Ricardo Severo (1869-1940)

May 31, 2017 | Autor: F. Araújo | Categoria: Archaeology, Portuguese History, Historiography, Brazil
Share Embed


Descrição do Produto

http://dichp.bnportugal.pt/projecto.htm

| HISTORIADORES | TEMÁTICAS O PROJECTO APRESENTAÇÃO ORGANIZAÇÃO

A EQUIPA CONTACTO

| INSTITUIÇÕES

| PERIÓDICOS

|

EN

O Dicionári o de Historiadores Portugueses, acessível nos sítios electrónicos da Biblioteca Nacional de Portugal e do Centro de História da Universidade de Lisboa, corresponde a uma necessidade há muito sentida nas ciências humanas em Portugal. Visa alargar o conhecimento sobre os historiadores que escreveram sobre o passado nacional, as suas perspectivas do conhecimento histórico, teorias e correntes historiográficas, instituições científicas, jornais e revistas a que estiveram ligados. Pretende ser uma obra de consulta, disponibilizando informação útil aos investigadores e interessados pela história da história, dar a conhecer o pensamento dos historiadores que se destacaram até ao início do decénio de 1970 (alguns deles esquecidos) e tr açar sínteses sobre a historiografia produzida em campos específicos do saber. O período escolhido tem em conta o papel decisivo que, a par da Universidade, a Academia Real das Ciências alcançou na dinamização dos estudos históricos e na afirmação de um conceito de história-ciência. 1974 constitui uma baliza marcante a partir da qual se acentuará a renovação em múltiplas direcções de uma historiografia que vinha dos anos 40, o alargamento significativo do campo de estudos e maior abertura ao ext erior da comunidade de historiadores.

APOIOS:

Considera-se historiografia num sentido amplo, envolvendo múltiplos conceitos de história e concepções da sua escrita, ultrapassando fronteiras não raro artificiais com outras ciências humanas: filosofia, geografia, antropologia, economia, linguística, estudos jurídicos, estudos literários, pedagogia. Ao longo dos dois séculos em causa (1779-1974) encontramos perfis muito diversos de historiadores, do erudito académico atento à autenticidade do documento ao autodidacta que cultiva larga variedade de géneros, passando pelo historiador profissional, formado já em instituições especializadas, sem esquecer ainda o contributo dos ensaístas. O Dicionário representará este tão diverso leque de autores, de formações e percursos intelectuais bem diferenciados, num país em que a profissionalização dos estudos históricos foi tardia, quando comparada com outras nações europeias (grandes historiadores portugueses do século XX foram autodidactas). Procurar-se-á estabelecer nexos contextuais com os problemas dos tempos em que viveram, o ambiente cultural e as polémicas em que se envolveram, a relação com o pensamento histórico internacional e a posteridade das suas obras. Incluir-se-á também uma selecção de historiadores de outras nacionalidades que estudaram a história de Portugal: alguns contribuiram decisivamente para a renovar e alargar o seu conhecimento no mundo. A história da história e a reflexão teórica sobre a disciplina foram-se desenvolvendo ao longo dos dois últimos séculos pela voz de alguns dos mais destacados historiadores e intérpretes da sociedade portuguesa e do seu devir, dos homens ligados à Academia das Ciências de Lisboa - entre eles Alexandre Herculano - aos nossos dias. Ser á possível escrever história de qualidade sem reflectir sobre um ofício que t ant o contribuiu para alargar a compreensão da experiência nacional, aprofundar a consciência que cada um de nós tem de si próprio e da comunidade em que lhe f oi dado viver? Parece evidente que não: o que aqui se convoca é uma irredutível pluralidade de pontos de vista, teorias e interpretações sobre o passado da sociedad e portuguesa, necessário ponto de partida para inventariações de problemas e construção de novos percursos de investigação e conhecimento. Com um conjunto muito variado de colaboradores, o dicionário pretende inscr ever-se nesta linhagem. Tem vindo a ser produzido e progressivamente dado a conhecer on-line em língua portuguesa e em língua inglesa. Será regularmente acr escentado com novas entradas, podendo beneficiar com sugestões críticas dos seus leitores. Posteriormente resultará na publicação de um livro. De momento já se encontram acessíveis cerca de 150 entradas nominais e temáticas. Sérgio Campos Mat os Maio de 2016. Um esclarecimento..., Fev. 2013, Sérgio Campos Matos (Pdf)

