Teletrabalho e as Implicações nas Relações Sociais dos Indivíduos

November 22, 2017 | Autor: R. Rodrigues da S... | Categoria: Identidade, Teletrabalho, Subjetividade, Relações Sociais
Share Embed


Descrição do Produto

Teletrabalho e as Implicações nas Relações Sociais dos Indivíduos Ronaldo André Rodrigues da Silva Doutorando da Universidade Complutense de Madrid – España Professor da PUCMinas – Brasil Rua Itororó, 971 Belo Horizonte – MG – Brasil Telefones: (31)3462.3411 ou (31)9976.3411 E-mail: [email protected]

ABSTRACT As mutações do mundo do trabalho apresentam reflexos e reflexões acerca da estrutura da vida humana. O entendimento das relações sociais dos indivíduos têm exigido uma reconstrução da base conceitual utilizada que envolve o trabalho como uma de suas variáveis. A opção em buscar a gestão remota – o teletrabalho – determina, dentre suas conseqüências, a construção de um “novo sujeito” frente a este novo modelo de “trabalhar”. Os novos processos organizacionais e de gestão se tornam fator determinante para o entendimento das novas relações sociais e organizacionais então construídas. Para buscar um entendimento destes efeitos são considerados aqueles ocorridos nas relações laborais segundo uma percepção das afetações e mudanças ocorridas em relação ao tempo e ao espaço e suas conseqüências nos indivíduos. Assim, esta transformação, implica em mudanças na estrutura subjetiva dos sujeitos teletrabalhadores. Tem-se como exemplo, as formas de compreender a si próprio e se compreender neste “novo” mundo do trabalho, face às novas relações sociais e as novas determinações e construções espaço-temporais. Tal fato implicaria na desconstrução e reconstrução da identidade e subjetividade dos indivíduos em função das mutações organizacionais. Nesta perspectiva, a partir da descentralização geográfica dos processos de gestão e do trabalho busca-se entender e demonstrar com este “paper” a transformação do mundo do trabalho que implica em mudanças na estrutura subjetiva dos indivíduos. A partir de uma discussão teórica propõe-se a discussão das conformidades da sociedade pós-moderna como condição preliminar para a “nova” atividade de trabalho – o teletrabalho. Assim, a desconstrução e reconstrução das relações espaço-temporais e sociais ocorrem em função das mutações organizacionais e societais. PALAVRAS-CHAVE: Espaço-Tempo, Identidade, Indivíduo, Relações Sociais, Subjetividade e Teletrabalho

2 1 INTRODUÇÃO O mundo do trabalho assiste a profundas transformações no terceiro milênio. Observa-se uma nova dinâmica que exige das organizações formas diferenciadas de relações e envolvimento dos indivíduos, como por exemplo, o teletrabalho i. Faz-se necessário, diante destas mutações, uma reconstrução da base conceitual utilizada para se entender as “novas” relações sociais construídas. A opção em buscar a gestão remota determina, dentre suas conseqüências, uma redefinição das relações de espaço e tempo existente entre os indivíduos e as organizações. O deslocamento das atividades para os teletrabalhadores conduz a um reposicionamento dos sujeitos com relação a sua auto-imagem frente a este novo modelo de “trabalhar”. Assim, a desfocalização dos processos de gestão implica em mudanças na estrutura subjetiva dos sujeitos, como por exemplo, as formas de compreender as si próprio e compreender-se neste “novo” mundo do trabalho. As “novas” atividades de trabalho, como é o caso dos teletrabalhadores. Exige um perfil de adaptabilidade e flexibilidade permanentes que implica na desconstrução e reconstrução da subjetividade destes “novos” sujeitos trabalhadores em decorrência das mutações organizacionais. A construção de indivíduos que determinam e definem suas atividades de trabalho de maneira remota busca repensar as suas formas de execução em que a visão de um processo novo e diferenciado de comprometimento e cooperação entre os indivíduos é evidente. Tal proposta de modernização baseia numa estratégia empresarial de cooperação relacionada com o desenvolvimento de vantagens competitivas e o conceito de autonomia a fim de que se consiga manter graus favoráveis de competitividade, flexibilidade e modernização empresarial. Entretanto, uma característica própria destas novas relações sociais constitui-se da flexibilização da jornada laboral e do lugar de trabalho que quebram os limites entre o trabalho e o não-trabalho. A microeletrônica e a informática permitem conectar de uma maneira nova as empresas, os empregados e a sociedade. Assim, a confusão causada entre a perda de distinção entre espaço público e espaço privado e as possibilidades de obtenção de informação e de tomada de decisão em tempo real definem uma forma única e diferenciada para os homens que produzem e sofrem os chamados riscos modernos e/ou pós-modernos [5][6][7]. A compreensão destes riscos ocorre a partir da interpretação e entendimento dos teletrabalhadores quanto aos processos de gestão adotadose os novos processos sociais vividos. Os reflexos e reflexões na subjetividade dos trabalhadores tornam-se, então, fatores determinantes para o entendimento das relações organizacionais, principalmente na determinação de diferenciados níveis de subjetividade individual e organizacional. Há, assim, uma necessidade de controle subjetivo dos trabalhadores e a conseqüente desconstrução do indivíduo. Estes fatores decorrem das mutações organizacionais e da desfocalização do poder organizacional. Eles são determinados por níveis de regulação das atividades e políticas e ações adotadas que redefinem as relações de trabalho e os processos organizacionais e de gestão diferenciados.

2 A SOCIEDADE PÓS-INDUSTRIAL A sociedade pós-industrial ou pós-moderna têm como principais pontos de convergência a harmonia e a igualdade sociais em que a os homens redefinem as relações sociais a partir da capacidade em obter e dispor de maiores tempos livres e mais horas para dedicar a si mesmo [8][9]. Tais princípios são compartilhados com as idéias da “sociedade do ócio” [19] na qual o homem teria mais tempo para realizações pessoais e uma maior capacidade de desenvolver atividades que estivessem relacionadas à comunidade e à sociedade. Em contrapartida e como uma segunda linha de pensamento se tem para a sociedade pós-industrial um perfil em que há novos movimentos políticos e sociais e que o conflito de valores se torna presente. São características apresentadas não para uma “sociedade pós-industrial”, mas para um novo estágio de desenvolvimento do capital e das relações produtivas em que a tipologia ideal do capital racional pré-definido e determinado se estende nas etapas de diferenciação dos níveis de industrialização que se apresentam concomitantemente na era pós-industrial [42][43]. Tem-se, então, como pontos de diferenciação em relação às sociedades anteriormente vividas: − uma economia de produtos e mercadorias baseada na economia do consumo; − uma distribuição da ocupação nos setores industrial e de serviços, em que o primeiro, decresce em níveis porcentuais em relação ao segundo, e também a ocupação dos trabalhadores em sistemas diferenciados de inserção laboral; − um maior porcentual de trabalhadores nas classes profissionais-técnicas na economia formal, que está representada em maior percentual pela prestação dos serviços que a produção de bens e/ou produtos; − uma tendência social para a primazia do conhecimento teórico, para a interpretação, a análise e a definição dos caminhos desenvolvidos pelas empresas; − o surgimento de uma nova tecnologia intelectual, em que a ciência e a técnica mudam para a ciência e a tecnologia, e o trabalho fixo e manual para o trabalho intelectual; e, − o crescimento de uma nova teoria dos jogos baseada no desenvolvimento técnico, no planejamento da tecnologia e suas aplicações y a antecipação do conhecimento e controle sobre o futuro e suas aplicações.

