Solução- Processo Alquímico

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Curso de Alquimia – junho 2.012
Segunda Fase: SOLUTIO/SOLUÇÃO
Seu elemento é a água e transforma um sólido em líquido que desaparece no solvente como se tivesse sido engolido. Trata-se do retorno da matéria diferenciada ao seu estado indiferenciado original ou ainda, à prima matéria.
Há quem diga que a Solutio é a raiz da alquimia e outros ainda advertem para não fazer nenhuma operação enquanto não transformar tudo em água.
Nesta fase a água pode ser comparada ao útero e a solutio é um retorno a ele para, desse modo, através da vivencia emocional do conteúdo psíquico produzir a renovação da psique.
A química implícita é a capacidade de dissolução, de se permitir dissolver nas emoções um dia reprimidas e ou negadas.
Ocorre na solucio um amálgama do mercúrio com a prata e o ouro, representados pela Lua e o Sol respectivamente alcançando seu significado psicológico nos princípios feminino e masculino ou anima e animus.
Dissolve-se sol e a lua no mercúrio que já abriu a pedra e nela se mantem. Como a pedra acolheu mercúrio agora ela, de fato, é a prima matéria, o ego receptivo aos conteúdos psíquicos.
O mercúrio é um símbolo universal da alquimia e ele representa o princípio passivo e úmido. Representando assim, o princípio feminino mais ctônico, da ordem das profundezas do inconsciente. Esse mesmo princípio mercurial irá atrair para si e se amalgamar com o princípio ctônico do masculino representado pelo enxofre. Significando que o processo de individuação encontra nesse "casamento" propiciado pelo acolhimento do ego, a aceitação consciente do sujeito e que, desse modo, daqui para frente terá início ao processo alquímico e suas transformações.
Por outro lado, o sol e a lua são também representantes dos princípios masculino e feminino. Enquanto mercúrio e enxofre são aqueles que irão orquestrar a individuação de modo inconsciente, o sol e a lua terão o significado de psicopompos, de anima e animus, aqueles que irão trazer conteúdos do inconsciente para a consciência e vice-versa.
O "casamento" do sol e da lua na solução faz parte do processo de união dos opostos que ocorre frequentemente na individuação. Lembrando que a união dos opostos é um acontecimento em que o sujeito se retira completamente da dicotomia dos valores e passa a vivenciar as nuances dos opostos. Nada é apenas branco e nada é apenas negro, nada é somente bom, nada é somente mal. A união dos opostos origina a multiplicidade.
A solução trata da regressão do ego à indiferenciação.

que tende a sentir prazer na regressão ou se for mais desenvolvido entrará em ansiedade devido à ameaça de sua dissolução, ao invés de vivenciar uma sede pela dissolução sentirá tristeza e dor.
Ao passo que a sede do ego pela dissolução decorre de sua concupiscência e de seu egoísmo irrefreado. Ao beber é dominado pela água e pode se perder na inconsciência. Exs.: além das diversas neuroses e psicoses; drogadicção; a paixão; o donjuanismo e outros comportamentos compulsivos e obsessivos.
Muitas formas de nostalgias e saudades significam um retorno ao incesto urobórico e a auto-dissolução claramente percebido na "mística união" tanto dos santos quanto no anseio de inconsciência do alcólico, de outros drogadictos e inclusive no amor romântico.
Trata-se, enfim, do "sentimento oceânico" que tem por detrás a inflação egóica e o narcicismo, causas que provocam a solutio.
Uma solutio feliz corresponde ao conceito de incesto urobórico que é uma forma de interpenetração entre o ego e a anima ou animus, onde o prazer está na realização do desejo de se dissolver no arquétipo que trará ao ego uma maior consciência e solidez.
Os conceitos de conteúdo e continente apresentados por Jung aplica-se à fase da solutio:
"Ao se relacionar com uma personalidade mais complexa, a personalidade mais simples é cercada, senão efetivamente submergida por aquela; é engolida pelo seu parceiro mais complexo e não pode ver a saída. Trata-se de ocorrência quase regular, para uma mulher, o ser contida, em termos de sensíveis (espirituais), em seu parceiro, e, para ele, o ser contido por inteiro, em termos emocionais, por sua mulher. Podemos descrever isso como o problema do conteúdo e do continente." Carl Gustav Jung, O Desenvolvimento da Personalidade.
O inconsciente, o self, pode dissolver o ego, seja por conteúdos advindos da psique seja por conteúdos projetados nas relações, de qualquer modo, o self é o agente da solucio.
O ritual religioso externalizado representa a coletivização do indivíduo, cujas singularidades são dissolvidas por uma identificação com o novo ponto de vista ou a determinada religião.
Estar "em" alguma coisa significa que se está contido e dissolvido pela matriz continente, o self, é o que acontece também quando somos tomados pelo amor ou pela dor.
As grandes transições da vida costumam ser experiências de solutio. O fraco e imaturo pode ser destruído pela violência das águas, enquanto que o saudável será fertilizado e vivificado como a terra quando da inundação do Nilo.
Os alquimistas diziam que para tal arte era necessário ter também muito amor. A capacidade de derreter-se quando sofre um aquecimento é característica do homem forte que se permite atravessar-se pelas emoções sem, no entanto, se identificar com o seu poder, portanto, escapando da inflação ou deflação do ego. Livre para viver seus fluxos de vida.
O ego trabalha para se manter diferenciado enquanto se aproxima do arquétipo como forma de nutrição sensível (espiritual). Se ele se identificar com o poder do arquétipo de modo a tomar para si a magia inerente aos arquétipos, se dissolverá, mas provocará um congelamento de sua própria sensibilidade (espiritualidade).
O permanente processo vital requer que o ego coopere e experimente sua própria redução em direção ao self para, em seguida, se abastecer de sua energia criadora e produzir a ampliação da personalidade.

Próxima fase: COAGULATIO