Técnica cirúrgica para remoção dos terceiros molares inferiores ea classificação de Pell-Gregory: um estudo relacionado; Relationship between the surgical …

May 22, 2017 | Autor: Bruna Fronza | Categoria: SURGICAL TECHNIQUE
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TÉCNICA CIRÚRGICA PARA REMOÇÃO DOS TERCEIROS MOLARES INFERIORES E A CLASSIFICAÇÃO DE PELL-GREGORY: UM ESTUDO RELACIONAL

Relationship between the Surgical Technique for Extracting Lower Third Molars and Pell-Gregory Classification Airton Charles Chaves Júnior* Ana Claúdia Lustosa Pereira* Bruna Rodrigues Fronza* Henrique Telles Ramos de Oliveira* Otacílio Luiz Chagas Júnior* Taís Somacal Novaes Silva*

Recebido em 02/04/2006 Aprovado em 28/07/2006

RESUMO O objetivo deste trabalho foi classificar, através de radiografias panorâmicas, as posições de terceiros molares inferiores, de acordo com a classificação de PELL & GREGORY, relacionando-as com a técnica cirúrgica utilizada para remoção destes. Diante dos resultados obtidos, pôde-se concluir que existe relação entre a posição do terceiro molar inferior e a escolha da técnica cirúrgica a ser empregada; a posição mais freqüentemente observada foi a 1A da Classificação de Pell e Gregory e, quanto maior o grau de inclusão dentária, maior a necessidade do emprego de técnica cirúrgica mais invasiva. Descritores: terceiro molar, dente impactado, classificação, cirurgia.

SUMMARY The purpose of this paper was to classify the positions of inferior third molars by means of panoramic radiographs according to the Pell-Gregory classification and relate them with the surgical technique used for the removal of these teeth. The results showed a relationship between the position of the inferior third molar and the choice of the surgical technique employed and that the 1A position in Pell-Gregory classification was the one most frequently encountered. Moreover, it was also observed that the greater the degree of dental impactation, the greater the need for a more invasive technique. Descriptors: Third molar, impacted tooth, classification, surgery. INTRODUÇÃO

irrupção é dificultada pelos dentes adjacentes, por um

Os dentes não irrompidos são aqueles que não

denso revestimento ósseo ou por excesso de tecido

aparecem na cavidade bucal dentro da cronologia nor-

mole sobreposto. Já o termo dente incluso abrange

mal de irrupção, recebendo denominações, como in-

tanto os dentes impactados quanto os dentes em pro-

clusos ou impactados (ALVARES; TAVANO, 1993).

cesso de irrupção (PETERSON et al., 1996).

Um dente impactado é aquele que não conse-

Quando houver indicação para remoção cirúr-

gue irromper dentro do tempo esperado até a sua po-

gica dos dentes inclusos, é necessário o correto pla-

sição normal na arcada. A impacção ocorre, porque a

nejamento da intervenção, que varia de acordo com

* Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Área de Concentração em CTBMF, Doutorado, FO-PUCRS. ISSN 1679-5458 (versão impressa) ISSN 1808-5210 (versão online)

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a posição do dente não erupcionado. Para facilitar o

em indicação para exodontia. Exemplos dessa indica-

planejamento, surgiram alguns sistemas de classifi-

ção são a prevenção de doença periodontal,

cação dos terceiros molares não irrompidos, feitos a

pericoronarite, reabsorção radicular de dentes adja-

partir da análise radiográfica, que permitem a previ-

centes, desenvolvimento de cistos e tumores e auxílio

são de possíveis transtornos no transoperatório, for-

no tratamento ortodôntico. (PETERSON, 1993;

necendo possibilidades de escolha da melhor técnica

KNUTSSON et al., 1996).

cirúrgica a ser empregada, contribuindo, para um

Uma vez indicada a extração de dentes inclu-

melhor pós-operatório do paciente (ALVARES;

sos, é fundamental a realização de um planejamento

TAVANO, 1993; PETERSON et al., 1996, CENTENO,

cirúrgico embasado nos exames físicos e radiográfico.

