REPRODUÇÃO DO ESPAÇO E A NOVA PERIFERIA; REFLEXÕES SOBRE EXPERIÊNCIA URBANA DA \'NOVA CLASSE MÉDIA\' NO LESTE FLUMINENSE

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Daniel Pereira Rosa. *Mestre em Geografia **Prof. Substituto no Departamento de Geografia da UERJ Contato: [email protected] REPRODUÇÃO DO ESPAÇO E A NOVA PERIFERIA; REFLEXÕES SOBRE EXPERIÊNCIA URBANA DA ‘NOVA CLASSE MÉDIA’ NO LESTE FLUMINENSE. A cada mudança de paradigma na economia somos levados à rever a forma como abordamos a análise do espaço urbano. Não se trata de subordinar o espaço às atividades econômicas, mas sim, de não ignorar que tais atividades tem grande relevância na organização política do espaço, condicionando inclusive a disposição de fixos e o direcionamento de fluxos. Este artigo é o ponto inicial de um novo projeto, onde buscamos elementos teóricos para compreender a dimensão da classe média na metrópole Fluminense e como esta classe vivencia a experiência urbana. Somos levados a diferenciar a experiência urbana desta classe média metropolitana do discurso otimista propalado pelos órgãos institucionais, que acabam construindo um cenário menos cauteloso do que ele talvez possa representar. Partindo das relações entre os circuitos superior e inferior e pautados no paradigma da sociedade de consumo, buscamos fazer as devidas distinções entre avanços e limitações da vida urbana no leste Fluminense, outrora tido como periferia (no sentido de condição) e agora fortemente impactado por mudanças na reprodução social, em suas demandas, nas relações de consumo e sobretudo na vivência do espaço urbano ainda fragmentado,excludente mas condicionante de rápidas e profundas mudanças.

Leste Fluminense – Vida na metrópole – Nova Periferia

Uma das maiores limitações da análise do espaço vem de seu dinamismo. Mais desafiador do que analisar as mudanças é eleger quais elementos dão suporte a uma tarefa onde a reproduçao é uma constante, em que reconhecidamente a quantidade de fatores que possamos elencar não exprime a complexidade de qualquer fenômeno estudado. Uma afirmação simples, mas que deveras não podemos deixar de fazer. Construído um recorte, partimos à investigação do processo, e daí a importância da concepção adotada do espaço, neste caso, o espaço circunscrito pela dinâmica urbana. Há de se ter o cuidado de admitir a multiplicidade de fatores que condicionam a reprodução do espaço sem, no entanto reduzi-lo à noção de algo estático, palco e passivo diante dos processos. Partimos então da concepção de espaço onde o urbano é processo, condição e modo peculiar de sua própria reprodução, onde a “realidade urbana não se vincula só ao consumo, ao „terciário‟, às redes de distribuição. Ela intervém na produção e nas relações de produção.” (LEFEBVRE, 2004, p.51) Lefebvre, alerta ainda para o fato de que o “espaço e a política do espaço exprimem as relações sociais, mas reagem sobre elas” (2004, p.26- 27). Daí a necessidade de perceber um urbano marcado pela fragmentação de diferentes partes da cidade, um urbano que é disputa política, e que se apresenta como condicionante de uma forma de experiência com a cidade. De fato, ainda que de modo reconhecidamente fragmentado, ligamos a cidade , o urbano e a metrópole para reconhecer a marcha acelerada de mudanças vivenciadas pelo espaço metropolitano. O afinco com que estas mudanças tem sido analisadas é proporcional à multiplicidade de problemas, oportunidades, debates e demandas que encontramos na organização das cidades. No caso da metrópole Fluminense, temos encontrado nas últimas décadas um esforço (necessário) de estudos que enfatizam o planejamento, a política e a própria economia como bases conceituais para explicar os processos e propor soluções para os incontáveis problemas vivenciados a partir da experiência urbana. São questões que passam pelo potencial do espaço da cidade de se organizar em acordo com o interesse de agentes variados, onde o capital tem sido quase sempre o ator predominante nos projetos de organização da cidade. Mesmo enfrentando resistências por parte de outros segmentos, a sua capacidade de fomentar discursos, cooptar a ação política e de reunir a informação tem lhe conferido extrema vantagem no que tange a tomada de decisões, como o apontado em Harvey (1989, p.213) em sua assertiva de que

“quem pode afetar a distribuição espacial de investimentos em transportes e comunicações e em infra- estruturas físicas e sociais, ou a distribuição territorial de forças administrativas políticas e econômicas pode muitas vezes obter recompensas materiais”. Deste modo, no caso do Leste Fluminense, entre os problemas urbanos mais recorrentes, figuram os relacionados à carência de equipamentos urbanos, às questões relativas ao movimento pendular, à capacidade dos poderes locais em atenderem as demandas da população e às limitações da organização do espaço quando se trata da reprodução social da força de trabalho, no que destacamos os esforços de Oliveira (2003), Freire & Freire (2006), Modesto (2006), Silva (2006) e Rosa (2010). Neste caso é possível destacar algumas esferas de análise que tem pautado os estudos dos problemas urbanos no Leste Fluminense a partir da política, da urbanização e das atividades econômicas.

