REMINISCÊNCIA FEMININA: HISTÓRIAS DE ALGUMAS MULHERES ABRAÇADAS PELO TERROR DA GUERRA ENTRE BRASIL E PARAGUAI1

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Trabalho escrito como avaliação da disciplina de História Regional do curso de História da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Abril de 2016.


REMINISCÊNCIA FEMININA: HISTÓRIAS DE ALGUMAS MULHERES ABRAÇADAS PELO TERROR DA GUERRA ENTRE BRASIL E PARAGUAI
Bruno C. Bio Augusto

INTRODUÇÃO
Contar a história das mulheres é lidar com o silêncio, ou seja, é aprender a ouvir os documentos mesmo quando estes, por força do hábito falocêntrico, nos remetem à uma história tradicional de tentativa de submissão. Mesmo lidando com personagens silenciadas, percebemos que não há um silêncio completo, já que há sim murmúrios que devem ser recontados e recriados.
Assim, segundo Perrot (2005), o silêncio das mulheres recorre aos ambientes que se entrelaçam entre o público e privado e que tentam subsumir a presença feminina, seja no âmbito doméstico, subsumida pela figura do pai, tio ou irmãos; ou na esfera pública, lugar onde o papel das mulheres se resume ao recato, à educação e à moral. Dessa forma, o silenciar feminino não chega à uma morbidez, vemos com isso, seus sussurros surgindo dos documentos, ansiosos para serem interpretados, lidos nas entrelinhas, chacoalhado à procura de um cabelo feminino, de um vestígio de sapatinhos de cetim e também de botas de couro rígido; sinais de um bracelete de ouro e também de uma corrente de ferro, procurando nos documentos uma pele branca como a neve, mas também uma cútis negra como a tempestade que amedronta.
Trabalhar as mulheres é recorrer à uma história que se choca com as representações de uma sociedade criada para ser masculinizada. Assim, estudar o feminino é ir contra a correnteza de uma racionalidade remetida apenas ao homem e uma sensibilidade atrelada apenas à mulher. É trabalhar o abrandamento da tentativa de recontar um passado não de padrões, mas de exceções (que são muitas). O campo da história social feminina é um lugar interessante, mas que precisa ser trilhado em meio às planícies de homens, mas que também são planaltos de mulheres.
Em uma sociedade dominada pelo poder masculino, os vestígios femininos desapontam como saída para enxergamos múltiplas participações de uma história social pautada na discussão de gênero e que recebe o papel de protagonista na historiografia (DOURADO, 2005). Nesse sentido, a guerra entra como um ambiente tradicionalmente masculino, as brutalidades, a falta de ética, de moral e o cotidiano com a morte afasta, em tese, as mulheres desse campo sangrento e reafirma, também em tese, a supremacia da força do homem. Nosso trabalho vai ao reverso da ideia do campo de batalha. Este texto tenta recontar as personagens femininas que foram vítimas das injustiças dos combates, mais especificamente as mulheres que participaram, indiretamente ou diretamente, na guerra entre Brasil e Paraguai (1864-1870), na segunda metade do século XIX.
Na medida do possível buscamos ilustrar com nome e sobrenome algumas personagens que foram importantes para essa batalha, tanto do lado paraguaio como também do lado brasileiro. Portanto, este "paper" irá desenhar as "senhoras respeitáveis" e as "mulheres comuns" (que também merecem o respeito, principalmente do historiador).

