THE FAB FOUR, PSYCHEDELIC E LET IT BE: Pôsteres tipográficos das fases musicais dos Beatles

May 28, 2017 | Autor: P. Cloque Fagundes | Categoria: Semiotics, Poster Design, Lettering, Typography, The Beatles, Semiotica
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PRISCILA CLOQUE FAGUNDES

THE FAB FOUR, PSYCHEDELIC E LET IT BE: Pôsteres tipográficos das fases musicais dos Beatles.

PORTO ALEGRE 2015

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PRISCILA CLOQUE FAGUNDES

THE FAB FOUR, PSYCHEDELIC E LET IT BE: Pôsteres tipográficos das fases musicais dos Beatles. Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Design do Centro Universitário Ritter dos Reis, como requisito parcial do título de Bacharel em Design Gráfico.

Orientador: Prof. Me. Sandro Fetter Qualificador: Prof. Me. Diniz Alvaro Machado

PORTO ALEGRE 2015

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RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo final a criação de uma coleção de pôsteres abordando cada uma das três fases musicais da carreira da banda The Beatles. Graficamente, é proposto buscar na expressão tipográfica o principal elemento visual na composição dos pôsteres, tendo como propósito principal evidenciar o potencial semântico da tipografia e seu valor de imagem. Afim de obter o melhor resultado com o menor esforço possível, o projeto proposto se mune da metodologia de Munari (2008). Palavras-chave: Tipografia. Pôster. The Beatles. Lettering.

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LISTA DE FIGURAS Figura 1: Etapas da Metodologia de Bruno Munari (2008). ....................................... 11 Figura 2: Problema/Solução, da Metodologia de Bruno Munari. ............................... 12 Figura 3: Metodologia de Munari (2008) adaptada pela autora. ................................ 14 Figura 4: Cronologia das fases da carreira dos Beatles. ........................................... 19 Figura 5: Anúncio considerado "divertido" por Saltz. ................................................. 21 Figura 6: Resultado da pesquisa online #01 de Sarah Hyndman.............................. 22 Figura 7: Resultado da pesquisa online #02 de Sarah Hyndman............................. 22 Figura 8: Pôsteres analisados. .................................................................................. 24 Figura 9: Análise do pôster A. ................................................................................... 25 Figura 10: Análise do pôster B. ................................................................................. 26 Figura 11: Análise do pôster C. ................................................................................. 27 Figura 12: Análise do pôster D. ................................................................................. 28 Figura 13: Análise do pôster E. ................................................................................. 29 Figura 14: Análise do pôster F. ................................................................................. 30 Figura 15: Teste tipográfico, The Fab Four. .............................................................. 31 Figura 16: Selos para a fase The Fab Four. .............................................................. 32 Figura 17: Teste tipográfico, fase psicodélica. .......................................................... 32 Figura 18: Selos para a fase psicodélica. .................................................................. 33 Figura 19: Teste tipográfico, Let it Be........................................................................ 33 Figura 20: Lettering para a fase Let it Be. ................................................................. 34 Figura 21: Pesquisa realizada pela autora. ............................................................... 35 Figura 22: Pesquisa - Resultados da pergunta #01. ................................................. 36 Figura 23: Pesquisa - Resultados da pergunta #02. ................................................. 36 Figura 24: Painel semântico da fase The Fab Four................................................... 38 Figura 25: Lettering para 'All My Loving", feito a mão. .............................................. 39 Figura 26: Lettering feito a mão................................................................................. 39 Figura 27: Primeira opção dos pôsteres da fase The Fab Four. ............................... 40 Figura 28: Versões definitivas dos pôsteres da fase The Fab Four. ......................... 41 Figura 29: Painel semântico da fase Psychedelic. .................................................... 42 Figura 30: Primeiros estudos para os pôsteres da fase psicodélica. ......................... 43 Figura 31: Estudos para os pôsteres da fase psicodélica. ........................................ 44 Figura 32: Estudos para o segundo pôster da fase psicodélica.. .............................. 45

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Figura 33: Estudos para o segundo pôster da fase psicodélica. ............................... 45 Figura 34: Versões definitivas dos pôsteres da fase Psychedelic. ............................ 46 Figura 35: Versão final dos pôsteres da fase Let it Be. ............................................. 47 Figura 36: Postal da música "All my Loving". ............................................................ 48 Figura 37: Postal da música "P.S. I Love You". ......................................................... 48 Figura 38: Postal da música "I am the Walrus". ........................................................ 49 Figura 39: Postal da música "A Day in the Life". ....................................................... 49 Figura 40: Postal da música "Here Comes the Sun". ................................................ 50 Figura 41: Postal da música "Let it Be". .................................................................... 50

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 6 2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 8 3 OBJETIVOS.......................................................................................................... 10 3.1. OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 10 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 10 4 METODOLOGIA ................................................................................................... 11 5 DESENVOLVIMENTO PROJETUAL ................................................................... 15 5.1 PROBLEMA ........................................................................................................ 15 5.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA.............................................................................. 15 5.3 COMPONENTES DO PROBLEMA ..................................................................... 16 5.3.1 O PÔSTER ...................................................................................................... 13 5.3.2 AS FASES MUSICAS DA CARREIRA DOS BEATLES .................................. 13 5.3.3 O POTENCIAL SEMÂNTICO DA TIPOGRAFIA ............................................. 18 5.4 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS .................................................................... 23 5.5 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS ......................................................................... 31 5.6 VERIFICAÇÃO ................................................................................................... 35 5.7 MODELO E DESENHO DE CONSTUÇÃO ......................................................... 37 5.8 SOLUÇÃO .......................................................................................................... 51 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 53 APÊNDICE ............................................................................................................... 54

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como tema a criação de uma coleção de pôsteres e postais abordando as fases musicais da carreira dos Beatles. Nestes pôsteres, serão trazidos os principais aspectos culturais da época, através do uso de tipografia, caligrafia e lettering, assim como ilustrações e imagens de apoio, se necessário. Eis que chegamos a pergunta problema central: Como projetar uma coleção de pôsteres e postais retratando as fases musicais da carreira dos Beatles? Estamos cercados por informação visual. Em um curto período de tempo somos exposto pelas mais diversas formas de comunicação. Para que a mensagem seja absorvida de forma eficaz, é necessário criar peças que chamem a atenção e comuniquem facilmente sua mensagem. Somente assim, absorveremos o que realmente nos interessa. Questionamos aqui, também, o uso da tipografia com valor de imagem, investigando seu potencial semântico; e nos perguntamos: é possível a composição tipográfica, por si só, comunicar e gerar uma interpretação semântica sólida? Deste modo, temos como objetivo geral projetar uma coleção de pôsteres retratando as fases musicais dos Beatles, explorando a força visual das letras apoiada na expressão da tipografia, da caligrafia e do lettering, utilizando pequenas ilustrações e imagens como elementos secundários e de apoio. A partir do problema estabelecido, dividimos o trabalho em etapas distintas com os seguintes objetivos específicos: identificar as fases musicais da carreira dos Beatles e determinar os elementos chave de cada uma delas; investigar o potencial semântico de determinados estilos tipográficos e sua relação com a música; analisar pôsteres sobre música e suas abordagens gráficas; e, por fim, projetar uma coleção de pôsteres e postais, através do uso de tipografia, caligrafia e lettering, que retrate as fases musicais da carreira dos Beatles. O projeto será desenvolvido com base na metodologia projetual de Bruno Munari. Na primeira etapa do desenvolvimento projetual abordamos o problema, sua definição e seus sub componentes. Em seguida, trabalhamos isoladamente em cada um destes pequenos problemas, a fim de facilitar o entendimento e posterior solução dos mesmos. Em um terceiro momento, coletamos dados e analisamos peças

