Resumo sobre o artigo ‘Uma análise sobre as relações entre educação, juventude e movimentos sociais: o hip hop brasileiro’

September 26, 2017 | Autor: Suellen Vitória | Categoria: Movimentos sociais, Hip Hop Culture, Movimentos Sociais Urbanos Reivindicativos
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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONA E MUCURI BACHARELADO EM HUMANIDADES (BHu) MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO NO CAMPO PROF Drª. THAMAR KALLIL

Suellen Oliveira Leffen da Vitória

Resumo sobre o artigo ‘Uma análise sobre as relações entre educação, juventude e movimentos sociais: o hip hop brasileiro’ De Viviane Melo de Mendonça Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Kelen Christina leite Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

2º Semestre de 2014

INTRODUÇÃO Este resumo é resultado da leitura e breve análise do artigo desenvolvido pelo grupo de pesquisa Educação, Comunidade e Movimentos Sociais, composto por pesquisadores que, há algum tempo, se dedicam aos estudos, tanto da juventude como dos movimentos sociais: Grupos de pesquisa do CNPq da Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Ciências Humanas e Educação. O objetivo é refletir a relação entre juventude, movimentos sociais e culturais da juventude e a educação. Trazer a foco o movimento hip hop, mostrar seus significados e a compreensão dos movimentos sociais e sua relação com a educação.

MOVIMENTOS SOCIAIS: TRADICIONAIS E NOVOS Vários conceitos foram dados aos chamados movimentos sociais, em que alguns conhecidos por movimentos sociais tradicionais eram considerados a expressão coletiva de minorias em sociedades estratificadas e industrializadas, e seu objetivo seria transcender as classes sociais buscando conquistas no plano econômico-estrutural; já outros conceituavam como novos movimentos sociais, que se organizaram principalmente após a Segunda Guerra Mundial e que estariam associados a demandas por reconhecimento ou contra opressões simbólicas. Os novos movimentos sociais traziam em seus discursos a valorização de princípios como livre organização, autogestão, democracia de base, direito à diversidade e respeito à individualidade, respeito à identidade local e regional, e noção de liberdade individual associada à de liberdade coletiva. Para Maria da Glória Gohn conceitua-se que “(…) movimentos sociais são ações coletivas de caráter sociopolítico, construídas por atores sociais pertencentes a diferentes classes e camadas sociais. Eles politizam suas demandas e criam um campo político de força social na sociedade civil. Suas ações estruturam-se a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em situações de: conflitos, litígios e disputas. As ações desenvolvem um processo social e político-cultural que cria uma identidade coletiva ao movimento, a partir de interesses em comum. Esta identidade decorre da força do princípio de solidariedade e é construída a partir da base referencial de valores culturais e políticos compartilhados pelo grupo.”

Em nossos dias temos participações ativas de um novo tipo de fenômeno social que não consegue mais ser explicado somente pela questão de classe, atuam de modo a ultrapassar e transpassar a estrutura de classes: movimentos feministas, movimentos étnico-raciais, religiosos, ecológicos, pacifistas, LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis), dentre outros. Os novos movimentos sociais, em contraposição dos tradicionais ou clássicos, marcaram de modo profundo a segunda metade do século XX. Dessa forma, os NMSs podem ser analisados como elementos e fontes de inovações e mudanças sociais. Detém um saber de suas práticas cotidianas. O repertório de lutas por eles construído demarca interesses, identidades, subjetividades e projetos sociais de grupos distintos. “movimentos identitários que lutam por direitos – sociais, econômicos, políticos e, mais recentemente, culturais (mulheres, afrodescendentes, índios, direitos geracionais – jovens e idosos –, direitos dos portadores de necessidades especiais, imigrantes, entre outros); movimento de luta por melhores condições de vida e trabalho, no urbano e no rural, que demandam acesso a e condições para a terra, moradia, alimentação, saúde, transporte, lazer, emprego, salário, entre outros; e movimentos que desdobram suas lutas atuando em redes sociopolíticas e culturais, via fóruns, plenárias, colegiados, conselhos etc” (GOHN, 2007).

MOVIMENTOS SOCIAIS, EDUCAÇÃO E JUVENTUDE Em Gohn (2009), encontramos uma caracterização da relação entre os movimentos sociais, cidadania e educação, salientando o caráter educativo dos movimentos sociais, bem como uma série de mobilizações em função das demandas sociais pela educação no Brasil e a formação do Fórum Nacional de Defesa da Escola Pública nos anos da Constituinte. Percebe-se que, ao longo das últimas décadas, pode-se dizer que houve uma série de interações entre o poder público, os movimentos sociais e a educação (escolar e não escolar), do qual o movimento hip hop é uma demonstração; tais interações podem e devem se transformar em objeto de estudo.

Com a redemocratização, os movimentos sociais tornaram-se ainda mais atuantes e pautaram algumas questões, por exemplo: os movimentos negros trouxeram para a agenda pública os problemas da discriminação étnico-racial, a ponto de atingir, recentemente, a incorporação, no currículo escolar, da cultura afro-brasileira; em março de 2008, a questão avançou ainda mais, com a inclusão do ensino de história e cultura indígena brasileira. Já o movimento LBGT, por sua vez, articulado com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, promoveu inúmeras ações, dentre as quais a elaboração do documento Brasil sem homofobia. Recentemente, em articulação com o Ministério da Educação, está sendo elaborado o material didático Escola sem homofobia, que deverá ser utilizado no ensino médio. Sobre novas atividades extraescolares, destaca-se o interesse na formação de empresas juniores e as cooperativas de autogestão solidária. Outro eixo ainda pouco investigado trata da ação voluntária e dos movimentos que envolvem práticas de solidariedade, que vêm sensibilizando um conjunto crescente de jovens. Ainda não são encontrados muitos estudos sobre a forma de atuação juvenil. Os movimentos sociais tomaram corpo muito maior do que já foi estudado, com direções autônomas e que se relacionam e cooperam entre seus motivos de luta e objetivos.

