Resenha_Lições de Economia Política Classica

June 20, 2017 | Autor: S. Semíramis Sutil | Categoria: Economic History
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Resenha acadêmica

Séfora Semíramis Sutil Moreira1

COUTINHO, Maurício Chalfin. Lições de Economia Política Clássica. Tese de Livre docência apresentado ao departamento de Teoria Econômica, Área de História do Pensamento Econômico do Instituto de Econômica da Universidade Estadual de Campinas. Unicamp: Campinas, 1990.

As origens da econômica política clássica Em meados do século XVIII um novo modo de ver os processos econômicos é posto na Europa. Tal processo foi iniciado no século anterior com a atenção a temas como juros, preços e câmbio. Comerciantes, “financistas, homens de governo e, eventualmente, filósofos” iniciaram debates sobre as questões relacionadas à produção (à vida produtiva). Logo, o tema “riqueza das Nações”¹ torna-se o foco das discussões e, subseqüentemente, dos estudos economicistas. “juros, preços, taxas de câmbio”, esses temas que nasceram dos processos mercadores ganham novas técnicas à sua análise, ou estudo, através da filosofia e das ciências de, especialmente, Adam Smith e Malgrado. Estes novos métodos dão caráter mais sério e confiável à Economia que outrora atendia a interesses particulares – o que Maurício Chalfin Coutinho classifica como “tendencionalidade Mercantil”.

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Graduando em licenciatura/ bacharelado em História pela Universidade Federal de São João del-Rei

(UFSJ) – 2014 (¹)

Riqueza das Nações trata-se do tema da produção comercial e acúmulo de bens das Nações. A Riqueza

das Nações é título de uma obra de Adam Smith publicada em 1776, com nome original de Uma Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações, mas ficou conhecida simplesmente por A Riqueza das Nações.

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“Rapidamente, a temática econômica absorve as atenções dos expoentes do pensamento da época.” Os estudos econômicos ganham o “estatuto de campo de investigação científica” – nasce uma nova ciência: Economia Política. A economia se beneficiou do “desenvolvimento das ciências naturais e do impacto desta sobre o conhecimento humano geral.” Os métodos aplicados à economia anteriormente ditos, são aqueles mesmos utilizados pelos naturalistas com o diferencial de estarem, inovadoramente, sendo aplicados à sociedade humana. “Os pensadores passam a conceber a sociedade humana como um sistema, regido por leis.” A esta nova abordagem, novos problemas surgem à Economia Política. O entendimento do fundamentalismo desta nova ciência se faz necessário, Maurício Chalfin Coutinho aponta: A economia política, sem se dedicar expressamente à questão da legitimidade política, proporá, a seu modo, um encaminhamento positivo ao problema: a sociedade humana complexa e cooperativa, que pressupõe a coerção estatal, será não só uma sociedade de progresso e fartura para todos (Smith), como também uma sociedade cuja relação econômica básica pressupõe o exercício da liberdade. (COUTINHO; 1990)

Em outras palavras, através do surgimento de novos questionamentos oriundos do nascimento desta ciência – Economia Política se faz necessário o estabelecimento de vínculos entre a teoria e a prática, ou seja, entre os processos econômicos e os indivíduos (ou a vida humana). O homem, enquanto indivíduo dotado de interesses particulares, produz conforme suas necessidades e assim acontece com os demais indivíduos. A força motriz das produções e, consecutivamente da economia, é o interesse pessoal. O individual movimenta a produção e estes movimentos afetam a todos criando um ciclo onde toda sociedade é beneficiada. No entanto, não é tão simples e bonito como se parece compreender o sistema econômico. Partindo-se do princípio que os próprios estudiosos desta época tinham seus interesses financeiros no campo da vanguarda do crescimento comercial e das relações internacionais. Ou seja, “Não existe, a rigor, pensamento econômico uniforme (...) e muito menos uma „escola de pensamento‟.” Ou seja, estava ligada às ciências ideológicas dominantes. No século em questão (XVIII) estava associada ao Liberalismo. No entanto, o Liberalismo não é a essência da Economia Política Clássica e sim “parte indissociável”.

