Restituição Formal e Funcional de Forno Romano da Quinta do Rouxinol (Seixal): Arqueologia experimental, controlo das condições de cozedura e análise do material cerâmico

July 1, 2017 | Autor: Jorge Raposo | Categoria: Experimental Archaeology, Ceramic Analysis (Archaeology), Roman Pottery, Roman Archaeology
Share Embed


Descrição do Produto

Restituição formal e funcional de forno romano da Quinta do Rouxinol (Seixal): Arqueologia experimental, controlo das condições de cozedura e análise do material cerâmico Jorge Raposo1, João Coroado2, Ricardo Triães2, Carlos Fabião3, João Almeida3 e Cézer Santos1 1 Câmara Municipal do Seixal / Ecomuseu Municipal do Seixal, Serviço de Arqueologia. Av. MUD Juvenil, Azinheira, 2840-471 Seixal, [email protected], [email protected] 2 Departamento de Arte, Conservação e Restauro, Instituto Politécnico de Tomar /GeoBioTec. Estrada da Serra – Quinta do Contador, 2300-313 Tomar, [email protected], [email protected] 3 Departamento de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa / Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ). Alameda da Universidade, 1600-214 Lisboa, [email protected], [email protected] Resumo No âmbito das escavações efectuadas no sítio da “Quinta do Rouxinol”, Seixal, foi construída uma réplica de um forno romano funcional, à imagem dos vestígios dos fornos encontrados neste local. Neste contexto, foi organizada uma campanha de cozedura, no sentido de avaliar a funcionalidade do forno, com o apoio de mestres oleiros no que concerne à modelação das peças, à sua colocação dentro do forno e à condução deste durante a cozedura. Durante esta campanha foi possível monitorizar as variações da temperatura dentro da câmara de cozedura e estudar os seus efeitos relativamente às variações de fases cristalinas no material cerâmico. Para o efeito, durante a colocação das peças dentro do forno instalaram-se três canas pirométricas a diferentes alturas, anéis de Buller e cones de Seger dentro da câmara de cozedura, que permitiram controlar e monitorizar a temperatura durante o ciclo de cozedura. Foram também colocados anéis de Buller dentro da câmara de combustão, de forma a estimar a temperatura máxima atingida. Após a cozedura, e durante a desenforna, foram colhidas amostras das peças cerâmicas colocadas junto das canas piroméricas que, conjuntamente com uma amostra da pasta cerâmica, foram analisadas por Difracção de Raios-X (DRX), Espectrometria de Fluorescência de Raios-X em Comprimento de Onda Dispersivo (FRX) e Microscopia Electrónica de Varrimento (MEV). Os resultados obtidos revelam que na mesma cozedura, por efeito das variações significativas de temperatura registadas na câmara, não se observam diferenças composicionais no material cerâmico, em peças diferentes e na mesma peça (tanto maiores quanto maior a dimensão da peça), consoante a sua posição e disposição no forno. As tonalidades negras na superfície das peças cerâmicas estão associadas à sua posição e proximidade dos fluxos de calor, que contêm partículas de carbono, provenientes da queima da lenha na câmara de combustão. Palavras-chave: Arqueologia experimental, Época Romana, Forno cerâmico, Cozedura, Monitorização.

1. Introdução A olaria da Quinta do Rouxinol (Seixal) localiza-se na freguesia de Corroios, concelho do Seixal, está classificada como Monumento Nacional desde 1992 e integra hoje a estrutura descentralizada do Ecomuseu Municipal do Seixal (EMS). Identificada em 1986, na sequência de obras de saneamento básico, foi alvo de campanhas anuais de escavação arqueológica até 1991, por iniciativa municipal, em parceria com o Centro de Arqueologia de Almada (CAA) e outras instituições, no âmbito do projecto “Ocupação Romana da Margem Esquerda do Estuário do Tejo”1. Posteriormente, o EMS e o CAA, com o Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa e o apoio do Instituto Português de Arqueologia, promoveram a partir de 1999 o projecto “Olaria Romana do Estuário do Tejo: centros de produção e consumo (Porto dos Cacos, Quinta do Rouxinol e Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros)”2, que enquadrou o desenvolvimento do estudo do sítio e das suas produções cerâmicas3. Este último teve também uma forte componente arqueométrica, de caracterização química por activação com neutrões térmicos, através de uma linha de investigação centralizada no Instituto Tecnológico e Nuclear4. A olaria produziu, pelo menos entre o início do século III e as primeiras décadas do século V d.C., loiça doméstica, materiais de construção, lucernas e, principalmente, ânforas destinadas ao envase de preparados de peixe e, provavelmente, de vinho. No sítio estão parcialmente preservados os vestígios de três fornos e de uma outra pequena estrutura de combustão, tendo sido também identificadas fossas de despejo de materiais rejeitados durante o processo de fabrico (Fig. 1). O valor patrimonial do conjunto e as potencialidades da sua utilização enquanto recurso museológico, cultural, pedagógico e turístico estão na base do programa de interpretação, valorização e musealização que a Câmara Municipal do Seixal tem em curso, justificando também acções de comunicação variadas e dirigidas a diferentes tipos de públicos. Entre as mais recentes avulta a exposição bilingue (português-inglês) “Quinta do Rouxinol: uma olaria romana no estuário do Tejo (Corroios / Seixal)”, que resulta de parceria estabelecida entre o EMS e o Museu Nacional de Arqueologia (MNA), ao abrigo do Programa ProMuseus, do Instituto dos Museus e da Conservação / Rede Portuguesa de Museus5. Inaugurada a 19 de Março de 2009, a exposição continua patente no MNA (a visita virtual é possível no sítio do Museu na Internet), obedecendo a um programa que, para além das componentes gráficas, audiovisual e artefactual, tem como elemento central o modelo à escala natural de um dos fornos da olaria, parcialmente preenchido com réplicas de ânforas e loiça doméstica de produção local. 1

