Ruas criativas? Vamos lá! O novo desafio de uma Europa en route, a caminho de si própria

Share Embed


Descrição do Produto

crítica

Ruas criativas? Vamos lá!

O novo desafio de uma Europa en route, a caminho de si própria Mário Caeiro

Imaginemos Entro na Katariina kaïk, no Bairro Latino de Tallinn, no centro gótico da capital da Estónia. A atmosfera é de intemporal serenidade. Convivem as fachadas de um milenar templo cristão e uma pizzaria histórica, o acolhedor espaço da associação cultural Kloostri Ait e uma longa sucessão de ateliês de artesãos – a multicentenária katariina gild – em que encontro belíssimas peças originais que jamais encontrarei em qualquer outro lugar… Lá fora, um performer de tronco nu, expressão alucinada, traz uma luz vermelha na boca e outro performer ao colo, inteiramente vestido com um banal fato completo. São claramente de culturas diferentes, genes diferentes, e tudo indica que sabem que dois corpos junto jamais serão a soma das partes, mas uma complicada matemática de influências e interpenetrações. Imaginemos que entramos numa pequena rua de Lisboa, animada por uma discreta mas vibrante vida local… sentimo-nos ‘em casa’ porque o espaço é convidativo, ou uma obra de arte nos chama, ou a fila à porta de um restaurante denuncia uma boa cozinha… imaginemos que ao fim dessa rua entramos diretamente numa calle espanhola… tão diferente e, no entanto, transmitindo um carácter semelhante… imaginemos que ao final dessa rua espanhola entramos numa francesa, depois numa italiana, que se bifurca numa alemã e numa turca, desembocando todas numa estónia… Imaginemos uma rede de ruas assim virtualmente ligadas, como se existisse entre elas uma passagem oculta, conectando diferentes lugares onde a Europa acontece, fervilhando da mesma vida urbana, pessoas, ideias, iniciativas, num mosaico de culturas locais. Façamos a cartografia intangível de todas essas ruas. Voilá uma Europa de pequenos factos urbanos a que acedemos por via de critérios próprios, como o genuíno, o vintage, o emergente, o excecional. Seria uma rota 24/24h com protagonistas e figurantes sempre renovados, a vivência dos diversos lugares enquanto palcos de atmosferas, estórias, valores. Mas como poderiam os agentes ativos desta Europa de ruas – não tanto de Praças nem de edifícios ou equipamentos culturais – cooperar ao nível internacional? Seria puzzle bem complicado de resolver, mas certamente uma aventura conceptual, promovendo de forma orgânica a mobilidade e a diferença, mas também uma identidade mutante: a de uma oferta cultural, turística, empresarial e propriamente criativa que corre o risco de se diluir e desaparecer sob a intensa luz das megaoperações do turismo de massas e da cultura mainstream. O que está em jogo nesta Europa para lá do íman de frigorífico é desenvolver projetos de cidadania nos quais a comunidade possa repensar-se a partir de atividades estratégicas comuns que pudessem reunir esforços e utilizar toda a força dos lugares para oferecer aos viajantes uma realidade social inovadora – uma Europa em aberto. Neste quadro, uma mistura de ideias situacionistas e atividade empresarial poderia associar uma abordagem poética, lúdica e construtivista da realidade urbana às exigências de uma sociedade movida pela comunicação e o marketing. Ora para atingir este objetivo no que toca à realidade das ruas, começamos a ter uma toolbox de conceitos operativos que nos ajudam a destrinçar as iniciativas que fortalecem a Europa como rede de lugares, das que se ficam pelo que está a dar – pastel de bacalhau com queijo da serra – e assim contribuem para a depauperação das paisagens urbanas que realmente amamos. Viajar… para lá do turismo Unlike one’s mother culture, which is acquired by socialization during early childhood, self-identification as European usually appears much later, after