| HISTORIANS THE PROJECT INTRODUCTION ORGANIZATION

THE TEAM CONTACT

| THEMES

| INSTITUTIONS

| PERIODICALS |

PT

The Dictionary of Portuguese Historians, available online at the websites of the National Library of Portugal (BNP) and the History Centre at the University of Lisbon, meets a long-standing need within the social sciences in Portugal. It aims to broaden awareness of Portuguese historians and their perspectives on historical knowledge, of theories and currents within historiography, of historical and scientific associations and the journals and publications linked to them. It aims to be a reference work, making available information that will be of use to researchers and to those interested in the history of history, explaining the thinking of historians (some of them now forgotten) who wer e active up to the 1970s, and tracing general trends in historiography, as produced in different fields of knowledge. The period chosen takes into account the role that the Royal Academy of Sciences (founded 1779) played, alongside the University of Coimbra, in promoting the study of history, and establishing a conception of history as a science. In its turn, the year 1974 — with the restoration of democracy in Portugal — marks another milestone, after which a historiographical approach born in the 1940s was reinvigorated in many different ways, with a significant widening of the field of studies, and a greater openness to the broader international community of historians.

SPONSORS:

The Dictionary considers historiography in a broad sense, taking in varying concepts of history and ways of writing it, thereby crossing frontiers — more often than not artificial — with other social sciences: philosophy, geography, anthropology, economics, linguistics, law studies, literary studies and pedagogy. Over the two centuries under consideration we find many different kinds of historian, from the erudite academic, careful to establish the authenticity of documents, to the autodidact, who takes on a whole variety of approaches, not forgetting the professional historian, trained in specialized institutions, and the contribution of the essayist. The Dictionary will reflect this very wide range of authors, of backgrounds, and of very different intellectual careers, in a country in which the professionalization of historical studies came late, compared to other European nations such as Germany or France — many of the great historians of the first half of the twentieth century still being autodidacts. It will establish contextual connections with the problems of the times in which they lived, the cultural environment and the polemics in which they were engaged, the relationship with historical thinking internationally, as well as the afterlife of their works. It will also include a selection of historians of other nationalities who studied the history of Portugal, some of whom contributed decisively to renewing and broadening knowledge of this subject around the world. The history of history and theoretical considerations of the discipline have been developed over the last two centuries through the writings of some of the most distinguished historians and interpreters of Portuguese society and its outlook, from those, such as Alexandre Herculano, linked to the Royal Academy of Sciences (or the Lisbon Academy of Sciences, as it became known after the fall of the monarchy, in 1910) up to our times. Is it possible, even, to write high-quality history without reflecting on a craft that has contributed so much to broadening our understanding of the national experience, to deepening the awareness that each of us has of ourselves, and of the community in which we find ourselves living? The answer is clearly no: what is assembled here is an irreducible plurality of points of view, theories and interpretations of the past in Portuguese society, the essential point of departure for taking stock of problems and constructing new pathways of investigation and knowledge. Drawing on a very varied team of contributors, the Dictionary aims to take its place in this lineage. It has been under production since 2011, and will be progressively available online, in both Portuguese and English. New entries will be regularly added, enabling the Dictionary to benefit from suggestions and criticisms made by its readers. This will lead eventually to the production of a book. At the time of writing there are already some 150 entries available on the website of the National Library, of both a biographical and a thematic natur e.

