RESUMO DO SEMINÁRIO 3 – A FUNÇÃO PSICOLÓGICA DO TRABALHO

December 27, 2017 | Autor: Jéssica Beatriz | Categoria: N/A
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RESUMO DO SEMINÁRIO 3 – A FUNÇÃO PSICOLÓGICA DO TRABALHO

Alunas: Arielle Cordeiro, Jéssica Beatriz, Laura Helena e Maíssa Diniz

OBS: O resumo foi dividido em subcapítulos, conforme o livro apresenta. 1 - O lugar do trabalho no âmbito da psicologia do trabalho Clot faz uma crítica nessa parte do capítulo aos autores que dizem que o trabalho é “uma atividade dentre muitas outras”, para ele o trabalho sempre foi central e ocupa na vida pessoal e social de todos que trabalham uma função única. Hoje o trabalho toma o lugar de objeto no qual os homens buscam auto realização. É um objeto que caracteriza, dá identidade aos sujeitos. Segundo Clot é através do trabalho que o homem se constitui, sendo assim, com esse papel tão importante na vida material e psíquica do sujeito não é possível caracteriza-lo como uma atividade qualquer para a psicologia do trabalho, o trabalho tem sim sua função psicológica específica.

2 - Uma terceira via: a atividade policêntrica

O autor relata que a possibilidade do trabalhador se mostrar como sujeito está na flexibilidade em que há na “pré- ocupação” e o trabalho em si. ”O que transforma, no trabalho, o operador em sujeito é ausência de coincidência entre todas as atividades que o ‘pré- ocupam’”, por exemplo, a vida fora de casa, a família e as atividades que o rodeiam fora do ambiente de trabalho. Em outro ponto, Clot ressalta como o trabalho prescrito se diferencia do real, refletindo assim no sujeito que se encontra ali “ser o sujeito de seus atos é também conseguir desfazer-se de um dado perfil, chegar a libertar-se do curso das atividades em que se acha engajado” o autor refere-se ao fato de que o sujeito ao prestar seu trabalho “desprende-se” dos seus afazeres fora do trabalho e encontra ali o reconhecimento de si próprio naquilo que faz. Outro ponto importante que Clot ressalta é mesclar os gêneros e isso implica na troca de funções que podem ocorrer em uma empresa ou indústria. A tarefa é aquilo que deve ser feito, a atividade é o que se faz (Leplat e Hoc 1983). Clot conclui que a atividade do sujeito não se volta unicamente para o objeto da tarefa, mas também para atividade dos outros que se baseiam nessa tarefa, e para as outras atividades. Pensando nisso como exemplo dado no texto de uma operadora de máquina que ao ver um problema técnico e com a impossibilidade de chamar o mecânico para auxilia-la, no caso por falta de tempo, orienta para ela mesma resolver a situação, está deslocando um trabalho para outro e consequentemente podendo causar riscos aos trabalhadores daquela fábrica. Clot conclui o capítulo dizendo que são essas tensões vitais que o sujeito transforma quando consegue, em intenções mentais,

as próprias intenções que ele tentará então fazer prevalecer na tarefa que lhe é confiada, partilhar com os outros e, eventualmente, por a serviço de um gênero de situações a promover.

3 - Trabalhar: “sair de si” “Sair de si” não significa uma despersonalização do trabalho e sim a “ruptura entre as ‘préocupações’ pessoais do sujeito e as ‘ocupações’ sociais de que este deve desincumbir-se”. Segundo Clot, o sujeito tem a capacidade de deixar os problemas pessoais de lado quando precisa assumir seu papel no campo do trabalho, ele precisa responder a demanda atual e assumir o seu gênero de trabalho e, durante o tempo que é necessário ficar nesse papel consegue se desligar dos problemas que tem de lidar na vida pessoal. Portanto o sujeito não despersonaliza o trabalho, não deixa de colocar sua identidade naquilo que faz por deixar de fora suas pré-ocupações pessoais, e sim assume seu papel e se foca no que deve fazer no momento se ocupando de sua atividade no contexto do trabalho, ou seja, assumindo seu papel de trabalhador.