HIP HOP, MOVIMENTO DE EXPRESSÃO CULTURAL O hip hop no Brasil surgiu durante a década de 1970, fazendo parte da cultura de áreas centrais de comunidades latinas, comunidades afro-americanas em Nova York e comunidades jamaicanas. E ainda em Nova York, surgem as quatro vertentes que fazem parte do hip hop: o Rap, o Djing, o Break e o Graffiti. Depois vieram as gírias próprias, que variam por região e, a moda que caracteriza o estilo cultural das ruas, o gueto. Suas expressões usam sistemas de som potente (Sound System) acompanhado de poesia, rima, danças improvisadas e o graffiti. Em 12 de novembro de 1973, foi criada a primeira organização que tinha em seus interesses o hip hop. Sua sede estava situada no bairro do Bronx. A Zulu Nation, tem, como objetivo, acabar com os vários problemas dos jovens dos subúrbios, especialmente a violência. Começaram a organizar "batalhas" não violentas entre gangues com um objetivo pacificador. As batalhas consistiam em uma competição artística.

No Brasil, o berço do hip hop é São Paulo, onde surgiu com força nos anos 1980, doas tradicionais encontros na rua 24 de Maio e no Metrô São Bento. De onde saíram muitos artistas conhecidos como Thaíde e Racionais MC’s. Atualmente, há inúmeras representações da cultura hip hop pelo país, espalhados não somente em grandes periferias. Esta forma de expressão, tornou-se para os jovens das periferias urbanas, um instrumento de mobilização e conscientização de luta e resistência. Nos anos 90, os elementos da cultura hip hop foram tomando espaços nas mídias escritas e virtuais, sendo absorvidas também pela classe média e apropriados pela indústria cultural, perdendo, em alguns aspectos, uma política enraizada nas reinvindicações de determinada classe social e também reinvindicações ético-raciais. No entanto, os grupos de movimentos periféricos mantiveram a produção de espaços de articulação e atuação no campo social lutando pelo direito de participar do espaço de trabalho e, lutas contra a violência e a discriminação. Os jovens que fazem parte desse movimento cultural e social, acreditam e concordam com o que é dito nas letras de rap, principalmente quando falam da polícia e do descaso do Estado com a população e a corrupção. Desejam que o movimento hip hop seja uma arma de conscientização e transformação do país, e não apenas uma diversão. Dessa forma a repercussão do hip hop na mídia pode ajudar na difusão e mudar a realidade social. “O jovem, objetivando reafirmar a sua identidade (étnica e geracional), ao mesmo tempo em que reconhece a possibilidade de participar das relações sociais, exibindo suas opiniões na música, ou simplesmente no estilo do grupo, consegue investir em seu autoconhecimento, faz pesquisas bibliográficas, organizase em grupos políticos, faz leitura de seu objetivo fundamental, politiza-se, instrui-se e deixa de ser um mero rapaz sem grandes perspectivas de futuro” (ANDRADE, 1997). A juventude da periferia tem no movimento hip hop, a partir de todas as suas expressões – rap, break e graffiti –, um meio para afirmar a necessidade de enraizamento que marca sua condição social, produzindo uma cultura que cria indicadores de pertencimento que proporcionam segurança afetiva e estabelecem parceiros com os quais os jovens e as jovens possam se relacionar e se compreenderem entre si. É necessária a

interação de escola e entidades públicas com a cultura das periferias e suas expressões, para entender e fazer parte de seu meio, e assim ser um local atrativo para estes jovens poderem realizar suas atividades longe da marginalização das ruas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Para analisar a relação entre movimento social e educação, e/ou entre educação e movimento social, foi lançado um destaque sobre o cotidiano de jovens, em especial o da juventude da periferia, em que o foco foi sobre o movimento hip hop brasileiro. No hip hop brasileiro, analisado aqui como um movimento da juventude, identifica-se o aparecimento de novas possibilidades educativas na escola que, em rede, podem cumprir a finalidade de ações transformadoras das estruturas sociais preconizada pelos movimentos sociais, tanto dos movimentos tradicionais, como dos denominados “novos movimentos sociais”. O que está em vista são as possibilidades de se produzir coletivamente, entre educador e educando, palavras próprias em meio às suas condições materiais e sociais de existência, provocando ambos a criar, a transformar-se e produzir o novo nas relações sociais. Sobre a relação movimento social e educação, após observações sobre o movimento cultural hip hop, pode se sugerir diálogos e quebras de barreiras de resistências e criar espaços educativos para além da instituição educacional, em periferias de centros urbanos, assim como temos a educação no campo para os do campo.

REFERÊNCIAS GOHN, M. G. Educação não-formal e cultura política. São Paulo, 2001. GOHN, M. G. Movimentos sociais na contemporaneidade. Revista Brasileira de Educação. v.16 n. 47 maio-agosto. 2011 MENDONÇA, V. M.; LEITE, K. C. Uma análise sobre as relações entre educação, juventude e movimentos sociais: o hip hop brasileiro. Impulso, Piracicaba. jan-abr 2013

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