3 Esta nova sociedade, quase puramente tecnológica é vista por CASTELLS [10][12] como a sociedade da informação que apresenta todas as etapas das sociedades anteriores: a pré-industrialização (tecnologia e racionalidade), a industrialização (tecnologia y comunicação) e a pós-industrialização (conhecimento teórico e serviços) em um mesmo momento histórico. As relações sociais de produção e as relações técnicas e científicas de produção estão presentes em um mesmo contexto organizacional e se confundem quando se fala das políticas adotadas e que definem as relações de trabalho. A proposta de um pensamento global único, em rede, considera tal ponto, e determina ainda que os espaços de fluxos são a organização material das práticas sociais (inclui-se as práticas organizacionais) dos processos de informação em suas mais diversas formas e maneiras de produzir conhecimento que são compartilhadas entre os diversos atores envolvidos. Assim a interatividade e intercâmbio desenvolvidos entre estes atores possibilita à organização maiores possibilidades de sobrevivência no mercado global. A capacidade de competir se baseia nas possibilidades criadas pelas empresas, dentro de suas políticas de desenvolvimento organizacional, de participação, cooperação e integração entre os indivíduos. O conhecimento está relacionado na modernidade com a morte do sujeito sociológico e psicológico, pois este não tem uma identidade e uma subjetividade próprias, capazes de garantir uma individualidade. A racionalidade aparece como forma de controle e de desenvolvimento nas ciências, como um tema-chave para a regulação, direção e controle nas práticas sociais [28]. A variável tempo sofre uma compressão em função da atemporalidade dos processos, pois as mudanças e os processos tecnológicos utilizados possibilitam um encadeamento de ações as quais podem ser realizadas em tempo real, ou seja, as possibilidades de realização de tarefas não se vincula a um processo de pertinência a determinados lugares. O “mundo virtual” é um dos mais diversos pontos que garantem o imediato na ação humana. Uma interpretação da evolução das relações percebidas entre as variáveis tempo e espaço e o trabalho ao longo da existência da sociedade industrial podem ser vistas na FIGURA 01 a seguir apresentada, em que se tem uma representação esquemática e cartesiana desta relação apresentada para as variáveis.

10 8 6 4 2 0 Soc. Pré-Moderna

Revolução Industrial

Espaço

Organização Científica do Trabalho Tempo

Teletrabalho

Trabalho

FIGURA 01: Relação Espaço-Tempo e Trabalho FONTE: Elaboração a partir de CASTELLS [11], CASTELLS e ESPING-ANDERSEN [17], CASTILLO [18].

As variáveis estão apresentadas segundo a seguinte classificação:  O espaço compreende o lugar laboral onde são exercidas as atividades do trabalho;  O tempo encerra a relação existente entre o período de tempo necessário à realização das tarefas laborais; e,  O trabalho é representado pelo grau de produtividade e de intensificação do trabalho segundo a capacidade do trabalhador em desenvolver as atividades laborais. Assim, o primeiro período apresentado tem como características o trabalho realizado em grandes espaços, não determinados pelas empresas e sim pelos artesãos e senhores dos ofícios que desempenhavam o papel de gestores dos processos de produção dos bens. O segundo apresenta o componente organizacional, a partir da criação das empresas que se organizam de maneira a produzir em larga escala produtos e serviços anteriormente desenvolvidos nas residências e grandes fazendas produtoras dos bens necessários à sobrevivência. O terceiro compreende o modelo moderno de organização que impulsionou a Organização Científica do Trabalho – OCT. Ele determinou as principais mudanças nas relações do trabalho e desenhou um mundo peculiar tornando as atividades do trabalho mais intensas e menos intelectualizadas. A última representação tem como parâmetro o “novo” modelo vigente, o teletrabalho, cujas características dos trabalhadores e suas funções são completamente reescritas e reelaboradas a partir dos padrões diferenciados exigidos aos empregados e às empresas.

4 Estas mudanças nas relações sociais existentes entre homem e sociedade, e mais especificamente entre o trabalhador e a organização têm como um dos componentes-chave as novas interpretações e influências causadas pelas variáveis tempo e espaço no mundo do trabalho. Tais variáveis e suas relações espaço-temporais redefinem de maneira quase inédita os espaços compreendidos pelos lugares de trabalho (público) e de ócio (privado) em que não se distingue onde são exercidas as atividades laborais e onde o indivíduo tem seus momentos de privacidade. A partir das mudanças ocorridas nas relações laborais sob a óptica destas duas variáveis tem-se a desconstrução e reconstrução das relações entre os processos e mudanças sociais, as organizações e as novas exigências feitas aos indivíduos pela moderna sociedade.

3 A RELAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL E AS RELAÇÕES DO TRABALHO Dentre as condições que facilitam a modernização se percebe um distanciamento da relação espaço-temporal na qual o espaço concreto define as relações sociais (contextualidade e funcionalidade) que definem novas formas de construção conjuntas. O processo espaço-tempo se expande e se produz segundo as modificações percebidas nas relações sociais, e porque não laborais. A interrupção das relações espaço-temporais contínuas baseadas na integração primária e co-presencial, na integração sistêmica e social passa a ser estabelecida segundo as estruturas sociais a partir da ordem de importância dos fatos sociais, da proximidade e da imediaticidade. Este distanciamento social está definido, inicialmente, pela escrita e sua difusão e, posteriormente, pela imprensa ao se correlacionar passado, presente e futuro. Faz-se, assim, uma interconexão e transmissão da informação de forma a definir um tempo real e imediato. O desenvolvimento econômico-mercadológico e o estabelecimento de mercados propiciam, a partir do século XV, a mercantilização do espaço-tempo, define uma re-significação geográfica das cidades. As relações mercantis nos Estados-Nação e nas comunidades locais-tradicionais apresentam uma identidade a qual institui novas formas às instituições dominantes. São construídas, então, novas formas aos elementos políticos-administrativos (aspectos de supervisão, vigilância e controle) dos diversos tipos organizacionais existentes. A criação dos mercados globalizados e a expansão do capitalismo nos séculos XVIII a XX, apenas aprofundam as formas e relações estabelecidas entre empresas e Estados, criando novas possibilidades aos homens, o acelerado desenvolvimento das sociedades e formas modernas para as relações do trabalho. Os últimos 20 anos apresentam preocupações centrais com a relação espaço/tempo que estão centradas em mudanças dos processos sociais. Os contextos sociais e o distanciamento das relações homem-organização reorganizam-se na direção de mudanças para a construção e reconstrução da estratificação social e das mais diversas formas de associação humana. A idéia de uma temporalidade difusa redefine o processo industrial a partir de uma característica de “mimetismo histórico” para adaptação de suas bases segundo processos específicos [15]. A modernidade organizacional, neste contexto, busca a transmissão das características das relações do trabalho segundo uma ampliação das possibilidades organizacionais, nas quais se tem uma maior personalidade e o distanciamento. Ocorre uma quase-ausência de interação social e dos membros organizacionais, as relações pessoais e profissionais através de suas formas e atividades imediatas são percebidas a partir de novas noções de proximidade ou distância. A modernidade temporal, baseada no “aqui e agora” cria infinitas novas possibilidades tecnológicas e de trabalho a partir das relações definidas pelo mercado no tempo real. A questão do espaço compreende a relação de “compressão espaço temporal”, que tem um significado de multirelacionalidade. Esta “falta de tempo” é representada na nova economia de signos e espaço. As atividades desenvolvidas pelo homem nessa perspectiva passam a compreender uma complexidade de ações, dentre as quais incluem-se as relações sociais e do trabalho [25][27]. As perspectivas da pós-modernidade apresentam, assim, perspectivas diferenciadas nos diversos âmbitos – cultural, económico, género, comunidades etc. A modernidade é incisiva na questão espaço-tempo e o mundo do final do século XX apresenta o espaço como um dos focos e eixos centrais no estudo do tempo. A difusão e construção das relações do trabalho ou quaisquer outra abarcam terrenos interdisciplinares [26]. O “materialismo histórico-geográfico” de SOJA [39] e os fluxos de espaço-tempo de CASTELLS [12][16] buscam recuperar a idéia da relação espaço-tempo e uma nova perspectiva em que o “tempo atemporal” e a simultaneidade dos acontecimentos levam ao aniquilamento das “coisas” temporais. Esta perspectiva do tempo e da imagem da modernidade determina uma sustentabilidade limitada aos processos manufaturados e não pessoais e íntimos do homem que tem sua própria destruição em um mundo de incertezas [22][23]. A descontinuidade provocada pela ordem tecnocrática a partir de uma expansão do ciclo anterior (modernidade e progresso) ainda vigente, leva as organizações produtivas a uma modernidade que muda por seus próprios êxitos. A modernidade é vista como ponto central da vida face a institucionalização da pós-modernidade [26]. Os aspectos da sociedade pós-moderna se apresentam de diversas formas, tais como a desconstrução das formas tradicionais existentes (famílias, cidades, etc.) e as novas formas (construção de redes de comunicação econômica, social, cultural etc.); os atores e as redes construídas estabelecem novas formas de integração; a identidade e a individualidade que sofrem modificações dinâmicas e a necessidades de as reconstruir dinamicamente; a integração social e a integração sistêmica; a ocupação de distintos espaços de vida individuais com uma multiplicação de identidades com as quais o indivíduo tem que viver e a interconexão entre os diversos grupos em que se vive