Reprodução sócio espacial e dinâmica urbana na periferia metropolitana

O contexto desta proposição de estudo, considera uma área polarizada pela antiga capital do Estado do Rio de Janeiro, mas sob forte influência política e econômica do antigo estado da Guanabara. Cidades com parcas atividades econômicas e pouco integradas à divisão do trabalho na metrópole, marcadas como fornecedoras de mão-deobra pouco qualificada para as áreas onde a renda era concentrada. Descompasso entre a oferta de transportes intermunicipal e a oferta para os deslocamentos locais, falta de investimentos em equipamentos urbanos e por fim a tão usada classificação como cidade dormitório. Assim podemos rapidamente definir as características do espaço que configuramos chamar de Leste Fluminense, no qual nos daremos mais atenção às cidades de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí1. Dizemos então, que entrelaçar a esfera política, a própria urbanização e as atividades econômicas, fora o meio mais comum para explicar as carências, demandas e disputas deste espaço. Mas cabe ressaltar, que no caso específico do Leste Fluminense, um aspecto particular da urbanização ganha notoriedade na identificação dos problemas 1

Este trabalho é a primeira etapa de um projeto onde propomos investigar o impacto das mudanças na periferia metropolitana no Leste Fluminense. A escolha das três cidades se justificam pelas continuidades e descontinuidades apresentadas na esfera política, econômica e social , sem negar a imbricada relação entre as três cidades, que tem momentos e posição distintas na divisão regional do trabalho.

urbanos. As elevadas taxas de concentração de bens serviços e fluxos no centro metropolitano (cidade do Rio de Janeiro) era quem justificara a tarefa de compreender, não apenas os processos de constituição de uma metrópole complexa por si (ressaltando os diversos status institucionais pelo qual passou o atual capital do Estado do Rio de Janeiro), mas justificara também a compreensão do seu entorno, periferia imediata, parcialmente integrada e por vezes dependente das articulações com o centro. Pensamos em uma proposição de periferia, que a considere que [...] um espaço em condição periférica é o questionamento da dinâmica metropolitana como fator que constrói a noção de periferia enquanto espaço de dependência, em confronto com a acessibilidade de bens e serviços do núcleo metropolitano. (ROSA. 2010, p.21)

Resultado desta demanda, é que sem desarticular as relações da metrópole com seu entorno, o aspecto mais salutar desta urbanização concentrada, se apresentava justamente no seu oposto, ou seja, um processo intenso de periferização,tema que já debatemos em textos anteriores: dadas as características da metrópole fluminense, construiu-se o discurso da periferia metropolitana, dependente do centro, creditando ao dinamismo do mesmo, as carências e mazelas de seu entorno imediato, sugerindo então uma relação entre as atividades econômicas e a periferização no leste Fluminense. No que tange à divisão do trabalho , é ela que dá suporte ao processo de concentração, fragmentação e dependência a partir da relação centro – periferia. Sobre ela, Correa afirma que “a rede urbana, constitui-se simultaneamente em um reflexo da, e uma condição para a divisão territorial do trabalho” (1994, p. 48), o que reforça o fato de que s “a divisão territorial do trabalho, constitui um motor da vida social e da diferenciação espacial” (SANTOS, 1996 p.129). São estes problemas, oriundos do processo de reprodução capitalista do espaço na metrópole que justificam a disputa pelo seu controle político. Diante da dificuldade de fomentar o desenvolvimento endógeno, atribuiu-se um peso excessivo ao planejamento urbano, como elemento que nortearia a tomada de rumos para que uma inserção qualificada na divisão do trabalho pudesse fornecer as bases para o suposto desenvolvimento. Critica já tecida por LEFEBVRE, ao confrontar esta idéia, afirmando que

Um bom exemplo dessas ideologias totalizadoras, correspondendo a práticas mutiladoras, encontra-se nas representações do espaço econômico, e do planejamento que, pura e simplesmente, fazem o espaço urbano específico desaparecer, ao assimilar o desenvolvimento

social ao crescimento industrial, ao subordinar a realidade urbana à planificação geral. (2004, p.53).