Operativo até 1997, sob coordenação de Clementino Amaro, Jorge Raposo, Ana Luísa Duarte, Luís Barros (1ª fase) e Armando Sabrosa (2ª fase). Ver RAPOSO, SABROSA e DUARTE (1995) e FILIPE e RAPOSO (1996). 2 Em desenvolvimento, coordenado por Jorge Raposo, Carlos Fabião, Amílcar Guerra, Jacinta Bugalhão e Ana Luísa Duarte. Até ao trágico acidente de trabalho que lhe tirou a vida, em 2006, Armando Sabrosa integrou também este grupo de trabalho. Ver RAPOSO et al. (2005). 3 Para uma síntese actualizada do que se sabe relativamente aos centros oleiros e às produções da Lusitania, ver FABIÃO 2004 e 2008. 4 Numa primeira fase coordenado por João Peixoto Cabral, e numa segunda por Maria Isabel Dias e Maria Isabel Prudêncio. Ver CABRAL, GOUVEIA e MORGADO (1993-1994), DIAS et al. (2001, 2003 e 2009) e PRUDÊNCIO et al. (2003). 5 O projecto teve a coordenação geral de Graça Filipe, Jorge Raposo e Luís Raposo, sendo a programação museológica da responsabilidade de Jorge Raposo, Carlos Fabião e João Almeida. Ver FILIPE e RAPOSO (2009).

Atendendo a que do forno original subsiste apenas a base da câmara de combustão, tendo desaparecido toda a câmara de cozedura e a grelha que as separava, a construção desse modelo assentou num intenso processo de investigação arqueológica e antropológica, que explorou o paralelismo possível entre a olaria romana e a olaria tradicional portuguesa, a partir de fontes arqueológicas, mas também históricas, antropológicas e arquivísticas. A pesquisa selectiva de imagens no Arquivo RTP e o trabalho de campo junto de antigos e actuais oleiros, por exemplo, foram fundamentais para sustentar uma proposta de restituição integral do forno e da gestualidade associada ao trabalho do oleiro. Todo esse esforço de investigação aplicada à interpretação funcional teve por base um modelo tridimensional rigoroso do existente, mediante o registo da estrutura original “in situ”, através de digitalização com tecnologia laser 3D e fotogrametria digital incorporada (Fig. 2). A combinação interactiva destas várias frentes de trabalho conduziu a uma solução para a volumetria completa do forno, de onde se pôde extrair a documentação técnica (ortofotografias, plantas e alçados) que apoiou a sua construção física no percurso expositivo, bem como o desenvolvimento da animação 3D que permite aos visitantes perceber melhor a estrutura e o seu funcionamento6.

2. Arqueologia experimental A exposição preparada para o espaço do MNA foi acompanhada de um ambicioso programa de iniciativas complementares, essencialmente da responsabilidade do EMS, que incluiu visitas e acções pedagógicas para públicos diversificados, com particular incidência na comunidade educativa. No entanto, procurou-se que a exposição e a subjacente investigação relacionada com as olarias e os fornos cerâmicos constituíssem também um incentivo ao diálogo e à partilha de experiências entre a comunidade científica, quer pela sua divulgação em diversos eventos7, quer principalmente pela organização no Seixal, entre 17 e 20 de Fevereiro de 2010, do Seminário Internacional e Ateliê de Arqueologia Experimental “A Olaria Romana”. A componente de Arqueologia experimental visou precisamente testar e avaliar a solução proposta para a restituição formal e funcional do forno, com a construção de uma segunda estrutura no próprio sítio arqueológico (sem intrusão), onde se cozeu a lenha uma fornada de ânforas e de loiça doméstica que replica as produções locais, a partir dos originais recolhidos em contexto estratigráfico8.

