teve de ser refeita. A realização das entrevistas e pré-testes de Ribeirão Preto foi realizada em seis meses, a transcrição e análise levou mais seis meses. Dando prosseguimento à segunda fase da pesquisa, ainda a respeito da esterilização, tivemos uma nova preparação para a ida a campo em Araraquara. No dia 30 de junho fomos eu e a Doutora Lucila Scavone à Secretaria Municipal de Saúde de Araraquara, localizada no prédio da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, a fim de participar de uma reunião com Eliana Aparecida Mori Honain , atual Secretária Municipal de Saúde, e Andréa Túbero Silva, Socióloga e pesquisadora. Nesta reunião foram levantados aspectos importantes sobre a esterilização no município em questão. Debatemos acerca do alto índice de laqueaduras no ato do parto e a falta de dados, bem como questionamos sobre os efeitos colaterais da realização da laqueadura durante a cesariana, que são menopausa precoce, aumento de problemas cardíacos e alterações hormonais, isso porque o tempo previsto para a cirurgia de cesárea aumenta em virtude da cirurgia para laqueadura, não preservando o organismo. Vimos que há uma longa fila de espera no município pela cirurgia, mas o hospital não dá vazão. Isto porque até o ano de 2006 essas cirurgias de esterilização foram realizadas na maternidade Gota de Leite. Após, as cirurgias foram transferidas para o hospital Santa Casa, entretanto há um problema porque o hospital ainda não possui credenciamento. Ou seja, as cirurgias estão suspensas até a autorização do Ministério da Saúde, assim temos:

Tabela II – Cirurgias de esterilização realizadas em Araraquara (2002 – 2005) 2002 Laqueadura Vasectomia

65 -

2003

2004

2005

140

106

134

-



95

2006

Aguardando 200 250

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Araraquara.

Soubemos do processo em que o paciente a ser esterilizado deve se inserir: Esse programa teve início em outubro de 2001, no qual a atual coordenadora técnica esteve num congresso com a assistente social de Ribeirão Preto. O/a candidato/a a esterilização deve procurar a U.B. 2 de seu 2

U.B.: Unidade Básica de Saúde do município que é constituída de P.S.F.: Programas de Saúde da Família

3

bairro. Nelas o/a candidato/a passa por aconselhamentos. Esses aconselhamentos são constituídos de uma equipe de enfermagem e enfermeira padrão, médicos. Eles/as passam pelo clínico e depois pelo G.O. Eles/as passam por três aconselhamentos, sendo o terceiro deles realizado por Maysa como uma espécie de avaliação social. Após, eles/as são encaminhados para avaliação médica (no hospital) e exames. Na reunião ficou decidida a seleção de uma listagem com endereços residenciais dos/as esterilizados/as residentes em Araraquara, entre laqueaduras e vasectomias. Tivemos na seqüência uma reunião no dia 05 de julho com a equipe completa sobre a realização das entrevistas relativas a esterilização no município. Temos um total de (130) laqueaduras durante o ano de 2005, e 105 vasectomias durante os anos de 2004 (10) e 2005 (95). Isto posto, a equipe decidiu por efetuar um segundo tipo de estudo: dividimos o total de 30 entrevistas em duas partes de 15; uma parte dessas entrevistas será composta de 10 mulheres que se esterilizaram em 2005 e 05 homens que se esterilizaram entre 2004 e 2005. Uma outra parte incorporará 10 homens e 05 mulheres que estão na fila de espera para a cirurgia, pois há um número interessante sobre o caso posto que o hospital não atende a demanda, e podemos assim complementar nossa pesquisa. Acordamos a realização de 04 pré-testes (um em cada situação para cada sexo). No dia 06 de julho pela manhã, tivemos uma reunião coma Professora Doutora Lucila e a Professora Doutora Andréa Túbero Silva (nossa coordenadora durante a ausência física de Lucila no Brasil), na qual acertamos a respeito da apresentação do grupo no Prêmio CNPq/PIBIC. Discutimos acerca da observação etnográfica e sobre o olhar sempre atento do pesquisador. Coube-me verificar os números relativos aos dados fornecidos pela secretaria de saúde sobre as esterilizações femininas no período de 2005. Definimos um planejamento de trabalho constituído de: sorteios para os pré-testes e demais entrevistas; leituras paralelas; idas a campo. Definimos reuniões semanais durante os próximos quatro meses de trabalho. Dia 06 de julho pela tarde, tivemos nova reunião com a Professora Doutora Andréa sobre a reformulação de questionário aplicado em Ribeirão Preto que seguirá como anexo. Tivemos um breve recesso e no dia 17 de julho acertamos a aplicação de dois pré-testes, e assim efetuamos as devidas correções juntamente com os debates teóricos que nortearão nossas entrevistas. Neste dia, realizamos o sorteio de nossa amostra de esterilizados/as, pautando-nos pelo seguinte método: para as laqueaduras decidimos sortear 03 grupos de 10 componentes cada, tendo dessa forma como efetuar as substituições quando necessário. Tivemos o mesmo cuidado com as vasectomias, que em virtude da proporção numérica foram estabelecidos 03 4

grupos de 05 componentes cada. Decidimos que cada pesquisadora deveria ir a campo sozinha para realizar cada entrevista, pois com a presença de duas ou mais a/o entrevistada/o poderia se sentir intimidada/o. Pudemos perceber que essa forma de pesquisa enriqueceu-a e fez com que as próprias pesquisadoras estivessem - em campo – se estranhando, trabalhando a própria subjetividade, e refletindo acerca do conteúdo de cada entrevista. Houve um maior aproveitamento do material a ser trabalhado e a forma com que recolhemos esse material. No dia 19 de julho, tivemos nova reunião acerca da leitura de um texto preparatório para a ida a campo 3. Discutimos o texto trazendo ao debate as entrevistas realizadas em Ribeirão Preto. Esse texto foi esclarecedor a respeito do próprio tratamento dado a pesquisa de campo, especificamente a respeito do lugar da(s) subjetividade(s) que são confrontadas com o positivismo dos manuais de pesquisa, bem como a questão da “observação participante” e a “participação observante”. Segundo a autora, “a pesquisa é sempre uma aventura nova sobre a qual precisamos refletir” (CARDOSO, 1997). Decidimos estabelecer um contato telefônico com nossos/as entrevistados/as, para dar mais legitimidade à nossa pesquisa e ao nosso comprometimento com esses/as entrevistados/as. Nessa data refletimos acerca da abordagem que deveríamos fazer ao contatar esses/as entrevistados/as, explicando claramente os objetivos da pesquisa. Isto feito, marcamos nova reunião para o dia 24 de julho para escutarmos e analisarmos os pré-testes.

3. Realização das entrevistas Em fevereiro de 2006 foi o início, para mim, das entrevistas de campo em Ribeirão Preto e das transcrições. Realizei, junto com a equipe, um total de sete entrevistas, a maioria centrada na periferia de Ribeirão. Estas foram efetuadas com o auxílio do gravador e do recurso fotográfico. Foi muito interessante poder aliar a teoria à práxis, conhecer a realidade das pessoas com as quais estamos trabalhando. Nestas entrevistas participei apenas como observadora, posto que ainda não tivesse experiência para efetivamente questionar nossas/os entrevistadas/os. Mas essas sete entrevistas das quais participei (na função de “etnógrafa”) e transcrevi, puderam contribuir como base para minha formação de pesquisadora e agregaram elementos à minha formação de cientista social. Foi possível observar o quão distante a academia se encontra da própria sociedade que não encontra retorno efetivo nas ações acadêmicas. Entretanto, a colaboração dessas pessoas conosco (a equipe) foi bem generosa. Tentamos evitar uma

3

CARDOSO, Ruth (org). A aventura antropológica. Teoria e Pesquisa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