5 (identidades múltiplas); a perda dos monopólios institucionais (por cima, as empresas transnacionais; por baixo, os processos de descentralização) y o conflito entre o mundo do universalismo e o mundo do individualismo (da diferença). Os processos de comunicação eletro-eletrônica e o distanciamento entre a comunicação e o transporte cuja distância territorial e geográfica definiam os custos permitem a criação de um espaço comunicacional não territorial – o espaço social. As linhas de comunicação passam a acontecer de maneira mais integrada. Elas se desenvolvem e aceleram em direção às novas tecnologias, presentes na modernidade. O propósito principal passa a considerar uma reorganização ou transmutação das relações espaço-tempo. MELUCCI [32] propõe que as relações entre espaço-território e espaço físico estão determinadas, de maneira geral, pelas condições estabelecidas pela sociedades pré-modernas. Os lugares-espaços de pertinência e identidade que na modernidade mudam e deixam de ser pontos de subsistência básica, segundo o entorno de confiança básico e passam a ser um dos entornos de configuração humana. O desenraizamento das pessoas, a través da formação de contatos mais amplos, sejam eles nacional ou global em que a integração não mais se faz através de uma necessidade co-presencial, mas sim da dinâmica e sistêmica determinada pelos espaços abertos com relação à exterioridade e a outros grupos/atores sociais. A separação entre tempo e espaço, este definido como o lugar dos acontecimentos, permite aos dois fatores anteriormente apresentados uma maior heterogeneidade que começa com os diferentes calendários adotados pelas diversas civilizações e passa pelas mais diversas formas de determinação do tempo segundo o impacto das distâncias (geográficas) ou a dimensão dos espaços locais. Assim hoje a definição do tempo não ocorre em função dos espaços e se impõe como fator definidor dos processos e os lugares pessoais e sociais. A coordenação cronométrica entre os indivíduos e a reorganização dos mesmos nos diferentes lugares através da rearticulação das regiões espaço-temporais não territoriais, dos meios utilizados e definidos como unidades simbólicas de presença e de realização das mais diversas atividades, dos sistemas abstratos organizacionais, dos sistemas especialistas e da institucionalidade reflexiva. As novas oportunidades pessoais, ocorridas pelas mudanças das relações espaço-temporais, permitem uma rearticulação dos diversos fatores definidores da personalidade e individualidade. As relações vividas somadas àquelas cuja identificação e percepção dos movimentos sociais ocorrem de forma não-territorializada definem “novos” modelos sociais. Estas mudanças provocados na percepção do tempo, segundo a perspectiva de CASTELLS [12][13][14], definem fluxos e redes de comunicação que por sua vez estão associados à capacidade de captação, processamento e transformação das mais diversas formas nas quais se apresentam a informação, o conhecimento e as fontes tecnológicas. Estes fatores, por sua vez, definem a sociedade rede apresentada sob as idéias de uma ampla rede de interconexão e interconectividade entre os diversos fatores e atores que a compõem. A necessidade de uma rede de interrelações impõe às organizações não mais um conhecimento de uma entidade ou instituição no meio ambiente e na sociedade, mas um ponto da rede. Cada elo se apresenta conectado a seus entornos que exercem influência uns nos outros e na rede, além dos diversos campos de actuação, sejam de profissionais (trabalho), sociais ou culturais. Interpretadas como nós, as organizações apresentam uma característica de territorialidade e estão localizadas em pontos nos quais dominam os fluxos globais com mais ou menos intensidade segundo os fluxos de conhecimento e informação que possuem. Entretanto, a sociedade rede tem uma característica exclusógena, uma relação binária, em que se está na rede (inclusão) ou não (exclusão) que define um processo extremo de dualização. Estes fluxos determinam as possibilidades tecnológicas e organizativas sem continuidade geográfica (espaço comunicativo) em que se oferecem a informação com simultaneidade. O espaço de fluxos está estrito a uma elite social através do estabelecimento de uma relação social desterritorializada. São definidas “novas” identidades aos indivíduos que a eles pertencem ou não. O espaço dos lugares compreende aquele determinado pela continuidade e pelas formas comunicativas de interação. É o espaço entre a identidade e o lugar (forma, função e identidade têm uma identificação única). Para SOJA [40][41], o espaço vivido está definido por aquele no qual o homem apresenta uma noção de pertinência (proximidade e identidade) e responde às necessidades pessoais (emocionais) e profissionais (sociais). Esta identidade está construída através dos fluxos (relações) sejam eles culturais, valores, símbolos, tradições etc. A identidade busca a reafirmação da identificação (espaço dos fluxos e homogeneização); dos agentes, sujeitos e atores sociais; dos contextos nacionalistas (reformulação de sociedades e identidade territorial). A identidade do EU (coletiva ou individual) busca recriar uma noção de comunidade segundo a influência dos processos de globalização.

