The Macao Review Illustrated e a afirmação do Império português

September 13, 2017 | Autor: João Botas | Categoria: Press and media history, Macau, Newspaper, History of Macau (Macau)
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O exemplo do "The Macao Review Illustrated" na afirmação do
império português no Extremo-Oriente na década de 1920-30

O golpe militar de 28 de Maio de 1926 que implanta a ditadura em Portugal far-se-á sentir nas então colónias portuguesas e Macau não é excepção. São tempos do exacerbar de sentimentos nacionalistas. É neste contexto que surge em Macau no final de 1929 uma publicação que visa propagar tais ideais ao mesmo tempo que serve de montra a um território que tem para mostrar um novo porto e quer captar investidores e turistas.
A publicação vai chamar-se "The Macao Review Illustrated" e sai para as bancas mesmo a tempo de mais um aniversário da Restauração de Portugal (1.12.1640). Logo na primeira edição, um artigo sobre Luís de Camões (tema que se irá repetir na edição nº 2) não deixa dúvidas sobre os objectivos. No 'editorial' temos a justificação dos fundadores que se assumem "impulsionados por um único ideal: o de tudo o que é abrangido pela palavra Pátria. E quem diz Pátria diz Macau, diz tudo o que se encerra no âmbito desse nome mais glorioso que se encontra no nosso dicionário, Portugal. (…)"
Propriedade de Luís Gaspar Alves, "The Macao Review Illustrated" teve como director Henrique Nolasco da Silva (n.1884). Existiu durante apenas um ano, entre Dezembro de 1929 e Dezembro de 1930, e destacou-se pelo facto de ser escrito sobretudo em inglês, embora também tivesse alguns conteúdos em português. Começou por surgir em formato de jornal (grandes dimensões) e durante 1930 é que assumiu o formato mais pequeno de revista.
Na ficha técnica não há qualquer alusão ao nome de José Maria (Jack) Braga (n. 1897), mas monsenhor Manuel Teixeira no livro "A imprensa periódica portuguesa do extremo-oriente" (1965) assegura que foi Braga o fundador. "Esta revista era subsidiada pelo governo e quando este cortou o subsídio, Braga suspendeu-a para não perder mais do que já tinha perdido." De facto, havia publicidade na revista e embora não tivesse referências específicas ao governo pode-se deduzir que assim era. Logo no primeiro número, em rodapé, "Spend your Christmas holidays in Macao".
O cabeçalho era formado pela imagem do Farol da Guia cujos raios de luz trespassam as letras do título. A redacção ficava nos números 26 e 28 da rua Central. A impressão era feita na Tipografia Mercantil de N. T. Fernandes e Filhos.
A primeira edição sai com a data de Dezembro de 1929. Cada exemplar custa "30 cents a copy". Na primeira página o destaque vai para a Gruta de Camões com uma foto de grandes dimensões. A outra meia página é ocupada por publicidade à Melco, a empresa de electricidade. "For your every requirement think of electricity it solves all your problems and is economical, clean and safe. Melco at your sevice". Em rodapé, um anúncio em forma de convite: "Spend your Christmas holidays in Macao".
A língua principal é o inglês embora exista uma secção em português que ocupa cerca de uma página. "Sae esta revista nas línguas das duas nações secularmente aliadas." Com a opção pela língua inglesa pretendia-se atingir o maior número de leitores possível naquelas paragens onde existiam fortes comunidades de portugueses e macaenses mas nem todos dominavam o português: Xangai, Cantão, Pequim, Hong Kong, Japão e Timor.
A publicação tinha correspondentes em Portugal e Hong Kong, por exemplo, e, para além das notícias mais importantes, tinha ainda uma secção de desporto e outra dedicada especialmente às senhoras. A imagem/fotografia vai ocupar bastante espaço nos artigos, embora a mancha de texto seja maior.

João Francisco Oliveira Botas
Lisboa, Março de 2013




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