5

hierarquia visível entre entrevistadoras e entrevistadas/os, mas nem sempre isso é possível, por mais que tentemos nos identificar com eles, nossa condição de “estrangeiras” (GRIAULE, 1957) aflorava às vistas. Cruzamos diversas vezes a cidade atrás de nossos objetivos. Tivemos um dia infrutífero (03/03/2006), começando o trabalho às 9h e finalizando às 18h sem realizarmos uma entrevista. Porém, conseguimos um excelente feito no dia seguinte (04/03/2006). Começamos a trabalhar às 9h e já engatamos duas entrevistas antes do horário de almoço. No horário de almoço conversamos com uma futura entrevistada, que não podia nos atender naquele dia, mas marcou para o domingo às 10h. Após o almoço, realizamos mais três entrevistas. Ainda tentamos uma outra entrevista, mas nosso entrevistado também marcou para o domingo, pois não seria possível realizá-la naquele dia. No dia seguinte partimos para as duas entrevistas marcadas, e assim, finalizamos nosso total de 30 entrevistas na cidade de Ribeirão Preto. Após a realização das entrevistas, foram necessárias suas transcrições. Utilizei o mês de fevereiro e março para as transcrições e digitações do Caderno de Campo (a observação etnográfica). Porém, uma das gravações apresentou problemas no áudio, e foi bastante prejudicada, exigindo que nós a realizássemos novamente, posto que a entrevista fosse bastante fecunda. Tivemos uma reunião de pesquisa, datada em 22 de março de 2006 para discutirmos as próximas etapas da mesma. Nesta ficou esclarecida a preparação do texto para análise futura, ou seja, faremos uma pré-análise, começando por efetuar a edição das transcrições. No dia 08 de abril de 2006 voltamos para Ribeirão Preto a fim de refazer uma das entrevistas já realizadas, devido a problemas técnicos. A entrevistada nos recepcionou muito bem e a entrevista ocorreu de forma tranqüila e agradável, sem maiores transtornos para a entrevistada. Tivemos várias reuniões com a Professora Doutora Lucila Scavone, coordenadora da Pesquisa dentre as quais: no dia 15 de março de 2006 houve uma reunião com Lucila, acerca das entrevistas para pré-análise a serem efetuadas. No dia 22 de março tivemos outra reunião para abordar algumas entrevistas pré-analisadas. Outra reunião fora marcada para o dia 05 de abril tendo por pauta a configuração das entrevistas (etnografias, entrevistas quantitativas e entrevistas qualitativas). Dia 06 de abril tivemos reunião para tratarmos acerca da renovação da bolsa PIBIC/CNPq). No dia 03 de maio tivemos reunião na qual acertamos sobre a impressão de todas as entrevistas; sobre os pareceres a respeito de cada entrevista, e o cotejamento entre o roteiro pré-estabelecido e o questionário aplicado nas entrevistas. Dia 25 de maio realizamos outra reunião para verificar o andamento da pesquisa e seus objetivos, bem como conferir se todas estavam organizadas de acordo com o estabelecido entre a equipe. Recomendação da 6

leitura da tese de Maria de Fátima Ferreira, sobre “Esterilização e Reprodução Assistida”. Dia 22 de junho tivemos outra reunião acerca de análises das entrevistas realizadas em Ribeirão Preto para a esterilização. Primeiro, sistematizamos os dados obtidos nos questionários sócioeconômicos, para termos um panorama geral do universo pesquisado:

Quadro ICaracterísticas sócio-ecônomicas das Mulheres que se esterilizaram RP Nome Ana

Idad e 31

Cleuza

Estado civil

Escolaridade

Profissão

Renda familiar

Solteira

Ens. Fund. Inc.

até 3 s. m.

Casada

Ens. Fund. Inc.

Vive Junto 1º Comp. Casada

Ens. Fund. Inc.

Empr. Doméstica Empr. Doméstica Aux. de limpeza

até 3 s. m.

Ens. Médio Inc.

Ag. Comunitaria

até 3 s. m.

Ens. Fundamental Ens. Médio Comp. Ens. Médio Comp. Ens. Fundamental Ens. Médio Comp. Ens. Fundamental Ens. Fund. Inc.

Costureira

entre 3 até 6 s. m.

Aux. de cozinha

até 3 s. m.

Secretária

entre 3 até 6 s. m.

Empr. Doméstica Fax. de Edifício

até 3 s. m. entre 3 até 6 s. m.

Vendedora

até 3 s. m. entre 3 até 6 s. m.

Ens. Médio Inc.

Empr. Doméstica Dona de Casa

Ens. Fund. Inc.

Faxineira

até 3 s. m.

Vive Junto 2º Comp. Casada

Ens. Fundamental Ens. Médio

Empr. Doméstica Oper. de Máquina Empr. Doméstica Dona de Casa

entre 3 até 6 s. m.

Casada

Ens. Fundamental Ens. Médio

Casada

Ens. Fund. Inc.

Dona de Casa

até 3 s. m.

Viúva

Ens. Fundamental

Vendedora

até 3 s. m.

32 Catarina 40 Emília

até 3 s. m.

36 Edileide

Casada 40

Fátima

Casada 31

Gilda

Casada 33

Guilher mina Lisa

Casada 37 Casada 39

Luzinete 29 Marineu sa Mariana

32 37

Olívia 42 Paula

Vive Junto 1º Comp. Vive Junto 1º Comp. Vive Junto 1º Comp. Vive Junto 2º Comp. Divorciada

33 Renata 35 Romilda 29 Samanta

entre 3 até 6 s. m.

entre 3 até 6 s. m. até 3 s. m. até 3 s. m.

33 Soraia 35 Sandra. 36

7

Sônia

Vive Junto 2º Ens. Fund. Inc. Desempregada até 3 s. m. 43 Comp. Fonte: Tecnologias Reprodutivas: Maternidade e Paternidade em Transição, CNPq/UNESP, 2005Os nomes são fictícios

Quadro II Nome Ana

Características da saúde reprodutiva das Mulheres que se esterilizaram em RP Idade Filhos Contracepção Abor Tipo de Parto tos 9 – 5 - 2 anos Sem Informação 0 Normal

Cleuza

13

Idade ao Esterelizar 28

Pílula

0

Normal

29

– 9 anos Catarina

20 – 13 – 12 – 8 6

Pílula

0

Normal

34

Emília

11 – 8 anos

Pílula – Camisinha

0

32

Edileide

14 – 10 anos

Pílula - Camisinha - Injeção

0

normal cesárea Normal

Fátima

10 – 4 anos

Pílula - DIU - Camisinha

0

28

Gilda G Guilhermina Lisa

8 – 5 anos 13 – 8 – 5 anos

Sem informação Pílula

0 0

normal cesárea Cesárea Normal

29 32

22 – 19 – 13 anos

Pílula - Injeção – DIU

0

Normal

36

Luzinete

12 – 4 anos

Pílula – Injeção

1

26

14 – 12 – 11 – 9 5

Camisinha – Pílula

0

normal cesárea Normal

Mariana

8 - 4 anos

Pílula

0

Cesárea

33

Olívia

24 – 22 - 7

Pílula

1

Normal

40

Paula

16 – 15 – 14 - 11

Pílula – DIU

0

Normal

31

Renata

4 e perdeu um aos 12

Pílula – Camisinha - M. bile

0

Cesárea

33

Romilda

13 – 8 - 5

0

Normal

25

Samanta

13 – 7 - 5

Pílula - Camisinha - C. Interrompido Pílula – tabelinha

1

Cesárea

30

Marineusa

37

28

8

Soraia

12 – 9 – 5 - 3

3

21 – 17 – 10 - 7

Remédio – Injeção - Pílula – Camisinha Pílula – Camisinha

Sandra. Sônia

24 – 16 - 7

Pílula - injeção – Camisinha

1

2

normal cesárea Não respondeu

32 30

normal cesárea Fonte: Tecnologias Reprodutivas: Maternidade e Paternidade em Transição, CNPq/UNESP, 2005, Os nomes são fictícios

A seguir, estabelecemos pré-análises que deveriam ser elaboradas nos moldes de Bourdieu em “A miséria do mundo”4conservando uma “tensão flutuante”, contendo um breve histórico seguido de frases marcantes extraídas das falas dos/as entrevistados/as, quando esta for indicativa de algo. Ficou acertado que cada uma das alunas-pesquisadoras da equipe analisaria duas entrevistas (a escolher) sendo uma do sexo feminino, outra do sexo masculino. Em julho reiniciamos nossa atividade de campo em Araraquara. Marcamos de início quatro entrevistas pré-testes para o final de semana, as quais já escutamos, discutimos, transcrevemos, rediscutimos e partimos para a realização das demais entrevistas no município, bem como suas transcrições, etnografias e análises.

