Resenha do Filme Freud além da

October 13, 2017 | Autor: Anderson Schardosin | Categoria: Psicologia
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Resenha do Filme Freud além da Alma








Foz do Iguaçu
2014


Anderson Luis Schardosin




Resenha do Filme Freud além da Alma









Foz do Iguaçu
2014







O filme mostra Freud, por volta do ano de 1895, em seu processo de descobertas das patologias psíquicas e seu interesse pelos casos de histeria. Porém, os médicos do hospital em que Freud trabalhava consideravam a histeria impossível de ser tratada. Ansioso em obter respostas para acabar com o sofrimento dos pacientes, Freud decide ir para Paris, estudar a doutrina de Charcot, que acreditava que a consciência e o pensamento não eram a mesma coisa como defendido pela ciência da época. Em uma de suas aulas, Charcot demonstrou que a histeria não era uma doença exclusivamente feminina e nem fruto de bruxaria, mas sim uma patologia de origem psíquica. Freud já acreditava que havia pensamentos no estado inconsciente e começou a aplicar a hipnose para liberar esses pensamentos e sentimentos mais profundos de seus pacientes.

Depois de ter regressado a Viena, já casado com Martha, em uma de suas palestras na Sociedade Médica de Viena, Freud apresentou sua teoria sobre o inconsciente e os resultados que estava tendo com os pacientes que apresentavam traumas vindos de fatos ocorridos na infância. Enfatizou a necessidade de descobrir os elos que os uniam. Ele foi totalmente desacreditado pelos colegas e despedido do seu emprego no hospital.

Durante as terapias com seus pacientes, Freud começou a perceber o problema da repressão e, através da análise, procurou pelo trauma que causava os sintomas que se apresentavam. Em uma das sessões, ele se deparou com um paciente, que em estado hipnótico, sentia desejos pela própria mãe. Esse fato o espantou, pois o fez questionar seu próprio inconsciente. Frente aos sonhos que começou a ter, Freud iniciou uma autoanálise e a angustia o dominou. Esse foi seu primeiro momento de desânimo, quando decidiu parar de pesquisar. Entretanto, foi nesse contexto que começaram a surgir as primeiras linhas da teoria sobre a sexualidade.

Ao procurar o médico e amigo Breuer para desabafar, ambos perceberam que havia um erro na teoria de Charcot: a mente não se dividia, apenas tirava o trauma da consciência, deixava as lembranças inconscientes e as emoções eram descarregadas fisicamente. Freud, então, retomou suas pesquisas, com o apoio do Dr. Breuer, e concluiu que a hipnose não era suficiente para curar seus pacientes, pois os sintomas permaneciam após os doentes entenderem os motivos que os levaram àquelas patologias. Freud passou a experimentar a hipnose de modo diferente, tentando fazer com que as lembranças obtidas por seus pacientes continuassem após o momento do transe. Às sessões analíticas, baseadas na livre associação, somou-se a interpretação dos sonhos, que serviu de ferramenta para que Freud encontrasse os fundamentos da psicanálise: o inconsciente e sua importância.

Durante todo o tempo que estudou seus pacientes, procurando penetrar nos seus inconscientes, viveu, concomitantemente, um enorme conflito interior tentando desvendar suas próprias neuroses. Esses conflitos pessoais o levaram a desistir, pela segunda vez, de pesquisar sobre a histeria. Foi em uma conversa com Meynert, o diretor do hospital que o havia despedido no passado e que se encontrava gravemente enfermo, que Freud percebeu o valor de suas descobertas. Aquele homem que o havia insultado e ridicularizado frente a sociedade médica de Viena, acreditava em seu trabalho e se considerava um paciente em potencial. Meynert fez Freud perceber que ambos sofriam de neuroses. Meynert não queria que Freud morresse como ele.