6

A digitalização do forno 2 da Quinta do Rouxinol foi da responsabilidade de empresa Artescan, Digitalização Tridimensional. A animação foi desenvolvida pela mesma empresa, em interacção com a equipa técnica do Ecomuseu Municipal do Seixal. Para mais informação, ver RAPOSO e OLIVEIRA (2010). 7 De que são exemplo a apresentação do poster “Quinta do Rouxinol (Seixal, Portugal): surveying, reconstructing, 3D modelling and digitally representing a Roman era pottery kiln”, no Ist International Graphic, Heritage and Innovation in Archaeology Congress – Archaeology 2.0 (Sevilha, Junho de 2009), ou da presente comunicação ao 8º Congresso de Arqueologia do Algarve (Silves, Outubro de 2010). 8 As réplicas de cerâmicas arqueológicas usadas na exposição e na acção de Arqueologia experimental foram executadas pelo oleiro Paulo Franco (Achada, Mafra). Os fornos usados para os mesmos fins foram construídos pelos mestres Amândio Santos e Nuno Santos (Sobreiro, Mafra). A cozedura experimental foi assegurada pelos oleiros Álvaro Silvestre Gomes, Michael da Silva Gomes e Francisco Abel da Silva (Sobreiro, Mafra).

Na proposta testada, e de acordo com paralelos testemunhados nos registos arqueológico e etnográfico, a câmara de combustão é sobreposta por uma câmara de cozedura aberta lateralmente (para acesso do oleiro) e no topo, onde cada fornada é simplesmente coberta com fragmentos de cerâmica que se removem no fim do processo, para reutilização futura similar. O fecho da abertura lateral é realizado com peças também inutilizadas mas pouco fragmentadas, com os intervalos preenchidos por barro humedecido para garantir a necessária plasticidade. Quer a solução arquitectónica quer o modo de funcionamento não eram familiares para os mestres oleiros que aceitaram o desafio de participar nesta acção experimental, ainda que com bastante reserva e cepticismo. Apesar disso, tanto estes profissionais experientes como os participantes no evento realizado no Seixal puderam constatar os bons resultados obtidos, que confirmam a exequibilidade do modelo estrutural e funcional proposto para os fornos romanos da Quinta do Rouxinol. Sintetizando alguns números associados à experiência, dois oleiros demoraram cerca de 3,5 horas a enfornar 28 ânforas e 150 taças. Na cozedura propriamente dita esteve envolvido mais um oleiro, tendo-se consumido cerca de 5 m3 de madeira de eucalipto (cerca de 3750 kg). Correspondendo aos objectivos de avaliação analítica da experiência, foi ainda possível monitorizar as variações da temperatura dentro da câmara de cozedura e estudar os seus efeitos relativamente às variações de fases cristalinas no material cerâmico.

3. Produção e cozedura As peças cerâmicas previamente secas foram criteriosamente colocadas dentro do forno, dando prioridade às ânforas, pela sua maior dimensão. Os espaços entre elas foram preenchidos com as peças mais pequenas, nomeadamente taças, para que a densidade de ocupação fosse a maior possível (Fig. 3). A cobertura, composta de fragmentos de cerâmicas cozidas, foi cuidadosamente colocada cobrindo todo o topo do forno. Finalmente foi encerrada a entrada da câmara de cozedura com peças e pasta cerâmica (Fig. 4). Durante a colocação das peças dentro do forno (Fig. 5), foi possível instalar três canas pirométricas (termopares) calibradas acopladas a um “datalogger” Testo 454 Logger, que permitiu monitorizar a evolução da temperatura durante o processo de cozedura. Para o efeito, foi instalada uma cana a 20 cm da base da câmara de cozedura (posição P3), outra a meio da mesma (posição P4), a cerca de um metro da grelha, e outra entre o topo das peças maiores e a cerâmica de cobertura (posição P5). Simultaneamente foram colocados nas posições terminais das canas pirométricas, e na base da câmara de cozedura, junto à parede do forno, um conjunto de cones pirométricos de Seger com referências 8a (940ºC), 6a (980ºC) e 4a (1020ºC), cuja temperatura aproximada de fusibilidade é de 940ºC, 980ºC e 1020ºC, respectivamente. Foi ainda colocado um anel de Buller n.º 55, sensível no intervalo térmico de 960ºC a 1100ºC, o que permitiu comparar a temperatura máxima atingida pelos vários métodos disponíveis e avaliar os respectivos desvios. Também foram colocados três anéis de Buller junto às paredes da câmara de combustão, à esquerda, à direita e frente ao corredor de acesso, que permitiram estimar a temperatura máxima atingida neste espaço. A câmara de combustão foi preparada com lenha de eucalipto de dimensão média, com cerca de um metro de comprimento e 10 a 20 cm de diâmetro. Após a ignição, a carga da câmara foi efectuada sistematicamente até à temperatura de 1000ºC, registada pelo