SEVERO, Ricardo S. de Fonseca e Costa (Lisboa, 1869 – São Paulo, 1940) A 6 de Novembro nasceu Ricardo Severo, filho de José António de Fonseca e Costa e de D. Mariana da Cruz de Fonseca e Costa, no seio de uma família abastada graças aos negócios comerciais do pai em Angola como fornecedor de caravanas e expedições militares. Porém, ainda em criança, a família instalouse no Porto e prosseguiu estudos liceais na Escola Académica do Porto, onde conviveu com Rocha Peixoto e Basílio Teles, despertando-lhe o gosto pelo estudo das raízes étnicas do povo português, sublinhado pelo contacto com os trabalhos de Arqueologia de Carlos Ribeiro e a presença no IX do Congresso Internacional de Arqueologia e de Antropologia Pré-Históricas (Lisboa, 1880). No ano lectivo de 1884-1885 matriculou-se na Academia Politécnica do Porto no curso de Engenharia Civil, destacando-se como aluno distinto com dois prémios para melhor aluno do seu curso, no qual se veio a diplomar como engenheiro civil de Obras Públicas (Novembro, 1890) e depois de Minas (Março, 1891). Na Academia Politécnica dominava uma concepção positivista no quadro de um modelo de ensino marcadamente científico-técnico, focado no domínio das ciências naturais e exactas, que não deixaria de influenciar os rumos do seu pensamento científico. A fase estudantil afigura-se como um período de intenso labor e aprofundamento científico nas áreas da Arqueologia, da Pré-História e da Etnologia que tanto o cativavam, revelando um espírito de grande dinamismo com projectos e iniciativas que colhiam apoio junto dos seus conhecidos, desde os colegas e lentes até a velhos amigos e personalidades de renome nos círculos culturais e científicos. Em colaboração com Fonseca Cardoso, publicou em 1886 o seu primeiro artigo científico na Revista de Guimarães respeitante a uma investigação arqueológica na cividade de Bagunte e com comentários complementares de Martins de Sarmento, estação que bem conhecia e explorava durante as temporadas numa propriedade familiar perto. Porém, seria a título individual, ainda com 19 anos de idade, que deu à estampa o seu primeiro livro Paleoethnologia portugueza, uma recensão crítica à obra do destacado arqueólogo francês Émile Cartailhac versando a Pré-Histórica ibérica, na qual não se coibiu de complementar com os dados que vinha compilando das suas observações e prospecções arqueológicas pela zona norte do país, realçando novos aspectos e curiosidades inéditas sobre a cultura megalítica e materiais pré-históricos. Nesse mesmo ano, funda com outros estudantes a Sociedade Carlos Ribeiro (1888-1898), cuja missão era difundir os estudos científicos nas áreas da Antropologia, Arqueologia,

