Teorias e praticas na construcao de uma cidade criativa Perspectivas e possibilidades para o municipio de Dois Irmaos

June 6, 2017 | Autor: Camila Borniger | Categoria: Creative Industries, Creative City
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   Septiembre 2015

(Diccionario portugués­español)

TEORIAS E PRÁTICAS NA CONSTRUÇÃO DE UMA CIDADE CRIATIVA: PERSPECTIVAS E POSSIBILIDADES PARA O MUNICÍPIO DE DOIS IRMÃOS, RS, BRASIL Camila Borniger1 Mary Sandra Guerra Ashton2 Marsal Avila Alves Branco3 RESUMO Esse  estudo  parte  do  questionamento  que  refere­se  a  relação  entre  teorias  e  práticas  na construção  de  uma  cidade  criativa.  Tem  como  objetivo  compreender  o  processo  de transformação de uma cidade industrial para uma cidade criativa, utilizando­se, basicamente, de pesquisa  exploratória  dos  conceitos  relativos  às  cidades  criativas  e  seus  estágios  de desenvolvimento,  relacionados  com  as  ações  já  realizadas  e  aquelas  que  estão  em desenvolvimento no município de Dois Irmãos, por meio de um estudo de caso. Como  resultados  preliminares,  tem­se  que  o  município  está  nos  estágios  iniciais  de transformação  para  uma  cidade  criativa,  mas  com  ações  importantes  para  consolidar  esse conceito. Palavras­chave:  Processo  de  Transformação.  Cidade  Criativa.  Estudo  de  Caso.  Dois  Irmãos, RS, Brasil.

ABSTRACT The  study’s  objective  is  regarded  to  the  relation  between  practical  and  theoretical  practices  in the  construction  of  creative  cities.  The  purpose  of  this  study  is  to  comprehend  the transformation  process  to  create  a  creative  city,  utilising,  exploratory  research  of  the  concepts relating to creative cities and their stages of development, analysing the actions taken and being taken in the city of Dois Irmãos via case study. As a preliminary result, it is concluded that the town is in its early transformation stages to become a creative city, but taking important actions in order to do so. Key words: Transformation Process. Creative City. Case Study. Dois Irmãos, RS, Brasil.

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INTRODUÇÃO

Elementos imateriais como o conhecimento e a criatividade têm ganhado destaque nas últimas décadas  e,  se  intensificado  a  partir  do  surgimento  e  valorização  dos  setores  relacionados  às indústrias criativas. Observa­se sua aplicação na economia, nas empresas e nas cidades, tanto no  meio  acadêmico  em  estudos  científicos,  quanto  no  meio  profissional  e  empresarial,  na prática.  Esses  aspectos  surgem  como  uma  alternativa  ao  modelo  industrial,  que  tem  se mostrado  enfraquecido  e  menos  atrativo.  A  criatividade  como  elemento  propulsor  possibilita  a criação de novas oportunidades, uma vez que se refere a um elemento universal e inesgotável. Esse  elemento,  portanto,  está  no  foco  da  economia  criativa,  das  indústrias  criativas  e  das cidades criativas, objeto de estudo desta pesquisa (ALENCAR, 1995). Cidades  com  essas  características,  entretanto,  não  surgem  aleatoriamente.  Geralmente  são cidades que passam por um profundo processo de transformação. Esse processo, sinteticamente envolve diferentes estágios, iniciando na consciência de que a criatividade é esparsa e necessita de conexões para torna­la útil, passando pela consciência de uma ou mais esferas da sociedade, pela  necessidade  de  uma  cidade  mais  criativa,  com  mais  oportunidades  aos  cidadãos  e  mais participação  no  uso  do  espaço  urbano,  chegando  a  uma  consolidação  de  ações  nesse  sentido (REIS, 2013). O questionamento norteador desse estudo surge a partir dessas pesquisas e se refere à relação entre  os  conceitos  que  perpassam  as  cidades  criativas,  no  que  diz  respeito  ao  processo  de transformação  de  uma  cidade  em  criativa  e  a  prática,  por  meio  do  estudo  das  ações  e oportunidades  já  criadas  e  em  desenvolvimento  em  Dois  Irmãos,  uma  pequena  cidade  do interior do Rio Grande do Sul, que será o objeto de estudo deste artigo. O objetivo é, portanto, compreender essa relação entre teoria e prática na construção das ações para uma cidade mais criativa.