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similares, buscando boas referências gráficas e compreensão da linguagem visual mais adequada. No capítulo seguinte iniciamos as gerações de alternativas. Além disso, após levantamento de dados necessários, aplicamos uma pesquisa exploratória com designers e não designers afim de validar o potencial semântico da tipografia – afinal, ela está presente no nosso cotidiano tanto quanto os sons e as imagens – em relação a cada uma das fases musicais dos Beatles abordadas aqui. Finalmente, iniciamos a fase final do projeto, a de layout dos pôsteres, buscando coerência entre os resultados obtidos na pesquisa e os objetivos propostos.

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2 JUSTIFICATIVA Quem viveu os anos 1960 retrata com orgulho a história de uma geração apaixonada por quatro jovens garotos de Liverpool: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. Atemporais, divisores de águas na história da música, a banda com o maior número de hits lançados e os mais bem-sucedidos músicos já conhecidos, os Beatles conquistaram fãs no mundo inteiro. No final dos anos 1950, as paradas musicais eram dominadas por artistas como Chuck Berry, Elvis Presley e Jerry Lee Lewis. Influenciados por estes e tantos outros artistas, os Beatles surgiram no início dos anos 1960, com um novo jeito de fazer música. Foi a primeira banda a não ter um único vocalista e, enquanto outros artistas britânicos faziam apenas regravações de bandas norte-americanas, eles escreviam e compunham suas próprias canções. Sua importância é indiscutível, os Beatles criaram uma linguagem musical única. Qual outra banda gerou um fenômeno comportamental tão explosivo como foi a Beatlemania? Hoje, quatro décadas após seu fim, os garotos de Liverpool continuam influenciando músicos, artistas e – como não dizer – o estilo de vida de toda uma geração. “Só a partir do surgimento do rock and roll é que efetivamente notaremos a caracterização de uma cultura jovem.” (BRANDÃO; DUARTE, 1990, p. 20)

Diretamente ligado à música, está o pôster – importante peça na divulgação do entretenimento popular. Quando fala do design gráfico e de suas diversas formas de aplicação, Newark (2009, p.12) cita o designer e historiador Richard Hollis quando ressalta que os pôsteres são peças de apresentação e promoção que buscam chamar a atenção de todos e tornar sua mensagem fácil de lembrar. Para Grushkin (apud HOFFMANN, 2013) os pôsteres já cumpriam o papel de peças de comunicação na década de 1930, porém, começaram a ganhar espaço nos muros e, posteriormente, nas galerias de arte entre o fim dos anos 1950 e início dos 1960 quando o rock and roll tornou-se um estilo musical popular. Ainda, para o autor, os pôsteres são uma grande expressão da arte moderna, pois inspiram amor

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e paixão, além disso são acessíveis ao grande público e influenciam outros campos relacionados às artes gráficas como, por exemplo, a publicidade. Segundo Straub e Gruner (apud HOFFMANN, 2013) as capas de discos e os pôsteres tornaram-se uma espécie de linguagem universal tentando expressar o sentimento de uma geração.

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3 OBJETIVOS

Aqui estão descritos o objetivo geral e os objetivos específicos necessários para o desenvolvimento do projeto proposto. O objetivo geral determina uma solução satisfatória ao problema de projeto, já os objetivos específicos delimitam os meios usados para o que objetivo principal seja alcançado.

3.1. OBJETIVO GERAL Projetar uma coleção de pôsteres e postais retratando as fases musicais dos Beatles, através da expressão da tipografia, da caligrafia e do lettering, utilizando, quando necessário, pequenas ilustrações e imagens como elementos secundários de apoio.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) identificar as fases musicais da carreira dos Beatles e determinar os elementos chave (signos) de cada um deles; b) investigar, através de pesquisa, o potencial semântico de determinados estilos tipográficos e sua relação com a música; c) analisar pôsteres sobre música e suas abordagens gráficas; d) projetar uma coleção de pôsteres e postais, através da expressão da tipografia e do lettering – e, quando necessário, pequenas ilustrações e imagens de apoio – que tratam as fases musicais da carreira dos Beatles.

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4 METODOLOGIA

Antes de escolhermos o método projetual mais adequado para o projeto em questão é importante entendermos a definição do conceito de metodologia. Segundo Bomfim (1995), metodologia é a ciência que se ocupa do estudo de métodos, técnicas ou ferramentas e de suas aplicações na definição, organização e solução de problemas teóricos e práticos. Já para Munari (2008), o método de projeto não é mais do que uma série de operações necessárias, dispostas em ordem lógica, ditada pela experiência. Seu objetivo é atingir o melhor resultado com o menor esforço possível. O método de projeto, para o designer, não é absoluto nem definitivo; pode ser modificado caso ele encontre outros valores objetivos que melhorem o processo. E isso tem a ver com a criatividade do projetista, que, ao aplicar o método, pode descobrir algo que o melhore. Portanto, as regras do método não bloqueiam a personalidade do projetista; o contrário, estimulam-no a descobrir coisas que, eventualmente, poderão ser úteis também aos outros. (MUNARI, Bruno, 2008, p.11)

No projeto aqui proposto será utilizada a metodologia projetual de Bruno Munari, descrita em seu livro Das coisas nascem coisas, através de uma analogia onde compara o processo de design à preparação de um prato culinário de arroz verde, e afirma que projetar é fácil quando se sabe o que fazer. Figura 1: Etapas da Metodologia de Bruno Munari (2008).

Fonte: Adaptado pela autora.

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Para Munari (2008, p. 32) a primeira coisa a fazer é definir o problema como um todo. Ele aconselha ao designer vencer a impulsividade de ir à procura de uma solução imediata, afim de olhar com calma para o problema, pois nele se encontram todos os elementos para a sua solução. Após entender o problema é necessário definir o tipo de solução que se quer atingir: provisória ou definitiva; puramente comercial ou uma solução que dure no tempo; uma solução simples e econômica ou tecnicamente sofisticada. “Um problema pode ter várias soluções e é preciso, nesse caso, decidir por qual optarmos”, (MUNARI, 2008, p.34), conclui o autor. Figura 2: Problema/Solução, da Metodologia de Bruno Munari.

Fonte: MUNARI, Bruno, 2008.