Aparecem assim, discursos sobre a falta de planejamento, a necessidade do planejar, e um número fecundo de críticas ao planejamento. Discursos que ganhavam luz, mediante o agravamento de problemas da cidade que até então, giravam em torno do que se entende por melhoria da qualidade de vida, ou, em outras palavras, um planejamento que buscasse a superação da condição periférica. O cenário não nos permite apontar uma homogeneidade na divisão do trabalho no leste fluminense. Capitaneados pela cidade de Niterói, mesmo São Gonçalo e Itaboraí apresentavam um dinamismo industrial, que pela sua distribuição dispersa, dava a falsa impressão de estagnação econômica destas cidades. No entanto, entendemos que até então, as perspectivas de desenvolvimento apontavam para uma integração, subordinada, e pouco competitiva para as cidades do Leste Metropolitano. São Gonçalo construiu suas relações à margem da concentração exercida pela antiga capital do Estado do Rio de Janeiro. Mas isto não impediu, por exemplo, a instalação diversificada de atividades produtivas, que vão desde a indústria químicofarmacêutica, pesca, ganhando destaque também o ramo de vestuário, com confecções que distribuíam produtos para marcas de roupas que comercializam seus produtos em shoppings e estabelecimentos comerciais de outras cidades2. Mesmo assim, a noção de periferia-dependente perpassa as três esferas já citadas, a política que orientara o planejamento citadino até então, a divisão do trabalho e a reprodução social da vida na metrópole, através de uma experiência urbana em escala intermunicipal diacrônica entre os espaços dinâmicos onde se ofertara com maior vulto (qualitativo inclusive) serviços no campo do lazer, do transporte, da educação, da saúde traduzindo em dificuldades, o fator locacional na vida metropolitana Como nas passagens abaixo, primeiro em relação à Niterói: Niterói, com um passado de capital, continua dependendo dos empregos do RIO, porém se beneficia de não ter que carregar o lastro de uma periferia essencialmente pobre, já que o município de São Gonçalo faz bem este papel, que em caráter normal gera pouco imposto e demanda muitos serviços. Vale aqui recorrer a São Paulo que ao instituir sua Região Metropolitana tinha em seu entorno um Segundo Freire & Freire “São Gonçalo tem ainda o segundo parque industrial do estado no que se refere à diversificação, sendo ultrapassado somente pela capital” (2006, p. 346). 2

ABCD que sempre produziu bens e gerou empregos de qualidade, em quantidade. (IPP, 2001)

E sobre São Gonçalo: “É nesta cidade dormitório, com largas faixas de ocupações subnormais, grande contingente de população de baixa renda, mãode-obra farta e com postos de trabalho mais qualificados fora do município, que alguns projetos se colocam dentro das expectativas da população de São Gonçalo: a necessidade de consolidar o desenvolvimento local...” (PMSG, 2008).

Niterói, reconhecidamente uma cidade com um padrão econômico mais elevado (já explicado anteriormente em parte pela herança da capitalidade) 3, também apresentava problemas urbanos comuns a muitas das cidades brasileiras. Desta cidade o que nos interessa salientar é a sua articulação com o Leste Metropolitano. Subcentro regional, cidade com um elevado quantitativo de moradores de estrato de renda média, propagandeada como uma cidade com satisfatória qualidade de vida (considerando para tal as zonas sul e oceânica), a disposição de equipamentos coletivos urbanos a diferencia das demais cidades do Leste metropolitano. Esta diferença com as demais cidades vem da hierarquia, percebida principalmente pelo arranjo espacial que dispõe os equipamentos no espaço urbano. Shopping Centers, terminais intermodais de transporte, rodoviária(s), uma Universidade Federal, potencial para o turismo e um setor de comércio e serviços que absorve a demanda da maior parte da região, são alguns dos elementos que conferem status à esta cidade. Mediante aos problemas da região, tendo então como referências as cidades de Rio de Janeiro e Niterói como pólos centralizadores de empregos e serviços na metrópole Fluminense, a condição periférica tornava-se, não apenas uma categoria de análise para as demais cidades, mas um fato real, da organização do espaço metropolitano. Admitindo que “a globalização da economia encontra, no espaço urbano metropolitano, as possibilidades de reprodução de sua lógica de dominação, agora, fundada na segmentação da produção e do consumo da acumulação flexível” (BARBOSA, 2002, p.100), contextualizar a condição periférica (São Gonçalo e

3

Ver a respeito, os trabalhos de Oliveira (2003) e Limonad, 2006.

Itaboraí) é um caminho de análise mais seguro, para o que discutimos a seguir; o fato de haver, não um ponto de inflexão, mas questões de conjuntura política e econômica, bem como paradigmas da reprodução citadina que se encontram para marcar um momento diferente do vivido outrora pela Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Metrópole e divisão do trabalho