4 O TELETRABALHO: RELAÇÕES ENTRE SUJEITO, SUBJETIVIDADE E ORGANIZAÇÃO As relações organizacionais definidas entre o trabalho remoto e a gestão autonomizada dos teletrabalhadores podem ser apresentadas, de forma geral, como sendo um conjunto de relações organizacionais que determinam variáveis específicas que, na maioria dos casos, são denominadas de relações virtuais. A virtualização organizacional e as “novas” relações existentes entre indivíduo e organização ocorrem através de processos de transferência de funções, atividades e serviços. Mesmo assim, a organização exerce uma ação de

6 controle junto àqueles conectados a ela, segundo o modelo taylorista-fordista. As atividades que passam a ser executados remotamente por indivíduos, denominados teletrabalhadores, incluem todas as atividades - de decisão, apoio e aquelas diretamente relacionadas aos processos-fim (core-business). Esta relação determina uma adequação dos comportamentos organizacional e individual e das estratégias de gestão e vínculos específicos entre homem e organização. Obtém-se uma inter-relação diferenciada cujos resultados influenciam as variáveis dos processos de desconstrução e reconstrução da subjetividade humana. A partir do novo contexto, (re)constrói-se o conjunto de relações que determinam a subjetividade contemporânea que é exigida aos indivíduos junto às organizações e aos ambientes do trabalho estabelecidos. Para ANTUNES [2], a relação entre a expansão do trabalho em serviços, em esferas não diretamente produtivas, muitas vezes leva o homem a desempenhar atividades imbricadas com o trabalho produtivo. É uma “nova” caracterização e ampliação do conceito de trabalho, quando se quer compreender o seu significado no mundo contemporâneo. As novas relações homem-organização apresentam características de auge do individualismo em que o homem nunca esteve tão encerrado nas malhas das organizações e tão pouco livre em relação ao seu próprio corpo e ao seu modo de pensar. Hoje, tudo na sociedade e na organizações, é construído para fazer o indivíduo crer na sua vocação de homem livre e criador [20]. Desse modo, estabelece-se uma interconexão entre o trabalho material e o trabalho imaterial, em que o conteúdo informacional da mercadoria exprime as mutações do mundo do trabalho, onde o trabalho manual direto é substituído pelo trabalho de maior dimensão intelectual. Tal caracterização do mundo do trabalho determina aos teletrabalhadores vínculos que vão além das relações de trabalho encerradas no espaço-tempo empresarial. O mundo atemporal do trabalho estabelece fatores determinantes à desconstrução e reconstrução da subjetividade humana. 4.1. Um Novo Sujeito, Uma Nova Subjetividade O termo subjetividade tem suas origens no desenvolvimento da consciência individual do pensamento humano e busca designar a essência ou fundamento que caracteriza e diferencia as pessoas umas das outras. A subjetividade humana apresenta componentes de individualização do sujeito que estão determinadas pelos caracteres de autonomia e de auto-organização das pessoas. A construção própria do EU é constituída a partir de três princípios: o do computo que constitui-se na construção identitária do indivíduo a partir de aspectos de referência externa e interna intercomunicáveis; o informático da realidade que constitui-se segundo as percepções e interpretações do indivíduo da realidade; e, o do eu que constitui-se das mudanças e transformações do si [33]. O modo de subjetivação do indivíduo a partir da categorização dos princípios acima delimitados, encontra uma interpretação similar, na qual se inserem a autonomia racional que determina as formas de percepção do mundo de objetos “objetivos” e a autonomia expressiva que considera as forças históricas ou naturais que o determinam.[21] No mundo do trabalho, as mudanças provocadas pelas tendências macroeconômicas e pelos fenômenos evidenciados na sociedade pós-industrial, assim denominados por DE MASI[19] ii e BELL[9] iii, redefinem a concepção da subjetividade humana contemporânea e estimulam a um processo de desconstrução deste conceito para instituir novas caracterizações do mesmo. Tal construção da análise da sociedade pós-industrial e as influências destas variáveis na subjetividade humana são percebidas também por BAUDRILLARD [4] em que se identifica uma mentalidade individualista e consumista do homem. Ela está constituída pela manipulação dos objetos, pela super variedade de opções que determinam a “livre” possibilidade de escolha, ou seja, “não se pode deixar de não escolher”. Além destas interpretações, há a consumação da subjetividade humana, determinada pelo modo ativo com que se estabelecem as relações definidas pelas escolhas feitas que se apresentam segundo a satisfação dos desejos e a temporalidade com que definem tais satisfações. Assim sendo, a subjetividade contemporânea a ser constituída pelo homem moderno, segundo caracterização de ROJAS [36] iv, apresenta-se segundo três conceitualizações: a) a subjetividade neo-moderna que apresenta uma superação do paradigma estabelecido a partir da dimensão da reflexão e centralização do sujeito ou a reconstrução da mesma; b) a subjetividade pós-moderna na qual o sujeito não apresenta capacidade de perceber as estruturas constituintes da consciência que determinam uma rede global de significados sob os quais o homem não apresenta capacidade de domínio; e, c) a negação da subjetividade a partir de concepções anti-humanistas de caráter científico (destino preestabelecido do homem), filosófico (estruturalismo francês) e contestatório (atitudes da sociedade contemporânea que denunciam a repressão). A desconstrução do modelo paradigmático estabelecido e a possibilidade de reconstrução da subjetividade do homem desafiam a capacidade do indivíduo em encontrar a si mesmo como foco central a partir de um conceito diferente de subjetividade segundo o ego-transcendental, da capacidade de se perceber como ser do mundo – dasein – e a razão comunicativa que centraliza-se na linguagem humana como foco. Os fenômenos contemporâneos que determinam tais mudanças na percepção do homem de sua própria caracterização e subjetividade são percebidos segundo:

7 a) a centralização da vida moderna no individualismo, ou seja, a invasão da sociedade pelo “eu” que determina a perda da dimensão histórica e o declínio da herança antropológica e a preocupação central do próprio “eu” no lugar do âmbito “religioso” (busca da saúde e da segurança psíquica) que determinam necessidades psicosociais devido ao excessivo individualismo a partir da exclusão do outro e da perda da liberdade; b) a era do vazio ou sedução “no stop” que diferencia-se pela super multiplicação das escolhas e do processo de personalização das coisas e de erotização das mesmas; e, c) a “pura indiferença” dos indivíduos caracterizada pelo desinvestimento emocional, a partir do despir de alguns valores e virtudes com destruição de algumas instituições historicamente aceitas, além do desaparecimento de ideologias sociais, da desarticulação de antigos valores e surgimento de novos e a substituição da sociedade “do discurso” pela sociedade “da imagem”. Assim sendo, exige-se um novo modelo de subjetividade, uma vez que o conceito paradigmático adotado não capta de maneira satisfatória as variáveis relevantes para interpretação do homem e da realidade contemporânea. Os processos de desconstrução do modelo estabelecido e de reconstrução do mesmo, apresentam como um dos fatores relevantes a centralidade, ou a perda desta, da variável trabalho nas instituições e concepções consideradas prioritárias pelo homem. 4.2. Um Novo Sujeito, Um Novo Trabalhador As novas formas de organização do trabalho têm determinado a atuação dos indivíduos, segundo a subjetividade, na execução das atividades do trabalho a fim de garantir resultados satisfatórios à organização e ao indivíduo. As estruturas simbólicas desenvolvidas a partir da interação dos processos produtivos e as estruturas simbólicas determinadas pela interpretação humana garantem uma relação indissolúvel entre o sujeito e a atividade do trabalho. Tal importância do fator humano como ator direto na interpretação das atividades do trabalho é desenvolvida por que diferencia o trabalho prescrito e o trabalho real. O primeiro não acontece em sua plenitude devido a existência inerente do segundo as interferências humanas no processo que definem “formas de fazer” – também denominadas savoir fair – e lhe garantem um contexto particular e individualizado [37]. Tais fatores de interferência subjetiva do homem no trabalho são percebidos como a complexificação do trabalho em que as formas de execução das atividades laborais acontecem segundo circunstâncias específicas que requerem variáveis próprias a serem consideradas e escolhas a serem feitas – “usos de si” e “usos dramáticos de si”. As formas de utilização do homem “de si” garantem uma parcela significativa de subjetividade ao trabalho, além de determinar uma reavaliação do valor de trabalho segundo a afirmação de ele permitir a auto-realização e auto-desenvolvimento do homem [38]. A “utilização de si” no desenvolvimento do trabalho provoca no indivíduo uma necessidade em questionar a si mesmo, além de exigir deste um maior controle dos próprios atos. Ele próprio supervisiona e controla a si mesmo – que pode ser definida como liberdade auto-vigiada. Assim, o controle dos processo produtivos (organizacionais) ocorre de modo remoto (teletrabalho) e direto (self control), sem intervenção de fatores organizacionais. Há uma diferenciação a ser considerada entre valor de trabalho e trabalho de valores que garante um entendimento diferenciado da dimensão do trabalho na construção da subjetividade humana. Devem ser observados alguns fatores essenciais que permitam a desconstrução do modelo estabelecido e a reconstrução de um novo modelo adaptado às necessidades do mundo moderno ou pós-moderno e as implicações dele decorrentes. Dentre os fatores que se apresentam determinantes a esta nova percepção das relações existentes entre a subjetividade e o trabalho, podem ser citados: a) não há forma canônica que represente a excelência, as virtudes do ‘trabalho’, uma vez que ele apresenta-se revestido de circunstâncias determinantes à sua efetivação que apresentam-se atreladas às percepções e transformações humanas cuja representação única encontra-se na subjetividade humana no trabalho; b) certas formas de precariedade quanto à aceitação e à dimensão percebidas pelos indivíduos do trabalho e a focalização ou não deste quanto à centralidade na construção da subjetividade humana; c) dualização do universo da atividade – a afetação desmercantilizada dos meios de vida e a contribuição do mercado de trabalho social que tem apresentado novas dimensões do trabalho e novas relações entre o homem e suas dimensões sociais e profissionais; d) as formas de atividade social para inserção nas modalidades do trabalho dos valores em que o homem percebe a contribuição do trabalho, ou seja, da dimensão profissional e social, no “si mesmo” e na imbricação da existência daquele na dimensão individual e privada do sujeito; e) o trabalho dos valores que permite repensar a economia: o pólo das gestões do/no trabalho; o pólo da gestão das alocações de recursos dos valores quantitativos e/ou de mercado; e, o pólo do bem comum. Este modelo subjetivo aplicado ao mundo do trabalho apresenta uma percepção do próprio homem segundo a construção fragmentada de um self ilimitado que não permite desenvolver uma consistência de si mesmo, uma vez que há uma necessidade premente da pessoa em ser capaz de dar resposta a tudo, além de fornecer alternativas a todas as questões a partir de uma experimentação plena das atividades laborais. Desta forma, a identidade pessoal e individual de cada um se exprime a partir da construção e identificação com aquilo que acredita determinar seu “eu” – o self concept. Ele é determinado por dois componentes - o core self e o self real [34].

8 O primeiro identifica-se com as características apresentadas pelo indivíduo a partir de padrões de mutabilidade e ilimitabilidade, sendo a consistência e determinação definida segundo os padrões exógenos estabelecidos pelos fatores externos que o influenciam – os outsiders. O segundo compõe-se da interpretação própria da realidade social percebida e garante uma individualidade às formas de assumir papéis e costumes segundo as instituições que o rodeia. Entretanto, levado ao extremo pode significar a busca de egocentrismo e individualismo extremados, onde há uma predominância de laços e relações superficiais que visam apenas o proveito próprio. Desta forma, há uma exacerbação do self que acaba por constituir-se apenas segundo fatores externos que o determinam com o propósito de atingir objetivos próprios sem garantir a interpretação individualizada e impar dos fatores que poderiam determiná-lo. Tal construção do self pode ser associada às construções próprias que os indivíduos fazem junto às organizações uma vez que busca satisfazer, primeiramente, os objetivos organizacionais, tomando-os como objetivos próprios a fim de se auto satisfazerem. A perda de referências próprias e a busca por referências exógenas cria uma simbologia própria em torno da organização e propicia a construção e desenvolvimento de fatores organizacionais singulares – como a autonomia, a cooperação, a integração, a independência, dentre outros – que garantem a satisfação de ambas as partes – indivíduo e organização. Há uma predominância do “estar sendo” que representa a aparência do “ser” que define relações singulares na ‘identidade de papel’ e na ‘identidade do eu’ que constituem a incorporação de unidades simbólicas mediadas pela socialização a partir da integração dos papéis sociais representados. [24] A necessidade de se redefinir os conceitos de subjetividade humana perpassa pela própria construção do termo que se apresenta defasada em relação à relevância das variáveis consideradas. Dentre elas podem ser levadas em consideração as mudanças sócio-econômicas vividas nas duas últimas décadas do século XX que aceleraram, demasiadamente, a desfocalização de alguns fatores considerados capitais à construção da personalidade e da individualidade humanas, além de definirem novos processos de perturbação do “eu” enquanto forma de pensar e agir próprias de cada indivíduo. A construção de parâmetros definidores da individualidade e subjetividade humanas concentraram-se em fatores externos e garantiram uma maior tendência exógena em considerar alguns objetos como relevantes. Este posicionamento humano desconstrói os pilares da própria estruturação do eu, dentre os quais se destacam: a) a diferenciação do EU ( ato de ocupação do lugar central no próprio mundo) do NÃO-EU em que há um questionamento de si próprio e se cria uma imagem – do outro – externa como responsável pela definição de si próprio; b) a percepção da continuidade dos atos e a permanência de determinadas concepções – continuidade histórica do eu passam a ser fatores secundários em relação àquilo que se deseja no agora, no presente, sem haver uma preocupação direta com passado e futuro e nem uma interligação entre as fases temporais do homem; c) a possibilidade de exclusão centrada em si próprio e responsável pelas próprias realizações apresenta-se substituída pela centralidade do outro e da possibilidade em se perceber, em maior intensidade, a partir da realização própria percebida pelo outro; d) a possibilidade de inclusão passa a ser percebida a partir da inscrição dos outros em de si mesmo; e, e) a intercomunicação torna-se válida segundo processos de auteridade em que há a necessidade de se estar com outro enquanto princípio estrutural e estruturante [33]. Tais fatores estruturadores da subjetividade contemporânea podem ser percebidos sob a ótica do mundo do trabalho cujas modificações estabelecem novas formas e relações entre indivíduo e organização. O processo dinâmico desta inter-relação permite uma maior interatividade entre os requisitos psíquicos e físicos do trabalho a partir de bases cooperativas e através da construção dos acordos intersubjetivos, necessários para a fabricação do consenso e para a viabilização do processo de trabalho. Há uma diferenciação que busca alcançar uma gestão integrada e cooperada visando altos índices de interatividade e contribuição dos indivíduos [29]. Entretanto, tais estruturas organizacionais exigem, em contrapartida, uma desconstrução e reconstrução dos conceitos subjetivos aplicados aos processos de trabalho. A partir de conceitos de participação e de cooperação são exigidas maior capacidade de determinação na execução das tarefas, com graus diferenciados e crescentes de autonomia; e maior capacidade de decisão a partir do momento que a própria organização passa a construir relações remotas e não mais se torna presente de maneira concreta. Desta forma, faz-se necessária uma construção moderna, porque não pós-moderna, da subjetividade humana no trabalho. Os conceitos anteriormente aplicados não mais compreendem, de maneira satisfatória, todos os fatores definidores e influenciadores do termo. As diferentes formas de entender o trabalho e a própria percepção deste – a partir de conceitos voltados à intelectualização e qualificação do trabalhador – exigem uma diferenciada análise do conceito de subjetividade e garantem uma nova avaliação do mesmo.