Ainda sobre a identificação do problema, Munari cita a importância de dividir o problema em seus componentes, o decompondo em partes cada vez mais simples, assim pondo em evidência os pequenos problemas ocultos nos subproblemas. Ou seja: Uma vez resolvidos os pequenos problemas, um de cada vez – e aqui entra em ação a criatividade e põe-se de lado a ideia de encontrar uma ideia –, recompõem-se de maneira coerente, de acordo com todas as características funcionais de cada parte e funcionais entre si, de acordo com as características materiais, psicológicas, ergonômicas, estruturais, econômicas e, por último, formais. (MUNARI, Bruno, 2008, p. 36)

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Munari cita Archer (1967) ao dizer que “um único problema de design é um conjunto de muitos subproblemas”. Logo, uma das tarefas mais difíceis para o designer será a conciliação de várias soluções na busca de uma solução global para o projeto. É neste ponto que a criatividade se torna a ferramenta essencial para a coordenação de soluções dos subproblemas. O próximo passo é a coleta de dados, ou seja, a busca de referências e soluções propostas anteriormente por quem já passou por situação semelhante. Esta etapa visa nortear o melhor caminho ao designer – baseado nas soluções eficazes já propostas – e na diferenciação e inovação de seu projeto – através de soluções técnicas, materiais, etc., ainda não vislumbradas anteriormente. É neste momento que entendemos a importância da primeira regra sugerida pelo autor: não cair nas graças do método “artístico-romântico” de arranjar soluções. Fica claro que, para Munari (2008, p.44), “todo o material recolhido não seria levado em consideração por alguém que quisesse aplicar de imediato a ideia que tudo se resolve. A procura por uma ideia desse tipo é deixada de lado em benefício de um modo mais criativo de proceder”. Por tanto a criatividade ocupa o lugar da ideia dentro da metodologia projetual proposta. Na sequência, o designer deve coletar dados referentes aos materiais e às tecnologias disponíveis e viáveis para a realização do projeto para, em seguida, partir para a experimentação dos mesmos. Nesta fase é importante testar, adaptar, ousar e se distanciar do dito “mais do mesmo”. Desta forma será possível descobrir novas formas de uso para um material ou tecnologia antes usados para uma única finalidade. Inovação! Observar, analisar e experimentar. Até aqui nenhuma solução foi definida, nada foi projetado. O objetivo disto é reduzir as chances de erros na forma final do projeto. “Podemos agora começar a estabelecer relações entre os dados recolhidos, tentar agrupar os subproblemas e elaborar alguns esboços para a construção dos modelos parciais”, assegura Munari (2008, p. 50). A partir dos modelos obtidos será possível, talvez, alcançar a solução do problema. É necessário submeter tais modelos a uma serie de teste para sua validação, aos quais Munari (2008) chama de verificação. É interessante, nesta etapa, testar tais modelos com usuários reais deixando de lado as opiniões

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subjetivas e de cunho pessoal, mas levando em consideração observações objetivas que possam apontar falhas ou necessidade de mudanças no projeto. Chegamos a etapa final da metodologia de Munari que é, nada mais que, o desenho de construção. Ela serve para comunicar todas as informações úteis à confecção de um protótipo. Finalmente a solução do problema começa a surgir. Por fim, é assaz necessário comunicar, através desses desenhos, todos os detalhes do projeto com grande precisão. Qualquer pequena falha de comunicação poderá fazer com que se perca uma inovadora solução. O autor deixa claro que sua metodologia não é completa nem definitiva; no decorrer do processo poderão e, provavelmente, ocorrerão inúmeras idas e vindas. Porém, Munari (2008, p.54) salienta que, embora seja um esquema elástico, é melhor realizar as operações citadas na ordem indicada. Visando sintetizar o processo, as etapas de coleta e análise de dados serão unificadas. Já etapas intituladas "criatividade" e "materiais e tecnologias" não serão utilizadas aqui; entretanto, será inserida a fase de "geração de alternativas" seguida das fases de "verificação", "modelo e desenho de construção" – antes etapas distintas, agora unificadas – e "solução." Figura 3: Metodologia de Munari (2008) adaptada pela autora.

Fonte: Adaptado pela autora.

Entendemos, assim, que a metodologia de Munari tem como objetivo organizar o pensamento e obter o melhor resultado com o mínimo de esforço e, por tanto, pode ser aplicada a qualquer tipo de projeto de comunicação visual.

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5 DESENVOLVIMENTO PROJETUAL

Este capítulo aborda o método projetual do trabalho proposto, desenvolvido a partir da metodologia de Bruno Munari (2008), que tem como objetivo obter o melhor resultado com o mínimo de esforço.

5.1 PROBLEMA Munari (2008) determina que, antes de mais nada, o designer defina seu problema como um todo e aconselha vencer a impulsividade de ir à procura de uma solução imediata. No projeto aqui proposto, iremos trabalhar com a seguinte pergunta problema: Como projetar uma coleção de pôsteres e postais retratando as fases musicais da carreira dos Beatles?

5.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA Para Munari (2008, p. 31) o problema não se resolve por si só; no entanto, contém todos os elementos para a sua solução. O autor exemplifica: Vamos supor que o problema seja projetar uma luminária. Será preciso estabelecer que se trata de uma luminária de mesa, de parede ou de escritório, de sala de estar ou de mesa de cabeceira. Se vai ser de incandescência ou fluorescente, de luz diurna ou qualquer outra. Se vai ter um preço limite, se vai ser distribuída nas grandes lojas, se deve ser desmontável ou articulável, se deve ter um termostato para regular a intensidade luminosa, e assim sucessivamente. (MUNARI, Bruno, 2008, p. 32)

Aplicando este pensamento ao projeto aqui proposto, devemos considerar a criação de uma coleção de pôsteres de parede que, posteriormente, serão desdobrados em pequenos postais. Para chegar em sua forma final, serão desenvolvidas pesquisas com designers e não designers afim de validar o potencial semântico de determinados estilos tipográficos em relação as três fases distintas da carreira d’os Beatles.

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5.3 COMPONENTES DO PROBLEMA Nesta etapa, colocamos em evidência os pequenos problemas de forma isolada. De acordo com Munari (2008), esta operação facilita o projeto, pois os subproblemas ocultos ganham destaque, facilitando seu entendimento e posterior solução. O que é pôster? Quais as três fases musicais dos Beatles? Como associar um determinado estilo tipográfico à essas fases? Como desenvolver estes pôsteres? Sendo assim, trabalharemos um estudo sobre a história d'os Beatles – com ênfase nas fases musicais de sua carreira –, assim como a importância do pôster como forma de comunicação. Simultaneamente, será aplicada uma pesquisa com o objetivo de associar um estilo tipográfico à cada fase da banda, comprovando assim seu potencial semântico.