A relação entre a produção do espaço e a reprodução do capital é quem balisa a divisão do trabalho. A medida que as cidades na forma dos capitais locais se movem na busca pelo desenvolvimento, “[...]outras vantagens se criam através dos investimentos públicos e privados nas infra-estruturas físicas e sociais que fortalecem a base econômica da região metropolitana como exportadora de bens e serviços” (Harvey. 2005,p.174). Assim, podemos dizer que “o espaço resulta do trabalho e da divisão do trabalho; a esse título, ele é o lugar geral dos objetos produzidos, o conjunto das coisas que o ocupam e de seus subconjuntos, efetuado, objetivado, portando funcional.” (LEFEBVRE. 2008 p.44). Ratifica-se então que “para entender o funcionamento do território é preciso captar o movimento, daí a proposta de abordagem que leva em conta os circuitos espaciais da produção”. (Santos & Silveira, 2003, p.143) A teoria dos circuitos complementa a divisão do trabalho e ao mesmo torna exeqüível o debate sobre a vida urbana. Como “são definidos pela circulação de bens e produtos [...], oferecem uma visão dinâmica, apontando a maneira como os fluxos perpassam o território. (Santos & Silveira, 2003, p.143) Em escala metropolitana, a divisão do trabalho alcança outro patamar no que tange aos circuitos de cooperação. Citamos a reativação da indústria naval (Niterói/São Gonçalo), além do incremento do setor de comércio e serviços, que juntos com as atividades existentes, sintetizam uma inserção mais dinâmica nos circuitos de produção. Some-se a isto, a grande expectativa gerada entorno do anúncio do novo complexo petroquímico do estado do Rio de Janeiro, que mediante a escolhas técnicas e, sobretudo políticas, preteriu as cidades de Campos dos Goytacazes e Itaguaí para se instalar em Itaboraí/São Gonçalo. Dizer que o espaço torna se também mercadoria significa admitir que os elementos que lhe conferem valor não são apenas aqueles imediatamente percebidos. O seu valor de uso ou troca não esta apenas no espaço construído e em sua organização. O

seu potencial de reproduzir as relações de produção, bem como a subjetividade que leva os diferentes atores urbanos a disputar o controle da produção do espaço mercadoria por vezes denota uma importância maior do que a realmente analisada. Alem disto o espaço e também um desejo de consumo. Consumir localização, acesso , entretenimento,segurança ,serviços. Tudo isto também pode ser pensado quando citamos uma das formas de se ver e pensar o espaço por parte daqueles que a consomem, que no caso são seus moradores. Então, este espaço mercadoria sofre alterações que atendem ao capital e de forma dialética, aos seus consumidores moradores. A dinâmica metropolitana da divisão do trabalho e a inserção dos locais ( neste caso, da cidade ) aos circuitos de cooperação mudam a organização do espaço e redefine o planejamento da cidade mostrando que a materialidade é fruto destes elementos. Não é possível mensurar em que medida há proporção entre o papel da cidade na divisão do trabalho na metrópole e a organização interna da cidade, mas de fato, o espaço citadino recebe mudanças na sua estrutura e forma que atendem a um novo momento da reprodução do capital. O que queremos dizer, ou melhor, retificar com esta afirmação é que o status de cidade periférica tal qual nos acostumamos a conceber, nos fornece hoje, elementos distintos para uma revisão da análise do seu espaço. Sobretudo, em nosso caso, quando nos referimos aos problemas que são demandas urbanas, mas, sobretudo, da periferia da metrópole. Vemos então, (tomando o caso de São Gonçalo) a cidade receber equipamentos que outrora não se alojariam em seus limites, dada a concentração na metrópole. A transformação fica evidente na instalação de dois shoppings centers ( Boulevard e São Gonçalo), na elevação do padrão de venda de alguns imóveis, na instalação e crescimento de empresas privadas ligadas ao setor de saúde /educação e uma provisão maior(quantitativamente) de serviços não considerados de primeira necessidade, como a conexão de internet por banda larga e a operadora de canais de televisão não aberta. Estes equipamentos/serviços não chegam à cidade ao mesmo tempo, mas vão complementando e justapondo-se à uma estrutura já existente, dotando o espaço de maior potencial para novos investimentos e aumentando o seu valor agregado enquanto mercadoria. Esta mudança está relacionada também a processos que ultrapassam a esfera local e metropolitana, mesmo ligando-se a ela em algum momento da produção do

espaço. Referimo-nos aqui, à mudança de paradigma do planejamento do espaço urbano e das formas de se pensar o desenvolvimento da cidade. A cidade empresa (VAINER, 2000) cujos capitais locais se organizam para competir por investimentos , a forma de gestão pautada na parceria público-privada (HARVEY,1989) , e a reprodução do espaço direcionada para um capital mais seletivo do que fora antes, abrem novas possibilidades para a venda do espaço da cidade. Isto significa dizer que há uma nova fragmentação na divisão do trabalho, uma vez que setores e segmentos diferentes da cidade buscam na atração de capital externo, alternativas para potencializar seus negócios como alternativa à primazia metropolitana, buscando assim, uma perspectiva de crescimento que independa das ações comandadas pelo centro metropolitano. A busca por investimentos passa a nortear as articulações econômicas e políticas que são travestidas do discurso do planejamento com a finalidade de não perder oportunidades. Entram em cena então, o lobby, o marketing citadino(, a fabricação de consensos e o discurso da geração de empregos como movimentos hegemônicos do planejamento da cidade. O que temos chamado atenção, é que a „idéia de eventos e investimentos que deixam um legado4 para a cidade‟, curiosamente não soa incoerentes nas cidades do Leste Fluminense5, o que se explica pelo histórico de carências urbanas a qual esta parcela da metrópole foi compelida a aceitar e conviver, dadas as iniciativas dos poderes locais (públicos e privados) até então. É perceptível que esta periferia outrora estagnada, “dormitório” e dependente de investimentos sofre alterações imputadas pela diversas vertentes da reprodução do espaço. A orientação local, regional e o paradigma vigente da gestão do espaço citadino costuram a vida urbana, em uma construção que é política, econômica e também social. Por isso, ligamos as mudanças no leste Fluminense à relação do espaço com o que se convenciona atualmente chamar de „nova classe média‟. 4