Como  hipóteses,  tem­se  que  esse  é  um  processo  ainda  em  estágio  inicial  na  cidade,  a  qual possui ações isoladas, mas deixa a desejar no que diz respeito a conexões entre os setores da sociedade.  Além  disso,  supõem­se  que  há  um  movimento  de  parcerias  público­privadas  nesse sentido,  entretanto,  não  totalmente  consolidado  por  ambas  as  partes  e,  ainda  restrito  a  um número menor de empresas. Para confirmar ou refutar essas hipóteses, utiliza­se como metodologia a pesquisa exploratória, embasada  na  pesquisa  bibliográfica  a  partir  de  estudos  já  existentes  sobre  cidades  criativas, apoiada  por  observações  feitas  a  partir  da  participação  em  reuniões  realizadas  do  primeiro semestre  de  2015  no  município  de  Dois  Irmãos.  O  artigo  também  traz  a  técnica  de  estudo  de caso  sobre  o  município  em  questão,  no  qual  se  acredita  que  existam  ações  voltadas  para  a construção de uma cidade mais criativa. Para  tanto,  esse  estudo  está  estruturado  em  seis  partes.  Inicia  relacionando  os  diferentes fatores  compreendidos  pelas  cidades  criativas,  suas  características  e  o  processo  de transformação  para  uma  cidade  criativa.  Posteriormente,  esse  artigo  traz  informações  sobre  o objeto de estudo, no caso, o município de Dois Irmãos, a partir de sua história e com o foco de evidenciar ações criativas que estão sendo desenvolvidas e, por fim, a análise e os resultados. 2 DA  CIDADE  INDUSTRIAL  À  CIDADE  CRIATIVA:  CONCEITOS  E  PROCESSOS  DE TRANSFORMAÇÃO Após  a  revolução  industrial  e  até  a  década  de  1990,  vigorava  na  sociedade  um  modelo  de produção  basicamente  industrial.  Com  foco  na  produção  em  massa  e  em  matéria­prima consistindo em insumos materiais, esse modelo de produção caracterizou um período em que as perspectivas  sociais  estavam  fortemente  atreladas  ao  trabalho  e  as  cidades  organizadas  para atender as demandas industriais (TERRA, 2001). Entretanto, na década de 1990, novos modelos de produção e tipos de empresas começaram a surgir,  a  partir  das  mudanças  sociais  que  aconteceram.  A  sociedade  passou  por  uma transformação, embasada em perspectivas trazidas pelas novas tecnologias e pela globalização, o  que  desencadeou,  também,  uma  ressignificação  de  valores  sociais  e  tornou  elementos imateriais como propulsores de novas eras, como a do conhecimento e a da informação, fazendo surgir novas possibilidades sociais, industriais e urbanas (MIGUEZ, 2007). Dentre  estes  elementos  imateriais,  encontra­se  a  criatividade,  que  tem  tido  destaque  a  partir dos estudos da economia criativa que pode ser definida como uma economia que busca soluções criativas  para  os  problemas  no  âmbito  social,  cultural  e  econômico  (LANDRY  in  REIS; KAGEYAMA,  2011;  LANDRY,  2013).  Este  conceito  está  embasado  na  economia  da  cultura  e  na economia do conhecimento, conforme explica Reis (2008, p.4): da economia do conhecimento toma a ênfase no trinômio tecnologia, mão­ de­obra  capacitada  e  geração  de  direitos  de  propriedade  intelectual  [...]  os setores  da  economia  criativa  integram  a  economia  do  conhecimento,  muito embora  esta  não  dê  à  cultura  a  ênfase  que  a  economia  criativa  lhe  confere. Da  economia  da  cultura  propõe  a  valorização  da  autenticidade  e  do intangível  cultural  único  e  inimitável,  abrindo  as  comportas  das  aspirações dos países em desenvolvimento de ter um recurso abundante em suas mãos. Nota­se  que  a  economia  criativa  apropriou­se  de  características,  tanto  da  economia  do conhecimento,  quanto  da  economia  da  cultura  em  sua  estruturação,  agregando­lhes características  específicas  da  economia  criativa,  entretanto,  sem  desconsiderar  àqueles  nas quais ela foi embasada. Na  economia  criativa,  cada  vez  mais  a  informação,  o  conhecimento  e  a  criatividade  são  as matérias­primas  na  construção  desse  sistema.  Para  Landry  (2013,  p.  21)  “os  impactos  da crescente economia do conhecimento intensivo foram enormes na organização do trabalho e das cidades”.  Isso  gerou  um  processo  de  reconstrução  social,  industrial  e  urbano,  aumentando  o número de profissionais das áreas criativas e tornando a cidade capaz de gerar colaboração, de oferecer  uma  vida  artística  mais  rica,  com  mais  conexão  entre  os  indivíduos,  tornando­se  uma fonte de recursos em aprendizado. O conceito cidades criativas, mencionado pela primeira vez por Landry e Bianchini em 1995, foi desenvolvido  com  base  na  necessidade  de  inovação  das  empresas  e  dos  locais,  alinhadas  às transformações  econômicas  e  sociais  (globalização,  novas  tecnologias,  entre  outros)  e  está embasado no norteador da economia criativa: a criatividade (REIS, 2012). As cidades criativas surgem, portanto, como uma nova forma de pensar o território urbano, tornando a criatividade elemento  propulsor  do  desenvolvimento  social  e  econômico  (VIVANT,  2012).  Essa  transição ocorreu, a partir do momento em que se reconheceu a possibilidade de criar, transformar uma estrutura urbana com base na criatividade (REIS, 2011). Vários autores (REIS, 2012; LANDRY, 2013; FLORIDA, 2011; MIRANDA, 2012; VIVANT, 2011) a partir  de  então,  seguiram  os  estudos  acerca  das  cidades  criativas  e  adaptaram  seu  conceito  a partir de suas próprias pesquisas. A síntese desses conceitos com base em cada um dos autores é apresentada no quadro 1. Quadro 1 – Conceitos de cidade criativa

Estudiosos Vivant (2011)

Cidades criativas As cidades criativas possuem diferentes características que as tornam atrativas para residentes e turistas, além de economicamente mais desenvolvidas. A relevância da construção de cidades criativas por meio do desenvolvimento criativo de seus indivíduos.

Reis (2012)

Os  elementos  conducentes  para  a  elucidação  de  um conceito  de  cidade  criativa  são:  a)  aura  sensorial, que  aguça  os  sentidos,  b)  destinos  atraentes  para pessoas  criativas,  c)  papel  crucial  dos  espaços públicos,  d)  governança  de  amplo  espectro,  e) constante  transformação,  cidade  em  alerta  para antecipar ou transmutar problemas. Uma  cidade  criativa  é  uma  cidade  que  possui  a estrutura  necessária  para  gerar  um  fluxo  de  novas ideias e invenções. Uma  cidade  criativa  é  aquela  que  colabora  com  a conectividade  entre  as  pessoas,  pois  a  criatividade surge  a  partir  da  diversidade  e  da  coletividade  que há no espaço urbano. A  identificação  de  elementos  urbanos,  materiais  e imateriais  e  a  forma  como  eles  são  utilizados contribui,  também,  para  o  desenvolvimento  e  o processo de transformação para uma cidade criativa. O espaço público é multifacetado e a cidade criativa é construída a partir de ações diárias e exporádicas. Fonte: Elaborado pela autora

Landry (2013) Florida (2002)

Miranda (2012)

Rotem (2011)

Ao  desenvolver  o  conceito  de  cidades  criativas,  Reis  (2012),  Landry  (2013),  Florida  (2011), Vivant  (2011),  buscaram  evidenciar  suas  singularidades,  que  se  mostraram  convergentes  em alguns  pontos  como:  os  aspectos  locais  coletivos,  de  experimentação  e  orientados  para  uma cultura  da  criatividade.  Os  aspectos  locais  coletivos  definem­se  pela  criação  de  locais  públicos que promovam a coletividade e o encontro dos indivíduos e nos quais seja possível a realização de diferentes atividades, promovendo a experimentação dos indivíduos com diferentes tipos de arte e com culturas múltiplas. A  orientação  da  criatividade,  por  sua  vez,  se  dá  a  partir  de  uma  cultura  que  promova  o desenvolvimento das novas ideias, seja nesses locais, que não só possuam atividades culturais, mas  que  possuam  atividades  de  ensino  e  experimentação  a  essa  cultura  da  criatividade.  As características semelhantes apresentadas pelos autores consistem na diversidade – de talentos, de trocas, de conexões, de atividades culturais­; abertura e retenção de talentos criativos, para que esses talentos queiram permanecer na cidade e desenvolver sua criatividade para soluções locais, além de tornar a cidade criativa para atrair talentos de outras cidades; geração de valor econômico,  a  partir  de  produtos  culturais;  o  engajamento  coletivo,  para  a  criação  de  soluções para  os  problemas  existentes  e  a  governança  engajada  em  criar  estímulos  e  proporcionar  o desenvolvimento cultural das cidades. Convergente  é,  também,  a  ideia  de  que  a  criatividade  nesse  contexto  deve  ser  vista  como elemento  fundamental,  mas  não  isolado  e  nem  excludente.  Essa  criatividade  é  multidisciplinar, transversal  às  políticas  econômicas,  principalmente  quando  se  fala  em  cidades  criativas  (REIS, 2012).  Quanto  maior  a  heterogeneidade  e  as  trocas  entre  diferentes  pessoas  (diferentes  em classe,  gênero,  cultura)  mais  propício  é  o  ambiente  para  o  desenvolvimento  de  criatividade (VIVANT, 2012). Nesse  sentido,  Reis  (2012)  afirma  que  a  cidade  é  um  espaço  para  promover  encontros  e convivências  entre  os  indivíduos  que  ali  habitam.  Essa  característica  permite  que  estes indivíduos criem uma ideia de uma cidade real versus uma cidade desejada, fundindo­se em um propósito  do  que  se  espera  de  uma  cidade  para  morar  e  a  realidade  ideal  de  uma  cidade  para desfrutar  (cidade  turística).  Lerner  (2011)  complementa  que  toda  a  cidade  tem  potencial  para ser criativa, partindo do pressuposto de que a cidade é composta por pessoas e a criatividade é característica natural dessas pessoas. Desenvolver  conexões  para  a  criatividade  por  meio  de  uma  plataforma  que  una  diferentes setores  das  cidades  para  pensar  juntos  na  resolução  de  problemas  e  na  promoção  de  uma cidade mais criativa seria um primeiro passo de uma série de ações para a construção de uma cidade  criativa  (LANDRY,  2013;  VIVANT,  2012).  Um  objetivo  comum  no  processo  de  transição para uma cidade criativa é, justamente, fazer com que as cidades estejam abertas às mudanças. Isso  contribuiria  para  o  desenvolvimento  natural  de  novas  ideias  e  novas  soluções  para  o enfrentamento de novos desafios (LANDRY, 2013). Nota­se,  com  isso,  que  a  cidade  criativa  não  surge  repentinamente.  Ela  é,  na  verdade,  uma construção estratégica com ações de longo prazo. Isso pode ser exemplificado pelos estudos de casos  de  Bilbao  na  Espanha,  de  Bogotá,  na  Colômbia,  Londres  no  Reino  Unido,  Barcelona  na Espanha, Berlim na Alemanha, Nova York nos Estados Unidos, apresentados nos estudos de Reis (2012), que tiverem um planejamento estratégico de duração médio de 25 anos. Com base em Reis  (2012),  o  processo  de  transformação  dessas  cidades  iniciou  com  pesquisas  de  clusters criativos e da representatividade desses setores criativos na economia, seguido por estratégias de  estado,  consolidadas  entre  setores  público,  privado  e  sociedade  civil,  com  ações  que