Após esse encontro, Freud elaborou a "Teoria das Neuroses", baseada em todos os casos já tratados, cujos os traumas estavam ligados à sexualidade. É Cecily, uma das pacientes do Dr. Breuer, supostamente curada, que volta a ter um surto e que vai ajudar Freud a comprovar suas teorias.

Quando seu pai faleceu, Freud teve reações complexas e sonhos amedrontadores. Breuer comenta que os sonhos são ícones do inconsciente misturados com fatos do consciente e são de difícil interpretação. Freud se autoanalisa para descobrir se havia alguma falha cometida por seu pai que pudesse estar escondida nas profundezas de seu inconsciente. Freud não fugiu das conclusões que essa pesquisa poderia trazer à tona sobre seu pai e sua família. Esse estudo o leva a supor que as neuroses são frutos da sexualidade.

Na sua terapia com Cecily, decidiu abolir a hipnose e levou a paciente às suas lembranças através da livre associação, em estado plenamente consciente. Cecily falou de seus sonhos e fatos da sua vida e Freud percebeu que poderia chegar ao inconsciente mesmo com o paciente em estado consciente. Freud levou Cecliy a se lembrar de fatos de sua infância e, mediante as informações recebidas, começou a se indagar se a criança, mesmo em tenra idade, seria pura, sem perversão. Ele passa a analisar a sua própria infância e relacioná-la aos sonhos que teve na época que o pai faleceu. Chegou a sentir culpa por pensar que havia desonrado o pai.

Desorientado com suas descobertas decide, pela terceira vez em sua carreira, desistir e até mudar de cidade. Uma conversa com sua esposa o fez voltar às suas pesquisas. Martha leu uma anotação que Freud havia escrito em sua agenda nos tempos de estudante: "O progresso é como o aprender a andar, consegue-se perdendo e ganhando equilíbrio. É uma série de erros... De erro em erro acaba-se descobrindo a verdade". Nesse momento, Freud tem um vislumbre da verdade que ele perseguia ao se lembrar também de haver escrito: "...o falso é às vezes a verdade de cabeça para baixo". Descobre que no universo da fantasia pode estar a realidade. Uma fantasia transportada para a fase adulta, que não sendo trabalhada, torna-se um recalque.

Freud altera sua teoria, concluindo que a criança também tem seus instintos sexuais desde quando nasce. Na terapia com Cecily, ele percebeu o motivo dela amar o pai e odiar a mãe. Na fase em que o indivíduo começa a distinguir o certo e o errado, surge a repressão aos seus desejos instintivos. Ao mostrar sua nova teoria para Breuer, o médico e amigo tenta dissuadi-lo de apresentar suas ideias para os outros médicos, pois sabia que seria muito difícil de serem aceitas.

Freud ignorou os conselhos do amigo e fez palestra ao Conselho de Neurologia e Psiquiatria de Viena, onde foi extremamente hostilizado. Explanou sobre o erotismo infantil desde o nascimento do bebê, iniciado pelo sugar dos seios de sua progenitora e pelas carícias que recebe da mãe pelo corpo durante o banho, culminando em uma relação de amor possessivo que será abruptamente abalada quando a criança descobre a presença do pai, que passa a ser um rival.

Freud explicou que a teoria não era nova, pois os gregos já haviam percebido essa neurose quando criaram o clássico Édipo Rei, que matou o pai para se casar com a mãe e passou o restante da sua vida atormentado pela culpa, vagando cego e sem um lar. Freud relatou aos médicos da plateia que o amor da filha pelo pai e do filho pela mãe, na infância, é um fato que acontece com toda criança e o desafio maior de todo ser humano é superar esse complexo. Ao consegui-lo, o indivíduo se torna um ser humano completo. Caso não consiga superar o complexo, estará sujeito às neuroses.

A partir disso, as teorias do Complexo de Édipo (para os meninos) e do Complexo de Electra (para as meninas) começam a ser consideradas nos tratados psicanalíticos que estudam a importância da sexualidade na estruturação do psiquismo humano.


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