O contexto da Guerra e o sul de Mato Grosso oitocentista
Segundo Vainfas (2002), morreram na Guerra que envolvia Paraguai, Brasil, Argentina e Uruguai de 150 a 300 mil pessoas, assim, em uma análise historiográfica, há interpretações que aludem ao Paraguai como grande responsável pelo estopim do conflito. Dessa forma, a ótica dos vencedores é contada em favor da imagem de um Paraguai tirano em meio à barbárie. Desse modo, há também a ideia de que a Inglaterra foi a financiadora e propulsora do conflito, devido as suas economias atreladas à Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai), histórias as quais padecem de fontes para assegurar este discurso. De tal modo, para a historiografia recente, indo ao reverso da tradicional, temos o desdobramento do conflito motivado por questões locais, principalmente por questões de territorialidade (VAINFAS, 2002).
As questões de fronteiras são alvos de disputas que remontam as capitânias hereditárias portuguesas. Assim, os entraves entre Portugal e Espanha pelo Oeste lusitano no contexto do século XVII e XVIII - regiões do atual Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia -, ilustram páginas e mais páginas de documentos e referenciais bibliográficos, como expôs Lucídio (1993), ao discutir a grandiosidade do sertão e seu sinônimo de solidão, impressos na memória de viajantes. Portanto, as fronteiras são delicadas pois não há um consentimento objetivo de suas demarcações. Os marcos fronteiriços, de acordo com Amado (1995), não são fixos. Estão sempre em pauta nas políticas de ocupações e reocupações dos ambientes. Vemos a oscilação das fronteiras quando estudamos o sul de Mato Grosso do século XVIII, com sua frente pioneira demarcando terras e expulsando povos originários, sempre apoiados pelas políticas legitimadoras da Coroa brasileira.
Desse modo, para Borges (2015), em grande parte do sul de Mato Grosso havia famílias donas de grandes porções de terras, e, assim, Sant'Anna do Paranahyba tornou-se conhecida como os "sertões dos Garcias" – localidade de uma de nossas mulheres que aqui serão estudadas. Nesse contexto, em meados do século XIX temos a Lei de Terras, que, segundo a autora, veio para reafirmar a posição de posse da elite fundiária em lesão do pequeno posseiro ou dos grupos indígenas locais.
Portanto, o conflito entre as fronteiras de Brasil e Paraguai escapam da linguagem diplomática e explodem em lutas. Assim, no contexto das décadas que precedem a guerra e posteriores a ela, a "posse de terra na região tornou-se privilégios de poucos, concentrando a renda e forçando os demais a vender suas pequenas posses de formas violentas" (MEDEIROS, 2007 p.146).
Extrapolando a diplomacia, temos o sul de Mato Grosso mergulhado nas tropas de Solano Lopez e com eles os/as "sertanistas" presos/presas. Assim, enquanto o Paraguai invade o território, vemos famílias sendo presas, mulheres estupradas, crianças separadas de suas mães e pais sendo mortos.

As "mulheres respeitáveis" e "mulheres comuns" da Guerra
Ao pensarmos nas reafirmações do cenário feminino na sociedade, é preciso recorrermos ao universo da mulher na história da humanidade, em que, ao arrolarmos as fontes em nosso texto, lidamos tanto com as mulheres senhoras de fazendas e donas de numerosos gados, hectares de plantações; como também encontramos as mulheres do povo, que vendem a sua força de trabalho no campo ou na cidade em troca de dinheiro, alimentos, ou lugar para dormir. Assim, ricas e pobres convivem nos espaços públicos e privados, compartilhando devoções, alegrias, tristeza e medo, este último tão marcado pelo ambiente bélico. Assim, seu envolvimento na guerra pode nos mostrar que a mulher não é realmente o corpo "frágil" com "órgãos delicados".
Segundo Perrot (2005), é preciso nos libertarmos das imagens de mulheres dicotômicas de poder e/ou fraqueza. É neste ponto que está a tarefa difícil de estudá-las, a fim de que possamos nos alçar para voos em que a mulher se apresente além de uma água forte que refresca o guerreiro cansado da batalha, mas sim personificada na imagem da própria guerreira.
Neste contexto das histórias de mulheres batalhadoras, temos a Senhorinha Barbosa Lopes, mulher que viria a compor parte da elite do sul de Mato Grosso oitocentista. Esta mulher, mineira de nascimento, mas mato-grossense de adoção, foi casada duas vezes, ambas as vezes com homens da família Lopes – "desbravadores" dos sertões (MEDEIROS, 2007).
Senhorinha em sua vida encarou a morte muitas vezes – mortes de seus filhos e de seus dois maridos -, nos mostrando que mesmo pertencendo aos abastados da sociedade, o contexto de guerra quase sempre irá derramar sangue entre as elites também. Senhorinha Barbosa Lopes, mulher que virou ícone nas regiões dos Apas paraguaios, de Sant'Ana do Paranahyba e das atuais cidades de Nioaque e Miranda, ilustra uma fonte escrita no ano de 1904, obra de uma freira redentorista memorialista que durante dez anos visitou a residência de Senhorinha, já no contexto final da vida de Barbosa Lopes, com seus quase 100 anos.
A freira Maria Tomé nos mostra, em suas linhas, a história de uma mulher marcada pelos emaranhados de emoções, tão comuns ao longo de nossa vida. Podemos ler - e em algum momento até ouvirmos na nossa imaginação - a alegria de seus dois casamentos, o resplendor dos nascimentos de seus mais de dez filhos - prole que a guerra fará questão de arrancar de seu seio; e, Senhorinha também apreendeu, à duras custas, o valor do lugar, da casa, do lar, pois a esposa de Gabriel e José Lopes foi presa duas vezes no ambiente da Guerra entre Brasil e Paraguai e duas vezes regressou para a sua fazenda, o seu chão.
Graças aos escritos da freira Maria, podemos ver eternizado nas folhas do livro a vida de uma mulher – que entrelaça outras histórias, outras mulheres, e homens também – no cotidiano do final do século XIX. Momento marcado tanto pela guerra, como pela fartura de terras férteis e de pasto grande para criar o rebanho bovino e produzir a agricultura.
Imbricadas à história de Senhorinha Barbosa Lopes nós temos as histórias de mulheres andarilhas e vivandeiras, batalhadoras tanto quanto a esposa de Gabriel e José Lopes. Nesse contexto, a imagem das vivandeiras é construída pelas mulheres que acompanhavam os batalhões do exército oferecendo víveres, bebidas e objetos de necessidade e, em busca da sobrevivência, algumas ofereciam também o trabalho de prostituição (DOURADO, 2005).
Temos, assim, os escritos do General de Brigadas, José Luiz Rodrigues da Silva – sujeito que lutou na Guerra do Paraguai – os quais tratam sobre o comércio de vivandeiras. O trecho que selecionamos é um fragmento de caráter romantizado da figura feminina, nos mostrando a idealização da delicadeza, mas que se torna importante para possibilitar pensarmos a presença dessas mulheres em ambiente de confronto direto com as tropas inimigas:

Amasia inseparável de distincto general, acompanhava-o nas excursões difíceis até, e, aos primeiros tiros de qualquer peleha, ahi se achava ella em seu cavalo garboso, bem apeirado, pondo em prática os belos sentimentos, que tão bem se aninhavam no coração maculado, mas ainda com laivos de virtude (DOURADO, 2005 p.91)

No contexto de mulheres acompanhando os batalhões, temos a presença da piauiense Jovita Alves Feitosa, de dezessete anos, de família simples que, na década de 60 do século XIX, integra-se aos batalhões do Império brasileiro. Jovita produz também um rebuliço nos jornais da época, como o Jornal do Comércio no ano de 1865, escrito por um anônimo:

Será possível que o belo sexo de algumas províncias esteja dando o exemplo, oferecendo-se para o serviço de guerra e alguns Senhores Oficiais do efetivo serviço ainda empregados nas fortalezas e comissões outra que podem ser substituídos pelos reformados!!!! (DOURADO, 2005 p.97)

E segue uma outra opinião publicada no mesmo jornal, ainda no ano de 1865:

A ofensa mais grave à dignidade dos homens que se prezam e à daquelas que militarão é sem dúvida a presença da jovem Jovita Alves Feitosa nas fileiras do segundo Batalhão de voluntários do Piauhy... a mulher poderá servir quando muito para fornecer um ou outro cartucho um ou outro cantil d'água... mas não poderá jamais lançar mão de um sabre e bater-se quando se apresentam as ocasiões (DOURADO, 2005 p.97)

Destarte, nestes discursos de ódios que vemos legitimado na sociedade estratificada em limitações femininas, quando transpassado seus limites, a mulher sofre represaria. Geralmente os horizontes das esferas da "mulher idealizada" está marcado pela delicadeza e educação, quando vencido, coloca os valores da sociedade em contestação, ou seja, a mulher é comparada com a figura masculina em guerra, assim a legitimação das diferenças biológicas cai por terra, e isso, para a sociedade masculinizada, não pode ocorrer.
A obra de Taunay, A retirada da Laguna, nos ilustra personagens femininos também envoltos na Guerra entre Paraguai e Brasil, como é o caso da Preta Ana. A guerreira Ana, mulher que Taunay trás em suas páginas, é representada pela mulher "caridosa", mas que, ao contrário de Senhorinha Barbosa, não tem nome e sobrenome de elite. A sua cor é que acompanha seu nome e sobrenome. Vemos, pois, que as mulheres compõem um grupo heterogêneo, mas que traçam uma linha tênue de igualdades: perdas devido a guerra e também, possivelmente, esperanças de tempos de paz e quem sabe algum ganho.
Quanto ao outro lado da fronteira, do lado paraguaio, também temos mulheres se reafirmando no cenário bélico. Assim, temos dois tipos de mulheres envolvidas no confronto: as mulheres paraguaias "destinadas" e as "residentas" (DOURADO, 2005).
Neste contexto, as destinadas são "parentes de réus políticos, desertores e traidores da pátria, que, por isso, eram castigadas e obrigadas a marchar pelo interior do país por pertencerem a famílias de conspiradores" (DOURADOS, 2005 p.33).
Para as destinadas não há classe, sendo da elite ou pobres, as mulheres tinham o peso de arcar com a traição de seus familiares aos olhos do Estado Paraguai. É o caso de Pancha Garmendia, mulher que se tornou ícone da Guerra no lado Paraguaio. Sendo a "heroína del honor, doncella del Paraguay, doncella de Orleans e doncella do martyrio" (DOURADO, 2005 p.33).
É importante pensarmos que Pancha era a idealização do singelo, da moral e da educação da mulher paraguaia no contexto da guerra. Em um ambiente de truculências, de barbáries, a presença de uma mulher delicada era almejada, portanto, Pancha ilustra um poema do ano de 1850, em que podemos ver que no contexto conturbado paraguaio (de autoritarismo) a figura da mulher é materializada na esperança, renovação. Apresentamos então apenas dois trechos do poema:
Angustiado el corazón,
Sufro, pero com decoro,
y, aunque el porvenir ignoro,
siendo verdadeiro amante:
tu eres por quien gimo y lloro (ALCALA citado em DOURADO, 2005 p.34)

