REPLICABILIDADE DA EMGS DO EXERCÍCIO ROSCA BÍCEPS APÓS PERÍODO DE 10 MINUTOS

July 8, 2017 | Autor: Thais Russomano | Categoria: Electromyography, Surface Electromyography, Isometric Contraction
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REPLICABILIDADE DA EMGS DO EXERCÍCIO ROSCA BÍCEPS APÓS PERÍODO DE 10 MINUTOS. Flávia Porto1, Jonas Gurgel1,2, Alexandre Runge2, Thais Russomano1, Antônio Carlos Stringuini Guimarães3 e Marco Aurélio Vaz3. ¹ Núcleo de Pesquisa em Biomecânica Aeroespacial/ Laboratório de Microgravidade/ IPCT/ PUCRS; 2 Laboratório de Pesquisa em Atividade Física/ FEFID/ PUCRS; 3 Laboratório de Pesquisa do Exercício/ ESEF/ UFRGS. Abstract: A scientific procedure is reliable when it is possible to reproduce it in different moments. Reproducibility in electromyography is not easy to be achieved because several variables are inherited to this technique, which might affect its reliability. However, it is believed that the reproducibility of an electromyography can be achieved if the variables of the method are controlled. This study aimed to verify the reproducibility of the electromyography of elbow flexion performed by athletes. Time interval for test replication was 10 min. Results showed that the electromyography of the maximal isometric contraction of both brachial biceps is reliable intra and interindividuals. The electromyography of elbow flexion was reliable for most of test subjects. A significant difference, however, was found in the control group. The small sample size used limits conclusions based on this study. Further studies are needed for a better understanding of the electromyography reproducibility. Key-words: Surface Electromyography, Reliability, Elbow flexion. Introdução A evolução da Biomecânica é evidente em nível mundial, nos mais diversos ramos [1]. Dentre as várias ferramentas da Biomecânica está a EMG, método que registra os sinais elétricos do músculo quando em atividade. Ávila et al. [2] reportaram que as pesquisas realizadas na área de Biomecânica carecem de padronizações metodológicas e afirmam que se encontram incompletos os modelos e protocolos de avaliação utilizados para a formação de teorias que explicam o movimento. No que tange à EMGs, admitese que a dificuldade de se padronizar procedimentos de medição em Biomecânica gera uma necessidade, ainda maior, de confiabilidade de procedimento neste setor [3]. A validade de um procedimento ampara-se na fidedignidade da mensuração, ou seja, na repetição dos procedimentos de medição os resultados alcançados devem coincidir. Para tanto, utiliza-se o método de reteste ou de estabilidade no qual o teste é repetido em outro dia, sendo que o intervalo não pode ser tão longo a ISBN # XICBB'2005

ponto de ocorrer mudanças de habilidade, de maturação ou de aprendizagem entre os dias de teste [4]. Entretanto, apesar de a replicabilidade da EMGs aparentar ser um procedimento confiável, há divergências quanto a tal procedimento na literatura. De acordo com Zacaria et al. (1996) apud Magdalon et al. [3], a quantidade de artigos publicados que tratam da confiabilidade do sinal de EMGs é ínfima comparada à produção total que aborda tal temática. Kollmitzer et al. [5] alegam ser controversa a questão da EMGs ser um método replicável. Isso quer dizer que os atos de retirar e recolocar os eletrodos denotam um procedimento não-fidedigno. Por outro lado, outros autores têm demonstrado o oposto: em certas condições, o procedimento é válido. Finucane et al. [6] demonstraram que as medidas de rmsEMG nãonormalizadas para contrações concêntricas e excêntricas isocinéticas submáximas dos músculos vastos lateral e medial, e reto femoral são fidedignas. Quanto à EMGs de quadríceps, principalmente de reto femoral, é um método fidedigno para contrações isométricas submáximas, desde que haja intervalo curto entre os testes e estável posicionamento dos eletrodos [5]. Apesar de ser uma questão polêmica e, ainda, nebulosa no meio científico, alguns autores ignoram tal fato e aplicam [7, 8] ou, não [9] o re-teste de EMGs, sem mencionar a questão. Deste modo, o objetivo deste estudo foi avaliar a replicabilidade da EMGs, após período de 10min de retirada dos eletrodos, do músculo bíceps braquial de indivíduos jovens saudáveis não–atletas, praticantes de musculação, para exercícios de rosca bíceps com pegada supinada. A hipótese levantada foi a de que, ao se controlar as variáveis intervenientes ao procedimento de coleta de sinal eletromiográfico, a replicabilidade da EMGs seria um procedimento fidedigno. Materiais e Métodos A amostra foi composta por 4 homens saudáveis com idades entre 26 e 36 anos (Tabela 1), todos experientes na prática do exercício rosca bíceps há, pelo menos, 6 meses e com freqüência semanal de, no mínimo, 3 vezes por semana de prática de musculação. A seleção da amostra foi não-aleatória, tendo como Page#