de  estado,  consolidadas  entre  setores  público,  privado  e  sociedade  civil,  com  ações  que fomentam  o  reconhecimento  do  indivíduo  com  o  espaço,  a  reapropriação  de  espaços  urbanos inutilizados e o investimento em cultura e educação. Reis (2012) reforça que essa transformação para uma cidade criativa deve, essencialmente, ser vista  como  um  processo  que  possui  estágios  específicos,  desde  o  inicial,  que  conta  com iniciativas isoladas até a consolidação de uma cidade criativa. Reis (2012) divide esses estágios em três fases: na primeira delas, a criatividade é, basicamente, um elemento esparso no espaço urbano, que se manifesta de maneira bastante orgânica por meio de iniciativas isoladas, sejam do  setor  público,  privado,  ou  da  sociedade  civil,  sem  conexões  entre  si.  Na  segunda  fase,  a criatividade já é catalisada por meio de algum fator desencadeador de um dos setores, seja pela sociedade­civil,  através  de  uma  visão  da  cidade  como  um  todo,  ou  por  uma  governança integradora que promova ações conjuntas com outro setor, ou ainda, pela iniciativa privada, que cria  ações  mais  integradoras  e  conectadas  entre  si,  podendo  tornar  visíveis  os  polos  de criatividade  associados  a  determinados  distritos.  A  terceira  fase  proposta  pela  autora  seria  a consolidação,  de  fato,  da  cidade  criativa,  de  forma  que  a  criatividade  esteja  difusa  por  todo  o espaço  urbano  e  as  estratégias  dos  diferentes  setores  da  sociedade  (público,  privado  e sociedade­civil) estejam interligadas entre si. Entretanto, acredita­se que o processo de construção de uma cidade criativa seja mais complexo e em mais fases além destas apresentadas por Reis (2012). Além disso, é importante ressaltar que este é um processo de longo prazo, portanto, o tempo de permanência em cada uma destas etapas da transição pode ser longo e irá depender, com base nas pesquisas de Reis (2012), do reconhecimento  da  importância  das  conexões  entre  todos  os  setores  sociais  “é  preciso engendrar equações de corresponsabilidade – unindo o governo, o setor privado e os esforços da sociedade civil” (LERNER, 2011) na descoberta soluções e caminhos para uma cidade criativa. Essas  conexões,  acompanhadas  por  inovação  e  cultura  seriam,  para  Reis  (2012)  as  três questões  primordiais  para  esse  processo  de  transformação  das  cidades.  As  inovações  dizem respeito  ao  que  está  em  uma  construção  inicial,  seja  na  criação  de  novos  produtos  ou  como estímulo  para  a  reconstrução  do  que  já  existe.  São  inúmeras  as  relações  com  a  inovação  no contexto de cidades criativas: seja no âmbito arquitetônico, tornando a cidade visualmente mais agradável,  na  área  da  educação,  por  meio  de  projetos  e  ações  que  envolvem  os  cidadãos  nas diferentes  fases  da  vida,  no  planejamento  municipal,  com  uma  infraestrutura  construída  para atender melhorias urbanas, ou ainda, inovações em pesquisas e estudos que resultam em novas ideias  e  novos  resultados  (REIS,  2012).  Assim,  as  conexões  se  definem  pela  capacidade  de ligação  dos  segmentos  da  sociedade,  de  conexões  dos  recursos  urbanos  e  ligações  entre  os diferentes espaços urbanos. As conexões possibilitam um maior relacionamento entre pessoas e locais o que permite a identificação mais eficaz de carências e possibilidades de crescimento e, consequentemente uma eficiência maior no desenvolvimento das ações sociais e educacionais. Além disso, envolve o sentido da valorização da cultura local. A realização de atividades culturais nas áreas cênicas ou das artes, por exemplo, estimulam a criatividade e geram a atração de um número  maior  de  pessoas.  Quanto  maior  é  o  estímulo  a  atividades  culturais  mais  esse  ciclo  se alimenta, pois maior será o consumo artístico­cultural, o que amplia as possibilidades da cultura para um âmbito além de artístico, econômico (REIS, 2012). Tais questões se relacionam com a medida proposta por Florida (2011) sobre cidade criativa, por meio da Tecnologia, Talento e Tolerância (3 T’s). A tecnologia seria avaliada por meio do número de  diplomas  técnicos,  o  talento,  pelo  número  de  pessoas  com  ensino  superior  completo  e  a tolerância  pela  diversidade,  peso  da  comunidade  homossexual  e  pela  boemia  artística.  Apesar das críticas a esses índices por serem limitados a um diploma e não às características pessoais, se dá um destaque maior para a diversidade, que seria a indispensável para tornar uma cidade mais  criativa  e  o  índice  boêmio,  que,  relacionado  a  maior  participação  dos  indivíduos  no desenvolvimento  e  na  participação  de  atividades  culturais,  contribuindo  para  o  capital  cultural destes indivíduos (FLORIDA, 2011; VIVANT, 2012). Nesse  sentido,  Rotem  (2011)  contribui  afirmando  que  o  espaço  público  é  multifacetado  e incentiva  a  criatividade  na  medida  em  que  se  torna  mais  bacana,  seja  por  meio  de  atividades diárias, ou eventos especiais que estimulem os três tipos de mentalidades sobre aquele espaço (ativa e voltada para o externo; indiferente e relacionada às atividades do dia­a­dia e ausente, voltada para o interno em atividades particulares). Para  tornar  possível  o  desenvolvimento  criativo,  seria  necessário  o  desenvolvimento  de  um conjunto de milhares de pequenas ações, as quais incluam proporcionar um ambiente agradável e investir para manter estas atividades. Isso contribuiria para o aumento no número de ações e na diversidade de áreas artísticas e, consequentemente no capital material e imaterial do espaço urbano. Para que tais ações ocorram, reforça­se o reconhecimento a algumas ideias já expostas: é  preciso  reconhecer  que  o  processo  de  transformação  acontece  em  longo  prazo;  que  é necessário o envolvimento da sociedade civil, das empresas privadas e dos órgãos públicos em prol de um objetivo comum e que é necessário o desenvolvimento de ações para uma cultura da criatividade. Tornar  uma  cidade  criativa  não  refere­se  apenas  a  dar  atenção  a  classe  artística  já  existente, mas  sim,  cercar­se  por  um  conjunto  de  ações  que  englobem  o  desenvolvimento  do  espaço urbano, com atividades que estejam relacionadas, não só a cultura, mas também, a educação, segurança, mobilidade urbana. Isso reforça a ideia da cultura como um quarto pilar do desenvolvimento, proposta por Miranda (2012),  ao  lado  dos  pilares  social,  econômico  e  ambiental.  A  cultura  deve  ser  pensada  como ferramenta e território para potencializar o desenvolvimento humano, tornando­se fundamental