4.

Atividades Correlatas No dia 29 de março de 2006 tivemos uma reunião do GT “Gênero, Família e Saúde”, no qual foi discutida a linha de discussão para este ano, que tramita entre a questão da parentalidade e homossexualidade. Todas as participantes que freqüentaram o GT naquele momento expuseram suas linhas de pesquisa, e se propuseram a enriquecer nossas discussões com bibliografias a respeito de cada assunto a ser tratado. O grupo de graduandas que participam da pesquisa em andamento participou de duas reuniões do Grupo Temático: Saúde, Gênero e Família, (filiado ao CNPq) do Programa de PósGraduação em Sociologia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, campus Araraquara – S.P. Esse Grupo tem por objetivo levantar discussões acerca do universo analisado, as questões concernentes à problemática de gênero abordando o percurso histórico e suas dificuldades, e estabelecer relações entre as ações do passado e as ações da

4

BOURDIEU, P. Compreender. In: A miséria do Mundo. Petrópolis: Vozes, 1997.

9

37

contemporaneidade propiciando a reflexão para os momentos de mudança, destacando como tema para discussão este ano a parentalidade e a homossexualidade. Na data de 03 de maio de 2006, tivemos a apresentação do texto “Amizade, casamento e família”, cuja autora é Martha Malfert, pela doutoranda Ivone. O texto se volta para casais homossexuais que desejam ser pais. Foi debatida a questão da homoparentalidade, conceito criado em 1996 pelo APGL (cuja criação data de 1986, na França). Há uma questão muito importante a ser ponderada a respeito da homoparentalidade: a vontade desses casais de terem filhos/as, ou adotar crianças, é, por vezes, melhor para elas no sentido de que foram realmente desejadas, esperadas e amadas (pois a família é referência de afetividade), ou seja, esses casais têm um planejamento cuidadoso acerca da construção da própria família, o que os diferencia da maioria dos casais heterossexuais que, por vezes, banalizam a questão familiar. A complexidade do assunto permeia o universo do capitalismo, pois a família monoparental é erguida com o auxílio do Direito burguês, referenciado pela questão patrimonial. Ou seja, os casais utilizam estratégias para se mostrarem à sociedade como famílias “típicas” (possuidoras de casa, jardim, cachorro...), eles interiorizam o repertório simbólico de uma família heterossexual. Com isso eles efetuam “encenações teatrais” cotidianas. Entretanto, não há divisão sexual do trabalho no âmbito privado e no trato com a/s criança/s.

Na data de 31 de maio de 2006, tivemos um seminário de tese com a doutoranda Gisele Cortes, sobre sua pesquisa “Violência Doméstica contra a mulher e políticas públicas”. Gisele pretende traçar um retrato de atendimentos realizados no Centro de Referência da Mulher, Helleieth Safiotti, no município de Araraquara – SP (criado em junho de 2001), no período compreendido entre 2001 e 2004. Pretende realizar um mapeamento de como a questão está sendo tratada. Para isso, ela possui um “banco de dados” sócio-econômico e traços passados de violência. Gisele findou sua apresentação com alguns questionamentos: Como se constrói a subjetividade dos agressores, que são agressores dentro de uma ordem? Quem é esse homem? Como ele interioriza (habitus) o dominador? Quem é essa mulher que está dentro dele? Como que a mulher consegue subverter essa ordem?

Na data de 28 de junho de 2006, seminário de tese de duas doutorandas: Silvana e Cláudia Pozzi. Silvana iniciou a tarde com sua tese “(Re) Visitando o aborto a partir das construções do Direito luso-brasileiro”. 10

e

Segundo a doutoranda, no mundo há cerca de 75 milhões de gestações não-desejadas e 20 milhões de abortos inseguros. Por isso, há urgência de uma legislação permissiva, pois, a do Brasil é uma legislação rígida.

A tese de Cláudia Pozzi reflete sobre o “Vínculo Filial nas Novas Tecnologias Reprodutivas Conceptivas”. A doutoranda explicou que a família e filiação no Direito estão ligadas, porém para a Sociologia é muito mais complexo. As ações (práticas) no Direito se baseiam na tríade: teóricos/ decisões judiciais/ leis. Para o Direito, a filiação é representada como veremos no esquema abaixo:

Filiação → fato da natureza

↓ Procriação natural → concepção (sexual)

→ Relações de parentesco

↓ Código Civil 1916 → casamento → filhos legítimos → vínculo filial → presunção pater is est (o pai é o marido)

↓ Código Civil 1916 → fora de casa → filhos ilegítimos

↓ - natural → pais solteiros - espúrio → adulterinos e/ou incestuosos

↓ (ambos reconhecidos em 1989)

Pater is est: poderia o pai ter direito a negatória da paternidade, por exemplo, se o pai não coabitou sexualmente com a grávida; ou estavam separados no momento da gravidez, ou era impotente. 11

No dia 20 de março houve a palestra sobre a Saúde da Mulher Negra (Organizada pelo NUPE/Araraquara) na FCL/CAr. No dia 10 de maio, fomos assistir a uma palestra sobre A Teoria da Alienação em Marx, (na USP) proferida por István Meszaros. (Anfiteatro do prédio de Geografia da USP – SP)

5. Auto avaliação da bolsista A simples observação etnográfica das entrevistas realizadas foi extremamente enriquecedora para minha formação de cientista social, e alimentou meu desejo de diminuir a distância entre a academia e a sociedade. A pesquisa em si é muito estimulante, pois permite um jogo interativo entre as Ciências Sociais e as diversas ciências existentes para assim desenvolver um estudo multidisciplinar acerca do fenômeno estudado. E essa rede de informações é muito sedutora a qualquer estudante, propiciando desta forma a elaboração de desdobramentos do projeto primário, e a conseqüente busca pelos questionamentos e posições críticas acerca dos diversos fatos sociais. Posteriormente, comecei, junto com a equipe, a realizar as entrevistas, que possibilitaram a descoberta de meu amadurecimento profissional. Podendo desenvolver minha subjetividade e trabalhar com a questão da alteridade na ida a campo foi uma experiência rica, estimulante e fascinante. Tive que dominar minhas emoções e me colocar na posição de uma cientista social mediante a questão do conhecimento empírico, da objetividade, dos laços presentes do Positivismo. Todos os meses em que trabalhei na pesquisa fortaleceram meus laços com a profissão que escolhi, e me deram oportunidades de trabalhar os conceitos aprendidos em sala de aula, e fixar a imagem de que o cientista social é um profissional que está aprendendo o tempo inteiro, durante 24h ao dia. Os paradigmas não se desfazem da noite para o dia, e é nosso dever questioná-los sempre, duvidar sempre... alimentar nossas inquietações, pois a sociedade não é estática, ela está em processo de transformação perenemente. E a pesquisa tem me ajudado a entender e trabalhar essas questões

4.

Bibliografia lida no período:

CARDOSO, Ruth (org). A aventura antropológica. Teoria e Pesquisa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. GRIAULE, Marcel. El metodo de la etnografia. Buenos Aires, Argentina: Editorial Nova, 1957.

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NUNES, Edson de Oliveira (org). A aventura sociológica. Objetividade, Paixão, Improviso e Método na Pesquisa Social. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978. PINTO, Elisabete Aparecida. Ventres Livres. O aborto numa perspectiva étnica e de gênero. São Paulo: Terceira Margem, 2002. QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Variações sobre a técnica de gravador no registro da informação viva. São Paulo: CERU E FFLCH/USP, Coleção de Textos, n.4, 1983. Relatos orais: do “indizível” ao “dizível”. Ciência e Cultura. São Paulo: CERU E FFLCH/USP, n.39, mar/1987, pp. 272-286.

SCAVONE, Lucila. BATISTA, Luís Eduardo. Entre o público e o privado. Revista Temas, São Paulo: Cultura Acadêmica Editora, 2001. SCAVONE, Lucila. Dar a vida e cuidar da vida. São Paulo: Editora Unesp, 2004.

13

ANEXOS

ANEXO I: EL METODO DE LA ETNOGRAFIA (Marcel Griaule)

GRIAULE, Marcel. El metodo de la etnografia. Buenos Aires, Argentina: Editorial Nova, 1957.