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Para se compreender este associação do Liberalismo com a Economia Política Clássica é preciso entender o ambiente político e filosófico na qual estava inserida, no caso o do Iluminismo. No sentido iluminista o homem, senhor da natureza, promove modificações nesta e consegue ocasionar um progresso econômico. Desta forma, o Liberalismo “representa a face econômica do Iluminismo”. Neste sentido iluminista-liberalista a Economia torna-se uma disciplina administrativa para um “bom governo”. Porém, este sentido da Economia como fórmula para um “bom governo” logo deixa a voga para ganhar novo sentido – ganha caráter de “ciência da riqueza privada e comercial”. “A riqueza da nação passa a ser identificada à riqueza privada”. Fisiocracia – um ramo francês nos primórdios da Economia Política A Economia Política está muito associada à economia inglesa e isto se dá pelo grande desenvolvimento do comércio interno e externo mesmo antes da revolução industrial. Apesar deste destaque inglês há de se considerar que um grupo francês também se destacou – os fisiocratas. Os fisiocratas “refletem (...) o novo ordenamento internacional (...) mostrava a todos (...) a imensa distância que ia se estabelecer entre a economia inglesa e as demais” Ao contrário do que se pensa o pensamento fisiocrata não se atinha somente às questões econômicas de seu período, conseguiu superar seu tempo. Como aponta Maurício Chalfin Coutinho: Assim procedendo, os fisiocratas lograram construir uma estrutura de grande densidade teórica, cujas categorias e contribuições transcenderam as poucas décadas de plena vigência da escola [fisiocrata], projetando-se no leito da economia política subseqüente. (COUTINHO: 1990)

Petty2 e Cantillon3 na seqüência do processo de formação do pensamento econômico e suas adjacências – “terra- trabalho”

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William Petty foi um economista, cientista e filósofo britânico nascido em Hampshine em 27 de maio de

1623 de 1623 de 1623 de 1623. Foi pioneiro no estudo da economia política. Morreu em Londres em 16 de dezembro de 1687.

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Autor

Considerações sobre Riqueza

Petty

Valor

Relacionada à produção de Determinada pela quantidade de mercadorias.

trabalho

desenvolvido

na

produção de mercadorias. Cantillon

Relacionado

à

mercadoria. Terra-trabalho como medida de

Como naturalista via a terra valor. como fonte de riqueza.

Os fisiocratas e seu sistema Fisiocratas formavam um grupo de pensadores franceses, tinham como líder François Quesnay4, “entre 1755 e 1770, aproximadamente.” Como diz Maurício Chalfin Coutinho, a escola fisiocrata tinha: O espírito grupal, o franco interesse pela divulgação de idéias e pela polemização, o apego a práticas pouco usuais de pregação teórica e, afinal, a imensa abrangência que conferiu à fisiocracia a dimensão de filosofia de vida social – e não apenas de pensamento econômico (...) transformaram a escola em verdadeiro movimento. (COUTINHO; 1990)

Esta escola mantinha relações estruturais com o naturalismo, assim como com o liberalismo, colocando a economia em uma ordem natural da existência humana no seio da natureza e regida teologicamente por uma divindade.

Noções

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Richard Cantillon foi um economista franco-irlandês. Também foi banqueiro e comerciante em sua

juventude. Não há muitas informações sobre sua vida, se sabe que nasceu em anos da década de 1680 e morreu em dias do mês de maio de 1734.

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Foi um economista, cirurgião e médico francês que se destacou como principal membro da escola dos

fisiocratas. Nasceu em Méré em 04 de junho de 1694 e morreu em Paris em 16 de dezembro de 1774.

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Excedentes

Somente efetuava trocas aqueles que conseguissem produzir “supérfluos” de sub subsistência. 

