Sustentabilidade do turismo na natureza nos Açores – O caso do canyoning

July 24, 2017 | Autor: Francisco Silva | Categoria: Adventure Tourism, Nature-based tourism, Azores, CANYONING
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Sustentabilidade do turismo na natureza nos Açores – O caso do canyoning Francisco Silva1, Maria do Céu Almeida2 1

Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, Portugal, [email protected]

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Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, Portugal, [email protected]

Resumo As tendências das dinâmicas do lazer e desportivas verificadas nas últimas décadas, a par da crescente procura dos espaços naturais, têm levado à expansão e à diversificação do turismo na natureza e de aventura. Regiões como os Açores apresentam um forte potencial para o desenvolvimento deste produto mas é necessário garantir um modelo de desenvolvimento turístico sustentável, centrado nos recursos endógenos e na diversificação de produtos turísticos, para ir ao encontro das expectativas dos visitantes e, simultaneamente, assegurar a minimização dos impactos com a atividade turística. A aposta em produtos específicos como a observação de cetáceos ou o canyoning permite desenvolver clusters turísticos que, para além de proporcionarem a satisfação dos visitantes, contribuem para aumentar a sua permanência e para atrair segmentos de turistas cujo motivo principal de viagem seja a prática dessas atividades. Neste artigo apresenta-se o caso da atividade de canyoning nos Açores enquadrada no âmbito do turismo na natureza e do desporto de aventura, incluindo os recursos e as potencialidades para a prática desta atividade, a sistematização do trabalho realizado para desenvolver este produto no arquipélago e uma análise da oferta turística deste segmento na região. Os aspetos essenciais do planeamento operacional da modalidade, em particular da gestão do risco e gestão ambiental, são discutidos numa perspetiva de orientação da oferta dos serviços para a qualidade, segurança e sustentabilidade. Palavras-chave Açores; Canyoning; Turismo na natureza Abstract Trends in leisure and sporting dynamics seen in recent decades, along with the growing demand for natural areas, have led to the expansion and diversification of tourism on nature and adventure. Regions such as the Azores have a strong potential for development of this product but it is necessary to ensure a sustainable tourism development model, focused on local resources and diversification of tourism products to meet the expectations of visitors and simultaneously ensure the minimization of tourism impacts. The focus on specific products such as cetacean watching or canyoning allows the development of clusters, in addition to providing visitor satisfaction, extension of tourists stay and to attract tourists from niche whose travel motivations is the practice of these activities. This paper presents the case of canyoning in the Azores framed in the Silva, F., Almeida, M.C. (2013) Sustentabilidade do turismo na natureza nos Açores – o caso do canyoning. Em M.C. Almeida (Ed.) Turismo e desporto na natureza (pp. 5-19). Estoril, Portugal: [em fase de edição].

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context of nature tourism and adventure sports, including the resources and opportunities for the practice of this activity, the systematization of the work done to develop this product in the archipelago and an analysis of this segment of tourism in the region. The key aspects of operational planning of the sport, in particular risk management and environmental management, are discussed with a view to offer guidance services with quality, safety and sustainability. Keywords Azores; Canyoning; Nature tourism