para o desenvolvimento urbano sustentável. Essa perspectiva traz uma noção de conexão entre os  pilares,  focada  na  importância  da  cultura  como  propulsora  de  novas  possibilidades  para  o espaço urbano e não apenas como um item isolado. 3

METODOLOGIA

Esse  artigo  foi  construído  a  partir  da  pesquisa  bibliográfica,  que  busca  “a  identificação, localização  e  obtenção  da  bibliografia  pertinente  sobre  o  assunto”  (DUARTE;  BARROS,  2008  p. 51).  Essa  pesquisa  foi  desenvolvida  com  base  no  contexto  de  cidades  criativas,  a  partir  da perspectiva  de  seu  processo  de  transformação.  A  pesquisa  bibliográfica  possibilitou  o conhecimento  de  cada  um  dos  temas  e  embasa  a  análise  que  será  feita  a  seguir.  O procedimento de estudo de caso é compreendido nesta pesquisa, a partir do estudo do município de Dois Irmãos (YIN, 2001). A  abordagem  que  caracteriza  essa  pesquisa  refere­se  a  uma  abordagem  qualitativa,  por considerar  a  “relação  dinâmica  entre  o  mundo  real  e  o  sujeito  e,  portanto,  um  vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números”  (PRODANOV  e  FREITAS,  2013,  p.  70).  Trata­se  de  uma  pesquisa  com  análise descritiva que busca compreender a relação entre os temas centrais citados anteriormente. Como técnicas de pesquisa, tem­se a observação direta intensiva que consiste na realização de observação (PRODANOV, FREITAS, 2013) e, como instrumentos, a observação não participante, a partir da participação em reuniões entre os setores público e privado sobre a criação de novas perspectivas culturais, realizadas no primeiro semestre de 2015 e com base nas ações que tem sido planejadas e desenvolvidas a partir destas reuniões e de outros encontros entre os diversos setores sociais. Foram  escolhidas  tais  técnicas  de  pesquisa,  pois  elas  são  complementares,  uma  vez  que  o município está em processo de construção de ações – e dados – mais específicos relacionadas ao conceito de cidades criativas. O objeto de estudo foi definido a partir da observação da autora de que  a  cidade  tem  tido  iniciativas  interessantes  relacionadas  a  interconexões  de  setores.  Além disso, o objeto de estudo foi definido a partir da facilidade no acesso da presença em reuniões municipais, já que uma das autoras reside na cidade. 4

MUNICÍPIO DE DOIS IRMÃOS: HISTÓRIA, DESENVOLVIMENTO E PERSPECTIVAS

4.1 Breve Histórico: Dois  Irmãos  é  reconhecido  como  um  município  emancipado  da  Colônia  de  São  Leopoldo  desde setembro de 1959, mas sua fundação é datada de 1829, quando inúmeros imigrantes alemães chegaram  na  cidade.  A  data  é  tão  representativa  para  o  município  que  até  hoje,  no  dia  29  de setembro,  é  comemorado  o  Kerb  de  São  Miguel,  alusivo  a  chegada  destes  imigrantes,  ex náufragos  do  navio  Cecília.  O  veleiro  partiu  de  Hamburgo  em  1827,  mas  uma  tempestade surpreendeu os viajantes e os tripulantes que abandonaram o navio. Após velejarem sem rumo, chegaram na Inglaterra onde foi definido o destino dos viajantes. Dois  Irmãos  ganhou  esse  nome  devido  aos  morros  gêmeos  que  são  vistos  logo  no  acesso  da cidade,  entretanto,  vários  moradores  traduzem  o  nome  do  município  para  o  alemão  como Baumschneis,  que  significa  picada  dos  Baum,  sobrenome  da  primeira  família  que  chegou  na cidade.Por  muitos  anos  a  cidade  dependeu  essencialmente  da  agricultura.  O  adensamento construtivo  e  demográfico  do  município  se  fez  ao  longo  da  Av.  São  Miguel,  com  casas  de comércio,  de  atividades  artesanais  como  as  ferrarias,  as  marcenarias,  as  carpintarias,  as sapatarias, as lombilharias, entre outros (PREFEITURA MUNICIPAL DE DOIS IRMÃOS). Ícones  desta  época,  ainda  hoje,  podem  ser  visitados  na  cidade.  Obras  arquitetônicas  como  a antiga  Igreja  Católica  de  São  Miguel  (1880),  a  Sociedade  de  Canto  Santa  Cecília  (1927),  a Sociedade Atiradores (1897), a Escola Imaculada Conceição (1900), a Igreja evangélica (1855), a Igreja Evangélica Luterana (1938), foram preservadas e estão abertas para visitação (IBGE). Algumas dessas construções, como a Igreja Católica de São Miguel e a Sociedade Santa Cecília foram  reestruturadas.  A  Igreja  é  tombada  pelo  patrimônio  histórico  e  é  palco  para  eventos culturais,  como  exposições  de  arte  e  apresentações  artísticas,  conforme  Figura  1.  Já  a Sociedade,  recebeu  outras  funções:  como  restaurante  e  quadra  de  esportes,  além  de  alocar eventos públicos e particulares de diferentes formatos (Secretaria de Educação e Cultura de Dois Irmãos). Estas construções encontram­se nas ruas principais do município, onde também está localizada a  Praça  do  Imigrante,  cartão  postal  da  cidade.  O  local  possui  um  monumento  em  homenagem aos  primeiros  imigrantes  alemães  que  chegaram  no  município  e  povoaram  a  cidade,  palco  de eventos municipais como a Feira do Livro, conforme Figura 2, realizada anualmente. Figura 1 – Exposição de Arte realizada na Antiga Matriz