Valor e capital

“A renda fundiária, elemento decisivo para a apreciação do estado econômico, sempre é considerada em valor (preços x quantidade), e nunca exclusivamente enquanto produto físico.” A produção de excedentes e a concorrência comercial é que determinam o valor – o preço dos produtos. Neste ciclo, homem; natureza; produção, aonde o homem transforma as riquezas naturais a seu favor (para sua existência), Mirabeau5 entendeu que a fonte de riqueza (excedentes comerciáveis) era o homem e, por conseguinte, chegou à conclusão de que quanto mais homens houvesse mais áreas exploradas haveria e mais riqueza seria gerada. Os fisiocratas também acreditavam que o ciclo homem; natureza; produção fosse a fonte de bens comerciáveis, mas não viam no supre populismo a fórmula para o aumento de riquezas. Quesnay arrebate Mirabeau questionando como todos esses homens se manteriam até que pudessem gerar riquezas. Com este questionamento, sem requerer, ele acaba se atendo a questão do capital quando afirma que o “trabalho produtivo é trabalho assistido; (...) trabalho precedido de riqueza.” Adam Smith e o Nascimento da Economia Política Clássica A obra Riqueza das Nações de Adam Smith manifestou a origem de uma nova ciência – a Economia Política Clássica. “A Riqueza das Nações é uma síntese da temática típica da reflexão econômica dos séculos XVII e XVIII, reunindo, de modo original e em uma trama coerente, os fios antes dispersos da cena material e cultural do capitalismo nascente.” Esta obra defende o sistema econômico liberalista quando vai contra e mesmo ataca as determinações da política econômica que impedia o livre comércio entre as capitais. Neste sentido os interesses mercantis dominaram o mercado e os interesses manufatureiros se viram em ampla expansão.

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Victor Riqueti de Mirabeau, conhecido por Marques de Mirabeau, nasceu em 05 de outubro de 1715 em

Pertuis, Vancluse. Foi um economista e filósofo francês. Morreu em 13 de julho de 1789.

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Com o Liberalismo pulsante a economia tratava com maior ênfase da riqueza privada. Com a prosperidade crescente da “sociedade comercial” e o consecutivo lucro dos soberanos a economia política deixa de ter uma característica de modelo à administração governamental. Trabalho e valor Maurício Chalfin Coutinho ao citar Adam Smith diz que “o trabalho (...) de uma nação é o fundo de que provem (...) todos os bens necessários à vida e ao conforto que a nação (...) consome”. Em outras palavras, a manutenção das necessidades, e dos confortos, de um povo unificado em algum tipo de organização cultural, social, e/ou política advém da força de trabalho que ara a terra, planta, cultiva, colhe e produz um produto (fazendo uma generalização metafórica do sistema de trabalho). A sociedade precisa do trabalho humano para sua sobrevivência, a necessidade impõe o ritmo de trabalho e o resultado do trabalho é valorizado conforme [a necessidade] o consumo. O trabalho é fonte geradora de riqueza, quanto mais se conseguir gerar do trabalho mais bens se terá. O valor do ofício é medido pela precisão que se tem dele e pelo esforço requerido para realizá-lo. Se valendo desta lógica os grandes possidentes (senhores ou aristocratas possidentes) ditavam um veloz ritmo de trabalho a fim de conseguirem mais excedentes e, por conseguinte, acumular mais riquezas. Rapidamente aumentou-se a produção – a “opulência universal” (excedente de trabalho) – e aumentou-se o poder de troca de produtos e serviços. Neste círculo de necessidade, trabalho, produção de acúmulos foi preciso uma organização de econômica para que o Estado também se beneficiasse destas riquezas. Neste sentido tem-se a noção de capital, que foi esclarecida e modulada por Adam Smith em sua obra A Riqueza das Nações. Aonde a riqueza dos excedentes seria distribuída ao “ciclo comercial” conforme as necessidades da Nação. Destarte, “os agentes econômicos fundamentais e seus fluxos [foram e] são: capitalistas, trabalhadores e proprietários; lucros, salários e renda da terra.”

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