5.3.1 O PÔSTER Para Hollis (2001, p. 05) o pôster, como design gráfico, pertence à categoria da apresentação e da promoção, na qual imagem e palavra precisam ser econômicas e estar vinculadas a um significado único e fácil de ser lembrado. Por volta do final do século XIX, os pôsteres eram uma expressão da vida social econômica, social e cultural. Desta forma, competiam entre si pela atenção de possíveis compradores interessados em produtos e entretenimento. Entretanto, os pôsteres evoluíram. A medida que novas tecnologias iam surgindo, o pôster ia se adaptando. Da tipografia em preto e branco à litografia. Da litografia à impressão policromática. A Primeira Guerra Mundial teve grande importância no desenvolvido do design visual. Nessa época, de acordo com Hollis (2001, p.28), os pôsteres eram utilizados pelos governos para fazer propaganda e anúncios públicos sobre a guerra, refletindo o caráter e o estágio de desenvolvimento do design gráfico em cada um desses países. Estes pôsteres consistiam em ilustrações pintadas e ampliadas, onde o impressor adicionava letras grandes e opressoras, resultando em um layout de baixa qualidade.

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Nos anos seguintes, a fotografia em preto e branco começou a ser utilizada e reproduzida em pôsteres. Segundo Hollis (2001, p. 32) artistas de vanguarda viram no design gráfico uma maneira de estender a arte para a vida cotidiana dos tempos modernos. Na Europa, até aquele momento, "nos pôsteres e nas páginas de rosto dos livros, as palavras eram arranjadas de maneira simétrica, numa hierarquia de importância estabelecida pelo tamanho do tipo." (HOLLIS, Richard, 2001, p. 35) Hoje, o pôster reina como a representação visual mais criativa da música contemporânea. Artistas e designers têm liberdade total e uma infinidade de ferramentas disponíveis para a criação de peças impactantes, informativas e/ou esteticamente agradáveis. Segundo Grushkin (2004, p 16), os pôsteres de rock informam que algo está acontecendo em algum lugar no tempo, entregando a essência do evento antes mesmo que ele aconteça. O autor articula que, se o pôster falasse, diria: "O evento será assim, terá realmente esta atmosfera, essa filosofia, essa identidade, e terá um tipo específico de público." Mesmo após o evento ter acontecido, o pôster cumpre sua função ao comunicar que "sim, o evento foi assim, teve realmente esta atmosfera". Para Grushkin, este é o verdadeiro poder do pôster.

5.3.2 AS FASES MUSICAS DA CARREIRA DOS BEATLES Com 208 canções gravadas entre 1960 e 1970, os Beatles foram os portavozes de uma geração. São parte importante da história da música e do rock mundial, com uma carreira que passa por diversos estilos e se apropria das mais inusitadas referências para compor suas canções. Da Beatlemania à psicodelia, dos ternos coloridos às cítaras. A primeira fase de suas composições inicia na adolescência de Paul, com as letras das canções – que viriam a fazer tanto sucesso posteriormente – rabiscadas nos cadernos de aula, ainda na casa de seus pais, em Liverpool. Quando começaram, suas canções não eram muito sofisticadas. Segundo Turner (2009, p. 11), “em algumas ocasiões um acontecimento qualquer do cotidiano lhes serviu de mote para canções, mas eles se influenciavam muito mais por outras músicas do que por histórias de vida.”

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Seus quatros primeiros álbuns de estúdio – "Please Please Me" e "With the Beatles" de 1963, e "A Hard Day's Night" e "Beatles for Sale" de 1964 – abordavam, basicamente, o amor. Porém, quanto mais dentro do show biz os Beatles ficavam, mais influências eram absorvidas e mais ousados musicalmente eles ficavam. Canções como “Twist and Shoud”, “Help!”, “All My Loving”, “A Hard Day’s Night” e “Can’t Buy Me Love” foram responsáveis pelas primeiras grandes conquistas da banda, chegando ao topos das paradas musicais mundiais e transformando-os no grande fenômeno pop da época. Em cada álbum eles expandiam as fronteiras da música pop, criando a base de tudo que viriam em seguida. Dotados de um otimismo ilimitado, partiam dos princípio de que todas as possibilidade musicais concebidas pela mente poderiam ser postas em prática. Não foi por acaso que a frase mais associada a eles nesses anos tenha sido "Yeah! Yeah! Yeah!". Para os Beatles, tudo parecia possível. (TURNER, Steve, 2009, p.13)

Musicalmente, os Beatles evoluíram de maneira surpreendentemente rápida. Ao contrário dos demais artistas pop da época, o The Fab Four – como ficaram conhecidos – se recusavam a limitar seu universo musical. Eles experimentavam novos instrumentos e abordavam novos temas em suas canções constantemente. Entretanto, para Miles (2010) teria sido mais fácil os Beatles se aposentarem ou se acomodarem após a Beatlemania. Contudo, eles se transformaram nos príncipes do rock psicodélico, dando início a uma fase completamente nova em sua carreira, com uma abordagem musical totalmente diferente. Foi por volta de 1964 que o estilo da banda começou a mudar. Com o lançamento de “Rubber Soul”, quinto álbum de estúdio da banda, o início de uma nova fase musical é decretado – a fase psicodélica. O álbum "Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band", de 1967, foi o primeiro álbum conceitual a ser lançado, e o primeiro a trazer as letras das músicas impressas na contracapa. É considerado a obra-prima da banda. Nesta fase, a segunda metade da carreira dos Beatles, as canções já não falavam sobre amor e nenhum tema era considerado inadequado. Conversas ouvidas ao acaso, manchetes de jornal, pinturas e sonhos serviam de inspiração. Para Miles (2010, p. 07) "sem dúvida, as drogas contribuíram para esta

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transformação e, como o LSD e a maconha eram ilegais, foi atribuído aos Beatles o papel de porta-vozes da nova cultura das drogas." Entre 1968 e 1969 os Beatles lançaram mais dois álbuns, "White Album", considerado o mais sóbrio de sua carreira, e "Yellow Submarine". Estes misturavam estilos, experimentações e concluíam a segunda fase da carreira da banda. John talvez tenha sido o Beatle com maior influência nessas mudanças; sendo o responsável pelo contato da banda com Maharishi Mahesh Yogi, um guru de meditação. Este período de reabilitação espiritual aguçou a criatividade do quarteto, dando origem a diversas composições. Já os dois anos seguintes, e finais, foram uma tentativa de retorno às bases, musical e psicologicamente. Contudo, podemos considerar os álbuns "Abbey Road" e "Let It Be" vanguardistas, pois utilizavam recursos tecnológicos novos para a época como, por exemplo, os sintetizadores. Nessa altura, a banda já havia passado por diversas turbulências e, um por um, os músicos foram deixando a banda: primeiro foram Ringo e George; em seguida foi a vez de Lennon, e por último, cansado de esperar por uma resolução, Paul resolveu dedicar-se à carreira solo. "Os Beatles tornaram-se ícones, como a Torre Eiffel é para Paris; o Big Bang para Londres", conclui Miles (2010, p. 07). Entendemos então, de forma resumida e com base nos álbuns de estúdio lançados pelos Beatles, que as fases musicas de sua carreira podem ser divida da seguinte maneira: Figura 4: Cronologia das fases da carreira dos Beatles.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

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Separando as fases por canções, da primeira e mais pop, podemos destacar duas canções emblemáticas: "All My Loving" e "P.S. I Love You", ambas tratando de amor como tema principal. Já quando nos referimos à fase psicodélica, "A Day in the Life" e "I Am the Walrus"; ambas compostas por fragmentos de canções inacabadas de John e Paul em suas viagens de LSD. Por fim, a fase mais vanguardista pode ser caracterizada pela simplicidade de "Here Comes the Sun", música de George Harrison, e "Let It Be", o último suspiro dos Beatles.