Foto: Arquivo próprio Figura 2 ­ Apresentação Cultural na Feira do Livro

Fonte: arquivo próprio 4.2Dois Irmãos, com base nos quatro pilares do desenvolvimento4

a)Econômico:  Seu  ambiente  econômico  gira  em  torno  do  setor  calçadista,  cuja representatividade  é  bastante  significativa  devido  ao  número  de  indústrias  do  segmento instauradas  no  município.  Um  grande  grupo  que  engloba  o  setor  moveleiro,  de  comércio  e  de serviços também é responsável por uma parcela importante de emprego e renda na cidade que tem seu PIB per capita em torno de R$ 28.800,00. E, apesar de sua história estar embasada na economia  rural,  hoje  este  segmento  faz  parte  de,  apenas,  2%  de  seu  Produto  Interno  Bruto (IBGE, 2012). Atualmente o município é o 4º produtor no Estado e 5º em exportação calçadista no Brasil (PREFEITURA DE DOIS IRMÃOS). b)Ambiental:  No  que  se  refere  ao  aspecto  ambiental,  o  município  possui  uma  grande  área arborizada,  principalmente,  no  interior  do  município.  Além  disso,  é  um  município  exemplo  no que diz respeito a coleta seletiva do lixo, sendo a usina de reciclagem considerada padrão para outras cidades da região. Não há poluição visual, pois os anúncios em outdoors são restritos. Em contrapartida,  apenas  2%  de  esgoto  da  cidade  é  tratado,  sendo  o  restante  depositado irregularmente  em  rios  e  arroios  da  cidade.  Sobre  o  ambiente  de  Dois  Irmãos,  verifica­se  que não é comum encontrar prédios depredados ou vandalizados, não é uma cidade repleta de altas construções, na área central possui boas ruas e calçadas que facilitam o passeio. O acesso para o município depende de carro próprio, táxi ou de ônibus coletivo – com frequência de hora em hora  –  operado  por  uma  empresa.  No  centro  da  cidade,  o  acesso  é  fácil  e  todas  as  opções culturais  e  os  espaços  de  lazer  encontram­se  próximos  uns  dos  outros.  Outra  característica relacionada  ao  meio  ambiente  refere­se  a  limpeza  e  arborização.  O  município  é  bastante

relacionada  ao  meio  ambiente  refere­se  a  limpeza  e  arborização.  O  município  é  bastante arborizado e limpo. O ambiente como um todo é bastante desfrutado por moradores e turistas que  visitam  o  centro  da  cidade.  Frequentemente  encontram­se  pessoas  nos  espaços  públicos, mesmo que não tenha nenhum evento especial. A ideia de pertencimento ao lugar é percebida e confirmada em uma pesquisa realizada em 2013 por acadêmicos que questionaram cerca de 500 pessoas  sobre  aspectos  da  cidade,  destas  98%  responderam  que  gostam  de  morar  em  Dois Irmãos e que se identificam com a cidade. c)Social: Atualmente,  o  município  possui  cerca  de  mais  de  27.500  habitantes,  distribuídos  em uma área total de pouco mais de 65 km², dos quais mais de 90% é alfabetizado (pouco mais de 25000).  Para  manter  esse  índice,  há,  no  município  13  escolas  de  ensino  fundamental,  23  de ensino pré­escolar e 2 de ensino médio. O índice de desenvolvimento humano do município, está em constante crescimento: de 0,535 em 1991 e 0,676 em 2005 para 0,743 em 2010, maior que o índice nacional (0,718),  mas  abaixo  de  cidades  mais  populosas  do  estado  como  Porto  Alegre (acima de 0,8) e Santa Maria (0,78). Este índice avalia a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico  de  determinada  população.  Há  um  índice  superior  a  29%  no  que  diz  respeito  a incidência  de  pobreza  no  município.  Para  estas  famílias,  o  município  conta  com  o  repasse  de recursos  advindos  de  programas  federais,  como  o  Bolsa  Família  e,  também,  desenvolve, esporadicamente, ações específicas para a arrecadação de doações diversas (IBGE, 2012). d)Cultural: No que se refere à esfera cultural, a cidade possui um museu com objetos antigos de  imigrantes  alemães,  a  antiga  Igreja  Matriz,  que  possui  programação  mensal  de  diferentes atividades  artísticas,  como  exposições,  shows  acústicos,  apresentações  teatrais,  entre  outras  e um  teatro  particular,  que  produz  espetáculos  teatrais,  atividades  musicais,  apresentações circenses. No  que  diz  respeito  a  preservação  histórico­cultural  do  município,  há  locais  onde  é  possível relembrar  antigas  tradições,  como  no  colha  e  pague:  uma  antiga  casa  enxaimel  onde  em  seu entorno é possível colher por si mesmo frutas direto do pé e verduras da terra e pagar por elas, o  mundo  dos  ovos,  onde  também  é  possível  colher  e  comprar  ovos  de  forma  rústica,  uma cervejaria,  local  em  que  se  pode  acompanhar  o  processo  de  fabricação  de  uma  cerveja artesanal,  o  museu  municipal,  instalado  em  uma  casa  enxaimel,  no  qual  é  representada  uma verdadeira  casa  antiga,  por  meio  de  seus  objetos  doados  por  descendentes  de  imigrantes,  a antiga  igreja  matriz,  que  hoje  é  palco  de  diferentes  atividades  culturais,  como  exposições, apresentações acústicas e teatrais. Sobre  as  possibilidades  artístico­culturais,  há  na  cidade  um  Teatro  privado,  o  qual  possui programação  diferenciada  de  espetáculos,  apresentações  circenses,  músicas,  cursos  de  artes cênicas, aulas de danças, workshops e palestras para todas as faixas etárias. Há, também, um pub construído em uma antiga casa enxaimel que possui música ao vivo de diferentes músicos locais. Eventos  municipais  também  fazem  parte  da  movimentação  artística  do  município.  Dentre  eles, destaque para o Kerb de São Miguel, que relembra os costumes e tradições dos antigos festejos em homenagem a chegada dos imigrantes alemães no município, a feira do livro, que acontece anualmente  e  traz  para  a  cidade  diferentes  opções  de  atividades  ligadas  a  literatura,  como espetáculos  educativos,  bate­papo  com  os  autores,  entre  outros.  O  Natal  dos  Anjos,  que comemora  o  período  natalino  com  ações  culturais  integradas  em  diferentes  pontos  da  cidade, como,  por  exemplo,  a  apresentação  de  grupos  municipais  e  escolares  e  a  Feira  do  Produtor, evento  destinado  a  micro  e  pequenas  empresas  de  todos  os  segmentos,  dentre  os  quais, destaque para o agronegócio e artesanato do município que são setores com maior número de expositores. Destaca­se,  entretanto,  que  tais  atividades  acontecem,  essencialmente,  no  centro  da  cidade. Apesar  das  ações  desenvolvidas  essencialmente  nos  bairros  serem  realizadas  em  menor número,  há,  anualmente,  a  apresentação  de  espetáculos  socioambientais  que  acontecem  ao longo  do  mês  de  junho,  conhecido  por  contemplar  a  semana  do  meio  ambiente.  Essas apresentações  acontecem  de  forma  integrada  com  outras  ações  da  Prefeitura  em  todas  as escolas  municipais  de  Dois  Irmãos,  como  a  distribuição  de  folhetos  educativos  e  atividades escolares acerca do tema. Além disso, está em fase de desenvolvimento, um projeto denominado Rota Cultural, que busca integrar os diferentes pontos turísticos de todo o município de Dois Irmãos em um roteiro pela zona rural e urbana do município. O roteiro ainda está em fase experimental, mas se aprovado, ele  será  mais  uma  ação  que  integra  o  poder  público,  a  iniciativa  privada  e  a  sociedade  civil. Pode­se  dizer  que  eventos  como  a  Feira  do  Produtor  e  a  Feira  do  Livro  já  possuem  ações integradoras dos diferentes segmentos. 5 ANÁLISE  DOS  CONCEITOS  DE  CIDADES  CRIATIVAS  COM  A  PRÁTICA  APLICADA EM DOIS IRMÃOS – PERSPECTIVAS E POSSIBILIDADES Conforme  trazido  nas  referências,  a  cidade  criativa  é  uma  construção  possível  a  partir  das manifestações de seus indivíduos em conjunto com os setores públicos e privados. Além disso, é uma  construção  que  otimiza  a  utilização  do  espaço  urbano,  ressignificando  espaços arquitetônicos antigos, evitando sua depredação. Com base em Miranda (2012), a construção de uma  cidade  criativa  se  dá  pelo  conjunto  de  ações  desempenhadas,  não  só  na  área  da  cultura, mas no desenvolvimento urbano em seu aspecto amplo, e com base nos quatro pilares: aspecto econômico, ambiental, social e cultural. Nesse  sentido,  nota­se  que  Dois  Irmãos  ainda  tem  muito  para  evoluir.  Conforme  apontado  no