Introdução A atividade turística apenas ganhou importância mundial na segunda metade do século XX, mas em poucas décadas tornou-se numa das mais importantes e dinâmicas atividades económicas. O crescimento económico, a mundialização da economia e o turismo de massas foram os principais impulsionadores dessa expansão, mas ainda no decorrer do século XX se inicia uma mudança de paradigma, associada ao desenvolvimento sustentado, às novas dinâmicas dos turistas, à globalização e ao turismo de nichos (UNEP e WTO, 2005). As novas tecnologias de informação e a melhoria das acessibilidades incentivam a difusão da atividade turística para outros territórios. Por sua vez, turistas mais exigentes, mais diversificados e mais sensibilizados para as questões da sustentabilidade levaram à adequação da oferta aos interesses específicos dos diversos grupos e nichos de consumidores, resultando na proliferação de novos produtos e na forte segmentação do mercado. Consequentemente passou a valorizar-se um tipo de turismo alternativo, de menor escala e ativo, que privilegia o reforço da interação sociocultural e ambiental com o meio de destino (Lima & Partidário, 2002). O turismo alternativo é um conceito bastante abrangente, associado frequentemente à sustentabilidade, contribuindo para a economia local, incorporando preocupações ambientais e a minimização dos impactos sobre as sociedades e culturas locais. Segundo Wearing e Neil (2009), o turismo alternativo é aquele que compreende todas as formas de turismo que são consistentes com os valores naturais, sociais e da comunidade, e que permitam aos residentes e visitantes interagir de forma positiva e partilhar experiências. Adicionalmente, o turismo alternativo é frequentemente identificado como geograficamente disperso, de baixa densidade, gerador de fluxos reduzidos e de impactos controlados (Swarbrooke 1999, Telfer, 2002). A sua prática pressupõe uma adaptação às capacidades de carga do território e das sociedades locais, sendo especialmente adequado a todas as regiões que apresentem uma forte identidade geográfica traduzida, quer na paisagem, quer no seu património cultural e ambiental (Wearing e Neil, 1999 op. cit. Borges e Lima, 2006). Devido à 6

Silva, F., Almeida, M.C. (2013) Sustentabilidade do turismo na natureza nos Açores – o caso do canyoning. Em M.C. Almeida (Ed.) Turismo e desporto na natureza (pp. 5-19). Estoril, Portugal: [em fase de edição].

abrangência deste conceito poderá equacionar-se se não é mais adequado falar em turismo de nichos em oposição ao turismo de massas, já que o fator mais individualizador consiste na escala e não tanto em espetos como a inovação ou a sustentabilidade, pois todos os tipos de turismo podem ser mais ou menos sustentáveis. Para Novelli (2005) o conceito de turismo de nichos é mais apropriado e diferenciador do turismo de massas. Outra tendência consiste na valorização do turismo ativo e da atividade desportiva por parte dos turistas, em particular associada ao meio natural (Buckley 2006, Kuo 2002). No início deste século, em média, um terço das férias dos alemães no estrangeiro eram dedicadas a praticar alguma atividade desportiva, sendo que 34% dessas férias tinham como principal motivação a prática de desportos, especialmente os desportos de montanha (OMT & COI, 2001). Por sua vez, a valorização do turismo ativo e desportivo, em especial o praticado na natureza, também contribuindo para a expansão do setor da animação turística. O “regresso à natureza” e a prática de atividades desportivas, aliadas à procura de aventura controlada, têm levado ao surgimento e valorização de atividades de animação e desportivas na natureza (Chazaud 2004, Weber 2001). O canyoning é uma dessas atividades, que embora relativamente recente, se tem afirmado pelo desenvolvimento de serviços na animação turística. Contudo, para potenciar esta atividade é necessário que os territórios tenham recursos turísticos adequados para a prática desta modalidade e, simultaneamente, que os destinos apostem tanto no equipamento dos percursos de canyoning, como na divulgação dos mesmos, e que se desenvolvam serviços que garantam uma prática atrativa, sustentável e segura.

Turismo na natureza como produto estratégico para os Açores As regiões periféricas predominantemente naturais e com forte identidade cultural são das que mais devem apostar num modelo de turismo sustentável suportado pelo turismo de nichos, procurando diversificar a oferta por diversos segmentos com escala e impactos reduzidos. Territórios como os Açores, que estão numa fase de emergência da atividade turística e apresentam fortes limitações em termos de capacidades de carga, podem afirmar-se como destinos alternativos, direcionado a oferta para os seus produtos estratégicos, nomeadamente para o turismo na natureza, náutico, touring paisagístico e cultural e para o turismo de bem-estar. A visão para o turismo dos Açores, definida pelo Plano de Ordenamento Turístico da Região Autónoma dos Açores (POTRAA) “consubstancia-se no desenvolvimento e Silva, F., Almeida, M.C. (2013) Sustentabilidade do turismo na natureza nos Açores – o caso do canyoning. Em M.C. Almeida (Ed.) Turismo e desporto na natureza (pp. 5-19). Estoril, Portugal: [em fase de edição].