A exemplo das intervenções na cidade do Rio de Janeiro, constantemente alegadas e anunciadas como legado estendido à toda a população, como por exemplo a construção das rodovias Fala constante do Eduardo Paes, como Transcarioca, Transoeste e Transolimpica que visam dar mais fluidez ao trânsito. 5

Apesar dos indicadores gerais mostrarem uma diferença entre Niterói e as demais cidades, ela foi aqui incluída como cidade periférica por entendermos que a cidade com “alta qualidade de vida” é apenas uma parcela de seu espaço, não abrangendo a totalidade do município, que no que tange à reprodução social, apresenta demandas bem próximas das apresentadas pelas cidades de São Gonçalo e Itaboraí.

A nova classe média no Leste Fluminense Podemos inferir que se existe uma nova classe média 6, há uma relação desta com o espaço onde se desenvolvem as atividades cotidianas, suas tensões, a reprodução social e suas expectativas. Porém esta relação não é simples de elucidar. Entre a convergência de fatores que fizeram com que uma parcela da população, chegasse à classe média, os programas institucionais de distribuição de renda, o fomento do crédito, o aumento do salário e a evolução do emprego formal no país estariam a frente deste processo. Assim, a nova classe média é concebida pelos indivíduos e famílias cuja renda per capta varia de R$ 214,00 à R$ 923,00 ou, renda familiar entre R$ 1.064,00 e R$ 4.591,00 mensais. Sobre ela, diz-se: O que está por traz do resultado é que além dos de renda mais baixa terem se apropriado de uma maior parcela relativa da pizza (redução da desigualdade), a mesma aumentou de tamanho ( o cresimento). (FGV, 2011).

Chama-nos atenção menos a quantificação, mas o critério utilizado para definir hábitos e demandas desta parcela da população que ingressou nesta classe por estrato de renda. Utilizando como parâmetro a metodologia utilizada pela Fundação Getúlio Vargas, percebemos uma forte tendência de incluir indivíduos na classe média brasileira a partir de seu poder de consumo 7. Haveria assim três critérios inclusivos; em primeiro, as expectativas e atitudes – levando-se em conta o plano de ascensão social para o futuro. O segundo, o acesso a bens de consumo duráveis (automóveis, geladeira, TV, rádio, computadores). E por último a capacidade de manter o conquistado poder de consumo por longo tempo. Mesmo considerando a elevação da renda do trabalho e os programas de distribuição direta de renda como um fator importante para a ascensão de classes, notamos na prática, que o consumo é o que tem de fato qualificado a atual classe média brasileira. A análise é mais empírica do que teórica. Mesmo assim, percebemos duas incongruências desta formulação. A primeira é o fato do aumento do consumo ser 6

Adotamos por hora, a definição apresentada pela FGV (2011), como famílias cuja renda domiciliar está entre R$ 1.064 e 4.591. Por ser este o estudo mais abrangente e atual sobre classes médias no Brasil. 7

Optamos por uma abordagem mais cautelosa em relação ao par renda/consumo. O crédito pode nivelar a aquisição de bens mesmo entre indivíduos com renda ou salários bem díspares.