“datalogger”, após o que se procedeu ao encerramento da câmara de combustão. O arrefecimento foi lento e sem intervenção. A reabertura do forno e a respectiva desenforna foi iniciada pela remoção da cobertura e dos fragmentos da entrada lateral quando a temperatura de registo indicava 150ºC. As peças foram então retiradas da câmara. As quebras verificadas foram muito reduzidas, cingindo-se a algumas asas de ânforas e pequenas fissuras numa ou noutra destas peças ou das taças. Os resultados obtidos a partir das três canas pirométricas, nas três posições de medida efectuada no interior da câmara de cozedura (Fig. 5), estão expressos em forma de curva na Fig. 6, e as temperaturas máximas atingidas por cada método utilizado, na câmara de cozedura e na câmara de combustão, estão discriminadas na Tabela 1. Os valores obtidos da monitorização da temperatura do forno (Fig. 6) revelam um aquecimento da câmara ao ritmo de aproximadamente 1,5ºC/min., atingindo a temperatura máxima em 11.30 horas. A velocidade de arrefecimento diminui com a diminuição da temperatura, estando sujeita à inércia do forno e da respectiva carga e ao diferencial térmico do exterior do forno. O tempo de arrefecimento até à abertura do forno foi de aproximadamente 37.30 horas. O tempo total de cozedura foi de 49 horas. As temperaturas máximas atingidas e registadas pelos diferentes métodos (Tabela 1) revelam algumas diferenças, principalmente entre a monitorização contínua da temperatura (Fig. 6) e os valores obtidos através dos anéis de Buller e os cones de Seger que, atendendo à margem de erro associada a estes materiais, pode-se considerar que a temperatura máxima registada foi idêntica. Atendendo ao facto que a diferença entre a temperatura máxima que o forno atingiu nos três termopares P3, P4 e P5 de 1150ºC, 1090ºC e 1120ºC, respectivamente, foi um episódio térmico de curta duração que não deixa marcas significativas no material cerâmico. Pode-se então estimar que a temperatura máxima que produziu transformações cerâmicas (de fase) efectivas e com resultados observáveis em Difracção de Raios-X (DRX) foi da ordem dos 1000ºC. Outra constatação a retirar do registo das temperaturas máximas é que, para o mesmo método, o valor da temperatura máxima é diferente nos vários locais do forno onde se efectuou o controlo, e esta variação, quando a comparação é feita entre métodos, é da mesma ordem de grandeza. Assim, conclui-se que podem ocorrer diferenças de temperatura na câmara de cozedura e na câmara de combustão na ordem dos 30ºC.

4. Metodologia analítica O estudo das transformações térmicas que permite sustentar as conclusões indiciadas pela análise das curvas de cozedura, dos anéis de Buller e cones de Seger, pressupôs a caracterização da composição química da matéria-prima recorrendo à Espectrometria de Fluorescência de Raios-X em Comprimento de Onda Dispersivo (FRX), tendo sido utilizado o espectrómetro Philips PW 1410/00, usando a radiação Cr-Kα. O valor da perda ao rubro (P.R.) foi obtido pela ustulação da amostra a 1000°C durante 3 horas, depois da amostra ser seca a 60ºC e reduzida a pó. O conhecimento da composição mineralógica das matérias-primas e das fases cristalinas das amostras de fragmentos cerâmicos recolhidos no interior do forno junto aos pontos de monitorização da temperatura, foi obtido por DRX, através de um Difractómetro Philips X'Pert PW 3040/60, com radiação de Cu-Kα (l = 1.5406 Å), e condições de trabalho de 50kV e 30mA, sendo os dados registados a 1°/2θ/min. no espaço de 4–65° 2θ. A preparação das amostras seguiu a metodologia usada para a FRX e a identificação das fases cristalinas

presentes nos difractogramas foi efectuada com recurso às fichas de identificação da Joint Committee of Powder Diffraction Standards (JCPDS). A análise textural foi efectuada por Microscopia Electrónica de Varrimento (MEV), num microscópio Hitachi S4100, em micro amostras revestidas a grafite.

5. Caracterização da pasta cerâmica A pasta utilizada na produção das peças cerâmicas tem a composição mineralógica característica de pastas comuns (Fig. 7). É constituída maioritariamente por quartzo, feldspatos potássicos e minerais argilosos de caulinite e ilite, constatando-se também a presença de oxi-hidróxidos de ferro (Goetite). A composição química obtida por FRX referente aos elementos maioritários (Tabela 2) revela a abundância de quartzo e feldspatos e minerais argilosos, pelos teores elevados de SiO2 (65,56%) e Al2O3 (10,02%), e a presença de oxi-hidróxidos de ferro é confirmada pelo teor de 7,36% de Fe2O3. A perda ao rubro é consistente com a mineralogia e com a presença de minerais argilosos, em que a caulinite é o mais expressivo, confirmado pelo teor de 2,08% de K2O.