1964; HOWE, 1988).

Através do exame clínico, obtêm-se dados específicos

Existe relação entre a posição dos terceiros

da saúde geral do paciente, história médica e

molares inferiores classificados de acordo com Pell e

odontológica pregressa e atual, e o nível de complexi-

Gregory (1942) e a escolha da técnica cirúrgica utili-

dade e de dificuldade operatória é analisado no exa-

zada para remoção destes?

me radiográfico. Assim, realiza-se o cuidadoso

O objetivo deste trabalho foi classificar, através

planejamento do ato cirúrgico, prevenindo possíveis

de radiografias panorâmicas, as posições de tercei-

acidentes no transoperatório e complicações no pós-

ros molares inferiores, de acordo com Pell e Gregory

operatório, muitas vezes relacionadas à posição e à

(1942) e relacioná-la com a técnica cirúrgica utilizada

localização do dente incluso.

para a remoção destes.

As classificações dos dentes inclusos são feitas a partir da analise radiográfica (ALVARES; TAVANO,

REVISÃO DA LITERATURA

1993, PETERSON et al., 1996, CENTENO, 1964; HOWE,

Dentre todos os elementos dentários, os ter-

1988) e, na grande maioria das vezes, utilizam-se

ceiros molares são os que apresentam maior fre-

radiografias panorâmicas, em que se é possível

qüência de inclusão (MERCIER; PRECIOUS, 1992).

visualizar corretamente o longo eixo do segundo mo-

Isso se deve ao fato de os terceiros molares serem

lar, o ramo ascendente da mandíbula e o nível ósseo

os últimos dentes a completar sua formação e, cro-

que servem como parâmetros.

nologicamente, os últimos a realizarem o processo

Segundo Silveira e Beltrão (1998), exodontia

de irrupção. Assim, ficam susceptíveis à falta de es-

com alavancas é a técnica exodôntica, na qual em-

paço no arco dentário e, conseqüentemente, à inclu-

pregamos estes instrumentos para a luxação e/ou

são dentária (PETERSON, 1993).

avulsão de dentes ou de raízes remanescentes. Indi-

O crescimento da caixa craniana em detrimen-

ca-se para dentes, raízes ou seus ápices, com confi-

to dos maxilares, a dieta cada vez menos exigente do

guração anatômica normal e que possuam um

aparelho estomatognático, a consciência de uma

adequado ponto de apoio para a introdução de ala-

Odontologia Preventiva, em que o paciente não mais

vancas. Contra-indica-se, quando houver corticais rí-

sofra mutilações em seu período de infância e adoles-

gidas em presença de peças dentárias frágeis, em

cência e adentra à idade adulta com todos os elemen-

exodontias de dentes isolados na tuberosidade ou

tos dentários no arco, são alguns dos motivos

na mandíbula de idosos.

desencadeantes da inclusão dentária.

Exodontias com osteotomia é a técnica ci-

Quando inclusos, os terceiros molares são po-

rúrgi ca empregada em que, previ amente à

tencialmente capazes de causar transtornos e prejuí-

luxação dentária, se realiza a incisão e a divulsão

zos à saúde bucal do indivíduo, risco que se transforma

do retalho mucoperiostal e osteotomia alveolar

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preferencialmente na cortical óssea vestibular.

tes submetidos à exodontia de terceiros molares in-

Esta técnica na literatura é reconhecida, também,

feriores no Serviço de CTBMF da ABCD – Balneário

c o m o e x o d o n t i a p o r v i a n ã o a l v e o l a r,

de Camboriú, no período entre agosto de 2003 a

alveolectomia ou ostectomia, cirúrgica, com re-

junho de 2005.