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afirmação de um setor turístico sustentável, que garanta o desenvolvimento económico, a preservação do ambiente natural e humano e que contribua para o ordenamento do território insular e para a atenuação de disparidades entre os diversos espaços constitutivos da Região” (GEOIDEIA, ISE, & PLURAL, 2007). Este modelo de desenvolvimento turístico vem ao encontro das motivações dos turistas. Segundo o “Estudo sobre os turistas que visitam os Açores” (SREA, 2007), os cinco fatores mais importantes para a escolha do destino Açores, foram: beleza natural, ambiente calmo, novidade e exotismo das ilhas, clima e segurança. Este estudo mostra assim que a atratividade turística dos Açores está muito relacionada com a beleza natural e com a possibilidade de se realizar férias tranquilas, ativas e exóticas. Também a nível nacional, a estratégia materializada no Plano Estratégico Nacional do Turismo, aponta para o turismo na natureza, saúde e bem-estar e o turismo náutico, como os produtos prioritários para os Açores. Esta é mesmo a região de Portugal onde o turismo na natureza é mais expressivo, representando 36% das motivações primárias dos turistas que visitam esta região, valor que é bastante significativo comparado com a média nacional de 6% (MEI, 2006). Os Açores são igualmente a região em que o turismo náutico apresenta maior peso, com 6,2% das motivações dos turistas. O reconhecimento internacional da grande potencialidade da região para o turismo na natureza é também notório. Segundo a revista National Geographic Traveler (Tourtellot, 2007), o Arquipélago dos Açores foi considerado o segundo melhor destino insular em termos de turismo sustentável. De facto, os Açores têm vindo a afirmar-se como destino de eleição para os segmentos do turismo ativo na natureza, bem-estar e aventura mas, à escala nacional e internacional, continuam a ter um peso muito reduzido na procura turística (MEI, 2006), pelo que é necessário potenciar o seu desenvolvimento. Essa necessidade é ainda mais importante pelo facto desta região periférica ter grandes limitações em termos de desenvolvimento de outros setores económicos, devido especialmente à sua localização periférica, dispersão territorial e reduzida escala. O desenvolvimento da atividade turística nos Açores deve ser realizado a diversos níveis, dos quais se destacam a diversificação e qualificação da oferta, nomeadamente expandindo a oferta de atividades e serviços diferenciadores, que contribuam para a satisfação dos turistas. Para além do exotismo e força das suas paisagens e natureza os Açores devem proporcionar experiências marcantes aos seus visitantes, valorizadas tanto pelo seu património como pela qualidade dos serviços turísticos. A animação turística é potencialmente estruturante do ponto de vista da oferta de serviços e de produtos aos visitantes. Todas as ilhas apresentam excelentes 8

Silva, F., Almeida, M.C. (2013) Sustentabilidade do turismo na natureza nos Açores – o caso do canyoning. Em M.C. Almeida (Ed.) Turismo e desporto na natureza (pp. 5-19). Estoril, Portugal: [em fase de edição].

potencialidades para a prática de turismo e desportos na natureza, especialmente no que concerne aos percursos pedestres, a cavalo ou de bicicleta, ao geoturismo e a algumas atividades aquáticas como os passeios de barco, a pesca lúdica, a observação de cetáceos e o mergulho. Contudo, em geral, com exceção de alguns produtos, com destaque para os passeios de barco e a observação de cetáceos, a oferta de animação turística nos Açores ainda é limitada e pouco consistente (Silva e Almeida, 2011b).

Canyoning nos Açores Desenvolvimento da atividade O canyoning é uma atividade desportiva e de lazer relativamente recente, que consiste na descida de cursos de água encaixados e com forte declive, recorrendo a rapel, saltos, destrepes ou tobogãs para transpor os obstáculos (Silva e Almeida, 2011). Este desporto de água e de montanha permite descobrir paisagens fascinantes e inclui uma componente lúdica muito atrativa. Esta modalidade é muito apreciada principalmente porque conjuga algumas técnicas associadas ao montanhismo, à espeleologia e ainda às águas bravas (FFME e FFS, 2007). O ambiente é, em geral, de grande beleza paisagística e imponência e observa-se um bom equilíbrio com a ação humana. O potencial desportivo e turístico desta modalidade resulta dos fatores anteriormente descritos, mas igualmente de poder ser praticada tanto a um nível de grande exigência desportiva e técnica como por iniciados, pelo que se identificam três áreas de interesse: -