capitaneado pela combinação da farta oferta de crédito e da moeda nacional encontrarse valorizada perante o dólar americano8. O que facilita a aquisição de bens duráveis, produtos com inovações tecnológicas recentes e viagens. Mas o chamado mercado internacional vive ainda um momento de instabilidade e não é leviano considerar que oscilações, tanto no valor do dólar quanto na oferta de crédito (público e privado) podem sofrer retração, diminuído o poder de consumo da classe média. Considerar a classe apenas pelo consumo significa então admitir que parte desta população pode ser devolvida às classes E e D. O que explica a segunda formulação sobre a classe média brasileira, que é o desafio de manter-se e melhorar os níveis, da renda e do consumo 9. Neste caso, pensamos que tanto a classe média tradicional como os recém chegados a ela em algum momento precisarão reeducar seus hábitos de consumo. Imaginamos um cenário onde mesmo com a oferta de crédito e a moeda valorizada, os níveis de empreendedorismo individual e a alocação nos postos de trabalho de maior valor agregado ainda não apresentam um número significativo no que tange à mobilidade social. As atividades secundárias ainda tem um peso significativo no caso da metrópole fluminense, tomando por exemplo a revitalização da indústria naval, considerando os postos de trabalho direta e indiretamente gerados por esta atividade. Considerem no caso da região metropolitana, as atividades terciárias públicas e privadas como provedores desta nova classe média. Os setores ligados ao marketing, publicidade, mídia, tecnologia da informação e construção civil ganham robustez. Enquanto boa parte destes trabalhadores com escolaridade superior são absorvidos pelo setor público, onde administração, planejamento, saúde e educação apresentam uma demanda ainda não preenchida em grande parte das cidades da RMRJ. De fato, esta classe média existe e tem se tornado mais numerosa. Menos do que a sua distribuição, a preocupação corrente é como tem sido a relação desta classe com o espaço da cidade, que é o espaço da vida, do cotidiano, da reprodução, da morada e do

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O dólar americano atingiu o seu patamar mais baixo em maio de 2011, atingindo R$ 1,5284.(Reuters, 2011). 9

Um outro fato que demanda cautela na relação renda/consumo/crédito foi o exemplo do desabastecimento de etanol no primeiro semestre de 2011. A elevação do combustível mostrou que grande parte da classe média apesar de ter adquirido o automóvel não teve condições de utilizá-lo regularmente no período em que o valor do litro da gasolina manteve-se acima dos R$ 3,00.

trabalho. O aumento da demanda por consumo agrava problemas já existentes, mas traz também novos desafios para a vida urbana. Sem tempo de divagar sobre a questão, afirmamos que um dos fenômenos relevantes na reprodução do espaço na região metropolitana é a localização desta classe média. No caso do Leste Fluminense esta demanda era preenchida por bairros da cidade de Niterói e bastante dispersa na cidade de São Gonçalo. Mas, esta nova classe média tem sido notada por ser encontrada nos espaços da metrópole que outrora eram espaços pouco dinâmicos, carentes de serviços e de exclusão. Falamos da periferia metropolitana situada no leste fluminense. Na medida em que cresce o quantitativo de habitantes de classe média, cresce proporcionalmente a demanda por estruturas que permitam um melhor consumo do espaço da cidade, no caso, a cidade periférica. Afirmar que a sociedade de consumo tem influência na distribuição geográfica dos serviços na cidade não significa estabelecer uma relação de causa e efeito. Mas podemos vislumbrar comércio e serviços locais recebendo um aporte de demanda suficiente para impulsionar tais atividades. Isto, por que como já citamos o cidadão, corrompido em consumidor, tem na cidade o seu maior produto. Mas o aumento da demanda pro produtos e bens não altera a seletividade do capital, que age no espaço com rapidez e precisão sem precedentes. Como a seletividade é dada pela informação, os diversos capitais que se instalam na cidade tem agora, uma nova oportunidade de negócios, lendo o espaço e produzindo no espaço, os objetos que são cativantes ao consumidor de classe média. Que objetos seriam estes? A venda de automóveis e de imóveis vivem um de seus momentos de maior bonança. Hoje, é comum aos fins de semana perder muito tempo para encontrar vaga nos estacionamentos. Lançamentos imobiliários esgotam suas unidades em dias ou semanas e novos imóveis são construídos. Produtos esgotam nas prateleiras dos supermercados que devido ao cartão de crédito, não diferem período no mês para esgotarem-se. Teremos que consultar pesquisas de mercado em diversos segmentos para entender como é suprida esta demanda. Mas no caso da cidade periférica, o caminho mais óbvio foi suprir a cidade com os equipamentos que outrora só se encontravam no centro metropolitano e nos bairros nobres de Niterói. Neste sentido, a experiência urbana de uma classe média que nasceu em uma periferia considerada dependente do centro e que hoje se vê convocada ao consumo do e