5.3.3 O POTENCIAL SEMÂNTICO DA TIPOGRAFIA A semântica estuda o significado das palavras e a maneira como manipulamos a linguagem para que ela faça sentido. A tipografia comunica através de palavras. Segundo Góis (2004) a tipografia é o elo visível da ligação da forma visual à linguagem, ao dar atenção a si própria antes de ser lida. “As variantes na sua forma e na sua orientação podem não ser mais do que variantes formais, mas a verdade é que as letras podem ter diferentes características formais sem deixar de ser conhecidas como letras, sendo por isso que existe uma quantidade enorme de fones disponíveis no nosso mercado.” (Góis, 2004, p. 22)

Atualmente, diferentes combinações de formas gráficas vêem sendo utilizadas como uma nova linguagem. Góis (2004, p.10) ainda coloca que “a procura de transmissão de conteúdos fonéticos e de ideias nos revela uma nova escrita formalizada na abreviação e na utilização de novos mecanismos de transmissão de estados de espírito e sentimentos.” Saltz aborda o conteúdo emocional sugerido pelo texto, com base na tipografia. Para ela, a forma das letras pode ampliar o peso emocional do texto, ou seja, “o traçado delicado de uma itálica fluida pode conduzir melhor um poema sobre a natureza, a estrondosa aclamação de uma pesada slab serif pode esquentar um pronunciamento político.” (SALTZ, Ina, 2009, p.14)

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Figura 5: Anúncio considerado "divertido" por Saltz.

Fonte: SALTZ, Ina. Design e tipografia, 2009.

Com base na declaração da autora, entendemos que a escolha apropriada da tipografia é essencial ao caráter da mensagem e pode atribuir qualidades ou, quando mal aplicada, depreciar a credibilidade do texto. Para Hyndman (2015, p.38) a tipografia pode funcionar como um transmissor de voz humana e comunicar os tons e as qualidades da voz visualmente. Com base neste pensamento, ela organizou um questionário online onde perguntou como as fontes tipográficas Cinema, Bodoni, Klute e VAG Rounded, soariam se fossem música. Cinema, com suas formas geométricas quadradas e terminações retas, foi associada à música eletrônica (auto-tuned, techno, industrial, etc.) e transmitiu ansiedade e inquietação. Bodoni transmitiu calmaria e alegria, sendo associada à música clássica, ao jazz e ao som melódico. Da mesma forma que a Cinema, a tipografia Klute comunicou ansiedade, porém, foi associada ao funk, punk e aos estilos musicais mais pesados. Por último, a fonte VAG Rounded foi associada a sons relaxantes, suaves e alegres, comunicando tranquilidade de acordo com os entrevistados. O resultado completo da pesquisa pode ser visto na imagem a seguir.

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Figura 6: Resultado da pesquisa online #01 de Sarah Hyndman.

Fonte: HYNDMAN, Sarah. Type Taster, 2015.

A autora pesquisou pelas mais diversas formas de comunicação visual associadas à tipografia. Hyndman, em mais uma de suas pesquisas online, mostra que uma tipografia rounded e bold está diretamente associada aos sabores doces; enquanto tipografias geométricas e distorcidas lembram sabores cítricos como vemos na imagem a baixo:

Figura 7: Resultado da pesquisa online #02 de Sarah Hyndman.

Fonte: HYNDMAN, Sarah. Type Taster, 2015.

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Hyndman foi ainda mais além e, a partir dos resultados obtidos em uma nova pesquisa elaborada por ela, propôs que fontes tipográficas possuem personalidade. Nesta pesquisa, designers e não-designers responderam questões como "qual profissão esta fonte teria?". Os resultados indicam que, por exemplo, Helvetica teria uma personalidade neutra e convencional, enquanto Times New Roman seria intelectual e clássico. Observamos, então, um padrão nas interpretações semânticas da tipografia de acordo com o que ela pretende comunicar. Uma fonte bold irá transmitir peso, já uma fonte pequena e delicada irá transmitir leveza. A tipografia, por si só, pode comunicar o que quiser: sentimentos, cheiros, sons, idéias, etc. Não é somente um componente gráfico, é uma ferramenta de transmissão e comunicação.

5.4 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS Agora iniciamos a parte de coleta de dados e análise de similares. Para Munari, antes de pensar em uma solução devemos verificar se alguém já pensou nela antes e, seguindo ainda o exemplo do projeto de uma luminária, explica que “antes de mais nada o designer deve ter em mãos todos os catálogos de fábricas que produzem luminárias semelhantes àquela que ele deve projetar.” (MUNARI, Bruno, 2008, p. 40) Dondis (2007, p. 53) afirma que para analisar e compreender a estrutura total de uma linguagem visual, é apropriado concentrar-se em seus elementos visuais individuais, um por um. Todos esses elementos, o ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a escala, a dimensão e o movimento são os componentes irredutíveis dos meios visuais. Constituem os ingredientes básicos com os quais contamos para o desenvolvimento do pensamento e da comunicação visual. (DONDIS, A. Donis, 2007, p. 82)

Foram selecionados seis pôsteres, nos quais foram analisados cor, estrutura e tipografia. Para o autor, a cor está impregnada de informação, além disso, proporciona uma das mais intensas experiências visuais que temos todos em comum. Já quando aborda o uso da tipografia em cartazes, afirma que as palavras e as letras podem ser usadas quase como se fossem imagens visuais. Na figura 8, a seguir, apresentamos os pôsteres analisados.

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Figura 8: Pôsteres analisados.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

1) PÔSTER A - O pôster a seguir é um bom exemplo do movimento gráfico psicodélico, estilo que nasceu e ganhou força nos anos 60. Segundo Meggs (2009), esse movimento se valida de uma série de recursos, tais como as curvas fluídas e sinuosas originadas do art nouveau, a intensa vibração ótica de cores cítricas e o auto contraste. A primeira onda de cartazes surgiu da subcultura hippie do final dos anos 1960 centrada no bairro Haight-Ashbury, de San Fransisco. Como a mídia e o público em geral associavam esses cartazes a valores antiestablishment, ao rock e às drogas psicodélicas, eles eram chamados de cartazes psicodélicos. (MEGGS, Philip. 2009, p.566)

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Estas peças gráficas comunicavam suficientemente bem dentro de seu propósito – chamar os jovens para os concertos de rock da época –, porém, de acordo com Meggs (2009), os jornais da época contestavam sua legibilidade, declarando que era necessário não apenas ler, mas sim decifrar a mensagem. Estes pôsteres se inspiravam no movimento art nouveau e buscavam instigar mais do que entregar uma mensagem pronta.

Figura 9: Análise do pôster A.