Etnologia, Geologia e Botânica, dando origem a um órgão próprio: a Revista de Ciências Naturais e Sociais (1889-1898). Nesta revista delineou-se um programa interdisciplinar que se inspirava na construção das raízes etnológicas do povo português iniciadas pelo patrono escolhido, sob direcção de Rocha Peixoto, Wenceslau de Lima e Ricardo Severo, com as colaborações de Leite de Vasconcelos, Alberto Sampaio, Martins Sarmento, Basílio Teles ou Júlio de Matos, em estudos, artigos e notícias bibliográficas o que lhe possibilitou alargar horizontes científicos. Nos artigos em seu nome, o enfoque associava o arqueólogo na apreciação das suas investigações pré-históricas com o etnólogo que procurava deslindar os traços étnicos e antropológicos dos portugueses, acompanhando as directrizes da emergente escola francesa de arqueologia pré-histórica e inaugurando mesmo o inédito de um estudo de arqueologia ultramarina, com a sua análise da Pré-História em Angola, através de alguns artefactos enviados por um conhecido. Prestes a iniciar uma carreira profissional na sua área de formação académica, o desaire do 31 de Janeiro de 1891 acarretou uma mudança nos seus planos de vida, uma vez que militando politicamente entre as fileiras republicanas, os receios de represálias por associação àquela tentativa revolucionária motivaram a partida para o Brasil. Em São Paulo estabeleceu-se como engenheiro no gabinete do arquitecto Ramos de Azevedo e decorridos quatro anos, salvaguardado pelo decreto de amnistia de crimes políticos pela classe civil de 1893, decidiu regressar a Portugal. Instalando-se novamente no Porto, aí se dedicou quase exclusivamente à arqueologia e retomou os antigos contactos da mocidade para delinear o embrião do seu maior projecto no domínio histórico, a par de Rocha Peixoto e Fonseca Cardoso, a criação e direcção da revista Portugália (1899-1908) e definindo na introdução a sua linha editorial como: «um archivo nacional de materiaes para o estudo do povo portuguez, da sua vida e do seu caracter». Não obstante a sua publicação irregular, culminando em dois volumes de quatro fascículos cada, afirmou-se como um valioso órgão para a dinamização da Pré-História, Paleontologia, Arqueologia, Antropologia e Etnografia portuguesas, não só pelo valor dos estudos de muitos dos antigos colaboradores que acompanharam a equipa editorial, mas também pelo seu rigor material e artístico com as mais modernas propostas técnico-científicas de desenho arqueológico: plano tridimensional, reconstrução esquemática, tipologias de escalas, morfologias e representações decorativas. A acrescentar a um louvor público do governo nacional em 1903, a revista foi amplamente elogiada nos meios internacionais merecendo das autoridades da arqueologia francesa, Émile Cartailhac e Salomon Reinach, o atributo de «revista digna dos mais categorizados centros de cultura» (A Citânia de Sanfins, 1985, p. 7). Nas páginas da elogiada publicação, Ricardo Severo comprovava a sua erudição e sede de saber, assinando artigos diversos sobre diferentes períodos históricos e uma actualização constante dos principais avanços internacionais na Arqueologia, afirmando as suas convicções de nacionalismo étnico e de lusitanismo no debate sobre as origens do povo português, recorrendo aos dados da etnologia e antropologia pré-histórica para ilustrar a especificidade e antiguidade dos povos ibéricos de origem indoeuropeia na sua formação autóctone. Por exemplo, na procura desse elo de ligação, cooperou com a Associação Arqueológica Britânica para o reconhecimento da autenticidade dos achados arqueológicos em

Vila Pouca de Aguiar, nomeadamente os raros exemplares de representações zoomórficas e/ou antropomórficas e de caracteres alfabetiformes no megalitismo ibérico, estabelecendo os paralelismos com similares achados arqueológicos ingleses. Da mesma forma que se evidenciou nesta enfatização do desenvolvimento científico da Antropologia portuguesa, essencial ao entendimento da identidade nacional, da sua história e cultura popular, ao transpô-la mais tarde para a sua vivência brasileira foi acusado de uma visão neocolonial na especulação das temáticas arqueológicas, artesanais e arquitectónicas locais. Confrontado com dificuldades económicas, em 1908 decidiu regressar definitivamente a São Paulo, retomando as suas anteriores funções como engenheiro e escritor, relegando os estudos históricos e arqueológicos para segundo plano. À data do seu falecimento em 3 de Abril de 1940, granjeara um enorme prestígio intelectual e cultural pelas múltiplas intervenções em organismos científicos brasileiros, sem esquecer os laços com Portugal ao incentivar o intercâmbio cultural como no caso da colaboração com a Seara Nova, constando como sócio da Academia das Ciências de Lisboa, Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia. A esta última, na homenagem que lhe foi dedicada em 1935, ofereceu o espólio documental pertencente à Portugália, reconhecendo a sucessão magistral de uma nova geração de cientistas liderados por Mendes Correia, também eles concebendo na transdisciplinaridade das ciências humanas e naturais a chave para o conhecimento do povo português e da sua evolução histórica. Bibliografia activa: CARDOSO, A. Fonseca e SEVERO, Ricardo, “Notícia arqueológica sobre o Monte da Cividade”. Revista de Guimarães. Guimarães, vol.3, fasc. 3, 1886, pp. 137-141; Paleoethnologia portugueza: les ages préhistoriques de l'Espagne et du Portugal de M. Émile Cartailhac. Porto, Typographia Occidental, 1888; Revista de sciencias naturaes e sociaes: publicação trimestral (orgão dos trabalhos da Sociedade Carlos Ribeiro). Porto: Typographia Occidental, 1889-1895; “Primeiros vestigios do periodo neolithico na provincia de Angola”. Revista de sciencias naturaes e sociaes. Porto, vol. I, n.º 4, 1890, pp. 152-161; Portugalia: materiaes para o estudo do povo portuguez. Porto, Imprensa Portugueza, 1899-1908; Origens da nacionalidade portugueza, 2.ª ed. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1924; A sciencia náutica portuguesa e o descobrimento do Brasil. São Paulo, Centro Republicano Português, 1931; Origens e factos da expansão portugueza no Brasil até 1530: quarto centenário da Fundação de S. Vicente. São Paulo, Casa Duprat, 1932. Bibliografia passiva: PEREIRA , J. M. Esteves e RODRIGUES , Guilherme, Dicionario Historico, chorografico, heraldico, biographico, bibliographico, numismático e artístico. Lisboa, vol. VI, João Romano Torres, 1912; D IAS, Carlos Malheiro, Homenagem a Ricardo Severo. São Paulo, Companhia Melhoramentos, 1932; CARDOSO, Mário, “Cartas de Ricardo Severo para Martins Sarmento”. Revista de Guimarães. Guimarães, vol. 70, fasc. 1-2, 1960, pp. 5-20; BRANDÃO, Domingos de Pinho, A Citania de Sanfins na história da arqueologia portuense. Paços de Ferreira, Câmara Municipal de Paços de Ferreira,