talho, técnica terceira, método aberto, dentre

Destes foram selecionados, apenas, os

outras. Esta técnica, via de regra, é empregada,

prontuários dos pacientes na faixa etária entre

quando todas as outras citadas anteriormente

16 e 36 anos, cujos terceiros molares podiam

não obtiveram sucesso na exodontia. Geralmen-

ser classificados, segundo Pell e Gregory (1942),

te é indicada em exodontias múltiplas; em pre-

observado através de radiografia panorâmica e

sença de lesão apical extensa; necessidade de

que apresentavam uma descrição detalhada da

alveoloplastia imediata; dentes isolados na

técnica cirúrgica utilizada.

tuberosidade e mandíbula de pacientes idosos;

Do total de dentes avaliados, 220 puderam ser

em dentes com extensa destruição coronária;

classificados, segundo Pell e Gregory, e esta classifi-

dentes com alteração anatômica das raízes;

cação foi relacionada com a técnica cirúrgica, utiliza-

corticais ósseas rígidas; dentes sem apoio inici-

da para a remoção destes dentes.

al para fórceps ou alavancas; ápices próximos

Avaliando as radiografias com base na classifi-

ao seio maxilar; em pacientes com estado emo-

cação de Pell e Gregory (1942), observou-se a posi-

cional alterado (pelo histórico de exodontias trau-

ção dos terceiros molares inferiores em relação à

m át i c as , d e m or a da s , p o i s ne s t a t éc n i ca ,

borda anterior do ramo ascendente mandibular e ao

emprega-se menor força para luxação); dentes

plano oclusal, conforme a seguir descrito e represen-

anquilosados, dentre outras situações.

tado nas Figuras 1 e 2.

Na atualidade, a odontossecção pode ser considerada uma técnica exodôntica, embora, muitas vezes, tenhamos que empregar a odontossecção no decurso de outras técnicas exodônticas, o que, geralmente, ocorre por falha no planejamento cirúrgico ou inexperiência profissional, pois, cada vez mais, o cirurgião-dentista se convence de que a odontossecção não é perda de tempo e desneces-

I

II

III

Figura 1

sária, pois começa a observar que é exatamente ao contrário, ou seja, em vez de ficar horas a tentar

a) Em relação à borda anterior do ramo:

extrair um dente polirradicular de difícil remoção,

- Classe I: o diâmetro mésio-distal da coroa do ter-

parte para a separação das raízes, facilitando a re-

ceiro molar está totalmente à frente da borda an-

moção deste dente, evitando traumatismos físicos

terior do ramo ascendente da mandíbula.

e psíquicos ao paciente.

- Classe II: o espaço entre a borda anterior do ramo e a face distal do segundo molar inferior é menor

METODOLOGIA

que o diâmetro mesiodistal do terceiro molar;

A pesquisa foi desenvolvida dentro do

- Classe III: não existe espaço entre a borda anteri-

paradigma tradicional, tendo uma abordagem descri-

or do ramo e a face distal do segundo molar infe-

tiva comparativa relacional (ENGERS, 1994).

rior. Portanto, o terceiro molar está totalmente

Foram avaliados os prontuários dos pacienRev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.6, n.4, p. 65 - 72, outubro/dezembro 2006

dentro do ramo ascendente mandibular.

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b) Em relação ao plano oclusal: - Classe A: a superfície oclusal do terceiro molar está no nível ou acima do plano oclusal do segunA

do molar; - Classe B: a superfície oclusal do terceiro molar está entre o plano oclusal e a linha cervical do segundo molar; - Classe C: a superfície oclusal do terceiro molar está abaixo da linha cervical do segundo molar.

B Para determinar, com precisão, se a inclinação é vestibular ou lingual, seria necessária uma radiografia oclusal da mandíbula, por isso se determinou, apenas, a existência da inclinação, sem C

determinar o sentido. Foi utilizado o programa SPSS 11.5. empregando-se o teste exato de Fischer com índice de significância p
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