6. Estimativa da temperatura de cozedura As transformações de fase produzidas durante o processo de cozedura estão intimamente relacionadas com o ciclo térmico e o período de manutenção à temperatura máxima, isto é, através do estudo das fases cristalinas presentes no material cozido, é possível estimar a temperatura de cozedura e avaliar, entre peças, aquelas que estiveram sujeitas a transformação térmicas mais ou menos intensas através da realização de análises por DRX ao material cozido. Em pastas com composição similar às usadas, ocorrem três transformações de fase a temperaturas características que permitem estimar a temperatura máxima atingida, considerando que o colapso das fases cristalinas existentes ou a nucleação e crescimento das novas são condicionados pela velocidade de aquecimento ou manutenção térmica. As transformações características de argilas não carbonatadas estão bem documentadas nos diferentes estudos publicados (Peters and Iberg, 1978; Duminoco et al., 1998; Riccardi et al., 1999; Cultrone et al., 2001; Jorda´n et al., 2001; Traore et al., 2003; Trindade et al., 2009; Trindade et al., 2010). As principais transformações são: a desidroxilação da caulinite em “metacaulinite” que ocorre, aproximadamente, entre os 450ºC e os 550ºC; a 573ºC, a transformação alotrópica do quartzo-α em quartzo-β mas porque o processo é reversível durante o arrefecimento, a fase que se observa é quartzo α (Wahl et al., 1961); a desidroxilação da ilite que ocorre entre os 600ºC e 650ºC formando fase amorfa (Aras, 2004; Ferrari and Gualtieri, 2006): e a transformação da moscovite e a nucleação da fase mulite que ocorrem aproximadamente entre os 950ºC e os 1050ºC (Cultrone et al., 2001). A mulite forma-se a partir dos 950 ºC, directamente da metacaulinite, e a sua abundância aumenta quanto maior for a temperatura e a respectiva manutenção (Okad and Otsuka, 1986; Murad and Wagner, 1998; Chen et al., 2000). A ocorrência de Hematite resulta da desidroxilação da goetite no intervalo entre 500 a 900ºC (Brindley and Brown, 1980). Os resultados obtidos revelam que na mesma cozedura, por efeito das variações de temperatura registadas na câmara, as diferenças composicionais no material cerâmico

são evidentes em peças diferentes e na mesma peça (tanto maiores quanto maior a dimensão da peça), consoante a sua posição e disposição no forno. Na Fig. 8 apresentam-se os difractogramas relativos ao material cerâmico que foi colocado junto aos termopares nas posições P1, P2, P3 P4 e P5, e da pasta cerâmica (MP). As fases cristalinas características identificadas são maioritariamente quartzo, com presença de feldspatos e moscovite e vestígios de anatase, que resultam de fases não transformadas da pasta, e mulite e hematite, novas fases que se formam da fase amorfa/vítrea obtida (nas temperaturas de cozedura consideradas), essencialmente como consequência da desidroxilação dos minerais argilosos e da desidroxilação dos oxihidróxidos de ferro. A presença ou ausência das novas fases cristalinas é o reflexo directo da temperatura atingida. Assim, podemos constatar que a mulite (M) ocorre em todas as amostras, o que indica que a temperatura de cozedura destas amostras foi superior a 950ºC, mas que nas posições P1 e P5 o pico da I/M é claro, isto é, ainda não colapsou, o que indica que a temperatura nestas amostras não terá passado os 1000ºC. Pode-se então concluir que as amostras com referências P3 e P4 estiveram sujeitas a temperatura de cozedura máxima no intervalo 1000ºC a 1050ºC, e as P1 e P5 terão tido temperatura de cozedura máxima no intervalo 950ºC e 1000ºC. Comparando com os diferentes métodos utilizados para monitorizar a temperatura máxima, verifica-se consistência da estimativa da temperatura entre métodos, sabendo que a temperatura máxima efectiva atingida pelo forno difere das transformações registadas nas matérias cerâmicas, uma vez que o pico máximo ocorreu num intervalo curto.

Neste estudo também foram avaliadas as transformações térmicas ocorridas numa ânfora cujo comprimento era próximo da altura da câmara de cozedura (cerca de um metro). Foram retiradas três amostras do bordo que estava assente na grelha, do bojo e do fundo, para comparação das fases cristalinas presentes por DRX (Fig. 9). Os resultados mostram que as fases são as mesmas nas três amostras e com intensidades similares, não reflectindo diferenças de cozedura claras nos três níveis avaliados.

