SIM 86 Herzog: O sonhador desperto

July 4, 2017 | Autor: Vicente Franz Cecim | Categoria: Cinema
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BELÉM, DOMINGO, 1 DE FEVEREIRO DE 2015

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Herzog (I): O Sonhador Desperto

Herzog não busca o reconhecimento, a fama, mas uma danação: é como uma circular condenação, hipnótica, alucinatória, ilusória. ENRICO GHEZZI

N

Chants de Mardoror/Os Cantos de Maldoror, do também sonhador desperto Lautréamont, onde, por convergência sincrônica, havia escrito seu endereço em Munique. E ainda estava sob o efeito devastador que, poucos anos antes, quando ele ainda era um desconhecido, me causara a descoberta, ao mesmo tempo, de seus dois primeiros filmes: Sinais de Vida e Os Anões Também Começaram Pequenos – assistidos em sessão dupla um depois do outro. Contei a ele. E, depois, fiquei muito alegre, como se fosse comigo, quando o mundo se abriu para seus longos falsos documentários Fata Morgana - sobre as miragens do deserto - País do Silêncio

e da Escuridão – sobre cegos, mudos e surdos – e O Grande Êxtase do Escultor Steiner – sobre um esquiador que sonha um dia voar. E para suas grandes obras primas de ficção em longa metragens, como Aguirre - a Cólera de Deus, Coração de Cristal e Woyzek – sua visão da peça teatral de outro poeta-bárbaro: Georg Buchner. Na véspera da nossa verdadeira peregrinação noturna ao aeroporto havíamos nos encontrado no hotel em que ele estava e meu filho Arthur – hoje Arthur Martins Cecim, escritor – deu a ele um retrato que havia feito, com seis anos, de uma foto sua vista no jornal. E ele me havia dito: - Melhor

do que todos os meus filmes é o livro que escrevi: Caminhando na Neve, breve sai no Brasil. Quando saiu, li: o livro conta o Sacrifício que Herzog fez por Lotte Eisner - inspiradora e teórica do Expressionismo no cinema mudo alemão e, já idosa, do Cinema Novo que nascera nos anos 60 com Herzog, Fassbinder, Kluge - indo a pé, através de um rigoroso Inverno, de Munique a Paris, onde Lotte estava muito doente, absolutamente confiante em que assim a salvaria – e quando chegasse Lotte estaria totalmente curada. – Oi, Werner, você por aqui? Ela lhe disse, ao abrir a porta para ele, sorrindo – pois, quando chegou, aquilo em que Herzog confiou

TV GLOBO-ZÉ PAULO CARDEAL-DIVULGAÇÃO

unca se viu nas ruas de Belém um veículo trafegando tão lentamente como aquele que eu dirigia na noite em que o levei ao aeroporto no meu carro – para você ter ideia, uma tartaruga passou por mim voando – como a lebre da Fábula, mas na velocidade de tartaruga mesmo. E toda essa lentidão para que? Para alongar o tempo daquela viagem, que seria minha última oportunidade de ficar só com Werner Herzog, quando ele veio a Belém pela primeira vez, no início dos anos 80, e conversarmos mais intimamente sobre a Vida e tudo mais – mas acabou não sendo, pois nos reencontramos quando ele voltou anos depois procurando locação para filmar Fitzcarraldo. Naquela noite lenta, lembro de lhe ter perguntado se gostava de sua família, mulher e filhos – Sim, respondeu – e por que, então, passava tanto tempo longe dela inventando filmagens nos quatro e mais remotos e frequentemente perigosos cantos do mundo? – Porque senão em morro, me disse, no sentido de que a vida para ele perderia sentido. Eu levava na mão o meu Les

foi exatamente o que aconteceu. Essa circulação hipnótica, alucinatória, ilusória, como o crítico italiano Enrico Ghezzi descreveu o cinema de Herzog, será o nosso assunto da próxima Sim, que vai se concentrar nos filmes que ele realizou – e que, para alegria dos meus olhos, vi quase quase todos. O que me permitiu, convivendo com Herzog, comprovar que é pura verdade o que ele afirma quando diz: Sou o que são meus filmes. Aliás, este é o nome da Mostra Herzog que a cidade está assistindo agora, em que já foram exibidos vários de seus falsos documentários etno-dadaístas, entre eles os encantatórios Os Pastores do Sol - filmado na Nigéria, sobre um povo que se considera o mais belo da Terra – La Souffriére – que Herzog nos mostrou pessoalmente em sua volta à cidade e considera um filme frustrado porque o vulcão que ele filmava, em sua borda, não entrou em erupção - e Gesualdo, Morte para cinco Vozes – sobre o espantoso músico & assassino da Renascença tardia Carlo Gesualdo, que no século XVI antecipou a música clássica do século XX e foi cultuado por Igor Stravinsky, entre outros. A mostra continua, no Olympia, às 18:30 horas, até a próxima quarta-feira, menos amanhã, segunda-feira, exibindo um dos seus filmes mais perturbador: Aguirre, a Cólera de Deus.