Disponível em: http://www.gigposters.com/poster/171448_Of_Montreal.html

De fato, uma das características visuais mais marcantes desse movimento foi sua tipografia. Curvilíneos e muito ornamentados, os letterings criados à mão livre eram orgânicos e não seguiam nenhuma regra de diagramação.

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2) PÔSTER B - O segundo pôster analisado foi criado pelo designer e ilustrador Jonathan Lax, mais conhecido como YONIL. É evidente a associação da forma do lettering criado – um morango – com a letra da música Strawberry Fields Forever, da banda The Beatles. Estamos habituados a considerar os caracteres tipográficos como um sistema fixo constante, inteiramente a serviço da inteligibilidade semântica. Algumas técnicas recentes permitem utilizar as letras do cartaz como verdadeiros elementos pictóricos, expressivos por si mesmos. (MOLES, Abraham, 1974, p.196) Figura 10: Análise do pôster B.

Disponível em: http://yonil.com/2012/03/10/beatles-type/

Embora esta seja uma peça contemporânea, criada em 2012, podemos perceber uma forte influência do movimento psicodélico do final de 1960. As formas distorcidas e quase ilegíveis que compõem a peça são característicos deste estilo. Para Hollis (2001), em um pôster, imagens e palavras precisam ser econômicas e estar vinculadas a um significado único e fácil de ser lembrado. Na peça acima podemos observar o trabalho de cores em auto contraste, dando destaque ao lettering em branco, onde a letra da música fica em primeiro plano enquanto a forma da ilustração reforça seu significado.

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3) PÔSTER C – O terceiro cartaz escolhido para ser analisado utiliza os tipos de madeira em sua composição. O nome da banda, The Rolling Stones, ganha destaque através do uso de diferentes pesos e formas dos tipos. Ainda assim, a composição é harmônica. Segundo Bringhurst (2011, p.176), em meados de 1765, Cotterell iniciou a tendência de fundir em areia grandes e grossas letras estilo display – uma letra de proscrição, ou de anúncio, de grande vulto e dimensão. Os designers da época tinham acesso a diversos tamanhos, estilos e pesos destes tipos.

Figura 11: Análise do pôster C.

Disponível em: http://store.digitalstores.co.uk/rollingstones/*/14-On-Fire-Tour/Dada-Zurich-LimitedEdition-Event-Litho/3D4105DB000

Noble (2013, p. 92) explica que “símbolos são signos gerais que foram associados ao seu sentido pelo uso convencional, como, por exemplo, as cores usadas em semáforos”. Uma banda com tantos anos de carreira, como os Rolling Stones, pode ser facilmente associada à um símbolo – neste caso, à boca vermelha com a língua de fora presente no pôster acima.

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4) PÔSTER D – Criado por Tamara Pesic, o quinto pôster analisado foi criado a partir de uma técnica chamada linocut, bastante similar à xilogravura. Em sua composição foram utilizados dois estilos de letreiramento manuscritos: o brush e o handdrawn. De acordo com Bringhurst (2011), o termo “manuscrito” significa todo aquilo que não é tipografia. Como o nome sugere, o estilo handdrawn caracteriza-se pela escrita manual livre e sem comprometimento com regras de formatação. Já o estilo brush é derivado do traço feito por pinceis e canetas de ponta flexível.

Figura 12: Análise do pôster D.

Disponível em: https://www.behance.net/gallery/Chuck-Prophet-Concert-Poster/7536413

Para Moles (1974), o cartaz é um escândalo visual. As abundantes cores e grafismos, aqui, servem de apoio para a mensagem e dão destaque para o texto.

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5) PÔSTER E – A arte da designer Jordan Rogers para o festival de música Fun Fun Fun Fest eleva o espírito jovem, alegre e irreverente do evento através do uso de letreiramento estilo brush e do trabalho de cores. No pôster abaixo, as letras foram esboçadas previamente e, após definidas, foram desenhadas manualmente com tinta preta em pincel, conforme conta a autora da peça em sua página na web. Porém, existem inúmeras tipografias digitais estilo brush disponíveis, conforme explica Fonseca (2008): Os tipos em estilo brush, ou de pincel, parecem desenhados com esse instrumento, e a maioria deles, pelo menos no design original, foi realmente criada com pincéis e, a partir daí, transformada em matrizes de metal, filme ou digital. (FONSECA, Joaquim da, 2008, p. 59)

Figura 13: Análise do pôster E.

Disponível em: http://hellojordanrogers.com/254617/6380283/portfolio/fun-fun-fun-fest-event-poster

É importante notar que, embora a palavra "fun" se repita no layout, ela apresenta variações de desenho e composição das letras – isto devido ao uso do pincel, que proporciona a criação de formas orgânicas e únicas.

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6) PÔSTER F – Na obra da designer Courtney Blair, a informação está destacada sem nenhuma interferência gráfica. Este pôster se mune unicamente do uso de letras desenhadas a mão para comunicar sua mensagem. De acordo com Fonseca (2008), os caracteres tipográficos script são baseados na escrita manual, ou caligráfica.

Figura 14: Análise do pôster F.

Disponível em: http://www.gigposters.com/poster/159967_Washed_Out.html

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5.5 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS A partir das análises realizadas e do entendimento das fases musicas que compõem a carreira dos Beatles, foram desenvolvidas alternativas de tipografias, letterings e composições gráficas que busquem a solução do problema projetual. Conforme levantamento bibliográfico, as fases musicais foram divididas em três: The Fab Four, Psychedelic e Let it Be. Para cada uma delas, foram testadas tipografias distintas com o intuito da escolha de uma que melhor as represente. Para a primeira fase, foram testados quatro fontes. São elas, conforme figura abaixo, respectivamente: Showcase Script, FourSeasons, Abigail Brush Script e Wanderlust Script.

Figura 15: Teste tipográfico, The Fab Four.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

Após eliminar as três primeiras opções tipográficas selecionadas e trabalhar a fonte Wanderlust Script, foram testadas mais formas de lettering utilizando ornamentos tipográficos e buscando a forma de um selo, conforme figura a seguir.

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Figura 16: Selos para a fase The Fab Four.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

Para a segunda fase da banda, a fase psicodélica, as fontes Mojo, Doobie, Victor Moscovo e Keep on Truckin' foram testadas, conforme figura abaixo.

Figura 17: Teste tipográfico, fase psicodélica.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

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Na sequência a fonte Doobie foi testada e manipulada. Ela será utilizada na criação do selo que irá identificar a fase psicodélica nos pôsteres.

Figura 18: Selos para a fase psicodélica.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

Para a fase final, aqui intitulada Let it Be, foram testadas as fontes Intro Condensed, Neutra Display Bold (all caps), Neutra Display Medium e Luz Sans.

Figura 19: Teste tipográfico, Let it Be.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

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A fonte Intro foi testada em forma de lettering conforme figura abaixo. Desconstruída, sem uma diagramação formal, o selo da fase vanguardista dos Beatles vai tomando forma.

Figura 20: Lettering para a fase Let it Be.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

Os selos, após estabelecidos, serão aplicados nos pôsteres respectivos de seu estilo musical, buscando reforçar a individualidade de cada fase.