-

-

Como produto para a animação turística, destinado a clientes que pontualmente querem praticar esta atividade, ou como mera experiência; Para os praticantes desta modalidade que, em geral, se deslocam por períodos relativamente longos e especificamente para praticar a atividade. Muitas vezes são praticantes autónomos que recorrem a serviços de alojamento e transporte mas só pontualmente às empresas de animação turística; Como produto de promoção junto a nichos específicos e fonte de imagens espetaculares que podem ser utilizadas para promover o território.

Algumas das ilhas dos Açores apresentam condições naturais excelentes para a prática de canyoning, pelo que esta modalidade pode vir a constituir um cluster turístico diferenciador importante, não só por permitir a diversificação da oferta de produtos turísticos, como por vir a atrair um novo nicho de mercado. Contudo, o enquadramento desta atividade terá de ser cuidado, pois estamos perante uma Silva, F., Almeida, M.C. (2013) Sustentabilidade do turismo na natureza nos Açores – o caso do canyoning. Em M.C. Almeida (Ed.) Turismo e desporto na natureza (pp. 5-19). Estoril, Portugal: [em fase de edição].

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modalidade de risco acrescido e que utiliza territórios naturais sensíveis pouco visitados. O desenvolvimento deste segmento de turismo e desporto na natureza nos Açores, constitui um caso de estudo interessante, porque foi devidamente planeado e estruturado em diversas fases. Antes de mais, ao contrário de muitos outros casos onde o impulso foi externo, o caso do desenvolvimento do canyoning nos Açores foi promovido por praticantes nacionais e da comunidade local. Desde 2003 que a Associação de Desportos de Aventura Desnível (Desnível), uma associação sem fins lucrativos com Estatuto de Utilidade Pública, tem vindo a desenvolver um programa de trabalhos direcionado para a implementação da atividade de canyoning na região, tanto do ponto de vista desportivo, como um cluster de animação turística. Este trabalho tem vindo a ser realizado de forma progressiva e estruturado em três vertentes: -

Exploração, abertura e equipamento de itinerários;

-

Formação de praticantes e de técnicos locais;

-

Elaboração de informação e promoção.

Na tabela 1 apresenta-se uma síntese das atividades desenvolvidas de 2003 a 2012. Na generalidade, o trabalho desenvolvido pela Desnível contou com o trabalho benévolo de uma vasta equipa de técnicos e com o apoio da Direção Regional de Turismo, da Associação Regional de Turismo e de algumas entidades e empresas locais. A aposta nos recursos humanos locais esteve sempre presente com o envolvimento de alguns entusiastas e com a formação de técnicos, o que permitiu, em 2011, a constituição de uma secção de canyoning da Desnível na região, com responsáveis em cada ilha com potencial para a atividade. Embora ainda embrionária, os Açores já contam com uma comunidade de praticantes autónomos que têm vindo a realizar descidas em autonomia e mesmo proceder à abertura de canyonings, nomeadamente no Faial.

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Silva, F., Almeida, M.C. (2013) Sustentabilidade do turismo na natureza nos Açores – o caso do canyoning. Em M.C. Almeida (Ed.) Turismo e desporto na natureza (pp. 5-19). Estoril, Portugal: [em fase de edição].

Tabela 1 Atividades desenvolvidas nos Açores pela secção de canyoning da Desnível Ano / Ilha