5 IMPLICAÇÕES DO TELETRABALHO: POSSIBILIDADES AO TELESUJEITO OU TELEINDIVÍDUO? As “novas” relações existentes entre indivíduo e organização permitem o aparecimento de novos conceitos e de “novas” variáveis relevantes ao processo de construção da subjetividade humana no trabalho. As mudanças no mundo do trabalho e aquelas consideradas no contexto social-econômico vigente determinam novas formas de percepção da subjetividade humana e como esta vem sendo influenciada pelo mundo do trabalho.

9 Para ENRIQUEZ [20], as organizações apresentam uma sedução velada do indivíduo a medida em que se tenta engajar as pessoas cujos comportamentos são adequados ao estilo da empresa. Quando não se torna possível tal possibilidade, é necessário transformá-las em indivíduos que ao menos, exteriormente, façam prova das qualidades que favorecem o crescimento da empresa. Assim, as novas propostas de flexibilização das relações de trabalho, com a participação de ambas as partes – indivíduo e organização, no processo de regulação de conflitos e definição de políticas de relações humanas continua como incógnita. Elas, geralmente, se equilibram na capacidade de se conseguir maior produtividade e qualidade através da extração de maiores esforços da força de trabalho. As relações entre empresa-homem apresentam-se perversas e as técnicas adotadas tendem para o lado organizacional. A iniciativa e a colaboração do indivíduo que passam por uma delegação de poderes que o tornam vulnerável em relação à organização. Ao contrário do conceito de trabalho criativo, no qual a formalização e padronização dão lugar à versatilidade, à indeterminação, à variabilidade e à imprevisibilidade de ações, possibilitando a recriação de regras e normas de execução das atividades. A padronização, que se relaciona ao gerenciamento da rotina do trabalho diário, com uma definição consensual de um procedimento padrão, é substituída por um modelo de eficiência e qualidade. O fator regulador das ações do indivíduo torna-se ele próprio, através do princípio da responsabilidade individualizada e remota, com graus cada vez mais elevados de auto-gerenciamento e autoregulação [30]. Tais fatores, que aparentemente desenvolvem a independência do indivíduo na realização das atividades, determinam uma “Inteligência do trabalho” que requer formas diferenciadas de entendimento, interpretação, desenvolvimento e resposta às atividades do trabalho. Assim, são percebidas tendências ao desenvolvimento da interatividade indivíduo-organização. Dentre as formas como estas se manifestam, tem-se: a) o trabalho apresenta-se de forma abstrata, na maioria dos casos, sendo simbólica sua representação e crescentemente distanciado da matéria em processamento, o que define graus elevados de tomada de decisão e discernimento das atividades executadas; b) o trabalho passa por um coletivismo distanciado a medida que a competência das atividades desenvolvidas acontece de forma individualizada, mas apresenta-se a partir da necessidade de socialização do conhecimento e difusão e circulação das informações; c) o trabalho torna-se gestionário, pois o indivíduo que o realiza deve intervir de forma autônoma e criativa, apresentando soluções em tempo real que contenham o máximo de assertividade possível, além de conter graus elevados de contraintes v técnicas [3]. Com isso, a reorganização produtiva que se propõe com vistas à participação, iniciativa e desenvolvimento pessoal desenvolve conceitos antagônicos à proposta, tais como, previsibilidade e estabilidade, padronização de procedimentos e normalização do trabalho a partir dos resultados apresentados pelos próprios indivíduos no desenvolvimento de suas atividades. Entretanto, exige-se dos indivíduos uma desconstrução e reconstrução dos conceitos paradigmáticos de subjetividade, uma vez que se contrapõe variáveis antes apresentadas como essenciais e com fatores antes irrelevantes ao processo de determinação do conceito. Para ALVES DE CARVALHO [1], as formas de utilização da subjetividade nos processos de gestão, definem graus extremos de autonomia e coerção que apresentam-se velados nas mais diversas formas de apresentação de trabalho ao indivíduo. Dentre elas: a) A subjetividade apresenta-se nas atividades de gestão, nas quais permite-se aos indivíduos a participação, determinação de alternativas e, inclusive, a capacidade de decisão, segundo critérios próprios e discernimento pessoal; b) A subjetividade presente na interface do sistema técnico-operacional em que se exige uma automatização do indivíduo e uma antropomorfização das máquinas que garantem maior grau de integração e interatividade homem-objeto maquinal; c) A subjetividade solicitada na transmissão do saber definida pela capacidade de comunicação do indivíduo seja de forma direta ou por via remota, que lhe possibilita disseminar o saber e socializá-lo ao todo organizacional; e, d) A subjetividade implicada na operação produtiva uma vez que para os indivíduos tomadores de decisão e para as atividades intelectualizadas exige-se uma capacidade de matéria-reflexão, ou seja, desenvolve-se a capacidade de perceber as situações possíveis de maneira plena e apresentar e escolher a melhor alternativa – eliminação de incertezas. As mudanças provocadas pelas diferentes formas de gestão, dentre elas o teletrabalho, bem como as necessidades de interação entre indivíduo e organização, proporcionam a identificação de fatores de interferência na subjetividade humana e buscam garantir resultados satisfatórios às empresas. Novos modelos de gestão e níveis de autonomia e de confiabilidade nas relações estabelecidas entre indivíduo e organização garantem, desta forma, uma interdependência mútua que se caracteriza por mutações no mundo do trabalho e do indivíduo. A nova fase do capital retransfere o “savoir-faire” para o trabalho, mas o faz se apropriando crescentemente da dimensão intelectual e das capacidades cognitivas. Ela procura envolver mais forte e intensamente a subjetividade humana. Entretanto, tal processo não se restringe à dimensão do saber, uma vez que parte do saber intelectual é transferido para as máquinas informatizadas, que se tornam mais inteligentes, reproduzindo parte das atividades a elas transferidas pelo saber intelectual do trabalho [2].