critérios de exclusão o uso de drogas ilícitas, ser fumante e apresentar pressão arterial com valores elevados acima de 120x80, além de condições prévias ao teste de: ingestão de álcool nas últimas 48h, ingestão de cafeína nos últimos 30min, ingestão de fármacos diuréticos na última semana, ter praticado exercícios físicos nos últimos 30min e ter menos de 8h de sono na noite anterior. Tabela 1 - Perfil da amostra. Estatura

Massa Corporal

Densidade Corporal

171,75 ± 5,07cm

72,25 ±2,95kg

1,06 ±0,01g/ml

Percentual de gordura 17,08 ±5,55

Idade 28 ±5 anos

Após terem lido e assinado um termo de consentimento autorizando a utilização de seus dados na pesquisa, os voluntários responderam aos questionários PAR-Q e anamnese para parcial caracterização da amostra e aplicação dos critérios de exclusão. Posteriormente, os voluntários passaram por avaliação física, sendo levantadas medidas de estatura, massa corporal, tamanho de segmentos (antebraços) e percentual de gordura. A estatura foi mensurada com auxílio de estadiômetro. A massa corporal foi verificada por meio de balança mecânica devidamente calibrada (Filizola®). O tamanho de segmentos dos antebraços foi levantado a partir da distância marcada entre os acidentes ósseos cabeça do rádio e processo estilóide do rádio; posteriormente, com auxílio de um paquímetro (Carci®), foi medido tal comprimento. Para estimativa do percentual de gordura, foi escolhido o modelo de dobras cutâneas (adipômetro Sanny®) de 7 dobras, proposto por Jackson e Pollock (1978) e a equação preditiva de Siri [10]. Finda tal etapa, a pele do voluntário foi preparada para colocação dos eletrodos de superfície (eletrodos simples, tipo Ag/AgCl, Marca Noraxon®). A preparação incluiu limpeza da pele com água e sabão, além de retirada de pêlos com auxílio de lâmina de barbear descartável e fricção da pele com algodão umedecido em álcool [11, 12]. A configuração dos eletrodos admitida foi a bipolar com distância de 20mm entre os centros dos eletrodos. A técnica de colocação dos eletrodos adotada foi a do ponto médio do ventre muscular, na direção longitudinal das fibras [13]. O eletrodo de referência (terra) foi afixado sobre a pele sobre a clavícula. Ambos membros superiores foram instrumentados com eletrodos. Em volta dos eletrodos, fora efetuada uma tatuagem para marcar o contorno dos mesmos nos lugares onde foram fixados na pele. O local de realização do estudo foi o Laboratório de Eletrotermoterapia e Fototerapia da Faculdade de Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Todos experimentos foram executados numa Gaiola de Faraday ISBN # XICBB'2005