4 - Uma psicologia histórico-cultural

Segundo o texto, o trabalho tem papel imprescindível no desenvolvimento individual, na construção do próprio valor e na contribuição de cada um para a formação do patrimônio histórico-cultural humano. A psicologia histórico-cultural remete a um homem simbólico, que se serve de convenções sociais e de um sistema de símbolos e signos organizados de maneira coletiva, liberto dos dados imediatos, para que os produtos do trabalho de uma geração não sejam perdidos para aquela que sucede (pg76). Sendo assim, o trabalho produz simultaneamente conservação e transmissão, invenção e renovação (pg 80). No entanto, os resultados da experiência humana se conservam em uma memória impessoal e que perpassa as gerações fazendo perpetuar a experiência humana. O texto cita Wallon como um dos psicólogos que melhor ajuda a perceber que a ação de trabalho em resposta a tarefa prescrita não tem valor em si mesma. Privado de toda imediatiedade em seu vínculo com o mundo, o homem vive apenas pela mediação de uma divisão do trabalho que o situa entre seus semelhantes na medida em que o interpela a classificar-se entre os outros (pg 79). Portanto, a função psicológica do trabalho é indissociavelmente trabalho sobre si e trabalho no mundo dos outros e das coisas. E isso para sair de cada prova desenvolvendo seu poder de ação graças aos outros, embora sempre correndo o risco de que a ocasião assim oferecida seja fonte de sofrimento (pg 79).

O trabalho inscreve o sujeito no mundo, por isso, seja esse o motivo do grande sofrimento que causa em termos psicológicos ser “privado de emprego”. É interessante destacar também que o trabalho é uma atividade que engaja o sujeito num processo sem sujeito. Cabe a ele identificar-se com essa atividade, individual e coletivamente, “reapropriando-se” dessa parte não intencional de sua existência, fundo invisível e pressuposto simbólico de toda ação de trabalho (pg 82).

5 - A barreira dos gêneros

De acordo com Yves Clot, gênero é (...) o sistema aberto de regras impessoais não escritas que definem, num meio dado, o uso dos objetos e o intercâmbio entre as pessoas: uma forma de rascunho social que esboça as relações dos homens entre si para agir sobre o mundo. (p. 50).

É a história da atividade compartilhada por um certo grupo de trabalhadores onde o trabalhador ali inserido pode prever, parcialmente, os resultados de suas ações no trabalho executado. É como se fossem diretrizes do que fazer e do que não fazer em situações precisas, como agir com os demais colegas de trabalho, etc. No livro, Clot exemplifica isso com o caso das enfermeiras chefes de equipe que executam funções do “gênero médico” e do “gênero administrativo”. No entanto, “o gênero social, ao definir as fronteiras móveis do aceitável e do inaceitável no trabalho, ao organizar o encontro do sujeito com seus limites, requer o estilo pessoal”. O estilo pessoal é onde a pessoa se liberta do caminho de atividades esperadas para dado gênero, onde ela modifica sua forma de trabalho, coloca um pouco de si naquilo que faz. É a transformação do trabalho prescrito no trabalho real.

Exemplo dado no livro na pág. 85, no segundo parágrafo.

Os critérios de avaliação do ambiente de trabalho são diferentes, se tem ali o conjunto de “normas” prescritas, mas dentro da possibilidade de mobilidade, cada pessoa modifica de forma diferente essas normas e cria seu estilo pessoal. Os valores e ideais profissionais que estimulam a realiza-

ção do trabalho também não são idênticos para os indivíduos, ainda que dentro de um mesmo gênero, pois as “pré-ocupações” extraprofissionais geram em cada indivíduo um significado diferente para aquilo que faz.

6 - Um trabalho para si: linguagem e técnica

Assim como ocorre com a linguagem, o processo de transformação do trabalho em trabalho “para si” é complexo, pois envolve a transformação do gênero das atividades esperadas para, assim, torna-las “suas”. Mas, para isso, é necessário se ter um bom domínio dos gêneros requeridos numa situação para que, mesmo saindo do curso de atividades esperadas, o trabalho realizado ainda esteja em certa conformidade com o gênero a qual pertence. Vygotsky fala dos signos da língua como instrumentos psicológicos cuja vocação é realizar uma ação, assim como os instrumentos técnicos, mas ambos se diferenciam pela direção de sua ação. O instrumento psicológico não provoca a mudança no objeto em primeira instância como a ferramenta o faz. A ferramenta serve de mediação à atividade que liga o homem primeiro ao mundo das coisas e depois o liga aos outros homens. Já o signo inverte essa ordem ligando, primeiro, o homem aos outros homens e só depois ao mundo das coisas.

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