98 arqa 2015

some sort of political socialization, and usually through a process of research and discovering of one’s self-identity and references. Jofre M. Rocabert Não devemos esquecer que foi a paisagem a tornar os Americanos Americanos. Donde que uma streetscape de todas as Europas é narrativa válida para nos tornarmos Europeus. Quem poderia negar o charme de um nu-picturesque transeuropeu, livrando-nos dos déjà-vus do mainstream – que escondem sabe-se lá que atrocidades1… Quanto ao contributo das localidades para o combate à aculturação, a tarefa em cima da mesa é a de aferir conceitos aglutinadores – pragmaticamente realistas (Bruno Latour) – que coloquem em marcha a co-operação entre agentes já exemplares na dinamização de partes de cidade. O projeto 5 Vie2 em Milão representa esta tendência; ou a Rua Activa3 em Ponta Delgada, coordenado pelos arquitetos Carolina de Oliveira Backlar e Jeremy Stewart Backlar, onde o objetivo é reconstruir a cidade, através de ações capazes de restabelecer a dinâmica social e revitalizar a economia local. Estimular e implementar ideias empreendedoras, projetos culturais e intervenções artísticas, em contacto direto com o público. Uma inventiva e eficaz colaboração transnacional seria capaz de promover tais narrativas urbanas – mobilizadoras, sugestivas, credíveis e sustentáveis –, levando os espaços a falar – e não apenas a serem lidos. Tornando as ruas novas zonas mitogenéticas (J. Campbell), agentes de uma renovada meta-identidade Europeia. Ci sono a Venezia tre luoghi magici e nascosti: Uno in calle dell’amor degli amici; un secondo vicino al ponte delle Meraveige; un terzo in calle dei marrani a San Geremia in Ghetto. Quando i veneziani (e qualche volta anche i maltesi..) sono stanchi delle autorità costituite, si recano in questi tre luoghi segreti e, aprendo le porte che stanno nel fondo di quelle corti, se ne vanno per sempre in posti bellissimi e in altre storie. Corto Maltese, Favola di Venezia – Sirat al Bunduqiyyah Andar, a caminho Andar é uma ferramenta para o conhecimento fenomenológico e a interpretação simbólica do território. Mas é uma prática quase esquecida pelos arquitetos, sendo fundamentalmente ativada por poetas, filósofos ou artistas – pensemos em Aristóteles, Fernando Pessoa, em Francis Alys ou no grupo Stalker, ou ainda nos passeios performativos de Nelson Guerreiro no âmbito do Projeto VICENTE em Belém. O andar traduz em consciência territorial um senso do possível, sendo contributo para a saúde do líquido amniótico (Careri) que é o espaço urbano. Na história da arte, a genealogia do walkscaping integra a transição do dadaísmo para o surrealismo (anos 20), da Internacional Letrista para a Internacional Situacionista (anos 50), do minimalismo para a land art (anos 60). Mas como ligar hoje a ética desta arte de nos pormos a caminho à hegemónica cultura do empreendedorismo? Na lógica do slogan situationista – to inhabit is to feel at home everywhere – um bom projeto parece ser o do dispositivo urbano com vocação peripatética, versão contemporânea do urbanismo unitário de Debord. Donde que imagino os flâneurs de hoje como nu-strollers interessados no valor específico do património urbano e no potencial das pessoas – sejam elas trabalhadores comunitários ou chefs… – conquanto nisso pressintam que estão a moldar a sua vida e ao mesmo tempo a cuidar da memória dos lugares. Ao contrário da deslocação sedentária que caracteriza o turismo de massas, os novos flâneurs evitam o cliché.

© Agata Wiórko, cortesia Projeto Travessa da Ermida

ARLES – o equilíbrio do tecido urbano em risco. A 50 de metros da Rue de la Liberté, a nova Van Gogh Foundation já é o rosto de um artworld globalizado, cúmplice da gentrificação liderada por heróis como Frank Gehry – que se prepara para insuflar uma nova vida nesta cidade outrora vibrante. A suivre…

Ora se a cidadania – a leitura participada da cidade – pode ser vista como um direito – à localidade e à cidade –, só vamos lá por via de um novo nomadismo organizado no seio do dispositivo urbano; ações no âmbito das quais consumo e investigação, lazer e encontro íntimo surjam interligados. Todos os que gostamos de lugares – dos sítios em toda a sua esplendorosa diferença, de Lisboa a Lübeck – temos a responsabilidade de pensar a localidade seja para além de uma estética do controlo, seja do ‘deixa-andar’ em nome dos resultados imediatos de microeconomias turísticas que destroem ecossistemas urbanos uns atrás do outros. Rua. We’re on the road to somewhere Consideremos as etimologias de “street” e “road.” Street vem do Latim sternere, “pavimentar.” A palavra remete para a ideia de construção, estrutura. Já a etimologia de road [do Anglo-Saxónico ride] denota a ideia de passagem de um lugar a outro, a ideia de movimento, transporte, conectividade, ligação entre origens e destinos. Nesta dualidade – street vs. road – exprime-se uma tensão produtiva entre separação e ligação, finitude e continuidade, morada e percurso, lugar e itinerário. Note-se como se abre aqui amplo espaço de reflexão, se lidarmos com esta tensão criativamente, nomeadamente partindo da ideia de que (todas) as ruas levam a algum lado, ao mesmo tempo que