Flores

São Jorge

São Miguel

Sta. Maria

Apoios

2003

Exploração

-

I Expedição

-

-

2004

II Expedição

-

-

-

-

2005

III Expedição

-

2006

2007

IV Expedição II Estágio Nacional V Expedição

V Expedição

Curso NI

Vídeo

2008

VI Expedição

2009

VIII Expedição

2010

IV Expedição

IX Expedição Curso NI

VI Expedição Curso NII VIII Expedição Curso NI e NII

Curso NII I Estágio Nacional -

-

-

-

-

Exploração

-

IX Expedição

-

-

Curso NII

-

Curso NII

Cursos NII e NIII 2011

Jornadas Técnicas Vídeo

2012

-

-

VII Expedição Curso NI -

DRT Locais DRT Locais DRT ART Locais

Locais ART Locais

X Expedição

DRT

Curso NI

ART

Estágio de canyoning

-

Curso NI

Com os itinerários principais devidamente equipados (Tabela 2) e com uma rede de monitores locais em crescimento, estão criadas condições para permitir a continuidade da atividade, o envolvimento de um número crescente de praticantes locais e a consolidação de uma massa crítica essencial para que a atividade possa ser valorizada e expandida. As ações de divulgação já efetuadas incluem uma síntese num guia sobre turismo natureza e aventura nos Açores (Silva e Almeida, 2010) e a colocação de informação sobre itinerários no sítio de internet da Desnível e em sites especializados franceses e espanhóis. Em 2012 foram elaborados e disponibilizados croquis na internet em www.zoomazores.com (Silva et al., 2011) e em 2013 está prevista a edição de um guia de canyoning dos Açores.

Silva, F., Almeida, M.C. (2013) Sustentabilidade do turismo na natureza nos Açores – o caso do canyoning. Em M.C. Almeida (Ed.) Turismo e desporto na natureza (pp. 5-19). Estoril, Portugal: [em fase de edição].

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Tabela 2 Abertura e equipamento de percursos de canyoning nos Açores por ano e ilha Ilha

199702

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

Flores

-

-

5

8

11

3

6

3

2

1

-

São Jorge

-

-

-

-

10

3

7

2

2

2

-

São Miguel

3

1

-

1

-

-

-

-

-

2

3

Sta. Maria

-

-

-

-

-

-

-

7

-

1

-

Faial

-

-

-

-

-

-

-

-

-

3

6

Total

3

1

5

9

21

6

13

12

4

9

9

Importa destacar que a abertura e equipamento de itinerários teve por base as boas práticas atuais e uso de materiais duráveis, acautelando a possível utilização em diferentes épocas do ano e para diferentes valores de caudal nas ribeiras, e recorrendo sempre que possível a trilhos existentes para efetuar o acesso e saída dos itinerários. Síntese dos itinerários e da oferta de serviços de canyoning Os Açores são um território de excelência para a prática de canyoning. Das nove ilhas do arquipélago, três apresentam boas condições para a prática desta modalidade: Flores, São Jorge e São Miguel e duas condições mais limitadas: Santa Maria e o Faial. A oferta de itinerários de grande beleza é abundante nas ilhas das Flores e de São Jorge que são, conjuntamente com a ilha da Madeira, os territórios à escala nacional com maior potencial para a prática desta atividade e têm mesmo condições para se afirmarem como destinos muito apelativos a nível internacional. Esta modalidade pode ainda ser praticada em outras ilhas como no Pico e eventualmente a Terceira, mas com percursos limitados e pouco aquáticos ou mesmo secos. Como as ilhas tem origem vulcânica, os percursos apresentam semelhanças quanto à estrutura geológica e geomorfologia, mas os diferentes tipos de rochas vulcânicas e ambientes criam uma diversidade significativa. Uma das características mais marcantes são a ocorrência de grandes verticalidades com percursos de elevada dificuldade técnica, mas simultaneamente existem outros mais lúdicos, aquáticos e fáceis que são propícios à prática de animação turística. Em novembro de 2012, os Açores contavam com 92 itinerários de canyoning equipados, estando criadas condições para que os se possam vir a afirmar como um destino importante para os praticantes de canyoning a nível internacional (Figura 1).

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Silva, F., Almeida, M.C. (2013) Sustentabilidade do turismo na natureza nos Açores – o caso do canyoning. Em M.C. Almeida (Ed.) Turismo e desporto na natureza (pp. 5-19). Estoril, Portugal: [em fase de edição].