E segue mais um trecho da linda poesia:
De tu singular beleza,
Del imán de tu hermosura, pende mi surte futura,
Si le das giro a mi empresa,
Pues, siendo tu gentileza,
El móvi porquien yo vivo, me otorgás um recibo
Que acredite mi lealtad, ya que tú eres la deidad
Por quien me encuentro cautivo (ALCALA citado em DOURADO, 2005, p.35)

Portanto, pelas estrofes podemos enxergar uma idealização de amor deitado no colo das mulheres. A mulher, de tal modo, imbrica na idealização de um eu lírico romantizado. Romance que tanto marca o século XIX na literatura. As personagens femininas da história, sejam as abastadas ou as populares, são sujeitos que desembocam em um cenário marcado pela Guerra do Paraguai.
Quanto às mulheres paraguaias residentas, são personagens heroicas que personificam a nacionalização da pátria após a integração nos batalhões da guerra, como a imagem de Francisca Crabrera, que defenderia seus filhos "con su cuchillo hasta morir y que después de muerta ella, el mayor de sus hijos tomaría el cuchillo y pelearia hasta el fin" (ALCALA citado em DOURADO, 2005 p.37). Nesse contexto, essas mulheres "acompanhavam, sobretudo, seus filhos adolescentes, seus maridos, pais e irmãos, servindo como mão de obra para os mais diversos serviços" (DOURADO, 2005 p.36).

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Desse modo, tanto no lado paraguaio, como no lado brasileiro temos indícios da participação de mulheres na guerra. Sejam elas envolvidas diretamente no confronto – como a Jovita Alves Feitosa e Francisca Cabrera; ou, também, indiretamente, como a Senhorinha Barbosa Lopes. Sejam também personificando o nacionalismo, visto na imagem de Pancha Garmendia, percebemos que há também o envolvimento, ao menos na parte do Brasil, de negras e mestiças no combate, como a preta Ana. Assim, para essas afrodescendentes, a guerra é vista como um misto de terror e barbárie, mas também de possível liberdade, pois ao se tornarem "heroínas", poderiam contestar a sua condição de escravizadas, se apegando assim, em possíveis honrarias que a vitória lhes traria, quem sabe mesmo até a própria liberdade, no caso das escravizadas. Claro que isto somente seria possível se saíssem vivas dos campos de batalha.
E foi pela luta de reafirmações, pela defesa de uma nacionalidade ou mesmo na esperança de uma melhor condição de vida, que vimos homens e mulheres atrelados no cotidiano da Guerra entre Brasil e Paraguai, tecendo, assim, formas de resistência, principalmente a resistência feminina na sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMADO, Janaína. "Região, sertão, nação". Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v.8 n.15, 1995 145-151.

BORGES, Maria Celma. "Os Cayapó e a propriedade da terra em Sant'Anna do Paranahyba, sul de Mato Grosso". In: MACHADO, Marina. (org.) Terras indígenas e propriedade. Rio de Janeiro: Proprietas, 2015. (No prelo)

DOURADO, Maria Teresa Garritano. Mulheres comuns, senhoras respeitáveis: a presença feminina na Guerra do Paraguai. Campo Grande, MS: Ed. Ufms, 2005.

LUCÍDIO, João Antônio Botelho. Nos confins do Império um deserto de homens povoados por bois: a ocupação do planalto sul Mato Grosso (1830-1870). Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em História. Universidade Federal Fluminense. Niterói, 1993.

MEDEIROS, Samuel Xavier. Senhorinha Barbosa Lopes: uma história da resistência feminina na Guerra do Paraguai. Campo Grande: Gibim, 2007.

PERROT, Michelle. As mulheres ou os silêncios da história. Bauru, SP: Edusc, 2005.

Taunay, Affonso de E. A retirada da Laguna: episódio da Guerra do Paraguai. São Paulo: Melhoramentos, 1952.

VAINFAS, Ronaldo. (dir.) Dicionário do Brasil Imperial. São Paulo: Objetiva, 2007.
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