cada uma delas é um lugar com o seu próprio génio. A rua é elemento e contexto urbano. Lembra Carlos Dias Coelho que o conceito de cidade inclui a questão da sua materialidade como objeto construído, suporte de atividades e vivências que aí se desenvolvem e organizam coletivamente. A forma urbana é uma espécie de ‘pauta’ do tecido urbano, que é por sua vez ‘a música’ da cidade experimentada. Por isso, a leitura metódica da forma da cidade vai além do consolidado e que mais facilmente compreendemos. Mas mais: não havendo duas ruas iguais, um determinado conjunto de ruas pode reunir-se sob um determinado conceito e oferecer uma experiência que a um certo nível seria fundamentalmente a ‘mesma’. Pensemos por exemplo em ruas que são sedutoras paisagens urbanas. A rua tem na cidade uma importância seminal, qualificando-a como oferta imprevisível de acontecimentos, elemento vertebral das duas funções da cidade: a informação e acessibilidade: mas também […] imagem reconhecível da coletividade e a passagem de todos os serviços que a mantêm. (Oriol Bohigas) Para Halloran e Clark, as pessoas tendem a encontrar-se com as paisagens e a examiná-las esteticamente, mas essa experiência estética tem a função retórica de levá-las e imaginar identidades alternativas para elas próprias. Como diria Burke, o cenário convida à transformação do nosso sentido do eu.

2015

arqa 99

TALLINN – segredos do património. Jaak Johanson, um dos ‘guardiões’ do Bairro latino de Tallinn, antigo performer rock e hoje expert em história, conduz um turista acidental até a um dos mais bem guardados segredos da cidade, o pátio interior do Mosteiro de Sta. Catarina. A lost gem!

Viagem Criativa Por detrás da viagem, está muitas vezes o desejo de uma mudança existencial (Careri). A viagem é uma experiência que desafia e aperfeiçoa o carácter do viajante. No Alemão, o adjetivo bewandert (viajado), que significa hoje ‘esperto’, ‘sagaz’, significava originalmente alguém que viajara muito. A nossa consciência é interdependente da nossa relação com as walkscapes empíricos que se nos oferecem ao andar, ao peripatetismo potencial que o viajar constitui. Por detrás das virtualidades deste nomadismo contemporâneo, que resulta tanto da tendência para vivermos em constante movimento (Barbara Nawrocks) como do desejo de fazermos parte, já existem brands empreendedores, uma economia peer to peer: o Couchsurfing, o Airbnb ou o Uber… mas o que pode realmente fazer a diferença é a oferta nanoturística, em torno da viagem como aprendizagem. Culturanze (a troca de cultura por turismo), Visiting Schools (educação ultraespecífica), Go Ec (turismo voluntário), Live in Slums (conscientização social), Rent a Local (intercâmbio social) são exemplos de um nanoturismo que expõe tensões cruciais para a cidadania: participação vs. passividade, bottom-up vs. top-down, o sítio-específico vs. o sítio-genérico, responsabilidade vs. irresponsabilidade, inventividade vs. o convencional e claro… o local vs. o global. O nanoturismo corresponde a novas formas de produzir relações autênticas entre viajantes e os ambientes hospedeiros, através de processos de participação que exprimem um desejo de mudança cultural. O movimento está aliás a criar um novo imaginário coletivo, partilhado e acessível, por exemplo através das novas tecnologias do digital craft. De tudo isto disto estão cientes investigadores e organizações que procuram linkar o design e a cidadania urbana, da designxport em Hamburgo4 à House of Design em Leeuwarden5, cujo motto é Inspire to get in inspired. A verdade é que os novos strollers, flâneurs entregues a um novo tipo de Wanderlust transurbana e transcultural, sejam eles literatos hipermodernistas ou especialistas em realidade aumentada, eis o que somos muitos de nós, em trânsito entre conferências e bienais, congressos e festivais, tentando articular a produção da cidade com a inscrição da sua/nossa própria relevância no meio urbano. O Projeto Portes Obertes6, no bairro El Cabanyal, em Valencia, é particularmente rico ao nível desta dinâmica, desenrolando-se logo ao virar da esquina da Calle Josep de Benliure, onde se situa a famosa Casa Montaña, uma das melhores bodegas de Espanha, plenamente integrada no circuito gastronómico regional e na dinâmica de renovação local do enorme bairro.