no espaço, é regida pelo descompasso entre as ações públicas e privadas para equipar o espaço de acordo com seus anseios. O poder de consumo nem sempre denota um aumento real da renda do trabalho e nos preocupa o quanto a aquisição de bens possa dar a falsa ilusão de melhoria nos indicadores gerais de qualidade de vida. Em parte, por que se a aquisição de bens e de símbolos10 de status indica alguma evolução, o espaço continua sendo para esta nova classe média um desafio. Primeiramente, por que a chegada de mais indivíduos ou famílias à classe média interfere na demanda por parcelas do espaço. Para entretenimento, uso de serviços e principalmente moradia. Mas a contrapartida não é proporcional; não é a cidade que fornece as condições para a ascensão social. Pelo contrário: morar na periferia da metrópole ainda é um fator limitador da mobilidade social, haja vista a oferta de empregos em setores que demandam mão-de-obra especializada (e qualificada), e as vias da educação e do empreendedorismo, que são a médio e longo prazo os elevadores sociais utilizados pelas classes E e D. Posteriormente, podemos investigar quantitativamente e qualitativamente a distribuição destes postos de trabalho, e mensurar realmente em que medida a renda da classe média é gerada nas cidades onde esta habita. Por isto que há de se ter cautela em relacionar, ascensão à classe média, com uma melhoria nos indicadores das cidades da periferia leste fluminense. Além disso, supomos haver atualmente um fenômeno de retenção e absorção de habitantes de classe média no leste fluminense. Retenção supõe uma diminuição da saída destes habitantes, no caso, de São Gonçalo, Itaboraí (aqui podemos também incluir Maricá), para os bairros de classe média da cidade de Niterói, que tradicionalmente atraem este público, interessado na maior proximidade com o centro metropolitano, maior opção e oferta de transportes e maior disponibilidade de serviços. Uma vez que se vive um momento de oferta abundante de crédito, os imóveis também inflacionam o que impede a saída destes moradores para áreas consideradas mais valorizadas em termos de localização e status.

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Ratificamos a idéia de que os símbolos de status comprados pela classe média não indicam uma melhora qualitativa pelo aumento absoluto da renda. A joalheria norte ameriana Tiffany por exemplo, concede apenas aos clientes brasileiros a prerrogativa de comprar seus caros produtos com pagamento à prazo, revelando mais uma peculiaridade da classe média brasileira.

Além do boom imobiliário atual, esta retenção está associada também com a absorção de novos moradores de classe média, oriundos , ou do núcleo metropolitano, ou de cidades de fora da metrópole. A cidade do Rio de Janeiro, onde tradicionalmente o valor dos imóveis já alcançava um patamar mais elevado, vive a expectativa das intervenções feitas pelas três esferas governamentais, visando uma série de eventos, na qual podemos citar os Jogos mundiais Militares, a Copa do Mundo de Futebol, a os Jogos Olímpicos, Paraolimpíadas e a Jornada Mundial da Juventude com a visita do Papa Bento XVI. Esta série de intervenções numa região concentrada voltou-se para ações na área de segurança, logística e transporte. Como resultado, a cidade adquiriu antes mesmo de findadas as intervenções, uma valorização de terrenos e imóveis, que repeliu a chegada de novos moradores que não teriam condições de arcar com o aumento do custo de vida. Santos e Silveira (2003,p.209) ao pensar a metrópoles, imaginaram que :

[...] podemos imaginar que , nos próximos decênios, o custo relativo das grandes cidades vai baixar e não aumentar, uma vez que muitas indústrias hegemônicas já se estão localizando nas periferias das megalópoles, das metrópoles e mesmo das cidades médias.

Mas não é o que vem acontecendo no leste fluminense. Além de repelir esta „baixa classe média‟, a cidade do Rio de Janeiro também é responsável por parte da classe média moradora de Niterói, o que se explica pelo valor dos imóveis da área nobre niteroiense equipararem-se a imóveis da zona norte e subúrbio cariocas. Entre as demandas da classe média no leste fluminense e a capacidade do capital e da esfera pública local de as atenderem, consideramos que há uma mudança na periferia metropolitana, mas ela não é generalizada no território, e o aumento da classe média, não significa pois, uma mudança de posição da cidade na hierarquia urbana. Neste sentido, o que podemos dizer da experiência urbana desta classe média que se encontra “retida” na periferia metropolitana? A construção social que altera o sentido do indivíduo cidadão, transformando-o em indivíduo consumidor (Santos,1988) e Bauman (2001) causa em um primeiro momento a falsa impressão de melhoria no espaço da cidade. Não vemos então uma ponte entre o aumento do consumo (individual) e melhorias sociais coletivas, que podem ser fornecidas e auferidas também pelo espaço urbano da cidade. É uma

premissa relevante, na medida em que o consumo, (ou consumismo) desloca ainda, responsabilidades coletivas, para o âmbito das soluções individuais. Deste modo, o consumo (que baliza a percepção da classe média), não apenas mascara diferenças, mas amplia a fragmentação. Sobre esta fragmentação, Santos e Silveira (2003,p.286), já alertavam para uma mudança sintomática da apropriação do espaço, na medida em que “nas condições de globalização novas fontes de riqueza e novas razoes de pobreza se estabelecem nas grandes cidades”. O que vemos também em Bauman : A privatização transfere a tarefa de lutar contra os problemas socialmente produzidos (espera-se) para os ombros dos indivíduos, homens e mulheres, na maioria dos casos fracos demais para esse propósito (2010, p.56).