1985; COIMBRA, Fernando A. Rodrigues, “Ricardo Severo e o desenvolvimento da Arqueologia no Porto”. Portvgália. Porto, Nova série, vols. XIII-XIV, 1992-1993, pp. 307-314; FABIÃO, Carlos, “Um século de Arqueologia em Portugal”. Al-Madan, Almada, II série, n.º 8, 1999, pp. 104-126; MELLO, Joana, Ricardo Severo, da Lusitânia ao Piratininga: da arqueologia portuguesa à arquitectura brasileira, 1.ª ed. Porto, Dafne, 2007; FABIÃO, Carlos, Uma História da Arqueologia Portuguesa: das origens à descoberta do Côa. Lisboa, CTT - Correios de Portugal, 2011. Francisco Miguel Araújo

APOIOS:

|

|

SEVERO, Ricardo S. de Fonseca e Costa (Lisboa, 1869 – São Paulo, 1940) Ricardo Severo, son of José António de Fonseca e Costa and Mariana da Cruz de Fonseca e Costa, was born on 6 November into a family that became wealthy as a result of his father’s commercial business interests in Angola, where he was a supplier for military caravans and expeditions. During his childhood, the family moved to Porto and he did his high school studies at the Porto Academic School [Escola Académica do Porto] where two of his classmates were Rocha Peixoto and Basílio Teles. His interest in the study of the ethnic roots of the Portuguese people grew when he came into contact with the archaeological work of Carlos Ribeiro, which led to his attending the IX Congresso Internacional de Arqueologia e de Antropologia Pré-Históricas [9th International Congress of Prehistoric Archaeology and Anthropology] in Lisbon in 1880. In the academic year 1884-85 he enrolled in the Civil Engineering course at the Porto Polytechnic Academy [Academia Politécnica do Porto] where he was an outstanding student, twice winning the prize for best student of his course. He earned his diploma as a civil engineer first for Public Works (November, 1890) and later for Mining (March, 1891). At the Polytechnic Academy a positivist conception of Science dominated, with a teaching model that was markedly scientific-technical and focused on the field of the natural and exact sciences. This influenced the direction in which his scientific thought took him. His student phase figures as a period of extremely intense scientific labour in the areas of Archaeology, Prehistory and Ethnology, all of which greatly attracted him. He was by nature very dynamic and developed projects and initiatives that gained the support of those he knew, ranging from fellow students, college teachers and old friends to well-known personalities in cultural and scientific circles. In 1886 he published his first scientific article, written in collaboration with Fonseca Cardoso and with supplementary comments by Martins de Sarmento, in the Revista de Guimarães on the subject of an archaeological dig in the ‘Cividade de Bagunte’, the site of a fortified Iron Age settlement that he knew well and which he had explored during his visits to a family property nearby. Then in 1888, while still only 19 years old, he published his first individual work, Paleoethnologia portugueza, a critical essay on the famous French archaeologist Émile Cartailhac’s work on Iberian Prehistory. In this essay he did not shy away from adding further data of his own that he had been compiling from his own archaeological observations and surveys in the northern part of the country, and he highlighted new aspects and unpublished curiosities about megalithic culture and prehistoric