100 arqa 2015

O desafio: branding Europe Um objetivo poderia ser o de devolver às ruas europeias o papel de ‘produtoras’ de cultura e identidade. Criar projetos de mediação urbana de média ou longa duração, capazes de articular pessoas, instituições e organizações – uma comunidade transurbana de arquitetos, designers, performers, artistas, gatekeepers culturais, investigadores, ativistas sociais, yuccie, nu-businessmen… and so on –, desde que demonstrando a potencialidade de uma certa forma urbana – as ruas – e promovendo uma visão sustentável do próprio desenvolvimento social. Laboratórios onde as pessoas, enquanto indivíduos para além das dinâmicas da própria comunidade, possam exercitar um intercâmbio de sentidos e contactar com o diverso ao nível das metodologias do trabalho. A Europa dos encontros humanos aproximar-se-ia assim do dispositivo urbano transnacional que, lá no fundo, nunca deixou de querer ser. Daí não fazer sentido as ruas mais estimulantes do Continente permanecerem distantes umas das outras. Para Steiner, a Europa é uma rede de lugares a distâncias percorríveis a pé… um acervo de espaços públicos onde se troca ideias, se estimula os sentidos, onde as diferenças se iluminam mutuamente… uma estratificação de memórias, o que como em nenhum outro continente está patente na toponímia… Ora é preciso devolver a esta Europa a sua imagem de marca. Para tal, uma Europa experienciável é a quadratura do círculo entre Marca e Lugar. Os viajantes, profissionais, em lazer, poderiam assim estar sempre na mesma rua e no entanto sempre em ruas diferentes. Todas as ruas poderiam mesmo caber numas poucas. A experiência seria possibilitada pelo desenvolvimento de conceitos – que junto com outros conceitos operativos estabeleceriam uma malha de experimentos que traduziria a multidimensionalidade (Lefèbvre) de que a cidade necessariamente deve ser feita. Tal urbanidade especificamente europeia, hoje em risco, poderia mesmo ser ‘mensagem na garrafa’ Mediterrâneo abaixo, Atlântico afora, Báltico acima, pretexto para os Europeus se encontrarem não apenas consigo mas também com os seus vizinhos. Estou a pensar em coisas concretas, como chefes de diferentes restaurantes trocarem receitas, artistas levando as suas obras para diferentes contextos, e sobretudo a criação de uma organização informal com os seus próprios mecanismos de coesão. Caramba, para combater o utopismo acelerado das smart cities, promovido pela alta tecnologia das grandes empresas de engenharia e consultoria, não havia necessidade de a Europa da qualidade e excelência se democratizar apenas por via de hamburguerias chiques para as massas; parece preferível promover-se

Unlike one’s mother culture, which is acquired by socialization during early childhood, selfidentification as European usually appears much later, after some sort of political socialization, and usually through a process of research and discovering of one’s self-identity and references. Jofre M. Rocabert

VALENCIA – animação comunitária. O street artist LUCE oferece a uma comunidade informal de crianças um momento extremamente criativo em plena rua. A peça consiste em cubos móveis, que são como que pixéis que podem ser manuseados livremente, acabando ao limite sempre por retornar à forma original, o tag do artista!