O livro de Marcel Griaule é uma introdução satisfatória aos métodos de pesquisa etnográfica. O livro prepara o pesquisador para uma melhor atuação na pesquisa de campo, detalhando cada procedimento, cada etapa de uma pesquisa etnográfica com o advento de exemplos plausíveis. É composto dos seguintes capítulos: - Capitulo Primero: Personal de la investigación. A) El investigador, B) El equipo, C) El equipo doble. Conclusión; - Capitulo Segundo: Detección y observación de los hechos humanos. A) delimitación del campo de estúdios, B) Desarrollo general de la encuesta, C) Observación directa de los hechos, D) Estúdio de actas y obras, E) Encuesta com informante, F) Utilización de disciplinas auxiliares; - Capitulo tercero: El registro: A) Registro gráfico, B) Registro fotográfico, C) Registro cinematográfico, D) Registro sonoro; - Capitulo cuarto: Crítica: A) Crítica de las fuentes, B) Crítica de los hechos; - Capitulo quinto: Explotación de los documentos. Antes, porém de adentrar-me nas numerosas linhas de Griaule, é válido ponderar que este livro compreende vinte e oito anos de estudos de Marcel Griaule, cujos métodos de observação (franceses) descritos foram todos praticados pelo autor como se pode averiguar nos exemplos que ilustram a obra (pelas viagens a regiões equatoriais e tropicais da África), incluindo os tempos de docência na Sorbonne, em 1942. 14

Griaule começa incitando-nos ao questionamento sobre a razão de ser da etnografia: “La etnografia permite la penetración sistemática del pensamiento de los hombres, así como la definición de sus necesidades materiales y morales”.Nos faz refletir sobre a necessidade de pensar sobre como tornar fecundo o contato entre o ocidente capitalista e as populações que pertencem a outros sistemas. Para ele, a etnografia trabalha as questões materiais e espirituais dos diferentes povos, analisa as técnicas, as regiões, o direito, as instituições políticas e econômicas, as artes, as línguas e os costumes. A etnografia é uma “descripción de la norma em su dinâmica”, pois ela se ocupa dos feitos de repetição que as instituições e as crenças impõem aos homens como regras de vida, que os fazem repetir os mesmos gestos e adquirir atitudes mentais idênticas em momentos dados. Entretanto, a etnografia pode determinar a evolução de uma sociedade e, dessa forma, ela assemelha-se da História e prepara os trabalhos dos sociólogos. Griaule foca seu trabalho nas separações entre as diversas tarefas do etnógrafo, desde a formação dos entrevistadores, a observação dos feitos humanos, registro, crítica, e exposição desses feitos. Sobre a função do investigador, ele nos mostra que: “es preciso que sea objetivo, perspicaz, completo, insistente en cuanto a sus lagunas, insatisfecho em cuanto a sus resultados”.Ele explica que por mais que seja tentador permanecermos com nossos “hábitos mentais” adquiridos na vida européia-ocidental e nas universidades; por mais que seja tentador considerar como um “instrumento perfeito” nossa educação recebida, em matéria de investigação das instituições humanas, toda a formação intelectual e moral é uma deformação. Porém, é difícil apontar um método de descortinar o véu da mentalidade européia. Nas condições atuais, é mais honesto e mais claro para o investigador que ele se perceba como estrangeiro, enquanto trabalha, e não se tente passar por um dos membros da sociedade estudada. Sobre a equipe, o autor explica o seguinte: “La extensión y la multipicidad de los hechos sociales, la complejidad de los procedimientos de observación, casi no permiten que el investigador solitário pueda esperar um buen rendimiento. Sólo el equipo es capaz de organizar uma encuesta coherente y productiva, puesto que permite una división cuantitativa y cualitativa del trabajo”.(p. 28). O capítulo segundo trata da Observação dos feitos humanos, cujo enfoque aqui recairá sobre a Delimitação do campo de estudos. A primeira fase dessa delimitação está relacionada à fase preparatória, que se utiliza de todos os dados bibliográficos, de arquivos e de todo tipo de

15

informação. A segunda fase relaciona-se à delimitação de espaço e tempo para a efetivação da observação. No capítulo terceiro do livro, o autor trata sobre as formas de registrar os fatos estudados, começando com o registro gráfico. Na parte reservada ao registro gráfico, Griaule expõem várias técnicas: A)

Ficha descritiva de fenômenos em movimento;

B)

Ficha de interrogações;

C)

Desenhos;

D)

Cartografias Deteremos-nos em analisar tão somente as fichas. Começando pela Ficha descritiva de fenômenos em movimento: É vital anotar tudo que possa servir de ponto de partida para futuros questionamentos. De modo que se reproduzam tais feitos da forma mais integral possível. Também é de extrema necessidade que se prepare todo o material de anotação previamente, pois a anotação, por vezes, é ditada num ritmo muito lento se comparada à velocidade dos fatos. Já sobre as Ficha de interrogações, isto é, os questionários, Griaule escreve que: esta é a maneira que exige muito mais cuidado por parte do etnógrafo, pois ao mesmo tempo deve colocar em jogo todas as suas qualidades pessoais, para “provocar” a informação e então, desaparecer por trás da personalidade do informante. O próximo ponto de análise do autor é referente ao Registro fotográfico, pois este, juntamente com a cinematografia, consiste em procedimentos de primeira categoria em toda a investigação etnográfica. “O documento fotográfico” é uma testemunha independente que absorve toda a impressão de uma imagem total, fato que nenhuma memória poderia fazer. Como exemplo, Griaule revela que a imagem de um movimento de massas numa praça pública permite situar e definir grupos inteiros no papel que desempenham no decorrer de um rito. E ainda explica sobre as Fotografias de fenômenos em movimento, que tem por defeito a capacidade de registrar só um momento do ato em si. Cabe ao etnógrafo decidir sobre as cenas, os locais mais importantes a serem registrados. Entretanto, essa técnica permite adquirir mais qualidade ao trabalho, pois se fixa claramente cada detalhe. Finaliza relatando que cabe ao etnógrafo a capacidade perene de quando se encontrar frente ao fato a ser analisado, descrevê-lo correta e inteiramente, assim nenhum detalhe lhe pode escapar. No capítulo quarto, o autor comenta sobre a Exploração dos documentos. Para ele, o etnógrafo ao expor o resultado de seus trabalhos este apenas o descreve, visto que este é o seu trabalho. Ele explica da melhor forma possível a sua descrição, que consiste em si mesma de uma 16

explicação. A descrição de uma sociedade é a base de todo um trabalho de erudição que empregará os mais diversos profissionais. Tal descrição deve ser cuidadosamente trabalhada para que as diversas ciências que se utilizam delas não venham a perder a solidez, pois as descrições etnográficas devem servir indefinidamente com muito poucas reparações. Assim, Griaule coloca a disposição de qualquer leitor as ferramentas que permitem compreender o trabalho e o valor do etnógrafo, bem como sua extrema importância na colaboração com as outras ciências humanas. É um livro fecundo, interessante, cuja leitura é muito agradável e sensível.