materials. In the same year, he founded the Carlos Ribeiro Society (1888-1898) with some other students. Its mission was to disseminate knowledge of scientific studies in the areas of Anthropology, Archaeology, Ethnology, Geology and Botany and later gave rise to its own publication: the Revista de Ciências Naturais e Sociais (1889-1898). The review planned an interdisciplinary programme inspired by the idea of constructing the ethnological roots of the Portuguese people, a path already begun by the patrons chosen. It was edited by Rocha Peixoto, Wenceslau de Lima and Ricardo Severo with Leite de Vasconcelos, Alberto Sampaio, Martins Sarmento, Basílio Teles and Júlio de Matos all collaborating with studies, articles and bibliographical news which enabled it to expand scientific horizons. Severo’s articles focused on linking the archaeologist in the critical appreciation of his prehistoric investigations to the ethnologist who sought to disentangle the ethnic and anthropological traits of the Portuguese, thereby following the guidelines of the emergent French school of Prehistoric Archaeology. He also inaugurated a new area, one that studied archaeology in the Portuguese overseas provinces, with his analysis of prehistory in Angola for which he used some artefacts an acquaintance had sent him. Although ready to begin a professional career in the area of his academic training, the debacle of 31 January 1891 in Porto led to a change of plan since, as he was a political militant in the Republican ranks, fears of reprisals for his association with the attempted revolutionary coup motivated his departure for Brazil. In São Paulo he set himself up as an engineer in the office of the architect Ramos de Azevedo and four years later, protected under the 1893 decree that gave amnesty for political crimes committed by civilians, he decided to return to Portugal. He settled once again in Porto where he devoted himself almost exclusively to archaeology, renewing the former contacts of his youth and planning with Rocha Peixoto and Fonseca Cardoso the embryo of his greatest project within the field of history - the review Portugália (1899-1908). Together they set up, ran and edited the review whose editorial line Severo defined in the introduction as providing “a national archive of materials for the study of the Portuguese people, their life and their character”. Although it was not published regularly, it became an outstanding and valuable publication culminating in two volumes of four instalments each, giving a dynamic boost to Portuguese Prehistory, Palaeontology, Archaeology, Anthropology and Ethnography. This was due not only to the value of the studies written by many of his former collaborators who accompanied the editorial team, but also to its material and artistic rigour using the most modern technical-scientific types of archaeological drawing: three-dimensional diagrams, schematic reconstructions, typologies of scale, morphology and decorative representations. In addition to receiving a public accolade from the national government in 1903, the review was also widely praised in the international arena, meriting from the two French authorities on archaeology – Émile Cartailhac and Salomon Reinach – the attribute of “a review worthy of the most prestigious centres of culture” (A Citânia de Sanfins, 1985, p. 7). In the pages of this much acclaimed publication, Severo showed his erudition and thirst for knowledge,