10 Esta transferência, de certa forma e com diferentes intensidades, encontra respaldo no mundo do trabalho, no desenvolvimento de atividades laborais centralizadas no telecommuting, em que o indivíduo apresenta resultados satisfatórios às necessidades organizacionais de maneira remota e garante à organização a possibilidade em atingir os objetivos desta de maneira satisfatória. Percebe-se assim que o trabalho humano tido como trabalho real necessita de uma interação elevada entre a subjetividade do indivíduo que determina as formas de execução das atividades laborais – trabalho real – e a inteligência artificial ou máquina inteligente que determina as maneiras precisas – trabalho prescrito. Estas relações entre homem-máquina no ambiente laboral determina parâmetros e define formas de realização do trabalho. Este envolvimento entre as partes permite o desenvolvimento de um trabalho alienante que tem como fatores determinantes o controle subjetivo e a autonomia controlada do sujeito. Através destas características se possibilita o aumento do estranhamento e a alienação do trabalho e se ampliam as formas modernas da reificação do trabalho. Desta forma ocorre uma maior interpenetração entre as atividades produtivas e as improdutivas, entre as atividades fabris e de serviços, entre as atividades laborativas e as atividades de concepção, que se expandem no contexto da reestruturação produtiva do capital. O que remete ao desenvolvimento de uma concepção ampliada para se entender sua forma de ser do trabalho no capitalismo contemporâneo, e não à sua negação. Obtém-se um processo de desconstrução e reconstrução da subjetividade humana por meio da produção de valores. O trabalho remoto ou teletrabalho aqui se identifica, seja através da esfera comunicacional, da substituição da produção pela informação ou da criação de uma maior interatividade entre homem-organização através de meios informáticos.

6 CONSIDERAÇÕES E REFLEXÕES A necessidade organizacional em determinar novas formas de gestão nas relações existentes entre indivíduo e organização tem estabelecido mudanças nas variáveis consideradas relevantes. Essas novas relações, por sua vez, têm exigido das empresas e de seus gestores maior capacidade de estabelecer ambientes propícios às mudanças e capazes de proporcionar um desenvolvimento individual – pessoal e profissional, e coletivo - organizacional. As estratégias adotadas pelas organizações e as formas de percepções dos indivíduos sobre estas maneiras de se estabelecer os novos modelos organizacionais podem determinar relevantes mudanças requeridas à subjetividade humana no mundo do trabalho. A determinação das relações indivíduo-organização estabelece, invariavelmente, parâmetros para a definição das variáveis que compõem a subjetividade humana no trabalho. Mesmo em um sistema de flexibilidade organizacional, a definição dos meios de atuação do indivíduo frente às necessidades organizacionais se fixa a partir de graus relativos de interdependência entre indivíduo e organização. Tais relações apresentam-se por meio da regulação e controle das atividades, enquadrando-se como pré-definidas e no domínio e submissão às normas que regem as relações organizacionais. A estrutura organizacional que se apresenta aos teletrabalhadores têm um papel ilimitado nas qustões de espaço e tempo, pois estabelece-se de maneira atemporal. Entretanto, ainda se caracteriza pela formalização e pelas normas organizacionais que definem uma liberdade controlada e impedem o exercício das atividades laborais de maneira independente. As relações interconectadas determinam demandas específicas para a construção de uma “nova” subjetividade do indivíduo-trabalhador. Tal entrelaçamento estabelece graus diferenciados de interdependência para as formas de atuação remota entre as partes no mundo do trabalho. As relações estabelecidas, mesmo que remotas, definem núcleos diferenciados e institucionalizados de poder nos quais se estabelece uma conjunção de três bases de atuação: a hierarquia existente entre as organizações que define graus de subordinação, a ordem que fixa as normas e o controle quanto aos deslocamentos dos pólos institucionais e dos deveres e papéis a serem cumpridos e, finalmente, a disciplina e a punição como práticas das duas características anteriores, sobretudo nas relações instituídas e estabelecidas [31]. A institucionalização advinda desse processo de contratação e de prestação de serviços procura estabelecer um conjunto articulado de saberes (ideologias) e práticas (formas de intervenção normatizadora). Elas permeabilizam grande parte dos resultados e das variáveis definidoras da desconstrução e reconstrução da subjetividade. Assim, as “novas” relações indivíduo-empresa, definidas pela compressão e reinterpretação das relações espaço-temporais, baseiam-se no incremento velado das capacidades de controle e vigilância da organização. O poder e punição organizacionais se perpetuam com características próprias e garantem os resultados e objetivos esperados. Os diferentes níveis de percepção estas relações pelos teletrabalhadores e sua interpretação pela organização estabelecem elos de pseudo-cooperação e pseudo-integração em que as partes necessitam-se entre si no mundo do trabalho. Constrói-se um processo específico em que cada uma estabelece graus de interdependência diferenciados, cujas necessidades são satisfeitas através da complementaridade das atividades individuais e organizacionais. Assim, as relações estabelecidas entre indivíduo e organização devem ser vistas sob dois princípios: o da legitimação que determina as relações interorganizacionais baseadas na integração e cooperação; e o organizativo que institui uma gestão cooperativa para a tomada de decisão. Nesse caso, o primeiro legitima a participação das empresas no processo de compartilhamento de ideais e propósitos, e o segundo, uma efetiva participação, de maneira independente, autônoma e cooperada [35].