ANEXO II: “AVENTURAS DE ANTROPÓLOGOS EM CAMPO OU COMO ESCAPAR DAS ARMADILHAS DO MÉTODO”

CARDOSO, Ruth (org). A aventura antropológica. Teoria e Pesquisa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

O texto escrito pela antropóloga Ruth Cardoso traz uma reflexão acerca do emprego da metodologia nos trabalhos de campo da década de 1980, principalmente quanto à discussão ao papel do investigador em detrimento do debate metodológico. As ciências sociais contemporâneas estão dominadas por um pragmatismo que “desqualificou como ocioso o debate sobre os compromissos teóricos que cada método supõe” (p.95). Há um interesse maior na relevância do tema problematizado e no engajamento do investigador em seus estudos, desta forma “o critério para avaliar as pesquisas é principalmente sua capacidade de fotografar a realidade vivida” (p.95). Ou seja, aqui Cardoso faz uma crítica a respeito do positivismo, que em favor da objetividade não abre as reflexões para os procedimentos. Apesar da crítica ao positivismo, Cardoso pondera que não podemos ignorar a ciência positivista, afinal o sujeito ainda é mantido como objeto de estudo. O método e a técnica têm de ser trabalhados conjuntamente com a teoria, pois a teoria nos dá a perspectiva para a realização do método. Também se encontra no texto uma interessante indagação a respeito da posição do pesquisador, o impasse entre a ideologia deste ou o conhecimento. A esse respeito ela nos explica a respeito de dois termos valorizados, a saber: 17

“observação participante” e “participação observante”. Sendo que a observação é reveladora do foco ao qual se detém o investigador, e a participação é reveladora da ideologia impregnada no investigador. “A defesa do engajamento político e a demonstração de que o conhecimento não pode se libertar de uma certa dose de ideologia colocaram quase como uma exigência à definição do pesquisador como um aliado dos grupos e minorias discriminadas, que também foram priorizados como objeto de estudo. Entretanto, essa intensificação da participação foi justificada por razões políticas e não pensada como instrumento do conhecimento” (p.99). A autora traz para discussão a importante questão da subjetividade como “instrumento de conhecimento”. Há que se ter um controle da subjetividade com procedimentos adequados, entretanto a subjetividade do pesquisador está presente na relação para incrementar o trabalho de campo, além do fato de que o estranhamento é um passo muito importante na pesquisa, pois é o elemento que nos permite compreender o outro. “Uma entrevista, enquanto está sendo realizada, é uma forma de comunicação entre duas pessoas que estão procurando entendimento. Ambos aprendem, se aborrecem, se divertem e o discurso é modulado por tudo isso” (p.102). È necessário que se valorize a observação tanto quanto a participação, “observar é contar, descrever e situar os fatos únicos e os cotidianos, construindo cadeias de significação (...) supõe um investimento do observador na análise de seu próprio modo de olhar” (p.103).

18

ANEXO III: MATTA,

Roberto

da.

O

OFÍCIO

DE

ETNÓLOGO,

OU

COMO

TER

“ANTHROPOLOGICAL BLUES”.

NUNES, Edson de Oliveira (org). A aventura sociológica. Objetividade, Paixão, Improviso e Método na Pesquisa Social. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.

O autor inicia seu texto explicando que existem três fases fundamentais para a feitura da pesquisa em seu cotidiano. A primeira fase é a “teórico-intelectual”, na qual há um tipo de divórcio entre o pesquisador e o objeto pesquisado, mediatizado por um excesso de conhecimento teórico e universal, embebido pelo abstrato e “pelo não vivenciado”. Ainda nesse ponto, Da Matta faz a seguinte colocação: “Nunca ou muito raramente se pensa em coisas específicas, que dizem respeito à minha experiência, quando o conhecimento é permeabilizado por cheiros, cores, dores e amores. Perdas, ansiedades e medos, todos esses intrusos que os livros (...) teimam por ignorar” (p.24). A segunda fase é o “período prático”, que trata, sobretudo a antevéspera da pesquisa, e os cuidados que precisamos ter conosco mesmos, a mudança de foco temporária das teorias universais para os problemas práticos que se colocam urgentes no cotidiano do pesquisador. A terceira fase é a “pessoal ou existencial”, marcada por uma visão de conjunto que deve permanecer durante todo o trabalho. Nessa fase não há mais o diálogo puramente teórico, mas

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sim o contato físico (e empírico) com nosso objeto; há a descoberta da vivência entre dois mundos: “a minha cultura e uma outra, o meu mundo e um outro” (p.25). “Por anthropological blues se quer cobrir e descobrir, de um modo mais sistemático, os aspectos interpretativos do ofício de etnólogo. Trata-se de incorporar no campo mesmo das rotinas oficiais, já legitimadas como parte do treinamento do antropólogo, aqueles aspectos extraordinários, sempre prontos a emergir em todo o relacionamento humano” (p.27-28). A respeito da existência da Antropologia Social, Da Matta faz uma síntese interessante, que transcrevo aqui de forma simplificada e objetiva:

Antropologia Social

→ exótico → distância social → marginalidade → segregação ↓ solidão

↓ estranhamento Para ser um etnólogo, deve-se aprender a realizar a transformação do exótico no familiar, e/ou o familiar em exótico. Sobre essa segunda transformação, Da Matta escreve que: “O problema é, então, o de tirar a capa de membro de uma classe e de um grupo social específico para poder – como etnólogo – estranhar alguma regra social familiar e assim descobrir (...) o exótico no que está petrificado dentro de nós pela reificação e pelos mecanismos de legitimação” (p.28-29). A compreensão e apreensão da primeira transformação, isto é, o exótico em familiar é feita mediante apreensões cognitivas; já a segunda transformação requer um rompimento emocional, pois “a familiaridade do costume não foi obtida via intelecto, mas via coerção socializadora” (p.30). Durante o trabalho de campo os “agentes” em ação são constantemente o sentimento e a emoção, é a introdução da subjetividade do pesquisador como um “dado sistemático da situação”. Dessa forma, percebemos a relação de alteridade entre o pesquisador e o pesquisado, e para a pesquisa ser fecunda e cumprir seus objetivos é necessário que haja empatia entre ambos, pois com a empatia fluindo o tempo todo, há uma maior coleta de dados, já que com esse

fato

o

informante

libera

maiores

informações.

E

essa

relação

rica

entre

pesquisador/pesquisado é preciso ser recuperada, pois humanifica o trabalho.

20

Da Matta finaliza seu texto ressaltando a importância da Antropologia como ferramenta para o deslocamento de nossa própria subjetividade, de que o homem “precisa do outro como seu espelho e seu guia”.

ANEXO IV:

ROTEIRO PRÉ-TESTE

ENTREVISTA N.: ......

PROJETO : TRPM/CNPq/UNESP SUB-TEMA: ESTERILIZAÇÃO/RIBEIRÃO PRETO

I – FICHA DO INFORMANTE: DADOS SÓCIO-ECONÔMICOS Nome: ___________________________________________________________________ Endereço Completo: ________________________________________________________ Telefone: ( ) _____________ Cidade_______________________ UF _______________ Idade: __________

I- Natural de 1. Ribeirão Preto

( )

2. Araraquara

( )

3. Outro município do Estado de São Paulo

( )

4. São Paulo (capital)

( )

5. Outros estados

( )

II- Estado Civil (especificar se segundo, terceiro, quarto companheiro (a) etc.) 1. Casada (o), primeiro companheiro – casou

( ) 21

e continua com o mesmo parceiro 2. Casada (o), companheiros (a) posteriores

( )

- segundo, terceiro ou outro 3. Vive junto, primeiro companheiro (a)

( )

4. Vive junto, companheiros (as) posteriores

( )

- especificar 5. Solteira (o)

( )

6. Outro (especificar): _____________________

( )

III- Escolaridade 1. Ensino Fundamental incompleto/completo

( )

2. Ensino Médio incompleto/completo

( )

3. Superior incompleto/completo

( )

4. Analfabeta/o

( )

IV- Religião 1. Católica

( )

2. Evangélica

( )

3. Outras (especificar): ________________________

VI- Raça (auto-classificatório) 1. Branca

( )

2. Negra 3. Amarela

( )

( ) ( )

VII- Profissão (diferenciar profissão de ocupação) – Qual sua profissão? 1. Dona de casa ( ) 2. Empregada doméstica/diarista

( )

3. Outras (especificar ________________)

( )

4. Desempregada (o)

( )

5. N.R.

( )

VIII- Em que trabalha atualmente? Ocupação atual:

X- Profissão Companheiro/a? _________________________________________________________________ 22

X- Renda Individual 1.Menos de 1 até 1 salário mínimo

( )

2.De 1 a 3 salários mínimos

( )

3.De 3 a 5 salários mínimos

( )

4.Mais de 5 até 10 salários mínimos

( )

XI- Renda Familiar 1. Menor ou igual a 1 até 3 salários mínimos

( )

2. Maior de 3 até 6 salários mínimos

( )

3. Maior de 6 até 10 salários mínimos

( )

4. Acima de 11 salários mínimos

( )

XII- Casa Própria? 1. Sim ( ) 2. Não

( )

3. Outros (especificar): ___________________________________________________________________________ XIII- Quantas pessoas vivem na mesma casa? 1. de 1 a 3 pessoas

( )

2. de 3 a 6 pessoas

( )

3. de 6 a 10 pessoas

( )

4. mais de 11 pessoas

( )

XIV- Para as mulheres: No. de gestações Para os homens: No. de gestações de sua mulher/companheira - especificar se 1ª., 2ª...