para garantir a qualidade dos sinais. A temperatura ambiente foi mantida e controlada a 22ºC com o uso de sonda e multímetro digital (Marca Minipa, modelo ET – 2082A, Ind. Brasileira) O protocolo consistiu em testes de forças isométrica e dinâmica. Para o teste de força isométrica (contração voluntária máxima – CVM), foi utilizado um sistema de empunhadura, corda de aço (diâmetro: 5mm) e célula de carga (tipo S, grau de proteção IP-65, 50kg, Marca Kratos, Ind. Brasileira). A corda de aço foi presa a uma base de madeira (medidas: raio= 250mm; espessura= 20mm) e seu comprimento poderia ser ajustado conforme a estatura do indivíduo possibilitando uma angulação de 90º de cotovelos; tal angulação foi devidamente monitorada por eletrogoniômetro baseado em potenciômetro rotacional [14]. Assim, foi solicitado ao voluntário que realizasse 3 séries de 5s de contração máxima no sentido de flexão de cotovelos, sem, no entanto, ser possível, mover o sistema. O intervalo entre as séries foi cronometrado a 3min. O teste de força dinâmica (contração dinâmica – CD) consistiu na execução de 3 séries de 5 repetições do exercício rosca bíceps com pegada supinada, com intervalo de 3min entre as séries, cronometrado pelo pesquisador. A carga adotada foi de 12kg, somando as massas da barra média e das anilhas. O local de pegada na barra foi padronizado baseado na distância biacromial do indivíduo, sendo esta referida na própria barra, com marcações. O ritmo de execução do exercício foi normalizado com base nas equações de velocidades linear e angular. Partindo do princípio que para que os indivíduos gerem o mesmo esforço as velocidades lineares médias de suas execuções devem ser iguais, a equação geral pôde ser deduzida: ∆t n (exec /min) = rn (cm) × ∆ t p (exec/min) × 0,036630036 (cm −1 )

Na qual, indivíduo,

∆tn é o ritmo de execução de determinado

rn corresponde ao tamanho do antebraço

direito do voluntário, p significa o indivíduo adotado como padrão para o desenvolvimento da fórmula, e a constante 0,036630036-1 foi determinada a partir das variáveis deslocamento angular médio (em radianos) e comprimento do antebraço do indivíduo tido como padrão. Os voluntários tiveram seus ritmos individuais de execução controlados por metrônomo (Marca Seiko, modelo DM 11A, China). Cada protocolo foi realizado três vezes por dia, com intervalo de 10min entre cada. Apenas os eletrodos do membro superior esquerdo foram retirados e, posteriormente, novos recolocados. O período de 5min entre a colocação dos eletrodos e o início de coleta do sinal [15] foi obedecido. A aquisição dos dados de EMGs e eletrogoniometria foi possível com o uso de um eletromiógrafo (Noraxon, modelo Myosystem 1400A). Para a aquisição dos sinais gerados pela célula de carga, foi utilizado uma matriz de Page#

circuito com funções de amplificação, ajuste de “off-set” e balanceamento do sinal. O processamento dos dados foi realizado no software SAD2 (Sistema de Aquisição de Dados, desenvolvido pelo Laboratório de Medições Mecânicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul). A normalização do sinal de EMGs deu-se pelas médias dos valores de pico. Para filtragem do sinal, foi utilizado um filtro passa-banda, entre 10 e 400Hz. Os valores RMS foram calculados por janelamento do tipo Hamming, de 100 pontos. Para análise estatística dos dados, foi utilizado o software SPSS11.5 for Windows.

nos padrões eletromiográficos do membro superior direito na replicação do protocolo. Tabela 4: Relação intra-sujeitos de EMGs para CD.

Resultados

DP

S1 Dir A & D S1 Esq A & D S2 Dir A & D S2 Esq A & D S3 Dir A & D S3 Esq A & D S4 Dir A & D S4 Esq A & D

- .819 .070 .896 1.954 1.021 1.327 1.080 -.478

1.673 3.909 2.402 2.152 4.151 3.874 1.941 .948

Média EP .966 2.257 1.387 1.242 2.396 2.236 1.373 .670

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