11 A necessidade de as organizações se ajustarem à nova ordem global e aos novos modelos exige de cada uma capacidade de adaptação às relações intersubjetivas entre indivíduo e organização. Quando estabelecidas de maneira satisfatória, possibilitam oportunidades e promovem o desenvolvimento e crescimento das partes envolvidas. Uma proposta de uma integração indivíduo-organização e de uma gestão participativa e inovadora permite a implementação do teletrabalho. As oportunidades em descentralizar a estrutura e processos organizacionais rompem com o modelo paradigmático das relações tradicionais, hierarquizadas e burocráticas, constituindo-se num forte instrumento e mecanismo de desenvolvimento organizacional. A adaptação e o desenvolvimento integrados passam pela percepção e identificação de fatores intersubjetivos que preservam os interesses existentes. A gestão remota – o teletrabalho – adequado às realidades dos indivíduos e da organização implica no entendimento das relações homem-empresa que estão além das atividades laborais. Um dos pontos principais a ser considerado envolve diretamente as empresas e consiste na necessidade de maior flexibilidade e agilidade organizacionais quanto aos processos ligados às áreas de recursos humanos e relacionamento com o mercado. As exigências relativas às relações homem-organização devem ser revistas a fim de proporcionar o desenvolvimento do indivíduo e não apenas privilegiar o homem-trabalhador. As relações construídas que privilegiem o binômio homem-empresa e as influências das variáveis espaço-temporais atuais apresensentam uma tendência de desenvolvimento das próprias relações existentes no mundo do trabalho. A construção de um “novo” modelo para a subjetividade humana no trabalho deve contemplar tanto as necessidades pessoais dos indivíduos (sociais ou profissionais) e as organizacionais (resultados e objetivos).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALVES DE CARVALHO, Ricardo A.. Les nouvelles technologies de gestion et la mobilisation de la subjectivié des travailleurs dans une automobile au Brésil. Lilli: Presses Universitaires de Septentrion, 1997. 2. ANTUNES, Ricardo. Fim do trabalho? (ou as novas formas do trabalho material e imaterial). IN: Adeus ao trabalho? – ensaios sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez, UNICAMP, 2000, pp. 159-163. 3. ATHAYDE, Milton. Psicologia e trabalho: que relações? IN: JACÓ-VILELA, Ana Maria e MANCEBO, Deise (org.). Psicologia social: abordagens sócio-históricas e desafios contemporâneos. Rio de Janeiro: ED-UERJ, 1999, pp. 195-219. 4. BAUDRILLARD, Jean et all.. Da sedução. São Paulo: Papirus, 1991. 5. BECK, Ulrich. Ecological politics in an age of risk. Cambridge: Polity Press, 1995. 6. ______. World risk society as a cosmopolitan society?. IN: Theory, culture anda society. Vol. 3, nº 4, 1996. 7. ______. La sociedad de riesgo. Hacia una nueva modernidad. Barcelona: Paidós, 1997. [8]BELL, Daniel. El advenimiento de la sociedad postindustrial. México: FCE, 1976. [9] ______. Las contradicciones culturales del capitalismo. Madrid: Alianza, 1992. 10. CASTELLS, Manuel et alli. La automación y el futuro del trabajo. Diseño del trabajo y cualificación de los trabajadores. Madrid: Informes, 1991. 11. ______. La informatización del trabajo. IN: El socialismo del futuro. nº6, 1992. 12. ______. La era de la Información. Economía sociedad y cultura. La Sociedad Red. Madrid: Alianza Editorial, vol. 1, 1997a, pags. 488-495, 501-506. 13. ______. Local y global. La gestión de las ciudades en la era de la información. Madrid: Taurus, 1997b. 14. ______. La era de la información. Economía sociedad y cultura. El poder de la identidad. Madrid: Alianza Editorial, vol 2., 1998. 15. ______. Identidad, estado, trabajo, tiempo y espacio en la sociedad red: contribución a un debate abierto. IN: Revista Española de Investigaciones Sociológicas. Madrid, nº 86, 1999. 16. ______. Galaxia y Internet. Madrid: Alianza Editorial, 2001. 17. CASTELLS, M. y ESPING-ANDERSEN, G. La transformación del trabajo. Barcelona: La Factoria, 1999. 18. CASTILLO, Juan José. El trabajo del futuro. Madrid: Editorial Complutense, 1999. 19. DE MASI, Domenico (org.). A sociedade pós-industrial. São Paulo: SENAC, 2000 20. ENRIQUEZ, Eugène. O indivíduo preso à armadilha estratégica. IN: Revista de Administração de Empresas. São Paulo: EAESP/FGV, 37 (1), 1997, pp. 18-29. 21. FIGUEIREDO, Luís Cláudio. Modos de subjetivação no Brasil. São Paulo: Escuta-EDUC, 1998, pp. 36-82. 22. GIDDENS, Anthony. Modernidad e identidad del yo. Barcelona: Ariel, 1995. 23. GIDDENS, Anthony, BECK, Ulrich y LASH, Scott. Modernização reflexiva. Política, tradição e estética na ordem social moderna. São Paulo: Editora UNESP, 1997. 24. HABERMAS, Jürgen. Para reconstrução do materialismo histórico. São Paulo: Brasiliense, 1990. 25. HARVEY, David. The condition of postmodernity. Cambridge: Basil Blackwell, 1989. 26. JAMESON, Frederick. Postmodernidad. Madrid: trotta, 1998. 27. LASH, Scott y URRY, John. Economics of signs & space. Londres: Dage Publications, 1994. 28. LATOUR, B. Ciencia en acción. Barcelona: Labor, 1992.

12 29. LIEDKE, Élida Rubini. Trabalho. IN: CATTANI, Antônio David. Trabalho e tecnologia: dicionário crítico. Petrópolis: Vozes, 1997, pp. 268-74. 30. LIMA, Francisco P.A. Medida e desmedida: padronização do trabalho ou livre organização do trabalho vivo? IN: FIDALGO, Fernando S. (Org.). Gestão do trabalho e formação do trabalhador. São Paulo: Atlas, 1995. 31. LUZ, Madel T.. As instituições médicas no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, 1979, p. 23-45. 32. MELLUCI, A. Nomads of the present. Londres: Hutchinson Radius, 1989. 33. MORIN, Edgar.. Noção do sujeito. IN: SCHNITMAN, Dora Fried. Novos paradigmas, cultura e subjetividade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995, pp. 45-55. 34. MUSSCHENGA, Albert W.. Identidade pessoal dentro de uma sociedade individualizada. IN: Concilium. São Paulo: USP, 2000. 35. PARK, Seung Ho. Management an interorganization network: a framework of the institutional mechanism for network control. IN: Organization Studies. 17/5, pp. 795-824, 1996. 36. ROJAS, Enrique. O homem moderno – a luta contra o vazio. São Paulo: Mandarim, 1997. 37. SANTOS, Eloísa Helena. Trabalho prescrito e trabalho real no atual mundo do trabalho. IN: Revista Trabalho & Educação, FAE/UFMG. Belo Horizonte, UFMG, 1997, pp. 13-27. 38. SCHWARTZ, Yves. Trabalho e valor. IN: Tempo Social – Revista de Sociologia da USP. São Paulo: USP, 8 (2), out. 1996, pp. 147-158. 39. SOJA, E. W.. Planning in for postmodernity. IN: BENKO, G. Y STROHMAYER (eds.). Space and social theory. Oxford: Blackwell, 1996a. 40. ______. Thirdspace. Cambridge: Blackwell, 1996b. 41. ______. Postmetropolis. Oxford: Blackwell, 2000. 42. TOURAINE, Alain. La sociedad post-industrial. Barcelona: Ariel, 1971. 43. ______. Crítica a la modernidad. Madrid: Temas de hoy, 1993.

i

São definidos como teletrabalhadores as pessoas que têm sua vida profissional realizada em ambientes que, não necessariamente estejam compreendidos em uma estrutura organizacional pré-estabelecida. Tais locais, nos quais são executadas as diversas atividades laborais, estão representados pelas residências destas pessoas ou mesmo por locais diferenciados que permitam o adequado desenvolvimento do trabalho. O crescimento das atividades virtuais ou remotas propiciou o desenvolvimento de termos que se referissem às atividades laborais não desenvolvidas no ambiente organizacional direto, tais como: empresa virtual, corporação virtual e administração virtual. Estes termos surgiram devido à combinação de diversas tecnologias de fins do século XX – a informática e a telecomunicações, em especial – que determinaram processos de comunicação em tempo real. ii Para DE MAIS [19], as variáveis determinantes que se apresentam como principais recursos de construção da subjetividade do homem diante das mudanças sociais recaem, principalmente, na inteligência, criatividade e capacidade de interpretação das informações determinadas pelas interpretações individuais do homem diante do modelo social estabelecido. iii BELL [8] considera as mudanças sociais evidenciadas por uma sociedade de serviços caracterizada por princípios racionais das esferas econômica (funcional), política (legitimidade-igualdade) e cultural (diversão e prazer). iv ROJAS [35] define características específicas ao homem moderno as quais centralizam-se no materialismo, no hedonismo, na permissividade, na revolução, no relativismo e no consumismo. v O conceito de contraintes, na ergonomia, pode ser traduzido por exigência, mas faz necessária, para entendimento no contexto aplicado, a sua interpretação a partir do sentido de pressão, de constrangimento. (N.A.).

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.