levantamento  de  dados,  a  cidade  possui  diferentes  ações  isoladas  na  área  cultural,  como  por exemplo: a reutilização da antiga igreja para a alocação de um museu e de atividades artísticas é  um  bom  exemplo;  a  manutenção  da  Praça  do  Imigrante,  local  onde  acontece  uma  série  de atividades  voltadas  para  diferentes  setores;  a  construção  de  uma  nova  praça,  maior  e  melhor estruturada  para  eventos  artísticos  cuja  necessidade  técnica  é  superior;  a  existência  de  um teatro  privado,  com  programação  diferenciada  para  atender  públicos  distintos;  a  utilização  do palco  móvel,  na  rua  central  do  município,  para  a  realização  de  apresentações  artísticas;  a manutenção  de  sociedades  e  do  museu,  com  programação  ativa  e  sempre  aberto  ao  público. Têm­se essas ações como isoladas, pois de fato elas acontecem independentemente. Apesar de haver  um  calendário  municipal  com  os  eventos  culturais  do  município,  ele  não  engloba atividades  privadas,  ainda  que  este  público  possua  um  calendário  de  eventos  e  ações  pré­ definido. Outras ações bastante restritivas em aspectos econômicos, uma vez que a economia da cidade está  embasada  no  setor  calçadista,  e  suas  atividades  meio  e  atividades  fins  estão  bastante ligadas com este segmento. Apesar de ser um setor incluído na indústria criativa, não há como medir  a  forma  como  isto  impacta  no  desenvolvimento  criativo  da  cidade.  O  setor  tem  como destino da maior parcela de seus produtos o exterior, o que pode fazer com que o sentimento de pertencimento  seja  menor,  uma  vez  que  se  trabalha  para  destinar  os  produtos  para  outros locais, que não onde este produto é produzido. Alguns  aspectos  positivos  no  âmbito  ambiental  referem­se  ao  ambiente  arborizado,  limpo  e  há uma facilidade de mobilidade no centro da cidade. Entretanto, há restrição desta mobilidade no que se refere aos bairros, promovendo uma desconexão entre os locais culturais e quem mora mais  distante  do  centro.  Ainda  assim,  a  ideia  de  pertencimento  está  presente,  o  que  pode  ser um  ponto  forte  no  sentido  de  um  possível  engajamento  para  a  promoção  de  mudanças  e  da participação em ações diferentes. Isso se relaciona com o aspecto social que traz o alto índice de alfabetização, sugerindo que há uma multiplicidade de talentos – e talentos futuros­ que podem somar na construção de uma cidade mais criativa. Retomando  os  três  estágios  de  Reis  (2012),  nota­se  que  Dois  Irmãos  ainda  encontra­se  nos estágios  iniciais,  basicamente  entre  a  primeira  e  a  segunda  fase.  Acredita­se  que  há  um reconhecimento da necessidade de criar ações complementares em busca de uma cidade melhor e mais criativa, para atrair turistas e reter talentos locais. Isso pode ser observado, por meio de ações  já  realizadas  por  alguns  segmentos  do  setor  público  e  privado.  Conforme  citado anteriormente,  a  Prefeitura  possui  um  conjunto  de  ações,  ainda  que  tímidas,  relacionado  ao campo econômico, com fomento a empresas direcionadas para a área criativa e com a abertura para  parcerias;  relacionadas  ao  campo  ambiental,  com  a  preservação  dos  espaços  públicos, criação  e  manutenção  de  praças;  no  campo  social,  com  a  garantia  de  educação  para  a  maior parte  das  crianças  e  dos  adolescentes  e  no  campo  cultural,  com  a  realização  de  atividades  de diferentes  tipos  em  espaços  distintos.  Além  disso,  algumas  empresas  privadas  também desenvolvem atividades culturais, ainda que a participação destas empresas em outros campos seja indireta. No que se refere à sociedade civil, há uma participação nas atividades propostas, entretanto,  ainda  é  tímida  a  iniciativa  desta  parcela  social  no  que  se  refere  a  sugestões  de mudanças e ações efetivas para essas mudanças. Essas  ações  isoladas  têm,  portanto,  uma  relação  com  primeiro  estágio  de  transformação apontado por Reis (2012) que define a criatividade como um elemento esparso, manifestado de forma orgânica, a partir de iniciativas isoladas, colocadas em prática pelo setor público, privado ou  pela  sociedade  civil,  sem  nenhuma  conexão  direta  entre  si.  Esse  estágio  é  bastante perceptível em um município onde a Prefeitura já possui um calendário de ações formalizado e reconhecido  pela  sociedade  nos  setores  culturais  e  educacionais,  mas  que  por  sua  vez,  ficam restritos  ao  centro  da  cidade  e,  portanto,  aos  moradores  da  área  central,  já  que  a  mobilidade urbana com relação às demais áreas possui deficiência. Entretanto, algumas ações já sinalizam uma quebra nessa barreira de isolamento, e podem ser consideradas  integradoras.  Um  exemplo  é  a  Rota  Colonial  que  está  em  fase  final  de planejamento.  Esta  ação  é  uma  parceria  entre  a  Prefeitura,  setor  privado  e  entidades  que buscam  não  só  aumentar  o  fluxo  turístico  da  cidade,  como  também,  chamar  a  atenção  dos moradores  locais  para  as  belezas  que  estão  carregadas  com  a  história  do  município.  A  rota possui  um  roteiro  que  passa  por  principais  pontos  turísticos  e  históricos  que  retratam  o  lado colonial,  ainda  preservado  da  região.  O  fato  de  a  ação  ser  integrada  entre  os  diferentes segmentos sinaliza um passo para chegar ao segundo estágio de uma cidade criativa conforme estudos de Reis (2012). Acredita­se que, pela cidade ainda estar em um estágio inicial de transformação, ainda não foi feito um levantamento formal que identifique o setor criativo, apesar de haver o reconhecimento de  algumas  entidades  culturais,  como  a  Companhia  Teatral  Curto  Arte,  o  Coral  Cantares,  o grupo de dança Baumscnheis e o Centro de Tradições Gaúchas Portal da Serra, além de outros grupos  independentes  de  Rock  e  Sertanejo  com  atividades  menos  intensas  do  que  os  citados primeiro.  Essas  entidades  possuem  programações  paralelas  e,  também,  participam  de  eventos maiores do município, como é o caso do Kerb. Por  não  ter  um  levantamento  formal,  é  difícil  medir  a  forma  como  as  medidas  propostas  por Flórida (2011) que referem­se a talento, tolerância e tecnologia impactam no município. Pode­se presumir  que,  pelo  alto  índice  de  alfabetização,  um  bom  número  de  pessoas  busque  um  curso técnico ou superior para adquirir conhecimento (aplicando­se em talento e em tecnologia), que, pelo fato da cidade ter uma história fortemente relacionada a imigração alemã e hoje já contar com diversas etnias e gêneros, além de contar com opções de pubs o que agrega à tolerância.