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5.6 VERIFICAÇÃO De acordo com Munari (2008), nesta etapa do projeto, apresentam-se os modelos para um número de prováveis usuários, objetivando a verificação de adequação do projeto aos requisitos do mesmo. Para tal, foi elaborada uma pesquisa online hospedada no Survey Monkey, respondida por 93 pessoas, entre elas designers e não designers. A pesquisa consistiu de três perguntas, sendo as duas primeiras diretamente ligadas ao potencial semântico da tipografia. A partir da análise visual das formas das letras apontadas, o internauta indicou o que sentiu em relação a cada uma das fontes e qual seria o estilo musical de cada uma delas. As tipografias postas em análise foram: a) Wanderlust Script, b) Mojo, c) Intro Black e d) Cabana Regular.

Figura 21: Pesquisa realizada pela autora.

Disponível em: https://pt.surveymonkey.com/r/DLJ75V6

A primeira questão indagava qual o sentimento em relação a cada uma das fonte listadas. Nela, 58% dos respondentes indicaram a opção (a), Wanderlust Script, como "alegre" e 55% responderam que sentem "afeição" a ela. A fonte Mojo, opção (b), foi apontada por 52% dos respondentes como "nostálgica". Contudo, as duas últimas tipografias analisadas não obtiveram resultados conclusivos, tendo um percentual de respostas muito próximo entre suas opções de resposta.

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Figura 22: Pesquisa - Resultados da pergunta #01.

Disponível em: https://pt.surveymonkey.com/r/DLJ75V6

Quando questionado qual o estilo musical mais adequado para cada uma, 85% das respostas indicaram a opção (b) como "psicodélica", 63% associaram a opção (a) ao "pop" e 46% marcaram a opção (c), como "rock alternativo". Já a opção (d) foi indicada por 37% dos respondentes como "rock alternativo" e por 24% como "romântico", assim, não obtendo comprovação de seu potencial semântico.

Figura 23: Pesquisa - Resultados da pergunta #02.

Disponível em: https://pt.surveymonkey.com/r/DLJ75V6

Por último, foi questionado o seu nível de familiaridade com o assunto abordado. Dos 93 respondentes, 38 afirmaram ser designers, 28 demonstraram conhecimento em criação (publicitários, por exemplo) e 27 disseram trabalhar em outras áreas e não possuir conhecimento técnico sobre tipografia. A tipografia da forma às palavras, e comunica através delas. A forma das letras pode ampliar o peso emocional do texto, como sugere Saltz (2009) e Hyndman (2014); podendo comunicar visualmente sons, sabores, odores, sentimentos, atitudes, etc.

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A interpretação dos signos, e conseqüentemente da tipografia, se dá de pessoa para pessoa a partir das memórias obtidas no decorrer de sua vida, porém, é possível notarmos um padrão nessas interpretações. A partir dos resultados alcançados, foi possível comprovar que fontes de estilo caligráfico, mais delicadas e fluidas, remetem à música pop e ao romantismo; adequando-se à primeira fase da carreira dos Beatles, aqui intitulada The Fab Four. Tipografias curvilíneas e deformadas são facilmente associadas à psicodelia, movimento que viveu seu auge nos anos 1970. Já a última fase da carreira musical dos Beatles – a mais sóbria e aqui intitulada Let it Be – pode ser representada por tipos geométricos, sans serif ou slab. Segundo Hyndman (2015, p.38) a tipografia pode funcionar como um transmissor de voz humana e comunicar os tons e as qualidades da voz visualmente. Observamos, através da pesquisa, um padrão nas interpretações semânticas da tipografia de acordo com o que ela pretende comunicar. Uma fonte bold irá transmitir peso, já uma fonte pequena e delicada irá transmitir leveza. A tipografia, por si só, pode comunicar o que quiser: sentimentos, cheiros, sons, idéias, etc. Não é somente um componente gráfico, é uma ferramenta de transmissão e comunicação.

5.7 MODELO E DESENHO DE CONSTRUÇÃO Seguindo a risca a metodologia de Munari (2008), até a fase anterior, nenhum desenho ou esboço haveria sido feito. Para o autor, somente na etapa atual que podemos começar a estabelecer relações entre os dados recolhidos e elaborar esboços para a construção de modelos parciais. Para Munari (2008) os modelos servem para demonstrar as possibilidades materiais ou técnicas a serem utilizadas no projeto, já os desenhos de construção devem comunicar todas as informações úteis à confecção de um protótipo. Aqui, previamente, já geramos alternativas e já verificamos quais estilos tipográficos mais se adequam aos estilos musicais escolhidos para compor os pôsteres.

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Com base nisto, antes de dar início ao processo de criação dos pôsteres, foram elaborados paineis de referências visuais e tipográficas para cada uma das fases da carreira dos Beatles. Os painéis semânticos ajudaram a promover a tradução entre o verbal e o visual. Abaixo, painel elaborado para a primeira fase, intitulada The Fab Four.

Figura 24: Painel semântico da fase The Fab Four.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

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Buscando coerência entre os resultados obtidos pela pesquisa e as artes pertencentes ao painel semântico elaborado, os primeiros letterings começam a ser feitos, podendo ser visto nas figuras 24 e 25 a seguir.

Figura 25: Lettering para "All My Loving", feito a mão.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

Para a elaboração dos letterings, foram utilizadas canetas estilo brush sob papel manteiga, posteriormente digitalizados e vetorizados buscando maior refino.

Figura 26: Lettering feito a mão.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

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A dimensão estabelecida para a criação dos pôsteres é o formato A3, ou seja, 29,7 cm x 42 cm. Todos os pôsteres contarão com um rodapé padrão, composto de uma assinatura da coleção, um selo indicativo da respectiva fase musical e do nome da canção e o álbum em que ela se encontra. Para o background da primeira dupla de pôsteres, referentes a primeira fase da carreira dos Beatles, foram testadas imagens criadas a partir do uso de aquarela colorida sob papel, conforme figura abaixo.

Figura 27: Primeira opção dos pôsteres da fase The Fab Four.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

Embora alegre e afável, o experimento apresentou baixo contraste entre background e texto, não atingindo os resultados aguardados. A fim de melhorar a legibilidade do texto e não desviar a atenção do restante dos pôsteres – principalmente os da fase psicodélica, em função de seu padrão cromático marcante –, em um segundo momento, foi testado a simplificação das

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cores do background. Desta forma, os dois pôsteres mantêm unidade entre si e o lettering ganha destaque. "All my Loving" e "P.S. I Love You", ambas compostas por Paul McCartney, são canções bastante características da primeira fase dos Beatles. Desta forma, a escolha de cores, a textura de aquarela sob o papel e o desenho delicado das letras compõem uma atmosfera suave e romântica, assim como as canções compostas e gravadas para os primeiros álbuns dos garotos de Liverpool. O resultado final da dupla de pôsteres da fase The Fab Four pode ser visto na imagem a baixo:

Figura 28: Versões definitivas dos pôsteres da fase The Fab Four.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

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Como já vimos anteriormente, o movimento psicodélico caracteriza-se pelo uso de tipografias bastante expressivas, pelo uso excessivo de cores vibrantes e ácidas e pela distorção das formas. O painel semântico criado para o par de pôsteres dessa fase é um compilado dessas referências visuais.