7. Manchas negras de superfície Após a desenforna, constatou-se que algumas peças apresentavam zonas escurecidas (Fig. 10) que coincidiam com os olhais da grelha, por onde saía o calor da câmara de combustão. Levantou-se a hipótese de o escurecimento estar associado à fixação de partículas de carbono resultante da combustão na superfície das peças cerâmicas, apresentando estas zonas evidências de vitrificação superficial decorrente da maior temperatura atingida junto deste fluxo de ar quente. Neste contexto, recolheram-se três amostras (uma na zona escurecida da superfície, A1; outra na zona vermelha da superfície, A2; e outra no interior da peça, de coloração vermelha clara, A3), para estudar, ao Microscópio Electrónico de Varrimento (MEV), as possíveis diferenças, uma vez que por esta técnica é permitido obter informação detalhada da textura das fases formadas, (Tite et al., 1982; Tite, 1992; Froh, 2004). Os resultados obtidos mostram que a vitrificação da zona escurecida da superfície é mais intensa (Fig. 11) que da superfície de cor vermelha (Fig. 12). A amostra do interior da parede da peça (Fig. 13) não apresenta vitrificação tão expressiva como as amostras recolhidas à superfície. Confirma-se assim o maior escurecimento nas zonas de

superfície mais vitrificadas da peça, e que, nas superfícies das peças em contacto com a zona de fluxo de calor proveniente da câmara de combustão, junto dos olhais da grelha, o escurecimento é maior e decorre da fixação das partículas de carbono resultantes da combustão da lenha.

8. Conclusões O processo de restituição formal e funcional de um dos fornos romanos da olaria da Quinta do Rouxinol confirmou o potencial de aplicação das Tecnologias da Informação e Comunicação ao registo arqueológico, evidenciando em particular o papel que a digitalização e a modelação 3D poderão ter na sua interpretação e divulgação junto da comunidade científica, ou com objectivos de sociabilidade mais geral. Permitiu também enfatizar a importância da abordagem multidisciplinar a contextos de ocupação humana naturalmente complexa, de modo a integrar a informação arqueológica de campo com a pesquisa mais alargada de fontes similares e ligadas à mesma disciplina científica, mas também com o conhecimento produzido pela História e com os paralelos devidamente contextualizados do saber-fazer e das cadeias operatórias que ainda é possível recuperar dos registos antropológico, etnográfico e arquivístico. Alicerçada em objectivos claros e numa metodologia sólida, a acção de Arqueologia experimental realizada no Seixal comprovou a exequibilidade da proposta de interpretação arquitectónica de um dos fornos de cerâmica da Quinta do Rouxinol, quer do ponto de vista da funcionalidade, quer dos resultados obtidos nas peças cozidas, através da aproximação possível à gestualidade dos oleiros que aqui desenvolveram a sua arte há mais de 1500 anos. O impacto que a experiência teve em quem pôde participar no evento, o diálogo que permitiu estabelecer entre arqueólogos, antropólogos e historiadores, mas também entre estes e os mestres construtores e oleiros, provou ainda as enormes potencialidades informativas e comunicacionais da Arqueologia experimental. O aproveitamento desta oportunidade para o controlo analítico das condições de funcionamento do forno, complementado com a posterior análise química das cerâmicas cozidas, esclareceu igualmente vários aspectos relevantes. Em primeiro lugar, da monitorização da temperatura de cozedura verificou-se, após o fecho da câmara de combustão, aproximadamente aos 1000ºC, o registo de um pico da temperatura de mais 150ºC durante um curto espaço de tempo, menos de 30 minutos, que não se reflectiu nos cones de Seger, nos anéis de Buller, nem nas fases cerâmicas formadas nas peças cozidas. Por outro lado, a temperatura dentro do forno tem oscilações que podem chegar a diferenças de cerca de 50ºC, mas não são evidentes variações das fases cristalinas, a partir da análise por DRX, que permitam identificar aquelas diferenças de temperatura. Por fim, as variações de cor de superfície entre o vermelho e o negro estão associadas à formação de fase vítrea na superfície das peças cerâmicas, que é tanto mais escura quanto maior for a fixação de partículas de carbono resultantes do fluxo de ar proveniente da câmara de combustão. Este efeito é especialmente intenso junto aos olhais da grelha, onde a temperatura é mais intensa e a quantidade de partículas de carbono é maior.