putting his name to a wide variety of articles about different historical periods and constantly updating readers on the main international advances in archaeology. He put forward his own firm beliefs about ethnic nationalism and Lusitanianism in the debate surrounding the origins of the Portuguese people, using data from ethnology and prehistoric anthropology to illustrate the specificity and antiquity of the Iberian peoples of Indo-European origin in their autochthonous formation. For example, in his search for this connecting link, he cooperated with the British Archaeological Association on the recognition of the authenticity of the archaeological finds in Vila Pouca de Aguiar, especially the examples, rare in Iberian megalithism, of zoomorphic and/or anthropomorphic representations and of alphabetiform characters, establishing parallelisms with similar English archaeological finds. Although he was a prominent figure for his emphasis on the scientific development of Portuguese anthropology, essential for an understanding of national identity, Portuguese history and popular culture, when he later transposed this to the Brazilian experience he was accused of having a neo-colonial view in his speculation about local archaeological, artisanal and architectonic subjects. In 1908, struggling with financial difficulties, he decided to return permanently to São Paulo where he once again took up his former job as an engineer and a writer, relegating his historical and archaeological studies to second place. At the time of his death on 3 April 1940, he had won enormous intellectual and cultural prestige for his multiple interventions in Brazilian scientific bodies. Neither should we forget his links with Portugal through which he encouraged numerous cultural exchanges, as in the case of his own collaboration with Seara Nova, nor the fact that he was a member of the Lisbon Academy of Sciences, the Historical and Geographical Institute of São Paulo [Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo] and the Portuguese Society of Anthropology and Ethnology [Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia]. In 1935, during a ceremony to pay homage to him, he offered the latter the whole of the documental archive belonging to Portugália in recognition of the masterly succession of a new generation of scientists led by Mendes Correia, who also believed the key to knowledge about the Portuguese people and their historical evolution lay in the transdisciplinarity of the human and natural sciences. Works by the author: CARDOSO, A. Fonseca e SEVERO, Ricardo, “Notícia arqueológica sobre o Monte da Cividade”. Revista de Guimarães. Guimarães, vol.3, fasc. 3, 1886, pp. 137-141; Paleoethnologia portugueza: les ages préhistoriques de l'Espagne et du Portugal de M. Émile Cartailhac. Porto, Typographia Occidental, 1888; Revista de sciencias naturaes e sociaes: publicação trimestral (orgão dos trabalhos da Sociedade Carlos Ribeiro). Porto: Typographia Occidental, 1889-1895; “Primeiros vestigios do periodo neolithico na provincia de Angola”. Revista de sciencias naturaes e sociaes. Porto, vol. I, n.º 4, 1890, pp. 152-161; Portugalia: materiaes para o estudo do povo portuguez. Porto, Imprensa Portugueza, 1899-1908; Origens da nacionalidade portugueza, 2.ª ed. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1924; A sciencia náutica portuguesa e o descobrimento do Brasil. São Paulo, Centro Republicano Português, 1931; Origens e factos da expansão portugueza no Brasil até 1530: quarto centenário da Fundação de S. Vicente. São Paulo, Casa

Duprat, 1932. Works with references to the author: PEREIRA, J. M. Esteves e RODRIGUES, Guilherme, Dicionario Historico, chorografico, heraldico, biographico, bibliographico, numismático e artístico. Lisboa, vol. VI, João Romano Torres, 1912; DIAS, Carlos Malheiro, Homenagem a Ricardo Severo. São Paulo, Companhia Melhoramentos, 1932; CARDOSO, Mário, “Cartas de Ricardo Severo para Martins Sarmento”. Revista de Guimarães. Guimarães, vol. 70, fasc. 1-2, 1960, pp. 5-20; BRANDÃO, Domingos de Pinho, A Citania de Sanfins na história da arqueologia portuense. Paços de Ferreira, Câmara Municipal de Paços de Ferreira, 1985; COIMBRA, Fernando A. Rodrigues, “Ricardo Severo e o desenvolvimento da Arqueologia no Porto”. Portvgália. Porto, Nova série, vols. XIII-XIV, 1992-1993, pp. 307-314; FABIÃO, Carlos, “Um século de Arqueologia em Portugal”. Al-Madan, Almada, II série, n.º 8, 1999, pp. 104-126; MELLO, Joana, Ricardo Severo, da Lusitânia ao Piratininga: da arqueologia portuguesa à arquitectura brasileira, 1.ª ed. Porto, Dafne, 2007; FABIÃO, Carlos, Uma História da Arqueologia Portuguesa: das origens à descoberta do Côa. Lisboa, CTT - Correios de Portugal, 2011. Francisco Miguel Araújo

APOIOS:

|

|

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.