Figura 1 Percursos de canyoning equipados nos Açores por ilha (Novembro de 2012)

Na sua generalidade, os itinerários abertos são de grande beleza e apresentam níveis de dificuldade muito diversos (Tabela 3). Por um lado existem percursos caracterizados por grandes verticais, destinados a técnicos experientes e muito apelativos aos praticantes regulares desta modalidade. Contudo, a maioria dos itinerários apresentam dificuldade média, com algumas piscinas naturais que tornam a atividade mais lúdica, bastante declive e muitos ressaltos. Mas existem também percursos bastante acessíveis e de grande beleza e por isso com grande interesse para a animação turística. Tabela 3 Interesse e dificuldade dos percursos de canyoning nos Açores Ilha

Percursos abertos

Interesse elevado

Dificuldade baixa (1-2)

Dificuldade média (3-4)

Dificuldade elevada (5-6)

Flores

39

23

8

18

13

São Jorge

26

18

6

13

7

São Miguel

10

3

0

10

0

Sta. Maria

8

3

2

3

3

Faial

9

2

4

3

2

Total

92

49

20

47

25

A divulgação e disponibilidade de percursos já se faz sentir na procura externa, com a chegada dos primeiros grupos que se deslocam aos Açores especialmente motivados pela prática desta modalidade e na oferta de serviços de animação turística. A empresa Aventour de São Jorge foi pioneira na região na oferta de serviços associados a esta atividade quando a partir de 2004 passou a oferecer Silva, F., Almeida, M.C. (2013) Sustentabilidade do turismo na natureza nos Açores – o caso do canyoning. Em M.C. Almeida (Ed.) Turismo e desporto na natureza (pp. 5-19). Estoril, Portugal: [em fase de edição].

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rapel em cascatas (cascading) e descidas de canyoning desde 2008. Em São Miguel, a empresa Picos de Aventura expandiu a sua oferta de serviços a esta modalidade em 2006, tendo-se observado um crescimento significativo nos anos seguintes, passando de 22 clientes no primeiro ano (2006), para 238 clientes, em 2008, e 376 clientes em 2011 (dados da empresa). Na ilha das Flores a atividade comercial iniciou-se em 2010, tendo sido constituída no ano seguinte a empresa WestCanyon que tem o canyoning como a sua principal imagem de marca. Impactos ambientais da modalidade Se devidamente enquadrada e em percursos equipados adequadamente, esta atividade de aventura pode ser praticada com elevados níveis de segurança e com impactos ambientais reduzidos. Embora a atividade se desenvolva em ambientes suscetíveis, nomeadamente em escarpas, como os rapeis são realizados nas cascatas não se afetam os habitats das aves rupícolas, já que estas não nidificam nos alcantilados expostos à água. Os percursos passam essencialmente pelo leito menor, no qual não existe nidificação nem vegetação significativa, por ser o local de escoamento das águas. Os grupos são geralmente pequenos devido às especificidades técnicas, à necessidade de realizar rapeis e a um acompanhamento cuidado por parte de monitores, constatando-se que geralmente os praticantes são pessoas sensibilizadas para a conservação da natureza. Como a maioria dos canyonings nos Açores são caracterizados por verticais relativamente grandes, não será possível enquadrar muitas pessoas ao mesmo tempo, pelo que a capacidade de carga é significativamente limitada por questões técnicas e de operacionalidade. Acresce que a formação dos técnicos inclui aspetos de sustentabilidade ambiental da modalidade. Quanto a alterações no meio, estas também são reduzidas, pois qualquer cheia “apaga” os eventuais vestígios das passagens dos visitantes. Os únicos elementos introduzidos são, tipicamente, dois pernos com plaquete em inox instalados na rocha, por cada linha de rapel. A qualidade da água também não é afetada de forma significativa, sendo o único efeito a turvação da água de forma pontual e muito localizada, em virtude de o leito dos percursos ser predominantemente rochoso. Estudos realizados em diversos rios franceses concluem que a prática de canyoning não afetava a qualidade da água (Andre, 1996; Veronique e Fabienne, 1994; DRE, 2005). Contudo, existem sempre alguns impactos, sendo que a maioria pode ser evitada ou atenuada com um acesso responsável ao meio e uma prática de educação ambiental. Os praticantes e empresas que comercializam este produto estão conscientes que o meio ambiente é um património indispensável para a qualidade deste produto, pelo que são os primeiros interessados na conservação 14