XV- Número de filho/as vivos e idade – para todos XVI- Sexo dos filhos (as) – marcar quantos de cada sexo 1. Masculino 2. feminino

( ) ( )

XVII- Ainda vivem com você? – especificar quantos sim e quantos não 23

1. Sim

()

2. Não

()

II) História Reprodutiva 1) Vocês (ou seu companheiro/a) usavam alguma coisa para evitar filhos? O que usavam? Se sim, por que pararam? Se não, por que não usavam (ou o/a companheiro/a) nada? Tipo de contracepção

Idade ao começar

Quanto tempo usou?

Quem indicou?

Porque parou?

2) Você costuma fazer exames preventivos anuais? – somente os relacionados à saúde reprodutiva e DST’s Aids Para homens: Já fez o exame da próstata? Para as mulheres: Já fez o exame preventivo de câncer?

3) Quem você acha que deve ser responsável por evitar filhos? Por quê?

4) (Para as MULHERES) O seu companheiro acompanhava sua vida reprodutiva? (pré-natal, participar do parto, conhecia o método anticoncepcional (ou de evitar filho/as) que você usava?

5) (Para os HOMENS) Você acompanha (va) a vida reprodutiva de sua mulher? (pré-natal, participar do parto, conhecia o método anticoncepcional que ela usava; comprar anticoncepcional, perguntava se ela comprou e se tomou naquele dia, etc).

6) Para você há diferença entre a saúde da mulher e do homem? Se sim, quais são as diferenças? Se não, porque não há?

III) Esterilização 24

1) Como você decidiu se esterilizar? (deixar contar as circunstâncias, etc)

2) Quantos anos tinha? 3) O que mais pesou na sua decisão? Qual foi o principal motivo para sua decisão? 4) A decisão foi discutida com seu/sua companheiro/a? Em que termos? (os dois estavam de acordo?) Se foi decidida a dois porque foi você quem fez a operação?

5) Onde você realizou o procedimento? (Particular/público informações sobre as condições objetivas do procedimento).

6) Alguém do serviço de saúde ajudou você a tomar a decisão? Como te ajudou? Ou teve outra pessoa da sua relação que ajudou na sua decisão?

7) No serviço de saúde, explicaram para você sobre e como seria a operação? Onde iria fazer (o procedimento) – local do corpo? O que aconteceria depois (as conseqüências ou efeitos colaterais do pós-operatório)?

8) Em algum momento teve receio (ou medo) de fazer o procedimento? Por quê? (se sim ou não).

9) Explicaram sobre a possibilidade de ter filho/as no futuro? Quais?

10) Você pensou em alguma outra possibilidade? (Entrevistadora: tipo reprodução assistida)

11) Depois que se esterilizou como foi? Como se sentiu?

12) Alguma vez chegou a ter um sentimento de arrependimento? Por quê? (se sim ou não).

13) Mudou o relacionamento com seu companheiro (a) depois da esterilização? Se sim, em que sentido? (perguntar o que melhorou ou o que piorou/ se falar que nada, tem que puxar: diante do fato novo de não mais poder ter filho/as).

14) Você se importaria se seu/sua companheiro/a se esterilizasse e não você? Por quê?

25

15) O que você acha do Programa de Esterilização pelo SUS? Você acha que lhe deu mais possibilidades de conhecer outros métodos? 16) Como você explica o fato de que em geral são as mulheres que são responsáveis pela contracepção (ou por evitar filhos)?

IV) Maternidade/Paternidade

1) O que é para você a maternidade (p/as mulheres) ou a paternidade (p/os homens)? (ex. Quem é o pai? / Quem é a mãe? / O que é ser pai? / O que é ser mãe?).

2) Por que quis ter filho/as?

3) Você acha que o fato de saber que podia se esterilizar modificou seus planos de ter filhos?

4) O fato de estar esterilizado mudou o que você pensava sobre da paternidade ou maternidade? Por quê?

5) E na sua relação com seus filho/as?

6) Conte-nos de sua relação com seus filhos? Vive hoje com ele/as? Viveu até ficarem adultos? 7) Quanto tempo do dia se dedicava a eles? 8) Acordava à noite quando eram bebês? Trocava fraldas, dava mamadeira, levava ao médico, à escola? 9) Preocupava-se com eles, com a educação deles: ajudava nos deveres; brincava com eles; saia com eles? 10) O fato de se esterilizar ajudou a se dedicar mais a seus filhos ou continuou igual? 11) Quantos anos vive (u) com o pai (ou mãe) de seus filho/as?

12) Antes de viverem juntos, você já queria ter filho/as? Por quê?

13) A decisão de ter filho/as foi dos dois, ou um/a queria mais que o/a outro?

26

14) Para você quem é mais importante na criação/educação do/as filhos/as? Se um só cônjuge por quê, se os dois, porquê?

15) Como foi na família onde você nasceu? A relação com seu pai? A relação com sua mãe? (você foi criado pelos dois ou por um só - qual? ou quem lhe criou?)

ANEXO V: ROTEIRO DE ENTREVISTA ENTREVISTA N.: ____ PROJETO : TRPM/CNPq/UNESP SUB-TEMA: ESTERILIZAÇÃO/ARARAQUARA

12345678-

I- FICHA DO INFORMANTE: DADOS SÓCIO-ECONÔMICOS Nome: ___________________________________________________________ Idade: _______________________________________ Endereço Completo: ________________________________________________ Bairro: _______________ Cidade: ______________ UF: ____ CEP: __________ Telefone: (___) ________________________________ Natural de (nascido em) _____________________________________ UF: ____ Estado Civil [especificar se primeiro(a), segundo(a), terceiro(a), ou quarto(a) companheiro(a)]: ___________________________________________________ Idade do(a) parceiro(a) atual: _________________________________________ Data da esterilização: ___________________________

9- Escolaridade: 1. Analfabeto(a) 2. Ensino Fundamental incompleto 3. Ensino Fundamental 4. Ensino Médio incompleto 5. Ensino Médio 6. Superior incompleto 7 Superior ( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Qual curso: _____________________ 27

10- Qual sua raça (auto-classificação: branca, negra, amarela):_________________ 11- Você tem religião?

( ) Sim

( ) Não Se sim, qual?_______________

12- Em que você trabalha atualmente?__________________________________ 13- Essa é sua profissão?___________________________________________ 14- Qual a profissão de seu/sua companheiro/a?___________________________ 15- Em que seu/sua companheira trabalha atualmente?_____________________ 16- Renda Individual________________________________________ 17- RendaFamiliar___________________________________________ 18- Vive em Casa Própria? 1. Sim Especificar: ________________________________________ 2.Não Especificar: ________________________________________

II - ESTRUTURA FAMILIAR 1- Em sua casa vivem outras pessoas além de seu/sua companheiro/a e filho(s)/a(s)? Se sim, quem? Especificar _____________________ 2- Quantas pessoas vivem na mesma casa então? 1. de 1 a 3 pessoas ( ) 2. de 4 a 6 pessoas ( ) 3. de 7 a 10 pessoas ( ) 4. mais de 11 pessoas ( ) 3- Para as mulheres: No. de gestações: __________________________ Para os homens: No. de gestações da atual companheira: _____________ 4- Para mulheres: Tipo de Parto (de cada um dos filhos): _______________ Para os homens: Tipo de parto das companheiras: _____________________ 5- Número de filho(s)/a(s) vivos, idade e sexo (tanto para os homens quanto para as mulheres): ________________________________________________ ENTREVISTADORA: ATENÇÃO PARA AS DIFERENÇAS ENTRE AS RESPOSTAS ÀS PERGUNTAS 3 e 5. CASO HAJA DIFERENÇA, PERGUNTAR QUAL O MOTIVO. 6- Seu(s) filho(s)/a(s) vivem com você? Especificar se não. 1. Sim ( ) 2. Não ( ) 2.1.Se não, vive com quem? ______________________ 2.2. Você o(s)/a(s) encontra com que freqüência? ______________ 2.3. Você o(s)/a(s) ajuda financeiramente? ____________________ 2.4. E como é o relacionamento que você tem com ele(s)/ela(s)? _______ 7- Há filho(s)/a(s) só do(a) seu/sua companheiro(a) atual? ____________ 28

III - HISTÓRIA E SAÚDE REPRODUTIVA 1- Você evitou ter filhos? __________________________________ 2- Quais métodos utilizou para evitar filhos? (Falar de cada método especificando os dados da tabela abaixo).

