Spyller do Deserto

July 19, 2017 | Autor: Sonia Vaz | Categoria: Education, Literature, Psicologia
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SPYLLER DO DESERTO
17.08.2007






SPYLLER DO DESERTO


Spyller recém chegada do deserto sentou-se junto aos amigos, Taipã e
Sebastian, ao redor de seu caldeirão para lhes contar a suprema travessia.

Começou assim: Eu estava ali nas ruas do deserto quando... Não, não é
assim, o deserto não tem rua!

Bem, eu estava nas areias do deserto quando vi aquele pássaro Fênix...

Sebastian lhe interrompeu: "Mas, Spyller esse pássaro é tão somente
mitológico, ele não existe".

Ok, Sebastian, você tem razão, ele não existe... Era uma árvore da cor
vermelha do sol, parecia um pássaro de fogo que ali havia de estar para se
queimar e renascer das cinzas. Mas, era apenas uma árvore vermelha tal qual
o fogo do sol.

Achei-a tão triste e solitária que não pude deixar de me juntar a ela.

Foi quando o lagarto surgiu e sem falar falando me contou que esta árvore é
de autocombustão.

Ela se queima quando lhe é chegada a hora.

E que geralmente, sua hora ocorre quando está assim tão só.

Perguntei se ela se incendeia porque está solitária ou se está solitária
porque irá se queimar?
O lagarto contou que aquele que chega ao deserto é sempre e para sempre um
solitário que não é sozinho.

Não chegou ao deserto de súbito. Antes aconteceu num processo. Agora é a
vez de se queimar. E se queimar em suas próprias paixões é só para os
fortes.

Foi sob as asas desse saber de lagarto que finalmente atravessei o deserto.

Taipã bebericava do caldeirão assim como faziam Spyller e Sebastian, mas
parou com a colher cheia em meio do caminho e parecendo pensar alto
observou que as pessoas das paixões são vermelhas e as pessoas
desconectadas são tremendamente pálidas.
Sebastian ergueu a colher cheia de saúde delirante e brindou: "A Baco e a
todos que se embriagam do prazer".

Enquanto todos correspondiam ao brinde, Sebastian perguntava:
"Quem tem medo do fogo?
Quem tem medo de se queimar?
Quem tem medo da vermelhidão da vida?".

O lagarto que há tempos havia se atirado no caldeirão, agora saindo dali e
correndo para a mata arriscou uma resposta:

"Somente aqueles que temem o ciclo vida-morte-vida de si e das coisas".

Foi embora e nem viu a cara de pensante dos amigos que deixou para trás.

Spyller quis brindar aos solitários que não são sozinhos e aos sozinhos que
são solitários.

Ao que Sebastian, num vôo rasante e de longo silvo avisou: "Jamais
brindarei aos fracos isolados".
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