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desse património. É comum os praticantes e diversas entidades ligadas a esta modalidade desenvolverem ações de limpeza dos cursos de água e exercerem pressão para a sua conservação. Naturalmente que cada canyoning apresenta um ecossistema específico, pelo que é de interesse o estudo destes territórios para apoiar na definição das práticas a aplicar à sua gestão. Outro aspeto a considerar prende-se com os acessos ao início do canyoning e o regresso no final, sendo que quando são criados acessos específicos se evitam zonas mais sensíveis. Na generalidade dos itinerários no acesso e saída são utilizando trilhos existentes, sendo que em vários casos a saída é feita diretamente por mar a partir de falésias ou de zonas costeiras rochosas. Segurança e risco A prática de canyoning de forma responsável implica não só considerar os aspetos ambientais, como os aspetos de segurança. O canyoning é um desporto de aventura com risco acrescido, ou seja, onde existem vários perigos que implicam a necessidade de adotar boas práticas para se terem níveis de risco residual reduzidos. Assim, deve ser adotada uma abordagem preventiva, orientada segundo abordagens metodológicas de gestão do risco, de modo a acompanhar a evolução da modalidade e despistar atempadamente as medidas adequadas para garantir a segurança dos praticantes (Almeida e Silva, 2009). É fundamental que os itinerários estejam devidamente equipados, exista informação suficiente, estejam disponíveis os meios de socorro adequados e que a atividade seja enquadrada por técnicos especializados. Caso estes critérios sejam cumpridos é bastante seguro praticar esta atividade. Em Espanha, 85% dos acidentes associados à prática de canyoning decorrem da prática da atividade por pessoas sem formação adequada ou sem serem enquadradas por técnicos (Gobierno de Huesca, 2003; Koen, 2000). Em Portugal existem dois registos de acidentes mortais na prática de canyoning, uma portuguesa no continente e um praticante de nacionalidade espanhola na Madeira, mas não há registos nem de número de praticantes nem de acidentes. Na maioria dos países europeus esta atividade apresenta regras bem definidas para poderem ser praticadas e enquadradas, nomeadamente em termos de equipamento a levar e a dimensão dos grupos. Muitos dos acidente resultam do facto da prática do canyoning a um nível elementar ser bastante acessível e os riscos serem frequentemente subestimados. O risco resulta essencialmente por estarmos perante um desporto que se desenvolve em ambientes naturais imponentes, onde se conjuga a componente aquática com a grande diversidade de obstáculos que é necessário Silva, F., Almeida, M.C. (2013) Sustentabilidade do turismo na natureza nos Açores – o caso do canyoning. Em M.C. Almeida (Ed.) Turismo e desporto na natureza (pp. 5-19). Estoril, Portugal: [em fase de edição].