Figura 29: Painel semântico da fase Psychedelic.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

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Os primeiros testes para o pôster da música "A Day in the Life" limitaram-se à distorção da tipografia Mojo, desenvolvida pelo designer Jim Parkinson, e à experimentação de cores. Eles podem ser visto na figura 30, abaixo. Contudo, os resultados não foram expressivos o bastante e um segundo estudo começou a ser feito, desta vez com outro trecho da letra da canção em questão.

Figura 30: Primeiros estudos para os pôsteres da fase psicodélica.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

Quando estudamos semântica, aprendemos que a interpretação dos signos se dá de pessoa para pessoa, a partir de suas memórias, do conhecimento adquirido no decorrer da sua vida, da sua cultura e do contexto onde está inserido. Na música "A Day in the Life", há uma mudança brusca de ritmo após o refrão, quando o som de um despertador ecoa e chama a atenção do ouvinte. Buscando defender o potencial semântico não somente da tipografia, mas também relacionar os sons à interpretação dos signos, a imagem de um despertador foi usado como elemento gráfico neste segundo momento.

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Toda palavra ou imagem é um signo que só tem significado por causa da sua própria relação com outros signos. Desta forma, o formato do lettering preenche a imagem e garante maior relação com o tema da canção.

Figura 31: Estudos para os pôsteres da fase psicodélica.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

Para o segundo cartaz da fase psicodélica, a música tema é "I Am the Walrus" e, como o nome sugere, a morsa – animal que vive nas gélidas águas do Ártico – é o elemento de apoio gráfico. A fonte Doobie, desenhada pela designer Rebecca Alaccari, foi distorcida e disposta em torno da silhueta vetorizada do animal título da canção. Assim como no primeiro pôster desta fase, foi testado o uso de degrade de cores, prática bastante comum nas peças gráficas do estilo, tanto para o background quanto sob o lettering, conforme figura a seguir.

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Figura 32: Estudos para o segundo pôster da fase psicodélica.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

Embora os modelos testados apresentassem diversas características do movimento psicodélico, tornou-se mais coerente o uso de uma imagem fotográfica como background, afim de criar unidade entre os dois pôsteres desta fase. Assim, o formato de uma morsa começou a ser construído a partir da distorção da tipografia.

Figura 33: Estudos para o segundo pôster da fase psicodélica.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

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A desordem visual, o auto contraste e grande variedade de cores, as formas curvilíneas e a quase ilegibilidade; todas as principais características do movimento psicodélico foram abordados nos dois pôsteres aqui criados com base na segunda fase da carreira dos Beatles.

Figura 34: Versões definitivas dos pôsteres da fase Psychedelic.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

A última fase da carreira dos Beatles é considerada a mais vanguardista pois, foi nesta fase, que eles utilizaram sintetizadores e outros recursos tecnológicos de gravação e refino das músicas. Porém, as letras continuavam abordando assuntos cotidianos, o amor e os sentimentos. "Here Comes the Sun" e "Let it Be", as duas canções contempladas neste projeto, são canções de bem estar. Difícil seria não sentir-se em paz ao ouvi-las. Pensando nisso, e baseado no resultado da pesquisa online feita anteriormente, a escolha tipográfica foi sóbria e leve.

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As cores marcam presença apenas no background que, nada mais é, que o preenchimento da sombra projetada pelas letras da música. As imagens ajudam a traduzir a mensagem escondida na melodia dessas duas canções.

Figura 35: Versão final dos pôsteres da fase Let it Be.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

Agora que definidos, os pôsteres desenvolvidos são desdobrados para o formato postal, ou seja, 10x15cm. Na frente irão os letterings e no verso o selo de cada uma das fases.

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Figura 36: Postal da música "All my Loving".

Fonte: Desenvolvido pela autora.

Figura 37: Postal da música "P.S. I Love You".

Fonte: Desenvolvido pela autora.

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Figura 38: Postal da música "I am the Walrus".

Fonte: Desenvolvido pela autora.

Figura 39: Postal da música "A Day in the Life".

Fonte: Desenvolvido pela autora.

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Figura 40: Postal da música "Here Comes the Sun".

Fonte: Desenvolvido pela autora.

Figura 41: Postal da música "Let it Be".

Fonte: Desenvolvido pela autora.

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5.8 CONCLUSÃO A tipografia está diretamente ligada à linguagem. Afinal, letras formam palavras, e as palavras são o veículo da comunicação. A forma como a palavra se mostra (tamanho, peso, disposição, etc) pode alterar seu significado perante o leitor. Segundo Jury (2006) a tipografia e a escrita sempre estiveram interligados, dado a tipografia ser a disciplina e profissão que atua como intermediário entre o conteúdo da mensagem e os leitores da mensagem. Já a forma de interpretação da mensagem está diretamente relacionada à semiótica que, de acordo com Jury (2006), estuda o significado de todos os signos da sociedade. Ele diz ainda que “alguns teóricos sustentam que a semiótica é a ciência melhor qualificada para determinar a lógica da cultura. A linguística, a retórica, a semântica e a grafologia recaem todas sob o domínio da semiótica.” (JURY, 2006, p.73) Assim como a tipografia, o pôster, desde seu surgimento, sempre teve grande importância no desenvolvido do design visual. Quando falamos de pôsteres de rock, pensamos em total liberdade de criação, de peças impactantes, informativas e esteticamente agradáveis. Hoje em dia, o pôster de rock reina como a representação visual mais criativa da música contemporânea. Após estudar e entender as diferentes fases da carreira dos Beatles – banda de grande importância no cenário rock mundial –, uma pesquisa online foi aplicada com designers e não designers. Os resultados obtidos foram essenciais para identificar um padrão na percepção de determinados estilos tipográficos em relação às fases musicais da banda. A partir desta pesquisa, entendemos que fontes estilo script e brush remetem ao pop music, ao romantismo e ao sentimento de felicidade. Fontes curvilíneas, distorcidas, são facilmente associadas à psicodelia; já as fontes sans serif e slab, remetem ao rock alternativo e à vanguarda. Por fim, buscando unir estes dois assuntos – e, particularmente, minhas duas paixões: tipografia e música –, o projeto de pôsteres tipográficos sobre as fases da carreira dos Beatles foi desenvolvido. A metodologia projetual de Munari (2006) foi a escolhida e serviu de ferramenta para organizar o pensamento e obter o melhor resultado com o mínimo de esforço.

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O assunto abordado neste trabalho de conclusão de curso possui um número bastante escasso de referencial teórico publicado e muito a ser discutido e compreendido, dada a sua importância. A tipografia exerce papel fundamental na evolução da comunicação e do design gráfico, continuará a evoluir e cada vez mais novas formas de comunicar e transmitir a informação, seja de forma visual ou sensorial, serão necessárias. Por isso é importante que nós designers continuemos a pesquisar maneiras de manipular a tipografia para comunicar sempre de forma eficaz.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE

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