com diversas etnias e gêneros, além de contar com opções de pubs o que agrega à tolerância. Essas informações, entretanto, são apenas presunções ao observar o que a cidade era há alguns anos atrás, principalmente, por sua cultura e como ela está hoje. Ainda assim são informações rasas,  pois  nunca  houve  um  levantamento  formal  do  impacto  de  uma  cultura  de  criatividade para a cidade. No que se refere a tolerância, nota­se que houve uma miscigenação significativa nos últimos 30 anos o que, apesar de não estar documentado, pode ser percebido ao andar pela cidade e comparar as diferentes raças, culturas e gêneros, uma vez que, por meio de relatos das pessoas  e  em  livros,  recentemente  a  cidade  era  ainda  de  origem,  majoritariamente,  alemã tendo, inclusive, a fama de não aceitar muito bem outras raças. Nota­se que isso mudou com o passar  do  tempo  e  foi  diminuído,  significativamente,  o  preconceito  entre  as  pessoas  da  cidade com as diferenças de outras cidades e, no próprio local. Além disso, um ponto bastante positivo e que pode ser um fator­chave para um impulso no que diz respeito a Dois Irmãos como uma cidade criativa é o sentimento de pertencimento que existe na  maior  parte  dos  moradores,  tanto  os  que  nasceram  no  município,  quanto  aqueles  que  se mudaram para a cidade. Esse sentimento de pertencimento, além de ser percebido na pesquisa citada  anteriormente,  também  pode  ser  visto  por  meio  do  engajamento  que  existe  do  público com  questões  relativas  ao  seu  bairro  e  a  sua  cidade.  Não  é  raro  ver  a  praça  ou  o  palco  móvel cercado de moradores quando há eventos gratuitos, assim como é comum, também, o sucesso de público nas feiras do livro e no Natal dos Anjos, eventos tradicionais que há anos fazem parte do  calendário  anual  de  eventos  da  prefeitura.  Também  há  a  mobilização  quando  o  assunto  é relativo a melhorias, nas ruas, na segurança, no reflorestamento. Esses podem ser os pontos­chaves facilitadores desse processo de transformação na cidade. Pois uma vez que já existe um engajamento e o reconhecimento das pessoas pelo lugar, é mais fácil mobilizar as pessoas em prol de uma causa a favor da cidade. Conforme citado anteriormente, com base em Reis (2012), Rotem (2011) o sentimento de fazer parte e de se sentir bem é um dos principais objetivos e resultados alcançados por uma cidade criativa. Então, quando há esse sentimento, ainda que a cidade não possa ser considerada, de fato, uma cidade criativa, é mais fácil obter uma conexão entre os setores da iniciativa pública, empresa privada e sociedade civil, tão  importante  para  o  processo  transformacional  de  uma  cidade  para  uma  cidade  criativa, conforme aponta REIS, 2012. Nota­se, portanto, que há muito trabalho a fazer e são necessárias melhorias em diversas áreas, além  da  retomada  de  uma  cultura  para  a  criatividade,  que  se  tinha  há  anos  atrás  e  que  foi desestimulada com o tempo. É necessária, também, a mentalidade de união de forças em prol de uma mesma causa para que as ações sejam interligadas e não apenas isoladas como se tem visto. E, talvez, esse seja o momento mais propício para essa transformação ser levada adiante, uma vez que as pessoas ainda acreditam e se orgulham da cidade. Ao perceber o potencial que existe  quando  se  acredita  em  uma  causa,  e,  embasado  em  um  planejamento  em  longo  prazo, como mostra Reis (2012), Rotem (2011), Vivant (2012), com ações interconectadas e contínuas em termos de mobilidade urbana, educação e, principalmente cultura, seria possível avançar do nível intermediário entre o primeiro e segundo estágio de transformação, para a construção de uma cidade criativa de fato. 6

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As  cidades  que  se  destacam,  que  atraem  e  retém  talentos,  que  buscam  a  inovação,  onde  há uma  interconexão  entre  os  setores  público,  privado  e  sociedade  civil  e  o  engajamento  da população  dentro  daquele  espaço  urbano,  estão  mais  próximas  de  se  tornarem  uma  cidade criativa,  conforme  foi  discutido  no  embasamento  teórico  deste  estudo.  Com  base  em  Reis (2012),  Rotem  (2011),  Landry  (2010),  Vivant  (2012),  esse  não  é  um  processo  que  ocorre sorrateiramente,  pelo  contrário,  é  uma  transformação  lenta  que  compreende  estágios  de evolução,  bem  como  as  características  relacionadas  a  uma  cidade  criativa  de  fato,  juntamente com a aplicação em um estudo de caso real, que possui indícios razoáveis que demonstram um processo  de  transformação  foram  a  base  para  responder  ao  questionamento  norteador  que referia­se a relação entre os conceitos que perpassam as cidades criativas, no que diz respeito ao  processo  de  transformação  de  uma  cidade  em  criativa  e  a  prática,  por  meio  do  estudo  das ações  e  oportunidades  já  criadas  e  em  desenvolvimento  em  Dois  Irmãos,  uma  pequena  cidade do  interior  do  Rio  Grande  do  Sul.  Foi  base,  também,  para  a  concretização  do  objetivo  de compreender essa relação entre teoria e prática na construção das ações para uma cidade mais criativa. No que se refere ao retorno das hipóteses, pode­se notar que elas foram confirmadas na medida em que notou­se, por meio dos exemplos trazidos na análise, que de fato, a cidade está em um estágio  inicial  de  transformação.  Foi  concluído,  que  a  cidade  se  encontra  entre  o  primeiro  e  o segundo  estágio,  sendo  que  o  primeiro  não  foi  totalmente  alcançado  e  a  sua  relação  com  o segundo  ainda  é  superficial,  ainda  que  as  medidas  estejam,  cada  vez  mais,  interligadas  e avançando para esse estágio. Também foi confirmada a hipótese que se referia aos movimentos de parcerias público­privadas. Notou­se que há, sim, um esforço nesse sentido, mas ainda restrito a determinadas empresas e a ações bastante específicas, como trazido na análise desta pesquisa. Um  fator­chave  que  não  foi  trazido  na  introdução  deste  estudo  e  que  se  mostrou  bastante positivo  para  sustentar  os  avanços  da  cidade  em  seu  processo  de  transformação,  foi  o sentimento  de  pertencimento  dos  moradores.  Relacionando  com  os  estudos  apresentados  ao longo  desta  pesquisa,  este  pode  ser  um  facilitador  para  o  engajamento  dos  setores  público, privado e sociedade civil e, também, dos moradores a uma proposta de ações de longo prazo em