EDIMBURGO – tesouro de uma resiliente craft culture. O escritório de Howie Nicholsby no interior da sua concorridíssima loja-atelier – XXIst Century Kilts. A clientela de estrelas de Hollywood não mudou a personalidade e o charme de um ícone humano da Cobbled Thistle Street, bem no generoso coração de Edimburgo.

a viagem através/até das/às suas ruas mais intensamente apropriadas, e delas cuidar porquanto frágeis oásis na efemeridade dos seus equilíbrios. No cerne da (sobre-)modernidade, estimulando a cooperação entre profissionais da cultura urbana, da comunicação social, do turismo (e do nanoturismo), numa lógica de superação dos seus territórios privilegiados, abrir-se-á ‘espaço’ para uma Europa off-beat – não seguindo o ritmo standard – de decisões provocatoriamente pas-d’âne, em que nos surpreendamos com cada lugar a cantar-nos as suas melodias próprias? Um parlamento de urbanidades? Inspirando inovação Vamos lá a um conceito possível: geminar ruas. Colocá-las em rede. Partilhar conhecimento, saber, know-how e perspetivas de desenvolvimento, desenvolver novos públicos para o tradicional e o emergente, cruzá-los – uma estratégia de spill-overs. Comunicar a excelência na relação interpessoal, a intimidade de uma Europa amigável, concreta, no seio da qual uma ampla comunidade de nómadas se torna cúmplice, ao aceder a mensagens urbanas recodificadas pelas suas paixões e conteúdos sociais e propriamente organizacionais inéditos. Tal experiential mix congregaria tesouros (uma visão ética do património), segredos (uma perspetiva íntima do conhecimento) e momentos (uma valorização dos encontros ao vivo e a cores). Através da oferta integrada de um mix de sítios, gastronomia, cultura, arte e pessoas, a renovação da vida urbana poderá integrar os estímulos que chegam de todas as partes e a partir de focos de produção e placebranding que têm nas PME e ONG dínamos cirúrgicos. Cabe-nos aplicar toda esta energia à gestão tanto dos layers mais imateriais da cidade, como dos seus ativos mais evidentes. A rua como forma urbana específica tem esta potencialidade extraordinária para nos levar a repensar o local

enquanto valor essencial do sistema urbano. Hoje isto passa por investigar de que forma a classe criativa se pode articular para produzir interfaces discursivos – os tais conceitos – que tirem partido de valências como as instituições ou o edificado para atingir novos patamares de transversalidade. Os tempos estão maduros para se recolher os frutos da teoria, agora num esforço retórico e comunicacional, capaz de maior resiliência face às dinâmicas macroindustriais; isto é, de devolver ao cidadão a noção de localidade, mas uma localidade satisfatória, e que portanto funciona hoje como um logos nomadológico na esfera da política das coisas (Sloterdijk). Com Zukin, remato: Se o local é o novo autêntico, a questão central para o turismo é mudar o foco no autêntico para o foco no local. Afinal, The most appropriate way to approach emotions is phenomenologically, as Martin Heidegger suggests in his fascinating commentary on Aristotle’s Rhetoric, which means starting with the concrete manifestation of emotion in a meaningful world, as opposed to a world of mere matter. Daniel E. Gross Pois é, somos todos (para)locais. Já que o local não é necessariamente bom, a não ser que seja co-localidade. E se como sabemos o buzz de certas zonas urbanas decorre de uma ecologia criada por encontros face-a-face, co-presença e co-locação de pessoas e entidades, tal consciência obriga o projeto na cidade a considerar que o que tem de ser mediado não é o olhar turístico, mas a formação de perspetivas locais. Bibliografia/Further reading Boelen, Jan [Ed.]; Designing Everyday Life, Park Books, 2014. Butler, John; Bennett, Sarah; Advances in Art & Urban Futures Volume 1 – Locality, regenarion & Divers[c]ities, Intellect, 2000. Nawratek, Krzysztof; Holes in the Whole, Zer0 Books, 2012. Rykwert, Joseph; «The Street: The Use of Its History» in On Streets, Anderson Stanford [Ed.], The MIT Press, 1978. https://www.academia.edu/10147781/The_new_geographies_of_tourism_Space_place_and_locality?a uto=download&campaign=weekly_dige st https://www.academia.edu/3410752/Revoluções_Urbanas._Holes_in_the_Whole_um_livro_de_ Krzysztof_Nawratek Notas 1 For Those Who Can Tell No Tales (2103), de Jasmila Zbanic, apresentado na abertura do Festival ‘Olhares do Mediterrâneo’ 2015. 2 http://www.5vie.it/it 3 http://ruactiva.com 4 http://www.designxport.de 5 http://www.houseofdesign.nl 6 http://www.cabanyal.com/nou/portes-obertes/?lang=es

2015

arqa 101

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.