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Prêmios ajudam Iñárritu no Oscar Dois prêmios importantes - o do Sindicato dos Produtores - e o de interpretação coletiva na SAG Award fortalecem a candidatura de Alejandro González Iñárritu ao Oscar. Seria (será?) o segundo ano consecutivo de vitória dos mexicanos no maior prêmio da indústria norte-americana. No ano passado, Alfonso Cuarón venceu o prêmio de direção por Gravidade. Algo está se passando em Hollywood. Se as fronteiras seguem fechadas para os imigrantes estão abertas no cinemão. Iñárritu ama os chamados multiplots, mas em Birdman a

trama é centrada no personagem de Michael Keaton, mesmo que, com frequência, e no desfecho, em especial, ele seja visto pelos olhos da filha (Emma Stone). A crítica bate forte em Keaton - no filme. Na vida, tem sido generosa, até demais. Mas, no próprio filme, a crítica reconhece o esforço do cara. Não é para tanto. Birdman, o filme, assume os superpoderes do herói em crise. A mise-emscène de planos-sequência é virtuosística, mas termina por criar uma forma (fórmula?) que se repete. O melhor é o plano final no rosto de Emma Stone.

Jay-Z comprará Wimp, rival do Spotify (Enrique Diaz) e Marília (Maria Fernanda Cândido) recebem Denise (Paolla Oliveira) em casa para o programa

Furacão Paolla Oliveira incendeia a tela da TV “DANNY BOND” Atriz deixa o país em expectativa por novas cenas da série "Felizes para Sempre?" SÃO PAULO Agência Estado

O nome de Paolla Oliveira só aparece no final da lista de créditos de abertura de Felizes para Sempre?, entretanto a atriz é o grande destaque da minissérie da Globo, que começou na segunda-feira, 26. Só de aparecer rapidamente nos minutos finais do episódio de estreia, ela começou a chamar a atenção. Mas a intérprete da garota de programa Danny Bond roubou as aten-

ções após tirar o vestido em cena, deixando o derrière à mostra, imagem que não para de circular na internet desde terça à noite. “Já viu a vista?”, pergunta ela a Cláudio (Enrique Diaz), enquanto caminha até a varanda do hotel para exibir seus atributos físicos. “Linda a vista”, rebate o empresário, boquiaberto com as curvas da moça. A sequência fez tanto barulho nas redes sociais que tanto o nome da atriz quanto o da personagem ficaram no topo da lista de assuntos mais comentados no Twitter no País. Além das milhares de telespectadoras dizendo que vão intensificar a dieta e a malhação para ficar com o corpo da atriz, as cenas de Paolla vi-

raram assunto para as publicações de humor na internet. O site do Sensacionalista, telejornal fictício que subverte as notícias no Multishow, avisou que a ONU usaria o bumbum da paulistana para alcançar a paz mundial. Também circulam pela rede gifs (imagens em movimento retiradas de vídeo) em que Danny Bond aparece fazendo caras e bocas com os diferentes figurinos com que atendeu seus clientes. A expectativa de ver mais cenas da garota de programa fez ‘Felizes para Sempre?’ aumentar um pouco sua audiência no terceiro capítulo, exibido na quarta, 28, quando a produção teve média de 17 pontos no Ibope. Cada ponto equivale a 67 mil domicílios na Grande SP. Na estreia, a minis-

Nomes da atriz e da personagem foram assuntos mais comentados no Twitter no país série havia marcado 17 pontos e caído para 16 na terça. Os índices não são extraordinários, porém, são bons para um programa exibido às 22h40. A trama escrita por Euclydes Marinho é uma adaptação de Quem Ama Não Mata, criada por ele mesmo e exibida nos anos 1980. Com direção geral de Fernando Meirelles, a história mistura a situação de casais em crise com as maracutaias de corrupção em Brasília e um assassinato misterioso.

O rapper e empresário americano Jay-Z comprará o serviço norueguês de streaming musical Wimp, modesto rival do sueco Spotify, por 56,2 milhões de dólares. Na prática, a empresa Project Panther Bidco, que pertence ao cantor, fez uma oferta de 464 milhões de coroas suecas ao grupo sueco Aspiro, que tem o Wimp como principal ativo. A operação está assegurada, já que o principal acionista da Aspiro, o grupo de comunicação norueguês Schibsted, que possui uma participação indireta de 57%, anunciou que ven-

derá suas ações. “A Schibsted considera que a companhia (Wimp) tem um importante potencial de crescimento, mas a Aspiro precisa de uma grande quantidade de capital para sua expansão, além de um proprietário sólido e motivado desenvolver-se e competir no mercado global de streaming musical”, afirmou o diretor financeiro do grupo norueguês, Trond Berger. Artista e investidor ao mesmo tempo, Jay-Z, marido da cantora Beyoncé, comprou no ano passado a empresa de champanhe Armand de Brignac.

Carnaval infantil na Estação O clima do Carnaval chega hoje à Estação das Docas, junto com os palhaços da Trupe de Bubuia, que vão apresentar o espetáculo “Batalhas e confetes”. A apresentação integra o projeto Pôr do Sol e começa às 17h30, no terminal fluvial do complexo turístico e cultural. A programação é gratuita. Conhecido pelo público infantil, o quarteto formado por Chorona, Jojoca, Pierierieca e Rubilota vai contar a história dos tradicionais bailes de Carnaval. A ori-

gem da festa e os personagens estão no roteiro do espetáculo, tais como Pierrot, Colombina e Arlequim. A Trupe de Bubuia vai fazer uma disputa musical para saber que palhaço conhece mais marchinhas carnavalescas. “Neste domingo, além das palhaçadas, vamos contextualizar o Carnaval, de forma bem lúdica e divertida. Para agradar as crianças e adultos, vamos cantar ainda a inédita ‘Marcha da Trupe’”, diz o ator Joécio Lima.

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