Bibliografia ARAS, A. (2004) The change of phase composition in kaolinite and illite-rich claybased ceramic bodies. Applied Clay Science, 24, 2 57-269. BRINDLEY, G.W. e BROWN, G. (1980) Crystal Structures of Clay Minerals and their X-ray Identification. Monograph 5, Mineralogical Society, London. CABRAL, João M. P.; GOUVEIA, M. A. e MORGADO, I. (1993-1994) – “Caracterização Química das Produções de Ânforas do Vale do Tejo. II – Quinta do Rouxinol”. Conimbriga. Vol. 32-33: 191-200. CHEN, C.Y.; LAN, C.S.; e TUAN, W.H. (2000) – “Microstructural evolution of mullite during the sintering of kaolin powder compacts”. Ceramics International, 26, 715-720. CULTRONE, G.; RODRIGUEZ-NAVARRO, C.; SEBASTIAN, E.; CAZALLA, O. e DE LA TORRE, M.J., (2001) – “Carbonate and silicate phase reactions during ceramic firing”. European Journal of Mineralogy, 13, 621-634. DIAS, M. Isabel.; PRUDÊNCIO, M. Isabel. e ROCHA, F. (2003) – “Amphorae Production at Occidental Lusitania: identification of raw material and production”. Em PÉREZ-RODRÍGUEZ, J. L. (ed.). Applied Study of Cultural Heritage and Clays. Madrid: CSIC, pp. 187-200. DIAS, M. Isabel; PRUDÊNCIO, M. Isabel; GOUVEIA, Ângela; TRINDADE, M. J.; MARQUES, R.; FRANCO, D.; RAPOSO, Jorge; FABIÃO, Carlos e GUERRA, Amílcar (2009) – “Chemical Tracers of Lusitanian Amphorae Kilns from the Tagus Estuary (Portugal)”. Journal of Archaeological Science. DIAS, M. Isabel; PRUDÊNCIO, M. Isabel; RAPOSO, Jorge; GOUVEIA, Ângela; FABIÃO, Carlos; GUERRA, Amílcar; BUGALHÃO, Jacinta; DUARTE, Ana Luísa e SABROSA, Armando (2001) – “Caracterização Química por AAN das formas de ânfora de um centro de produção do estuário do Tejo: Quinta do Rouxinol (Portugal)”. In Actas do IV Congreso Nacional de Arqueometría. Valência, 88-93 [CD-Rom]. FABIÃO, Carlos (2004) – “Centros Oleiros da Lusitania: balanço dos conhecimentos e perspectivas de investigação”. In BERNAL, D. e LAGÓSTENA, L. (eds.). “FIGLINAE BAETICAE. Talleres alfareros y producciones cerámicas en la Bética romana (ss. II a.C. – VII d.C.)”. BAR – International Serie. Oxford. 1266: 379-410 [Actas del Congreso Internacional, Cádiz, 2003, Vol. 1]. FABIÃO, Carlos (2008) – “Las Ánforas Romanas de Lusitania”. In BERNAL, D. e RIBERA I LACOMBA, A. (eds.). Cerámicas Hispanorromanas: un estado de la cuestión. Cádiz: Universidad de Cádiz, pp. 725-745 [Actas del XXXVI Congreso Internacional de la Asociación Rei Cretariae Romanae Fautores, Cádiz, 2008]. FERRARI, S. e GUALTIERI, A.F. (2006) – “The use of illitic clays in the production of stoneware tile ceramics”. Applied Clay Science, 32, 73-81. FILIPE, Graça e RAPOSO, Jorge (1996) – Ocupação Romana dos Estuários do Tejo e do Sado. Lisboa: Publicações Dom Quixote / Câmara Municipal do Seixal (Actas das Iªs Jornadas sobre a Romanização dos Estuários do Tejo e do Sado, Seixal, 1991). FILIPE, Graça e RAPOSO, Jorge (2009) – Quinta do Rouxinol: uma olaria romana no estuário do Tejo (Corroios, Seixal). Seixal: Câmara Municipal do Seixal [livroguia de exposição].