Em um processo preocupante, que despolitiza o debate sobre a construção e reprodução social na metrópole, pois: [...] os indivíduos estão cada vez mais abandonados a seus próprios recursos e a suas próprias perspicácias. Assim, espera-se que eles divisem soluções individuais para problemas socialmente produzidos, e que o façam de modo específico, usando suas próprias habilidades e recursos particulares. (BAUMAN, 2010, p.59)

“Neste caso, percebe-se então que” estes custos incluem esforços dirigidos à sublimação de desejos em nome da vida comum” (RIBEIRO,2005.p,414) Um destes exemplos, - e que não é uma característica apenas da periferia metropolitana fluminense, é a crescente utilização do automóvel particular nos deslocamentos pendulares. o que reforça duas assertivas. A primeira é que o crescimento exponencial de automóveis nas principais rodovias de acesso às cidades de Niterói e Rio de Janeiro nos últimos 10 anos mostram que os detentores de automóveis ainda tem a vida profissional ligada a estas cidades, substituindo o transporte público coletivo pelo transporte individual para realizar os deslocamentos pendulares. Em segundo, isto evidencia também a dificuldade dos órgãos públicos locais em regular e fiscalizar a oferta de transporte. O automóvel particular é uma opção modal tão mais utilizada pelas classe médias no leste Fluminense quando menos eficiente é o serviço de transporte público coletivo nos indicadores regularidade, segurança , conforto e eficiência.

Os efeitos para esta „solução‟ individual para um problema estrutural coletivo, são sentidos nos congestionamentos cada vez mais numerosos e extensos enfrentados por estes moradores11. Outro aspecto desta nova classe média é a vida auto segregada. Imóveis sob o conceito de bairro- condomínio, a exemplo dos que já existem na Zona Oeste do núcleo metropolitano começam a chegar a São Gonçalo e Itaboraí, evidenciando obviamente, a existência de uma demanda pelo consumo destes espaços, o que não necessariamente leva a um consumo da cidade. Entre esses novos desafios para um espaço que se reproduz de forma cada vez mais seletiva, surge uma dialética entre os velhos problemas da periferia e as novas potencialidades e limites dados pelo consumo deste espaço. Morar na periferia metropolitana é ainda hoje viver a experiência urbana da mobilidade. Entre o leste fluminense caracterizado pela dependência do centro metropolitano e as mudanças do período atual que indicam uma forma diferente de conceber a cidade, somos levados à diferenciar o aumento do poder de consumo de seus habitantes, de suas respectivas expectativas e principalmente, não construir uma relação de causa-efeito entre o aumento do consumo e a renda gerada pela cidade. Se a aquisição de bens reposiciona os indivíduos no que tange às chamadas classes sociais, a organização do espaço pode, não só mascarar diferenças, como ampliá-las, na medida em que reproduz o individualismo, a competição e sobretudo a fragmentação do espaço na metrópole. A fragmentação abordada como um dos grandes problemas de um desenvolvimento desigual entre as cidades aparece com mais força no espaço intracitadino e esta é uma das novas características da periferia metropolitana, quando falamos do leste fluminense. Por fim, considerando que “o domínio do espaço , da mídia e a era do marketing do infinitamente pequeno, produziu uma nova mentalidade, outro modo de vida”(CARLOS, 1999, p.173), propomos no próximo projeto, complementar esta reflexão, contribuindo para um melhor entendimento do leste metropolitano. Se as relações econômicas mudam a forma e a organização do espaço, os circuitos de cooperação e produção econômica, “são definidos pela circulação de bens e produtos e, por isso, oferecem uma visão dinâmica, apontando a maneira como os fluxos perpassam 11

Dados dos órgãos institucionais ligados à área de transporte identificam a cada ano um aumento significativo no volume de automóveis, sem, no entanto conseguir promover alternativas para a fluidez do trânsito, a exemplo dos acessos à ponte presidente Costa e Silva ( Rio –Niterói) que apresentam vários pontos de estrangulamento.

o território” (SANTOS e SILVEIRA 2003, p.143), sendo o fato da economia urbana que condiciona a mobilidade social na metrópole. Mas a medida em que a metrópole torna-se cada vez menos industrial e mais informacional, a experiência urbana também se altera, não apenas do campo da produção para o do consumo, mas também na forma como esta nova classe média configura uma nova periferia na metrópole. Esta nova periferia não é homogênea, pelo contrário, fruto da reprodução fragmentada e seletiva do espaço, denota uma compreensão da vida que ainda não foi totalmente analisada. Queremos dizer, que em um período em que o paradigma é a informação, a divisão do trabalho se faz pela maneira como a informação é processada. Logo, da mesma forma, não é apenas o consumo, mas também a informação, ou melhor - a maneira como as classes sociais usam a informação, que diferenciam ainda a experiência dos ricos e dos não ricos. A classe média que recebe e adquire mais tecnologia, opera sob a égide do movimento dos circuitos, mas pretendemos pensar como a informação, seletiva, virtual e codificada, pode nos indicar as diferenças mascaradas pela despolitização dos problemas coletivos e, sobretudo pelo consumo.

REFERÊNCIAS:

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