busca  de  uma  cultura  da  criatividade.  Essa  cultura  da  criatividade,  por  sua  vez,  mostrou­se  o passo mais importante a ser desenvolvido, visto que já era estimulada antigamente, mas deixou de  ter  estímulos  ao  longo  do  tempo.  Por  fim,  concluiu­se  que  há  um  longo  caminho  para  Dois Irmãos  se  tornar,  de  fato,  uma  cidade  criativa,  mas  há  inúmeros  fatores  e  opções  a  favor  do município e que mostram que o desenvolvimento pode começar logo. Com isso, esse estudo contribuiu para um maior entendimento do que é uma cidade criativa, dos fatores que norteiam este conceito e, principalmente, a pesquisa mostrou uma aplicação prática em um município pequeno que tem iniciativas que mostram um processo de transformação. Isso dá maior proximidade a outras cidades com o mesmo perfil, uma vez que se pode ter a ideia de que  conceitos  como  este  só  são  aplicados  a  cidades  famosas  e  já  consolidadas.  Essa aproximação se faz necessária, uma vez que ela pode incentivar na busca de um mapeamento mais  completo  sobre  a  classe  criativa  e  os  potenciais  e  fraquezas  do  município  nesse  sentido. Essa falta de dados específicos foi percebida como a maior dificuldade do estudo. Como estudos futuros,  sugere­se  a  aplicação  das  ideias  trazidas  nesta  pesquisa  e  o  acompanhamento  das ações que a cidade vem fazendo, bem como uma busca maior pelo resultado dessas ações como impactantes em um processo de uma cultura para criatividade. REFERÊNCIAS: ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de. Criatividade. Brasília: Universidade de Brasília, 1995. CAVALCANTI,  Marcos.  Gestão  de  Empresas  na  sociedade  do  conhecimento:  um  roteiro para a ação. Rio de Janeiro, RJ: Campus, 2001. DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação.  São Paulo, SP: Atlas 2008 FLORIDA,  Richard.  A  Ascensão  da  Classe  Criativa  e  seu  papel  na  transformação  do trabalho, do lazer, da comunidade e do cotidiano. Porto Alegre, RS: L&PM, 2011. INSTITUTO  BRASILERO  DE  GEOGRAFIA  E  ESTATÍSTICA  –  IBGE.  2012.  Dois  Irmãos  perfil. Disponível  em:  http://ibge.gov.br/cidadesat/xtras/perfil.php? lang=&codmun=430640&search=rio­grande­do­sul|dois­irm%E3os.  Acesso  em  20  de  junho  de 2015. IBGE.  ANO  Histórico  Dois  Irmãos.  Disponível  em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/riograndedosul/doisirmaos.pdf.  Acesso  em  20  de junho de 2015. KAGEYAMA, Peter. Cidade Criativa. In REIS, A. C. Fonseca; KAGEYAMA, Peter (orgs). Cidades Criativas: Perspectivas. São Paulo, SP: Garimpo de Soluções, 2011. LANDRY, Charles. Origens e futuros da cidade criativa. São Paulo, SP: SESl/SP, 2013. __________.  Prefácio  Cidade  Criativa:  a  história  de  um  conceito.  In  REIS,  A.  C.  Fonseca; KAGEYAMA, Peter (orgs). Cidades Criativas: Perspectivas. São Paulo, SP: Garimpo de Soluções, 2011. LANDRY, Charles; BIANCHINI, Franco. The Creative City. Demos, 1995. LERNER, Jaime. Qualquer Cidade pode ser criativa. In REIS, Ana Carla Fonseca; KAGEYAMA, Peter (orgs). Cidades Criativas: Perspectivas. São Paulo, SP: Garimpo de Soluções, 2011. MIRANDA, Regina. [Rio] Cidade Criativa: Cultura como Quarto Pilar do Desenvolvimento. 2012.  Disponível  em: http://cidadecriativa.org/download/Rio_Cidade_Criativa_Cultura_como_Quarto_Pilar_do_Desenvolvimento.pdf. Acesso 10 de maio de 2015. PREFEITURA  MUNICIPAL  DE  DOIS  IRMÃOS.  http://www.doisirmaos.rs.gov.br/. Acesso em dia/mês/ano.

S/D. 

Disponível 

em:

PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do Trabalho Científico: métodos  e  técnicas  da  pesquisa  do  trabalho  científico  acadêmico.  Novo  Hamburgo: Feevale, 2009 REIS,  Ana  Carla  Fonseca.  Economia  Criativa  como  estratégia  de  desenvolvimento:  uma visão  dos  países  em  desenvolvimento.  São  Paulo:  Itaú  Cultural:  Garimpo  de  Soluções,  2008. Disponível  em:  . Acesso em: 25/05/2015. _______. Cidades Criativas: da teoria à prática. São Paulo, SP: SESI/SP, 2012. REIS, Ana Carla Fonseca; KAGEYAMA, Peter (orgs). Cidades Criativas: Perspectivas. São Paulo, SP: Garimpo de Soluções, 2011. ROTEM,  Einat  Kalish.  O  espaço  público  na  cidade  criativa.  In  REIS,  Ana  Carla  Fonseca; KAGEYAMA, Peter (orgs). Cidades Criativas: Perspectivas. São Paulo, SP: Garimpo de Soluções, 2011. VIVANT, Elza. O que é uma cidade criativa? São Paulo, SP: SENAC, 2012. YIN, Robert K. Estudo de Caso: Planejamento e métodos. Porto Alegre, RS: Bookman, 2001. 1

  Mestranda  em  Indústria  Criativa,  na  Universidade  Feevale,  Novo  Hamburgo.  Graduação  em  Relações  Públicas,  na Universidade Feevale. E­mail: [email protected] 2   Doutora  em  Comunicação  Social  PUC/RS.  Professora  Titular  e  Pesquisadora  na  Universidade  Feevale,  Novo  Hamburgo. Docente no Curso de Turismo e no Mestrado em Indústria Criativa. E­mail: [email protected] 3   Doutor  em  Comunicação  Social  UNISINOS,  São  Leopoldo.  Professor  Titular  e  Pesquisador  na  Universidade  Feevale,  Novo Hamburgo.  Docente  nos  Cursos  de  Comunicação  Social,  Jogos  Digitais  e  no  Mestrado  em  Indústria  Criativa.  E­mail: [email protected]

 Utilizam­se os quatro pilares do desenvolvimento propostos por Miranda (2012) para conceituar a realidade do município hoje, pois  dessa  forma  é  possível  contemplar  diferentes  perspectivas  do  município  que  se  relacionam  direta  ou  indiretamente  com  as correntes teóricas relativas às cidades criativas, tema central desta pesquisa. Apesar de utilizar os 4 pilares, há um foco maior no aspecto cultural. 4

Camila Borniger en Globalización Septiembre 2015 ­ Teorias e práticas na construção de uma cidade criativa: Perspectivas e possibilidades para o municí 

Mary Sandra Guerra Ashton en Globalización Septiembre 2015 ­ Teorias e práticas na construção de uma cidade criativa: Perspectivas e possibilidades para o municí 

Marsal Avila Alves Branco en Globalización Septiembre 2015 ­ Teorias e práticas na construção de uma cidade criativa: Perspectivas e possibilidades para o municí 

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