Tipo de contracepção

Idade ao começar

Entrevistado(a) Quanto Quem indicou? tempo usou?

Porque parou?

E seu/sua companheira/o? Quais métodos utilizou?

Tipo de contracepção

Idade ao começar

Companheiro(a) Quanto Quem indicou? tempo usou?

Porque parou?

3- Você teve ou realizou algum aborto? Para homens: a companheira realizou? Caso a resposta seja afirmativa, pedir que fale como foi(ram) esse(s)aborto(s)] ___________________________ 4- Você costuma fazer os exames preventivos anuais? (Somente aqueles relacionados à saúde reprodutiva, DST’s e Aids?) ___________________ Para homens: Já fez o exame da próstata?____________________ Para as mulheres: Já fez os exames preventivos de câncer de colo e mamas?

29

5- Para as mulheres: seu companheiro esteve/está presente em sua vida reprodutiva? [Pré-natal, participar do parto, conhecia o método anticoncepcional (ou de evitar filho/as) que você usava] 6- Para os homens: você acompanha(va) a vida reprodutiva de sua mulher? (Pré-natal, participação no parto, conhecia o método anticoncepcional que ela usava; ou comprar anticoncepcional, perguntava se ela comprou, e se tomou naquele dia, etc.). 7- Para você há diferença de cuidados ligados à saúde da mulher e a do homem? Se sim, quais são as diferenças? Se não, porque não há?

IV – ESTERILIZAÇÃO 1- Quando e como você decidiu se esterilizar? (Falar sobre o momento, as circunstâncias que levaram à decisão, etc.) 2- Quantos anos você tinha? 3- Houve algum outro motivo para você se decidir? 4- A decisão foi discutida com seu/sua companheiro/a? Em que termos? (os dois estavam de acordo?) Se foi decidida a dois, por que foi você quem fez a operação? 5- Alguém do serviço de saúde ajudou você a tomar a decisão? Se sim, como foi essa ajuda? 6- Houve outra pessoa das suas relações que a ajudou a tomar a decisão? 7- No serviço de saúde, explicaram para você sobre como seria a operação? Onde seria realizado o procedimento (local do corpo)? O que aconteceria depois (as conseqüências ou efeitos colaterais do/no pós-operatório)? 8- Em algum momento teve receio (ou medo) de se submeter ao procedimento? Por quê? (se sim ou não). 9- Explicaram sobre a possibilidade de ter ou não filhos/as no futuro?O que foi dito? 10- Você pensou em alguma outra possibilidade? (Entrevistadora: depois da resposta, perguntar se não pensou em uma segunda outra solução - reversão/adoção/ reprodução assistida). 11- Depois que se esterilizou como foi? Como se sentiu? 12- Alguma vez chegou a se arrepender de ter se esterilizado/vasectomizado? Por quê? (se sim ou não). 13- Como ficou o relacionamento com seu companheiro (a) depois da esterilização? (Se falar que nada mudou, perguntar o que melhorou ou o que piorou diante do fato novo de não mais poder ter filho/as). 30

14- - Você se importaria se seu/sua companheiro/a se esterilizasse e não você? Por quê? ENTREVISTADORA: CASO O/A COMPANHEIRO/A NÃO TENHA QUERIDO SE ESTERILIZAR/VASECTOMIZAR PERGUNTAR POR QUE NÃO QUIS. 15- - O que você acha do Programa de Esterilização pelo SUS? Você acha que lhe permitiu conhecer outros métodos?

V - MATERNIDADE/PATERNIDADE 1- Fale um pouco sobre sua experiência de ser mãe/pai. PARA AMBOS: O que é ser pai? O que é ser mãe? (ENTREVISTADOR/a: Como é o dia a dia? Se tiver filho/a adotivo perguntar sobre) 2-Você quis ter filhos? Por que quis ter filho/as? 3-O fato de agora estar esterilizado(a) muda o que você pensa sobre o que é ser mãe e ser pai? Por quê? 4-E na sua relação com seu(s)/sua(s) filho(s)/a(s)? Por quê? 5-Conte como você cuidava de seus filhos. (Acordava à noite quando eram bebês? Trocava fraldas, dava mamadeira, levava ao médico, à escola?) 6-Vocês discutem/conversam sobre a educação dos filhos? (Preocupa-se com eles, com a educação deles: ajuda nos deveres; reuniões da escola; brincava com eles; saia com eles?) 7-Quantos anos vive(u) com o pai (ou mãe) de seu(s)/sua(s) filho(s)/a(s)? 8- Antes de viverem juntos, você já pensava em ter filho(s)/a(s)? Por quê? 9- A decisão de ter filho(s)/a(s) foi dos dois, ou um/a queria mais que o outro? 10- Existe alguma diferença na participação da mãe e do pai criação/educação do/as filhos/as? Qual é essa diferença? 11- E a sua criação/educação (sua família)? Havia diferença na educação de meninos e meninas? Como foi sua relação com seu pai e com sua mãe (Entrevistadora: deixe contarem um pouco da história dele/as)

31

ANEXO VI: ROTEIRO DE ENTREVISTA ENTREVISTA PROJETO : TRPM/CNPq/UNESP SUB-TEMA: FILA DE ESPERA PARA ESTERILIZAÇÃO

No___________

I- FICHA DO INFORMANTE: DADOS SÓCIO-ECONÔMICOS Nome: ___________________________________________________________ Idade: _______________________________________ Endereço Completo: ________________________________________________ Bairro: _______________ Cidade: ______________ UF: ____ CEP: __________ Telefone: (___) ________________________________ Natural de (nascido em) _____________________________________ UF: ____ Estado Civil [especificar se primeiro(a), segundo(a), terceiro(a), ou quarto(a) companheiro(a)]: ___________________________________________________ Idade do(a) parceiro(a) atual: _________________________________________ Data da inscrição no Programa de Esterilização___________________________ 19- Escolaridade: 1. Analfabeto(a) 2. Ensino Fundamental incompleto 3. Ensino Fundamental 4. Ensino Médio incompleto 5. Ensino Médio 6. Superior incompleto

( ( ( ( ( (

) ) ) ) ) ) 32

7 Superior

( )

Curso: _____________________

20- Qual sua raça (auto-classificação: branca, negra, amarela): _________________ 21- Você tem religião?

( ) Sim

( ) Não Se sim, qual? ________

22- Em que você trabalha atualmente? ____________________ 23- Essa é sua profissão? _________________________ 24- Qual a profissão de seu/sua companheiro/a? __________________________ 25- Em que seu/sua companheira trabalha atualmente?_____________________ 26- Renda Individual: ________________________________ 27- Renda Familiar:_____________________________ 28- Vive em Casa Própria? 1. Sim , Especificar: _________________________________________________ 2.Não Especificar: _________________________________________________

II - ESTRUTURA FAMILIAR 8- Em sua casa vivem outras pessoas além de seu/sua companheiro/a e filho(s)/a(s)? Se sim, quem? Especificar. _________________________________________________________________ 9- Quantas pessoas vivem na mesma casa então? 1. de 1 a 3 pessoas ( ) 2. de 4 a 6 pessoas ( ) 3. de 7 a 10 pessoas ( ) 4. mais de 11 pessoas ( ) 10- Para as mulheres: No. de gestações:_________________________________ Para os homens: No. de gestações da atual companheira:_______________ 11- Para mulheres: Tipo de Parto (de cada um dos filhos): _________________ Para os homens: Tipo de parto das companheiras: ____________________ 12- Número de filho(s)/a(s) vivos, idade e sexo (tanto para os homens quanto para as mulheres): ___________________________________ ENTREVISTADORA: ATENÇÃO PARA AS DIFERENÇAS ENTRE AS RESPOSTAS ÀS PERGUNTAS 3 e 5. CASO HAJA DIFERENÇA, PERGUNTAR QUAL O MOTIVO. 13- Seu(s) filho(s)/a(s) vivem com você? Especificar se não. 1. Sim ( ) 2. Não ( ) 2.1.Se não, vive com quem? ___________________________________ 2.2. Você o(s)/a(s) encontra com que freqüência? _______________ 2.3. Você o(s)/a(s) ajuda financeiramente? ____________________ 2.4. E como é o relacionamento que você tem com ele(s)/ela(s)? ________

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14- Há filho(s)/a(s) só do(a) seu/sua companheiro(a) atual? ____________

III - HISTÓRIA E SAÚDE REPRODUTIVA 12- Você evitou ter filhos? ______________________________________

Quais métodos utilizou para evitar filhos até o presente momento? (Falar de cada método, especificando os dados da tabela abaixo.