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transpor. Desta forma é necessário dominar as técnicas necessárias para progredir em segurança e avaliar bem as condições do meio. Os acidentes mais graves registados resultam maioritariamente de alterações bruscas do caudal dos rios devido a precipitações intensas, de saltos sem avaliação prévia adequada das condições existentes, ou de quedas resultantes do terreno ser muito irregular e escorregadio. Assim, antes de iniciar uma descida é indispensável avaliar adequadamente se o caudal do rio permite realizar a atividade com segurança, especialmente nos troços encaixados, com movimentos de água perigosos, sem rapeis montados fora das cascatas e com poucas escapatórias. Também o equipamento adequado, individual e coletivo, é de grande importância para a segurança dos praticantes. Destaca-se a necessidade de ter em cada grupo uma corda de socorro e um kit de equipagem, sendo também fundamental todos os praticantes levarem um bom fato isotérmico, capacete e calçado adequado. De facto, o frio aumenta consideravelmente a fadiga e existe o risco de hipotermia devido à exposição prolongada com a água. Atualmente os percursos de canyoning são classificados por uma tabela de dupla entrada, uma referente à dificuldade vertical e outra à aquática, esta última para uma dificuldade do percurso em condições normais, que geralmente é na época estival. Paralelamente, existe uma classificação referente à exposição e à continuidade, que considera o tempo de percurso e o tempo necessário para sair do leito de cheia. Sendo o canyoning uma atividade de risco acrescido com grande potencial para a animação turística, torna-se fundamental apostar na formação de técnicos e no adequado planeamento e enquadramento destas atividades por parte das empresas de animação turística. Contudo, em Portugal ainda não estão definidas pelas entidades oficiais quais as competências mínimas dos técnicos para enquadrarem esta modalidade, os modelos de formação e as normas para enquadramento da modalidade. Para colmatar esta situação, a Associação Desnível dá grande relevância à qualificação técnica dos seus técnicos e praticantes e tem vindo a adotar um modelo baseado no modelo francês, país pioneiro nesta modalidade e onde o canyoning está mais desenvolvido. Por sua vez, a Desnível tem entre os seus associados um corpo alargado de monitores de canyoning, que têm no mínimo a formação básica em primeiros socorros, alguns têm formação em resgate profissional e existem ainda especialistas em gestão do risco em animação turística. O trabalho que tem sido desenvolvido no âmbito do canyoning nos Açores tem envolvido os principais especialistas em canyoning desta associação que é pioneira na prática e na formação de canyoning em Portugal. Dada a dificuldade em fazer uma avaliação a nível nacional ou mesmo internacional do risco associado a esta modalidade (NZDL, 2010), por não 16

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existirem dados sobre o número de praticantes, horas de prática e registos de ocorrências, a formação do nível III da Desnível inclui a aplicação de abordagens de gestão do risco.

Considerações finais O trabalho que tem vindo a ser executado no âmbito do desenvolvimento do canyoning nos Açores apresenta uma evolução que se considera muito positiva, sendo mais um exemplo de como se podem desenvolver atividades particulares que permitem criar fatores diferenciadores no território, permitindo apostar em clusters específicos da procura turística e contribuir para o desenvolvimento turístico sustentado. Como principais fatores positivos do trabalho desenvolvido destacam-se: -

-

-

-

-

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O turismo natureza e de aventura permitem o reforço da imagem que se pretende transmitir nos Açores, não só através do turismo de natureza, ecoturismo e contemplação, mas complementar com a ação – não só é possível ver, como fazer e sentir emoções inesquecíveis; O canyoning é um desporto com grande impacto em termos de imagem e com forte potencialidade para a animação turística, existindo capacidade para atrair novos nichos de mercado associados à prática desta modalidade; Das ilhas com maior potencialidade para a prática do canyoning, duas apresentam menores recursos económicos e captam poucos turistas (São Jorge e Flores) pelo que o canyoning constitui um produto complementar de grande interesse; O trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no âmbito do canyoning nos Açores permite que a partir de um recurso local seja oferecido um novo produto turístico e seja expandida oferta turística de algumas empresas de animação turista e, no futuro, venham mesmo a surgir empresas especializadas neste produto; Este trabalho tem sido realizado com envolvimento local, contribuindo para a melhoria das competências técnicas de recursos humanos locais em desportos de aventura, promove a atividade local em autonomia e aposta na segurança como fator primordial; A par com a componente técnica, têm sido feitas atividades de promoção, de que são exemplos três vídeos, nomeadamente o filme promocional realizado pela Associação Regional de Turismo inserida numa série “Adventure Azores”; Finalmente destaca-se a possibilidade de envolvimento da população em mais uma modalidade que proporciona o contacto com a natureza e promove a prática de atividade física, com valorização do meio natural.

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Como foi referido a oferta desta atividade e do produto de canyoning por empresas de animação turística já é uma realidade em quatro das ilhas açorianas e a maioria dos potenciais itinerários no arquipélago já se encontram equipados. Contudo, subsiste ainda um trabalho importante na área da formação, gestão do risco, desenvolvimento de informação e promoção. Assim, a curto prazo deve reforçar-se a formação de técnicos e praticantes, apostar na constituição de equipas de resgate com competências na área do canyoning associadas às cooperações de bombeiros locais, promover estágios nacionais e internacionais, promover este destino junto dos praticantes nacionais e internacionais e concluir o guia de percursos de canyoning, cuja edição está prevista para 2013.

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