FROH, J. (2004) – “Archaeological Ceramics Studied by Scanning Electron Microscopy”. Hyperfine Interaction, 154, 159-176. MURAD, E. e WAGNER, U. (1998) – “Clays and clay minerals: the firing process”. Hyperfine Interactions, 117, 337-356. OKADA, K. e OTSUKA, N. (1986) Characterization of spinel phase from SiO2-Al2O3 xerogels and the formation process of mullite. Journal of the American Ceramic Society, 69, 652-656. PRUDÊNCIO, M. Isabel; DIAS, M. Isabel; RAPOSO, Jorge; GOUVEIA, Ângela; FABIÃO, Carlos; GUERRA, Amílcar; BUGALHÃO, Jacinta; DUARTE, Ana Luísa e SABROSA, Armando (2003) – “Chemical Characterisation of Amphorae from the Tagus and Sado Estuaries Production Centres (Portugal)”. In Ceramic in the Society. Fribourg: University of Fribourg, pp. 245-253 (Proceedings of the 6th European Meeting on Ancient Ceramics, Fribourg, 2001). RAPOSO, Jorge e OLIVEIRA, Adriano (2010) – “Tecnologias de Informação e Comunicação, Património Cultural e Museologia: a propósito de um dos fornos romanos da Quinta do Rouxinol”. Museologia.pt. Lisboa: Instituto dos Museus e da Conservação. 3: 165-172. RAPOSO, Jorge; FABIÃO, Carlos; GUERRA, Amílcar; BUGALHÃO, Jacinta; DUARTE, Ana Luísa; SABROSA, Armando; DIAS, M. Isabel; PRUDÊNCIO, M. Isabel e GOUVEIA, Ângela (2005) – “OREsT Project: late Roman pottery productions from the Low Tejo”. In “Late Roman Coarse Wares, Cooking Wares and Amphorae in the Mediterranean: Archaeology and Archaeometry”. BAR – International Serie. Oxford. 1340: 37-54 [Actas de Conferência Internacional, Barcelona, 2002]. RAPOSO, Jorge; SABROSA, Armando e DUARTE, Ana Luísa (1995) – “Ânforas do Vale do Tejo: as olarias da Quinta do Rouxinol (Seixal) e do Porto dos Cacos (Alcochete)”. Trabalhos de Antropologia e Etnologia. Porto: Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia. 35 (3): 331-352 [Actas do 1º Congresso de Arqueologia Peninsular, Porto, 1991, Vol. VII]. TITE, M.S. (1992) – “The impact of Electron Microscopy on Ceramic Studies”. Proceedings of the British Academy, 22, 111-131. TITE, M.S., FREESTONE, I.C., MEEKS, N. D. e BIMSON, M. (1982). – “The use of Scanning Electron Microscopy in the Technological Examination of Ancient Ceramics”. Em: A.D. Franklin and J. Olin (eds.) Ceramics as Archaeological Material, Smithsonian Instution Press, Washington, 109 – 120. TRINDADE, M.J., DIAS, M.I., COROADO, J., e ROCHA, F. (2009) Mineralogical transformations of calcareous rich clays with firing: A comparative study between calcite and dolomite rich clays from Algarve (Portugal). Applied Clay Science, 42, 345-355. TRINDADE, M.J., DIAS, M.I., COROADO, J., e ROCHA, F. (2010) – “Firing Tests on clay-rich raw materials from the Algarve basin (southern Portugal): study of mineral transformations with temperature”. Applied Clay Science, 58, (2) 188– 204. WAHL, F.M., GRIM, R.E., e GRAF, R.B. (1961) – “Phase transformations in silica as examined by continuous X-ray diffraction”. American Mineralogist, 46, 196208.

Tabela 1 – Temperaturas máximas obtidas no forno pelos diferentes métodos de medida

Tabela 2 – Composição química da matéria-prima obtida por FRX. Amostra SiO2 Al2O3 Fe2O3 (%)

MP

(%)

65,56 18,02

MnO

(%)

(%)

7,36

0,02

MgO CaO Na2O (%)

(%)

0,34 0,13

K2O

TiO2 P2O5

P.R.

(%)

(%)

(%)

(%)

(%)

0,01

2,08

1,06

0,07

5,65

Fig. 1. Planta geral e localização do sítio arqueológico.

Fig. 2. Digitalização do forno 2 da Quinta do Rouxinol.

Fig. 3. Pormenor da disposição das peças na câmara de cozedura.

Fig. 4. Encerramento da câmara de cozedura.

Fig. 5. Posição dos sensores de medida de temperatura. Posições P1 e P2, junto à base da câmara, onde foram colocados cones de Seger e um anel de Buller; Posições P3, P4 e P5, referentes às canas pirométricas com os cones de Seger e anel de Buller. 1200 1100

P5 P4 P3

1000 900 800 ºC

700 600 500 400 300 200 100 0 0

2

4

6

8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 Horas

Fig. 6. Curvas registadas no interior da câmara de cozedura

Fig. 7 Difractograma da pasta cerâmica usada na produção das peças cerâmicas cozidas no forno romano. Q – Quartzo; F – Feldspatos; I/M – Ilite/Moscovite; K – Caulinite; G – Goetite.

Fig. 8 Difractogramas de amostras de cerâmica colhidas nas posições de monitorização P1, P2, P3, P4 e P5 e da pasta MP com que foram produzidas. Q – Quartzo; F – Feldspatos; I/M – Moscovite; M – Mulite, H – Hematite; A – Anatase.

Fig. 9 Difractogramas de amostras retiradas da zona do bordo de uma ânfora (assente na grelha do forno), da zona do bojo e da zona do fundo (topo do forno), bem como da pasta MP com que foi produzida. Q – Quartzo; F – Feldspatos; I/M – Moscovite; M – Mulite; H – Hematite.

A3

A2

A1

Fig. 10 Zona da recolha das amostras analisadas por MEV. À esquerda, na superfície da taça, área negra (A1) e área vermelha (A2); à direita, no núcleo do bordo (A3).

Fig. 11 Imagem obtida por MEV da amostra A1, recolhida na superfície negra da cerâmica.

Fig.12 Imagem obtida por MEV da amostra A2, recolhida na superfície vermelha.

Fig. 13 Imagem obtida por MEV da amostra A3, recolhida no interior da parede da peça.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.