Tipo de contracepção

Idade ao começar

Entrevistado(a) Quanto Quem indicou? tempo usou?

Porque parou?

13- E seu/sua companheira/o? Quais métodos utilizou?

Tipo de contracepção

Idade ao começar

Companheiro(a) Quem indicou? Quanto tempo usou?

Porque parou?

14- Você teve ou realizou algum aborto? [Para homens e mulheres. Caso a resposta seja afirmativa, pedir que fale como foi(ram) esse(s)aborto(s)] _______________________________________________________________ 15- Você costuma fazer os exames preventivos anuais? (Somente aqueles relacionados à saúde reprodutiva, DST’s e Aids?) _____________________ Para homens: Já fez o exame da próstata?_______________________ Para as mulheres: Já fez o exame preventivo de câncer? _______________ 16- Para as mulheres: seu companheiro esteve/está presente em sua vida reprodutiva? [Pré-natal, participar do parto, conhecia o método anticoncepcional (ou de evitar filho/as) que você usava]

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17- Para os homens: você acompanha(va) a vida reprodutiva de sua mulher? (Pré-natal, participação no parto, conhecia o método anticoncepcional que ela usava; ou comprar anticoncepcional, perguntava se ela comprou, e se tomou naquele dia, etc.). 18- Para você há diferença de cuidados ligados à saúde da mulher e a do homem? Se sim, quais são as diferenças? Se não, porque não há?

IV – ESTERILIZAÇÃO 16- Como e em que momento você tomou a decisão de se esterilizar? (Falar sobre o momento, as circunstâncias que levaram a tomada de decisão, etc.) 17- Houve algum motivo específico, particular, que tenha levado você a tomar tal decisão? 18- A decisão foi discutida com seu/sua companheiro/a? Em que termos? (os dois estão de acordo?) Se a esterilização foi decidida a dois, por que você é que se submeterá à operação? 19- Alguém do serviço de saúde ajudou você a se decidir? Se sim, como foi essa ajuda? 20- Houve outra pessoa, das suas relações, que a auxiliou a tomar essa decisão?

21- Vc. Já passou por todos os procedimentos no SUS para se esterilizar? (aconselhamento, etc) 22- Explicaram para você como será a operação? Onde será realizado o procedimento (em que parte do corpo)? O que acontecerá depois (as conseqüências ou efeitos colaterais do/no pósoperatório)?

23- Há quanto tempo vc está esperando a esterilização? 24- Em algum momento você tem dúvidas (ou medo) de se submeter à operação? Por quê? (se sim ou não). Já pensou em desistir? 25- Explicaram sobre a possibilidade de ter ou não filhos/as no futuro?O que lhe foi dito? 26- Você já pensou em alguma outra possibilidade? (Entrevistadora: depois da resposta, perguntar se não pensou em uma segunda outra solução - reversão/adoção/ reprodução assistida). 27- O que você imagina que mudará no seu relacionamento com seu companheiro (a) depois da esterilização? Qual a sua expectativa? (O que acha que mudará diante do fato novo de não mais poder ter filho/as). 28- - Você se importaria se seu/sua companheiro/a se esterilizasse e não você? Por quê? (ENTREVISTADORA: CASO O/A COMPANHEIRO/A NÃO TENHA QUERIDO SE ESTERILIZAR/VASECTOMIZAR PERGUNTAR PORQUE NÃO QUIS)

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29- - O que você acha do Programa de Esterilização pelo SUS? Você acha que permite conhecer outros métodos?

V - MATERNIDADE/PATERNIDADE 1. Fale um pouco sobre sua experiência de ser mãe/pai. PARA AMBOS: O que é ser pai? O que é ser mãe? (ENTREVISTADOR/a: Como é o dia a dia? Se tiver filho/a adotivo perguntar sobre) 2. Você quis ter filhos? Por que quis ter filho/as? 3. Agora que você sabe que pode se esterilizar pelo Programa do SUS, mudaram seus planos de ter filhos? 4. Conte como você cuida(va) de seus filhos. (Acordava à noite quando eram bebês? Trocava fraldas, dava mamadeira, levava ao médico, à escola?) 5-Vocês discutem/conversam sobre a educação dos filhos? (Preocupa-se com eles, com a educação deles: ajuda nos deveres; reuniões da escola; brincava com eles; saia com eles?) 6-Quantos anos vive(u) com o pai (ou mãe) de seu(s)/sua(s) filho(s)/a(s)? 7-Antes de viverem juntos, você já pensava em ter filho(s)/a(s)? Por quê? 8-A decisão de ter filho(s)/a(s) foi dos dois, ou um/a queria mais que o outro? 9-Existe alguma diferença na participação da mãe e do pai criação/educação do/as filhos/as? Qual é essa diferença? 10- E a sua criação/educação (em sua família)? Havia diferença na educação de meninos e meninas? Como foi sua relação com seu pai e com sua mãe (Entrevistadora: deixe contarem um pouco da história dele/as)

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ANEXO VII: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO- REPRODUÇÃO ASSISTIDA (E ESTERILIZAÇÃO) Está sendo realizada uma pesquisa sobre maternidade e paternidade, no município de Ribeirão Preto, sob a responsabilidade da Profa. Dra. Lucila Scavone, professora do Departamento de Sociologia da Faculdade de Ciências e Letras – UNESP – Araraquara. Dados sobre a pesquisa: Título do Projeto: “Tecnologias Reprodutivas: maternidade e paternidade em transição” Endereço: Rodovia Araraquara-Jaú Km 1 CEP: 14800-901 Telefones para contato: (16) 3301-6200 - ramal: 6378 1O trabalho proposto tem como objetivos: a) observar como as famílias vivenciam a maternidade e a paternidade por meio do evento da esterilização b) verificar a participação masculina e feminina na esterilização c) verificar se a reprodução assistida modifica sua experiência de maternidade e paternidade; ;d) verificar se a prática de esterilização pode aumentar a procura da reprodução assistida. 2-

A coordenadora da pesquisa garante a (o) entrevistada (o) que: O nome das pessoas que participarem desta pesquisa jamais será divulgado, nem conhecido por outras pessoas, além da pesquisadora. Todas as informações serão gravadas em computador em código. As pessoas que participarem desta pesquisa não receberão qualquer benefício direto por isto. Os resultados poderão, entretanto, beneficiar outras pessoas no futuro, caso seja 37

possível utilizar os dados em programas de orientação e aconselhamento voltados para ajudar pessoas em suas decisões acerca de ter filhos em serviços de reprodução assistida. Não haverá nenhum prejuízo ou punição para as pessoas que convidadas decidam não participar do estudo, ou para aquelas que, mesmo depois de terem decidido participar, desistam. Todas as pessoas que aceitarem participar também têm o direito de não responder alguma ou algumas das perguntas, se não desejarem fazê-lo, sem sofrer nenhum prejuízo por isto. Será solicitado às pessoas que aceitarem participar da pesquisa que assinem um Certificado de Consentimento, para documentar a sua decisão, inclusive no caso dos dados, sob as condições acima descritas, serem utilizados em publicações de caráter cientifico. Certificado de Consentimento Eu,______________________________________, declaro haver recebido os esclarecimentos acima e que pude fazer perguntas e esclarecer minhas dúvidas acerca do assunto. Aceito participar da pesquisa acima referida, sob responsabilidade da Profa. Dra. Lucila Scavone, conforme esclarecimentos e condições descritas acima.

Ribeirão Preto/ Araraquara, ______ de __________________ de 2005. Nome da entrevistada(o):_______________________Assinatura:___________ Nome da entrevistadora: ___________________________ Assinatura: _______

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