Theosebeia Hermética: Deus como o Bem, Pai e Demiurgo no Corpus Hermeticum
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Anais do Congresso da SOTER 27º Congresso Internacional da SOTER Espiritualidades e Dinâmicas Sociais: Memória – Prospectivas.
Theosebeia Hermética: Deus como o bem, pai e demiurgo no corpus hermeticum 1כ
Resumo: No
Timaeus.
religião racional, tomando como pressuposto o conceito de eusebeia
Palavras-chave: Theosebeia.
Introdução: O Corpus Hermeticum ϐ Quando o assunto é o e a Literatura Hermética de um ǡ
ϐ considerados com certa cautela. Por quê? ǡ
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ϐϐϐǡeusebeia (theosebeiaȌϐ×ϐ
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ȂǣÀȀǤ Anglicano de Estudos Teológicos do Recife. Lugar de Origem: Recife – PE, Brasil. Contato: ̷Ǥ
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398
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se entende hodiernamente nem se pode inferir que eles formassem uma escola ϐ×ϐ
ȋ ǡͳͻͻͳǡǤǦǢǡͳͻͺͷǡǤͳǡǤͳǡǤͳǢ ; DODD, 2005, p. 11-12; DODD, 1954, p. 244).
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Ǥ ± ϐ ± importante para desenvolver o campo de sentido (ZILLES, 1991, p. 7). No entanto, para o Hermetismo, isso não funciona dessa maneira. Assim, a ϐ ±Ǥ Ǥʹǣ
ǡ±Àǡ×ǡ
ǡ± a palavra inexplicável, para que tais mistérios também não venham para os gregos, nem que a elocução desdenhosa e envolvente e também adornada dos gregos faça nulo o majestoso e o forte, e também a elocução energética dos nomes. Pois os gregos, ó rei, têm vãs palavras energéticas Ùǡ±ϐϐǡÀǤ× conversamos com as palavras. Mas conversamos com os sons cheios de realizações. (HERMÈS TRISMÉGISTE, 2011, t. 1, p. 49, tradução nossa).2
Não parece convincente que os autores herméticos estivessem interessados ϐÙ×
ϐ×ϐ
Ù× ϐǤ mistérios não podem ser revelados aos gregos nem que a maneira sarcástica de se
ǡ
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ǡ± e Forte (Deus). É evidente que os autores herméticos não se satisfazem com muitas palavras ϐ×ϐ
Ǥ Ǥ ǡ ± ×
Ǥ Sendo assim, o que conhece ou aquele que tem a gnose é eusebµs. Destarte, a gnose
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ȋepistµmµ), que, por sua vez, é algo intrisecamente divino. Essas ϐÙ Ǥͻǣ
Porém, pelo contrário, a gnose é a virtude da alma; pois o que conhece também é bom e piedoso e já divino. – Quem é esse, ó pai? - O que não fala muitas coisas, nem escuta muitas coisas; pois o que perde tempo com
ǡ×ϐǡ
Ǥǡ o Pai como o Bem, nem é falado nem é ouvido; porém, assim sendo, em todos os seres as sensações estão por causa do não poder ser sem isso; porém, gnose difere muito das sensações; pois, deveras, a sensação vem
ǡ±±ϐ
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²
± dom de Deus. (HERMÈS TRISMÉGISTE, 2011, t. 1, p. 49, tradução nossa).3
ݼıȠȞ ȠމȞ įȣȞĮIJȩȞ ıIJȓ ıȠȚ, ȕĮıȚȜİࠎ, ʌȐȞIJĮ į ޡįȪȞĮıĮȚ, IJȩȞ ȜȩȖȠȞ įȚĮIJȒȡȘıȠȞ ܻȞİȡȝȒȞİȣIJȠȞ, ݬȞĮ ȝȒIJİ İݧȢ ݖȜȜȘȞĮȢ ݏȜ ׇ߯IJȠȚĮࠎIJĮ ȝȣıIJȒȡȚĮ, ȝȒIJİ ݘIJࠛȞ ݒȜȜȒȞȦȞ ބʌİȡȒijĮȞȠȢ ijȡȐıȚȢ צĮצ ޥȜİȜȣȝȑȞȘ צĮޔ ޥıʌİȡ צİצĮȜȜȦʌȚıȝȑȞȘ ȟȓIJȘȜȠȞ ʌȠȚȒı߯ IJާ ıİȝȞާȞ צĮ ޥıIJȚ׆ĮȡȩȞ, צĮ ޥIJޣȞ ȞİȡȖȘIJȚޣצȞ IJࠛȞ ݷȞȠȝȐIJȦȞ ijȡȐıȚȞ. ݖȜȜȘȞİȢ ȖȐȡ, ޕȕĮıȚȜİࠎ, ȜȩȖȠȣȢ ݏȤȠȣıȚ צİȞȠީȢ ܻʌȠįİȓȟİȦȞ ȞİȡȖȘIJȚצȠȪȢ, צĮ ޥĮވIJȘ ıIJޥȞ ݒȜȜȒȞȦȞ ijȚȜȠıȠijȓĮ, ȜȩȖȦȞ ȥȩijȠȢ. ݘȝİ߿Ȣ į ޡȠ ރȜȩȖȠȚȢ ȤȡȫȝİׇĮ. ܻȜȜ ޟijȦȞĮ߿Ȣ ȝİıIJĮ߿Ȣ IJࠛȞ ݏȡȖȦȞ.
2
3 IJȠރȞĮȞIJȓȠȞ įܻ ޡȡİIJ ޣȥȣȤ߱Ȣ ȖȞࠛıȚȢÂ ݸȖޟȡ ȖȞȠީȢ צĮܻ ޥȖĮާׇȢ צĮ ޥİރıİޣ׆Ȣ צĮݛ ޥįȘ ׇİ߿ȠȢ ȉȓȢ įȑ ıIJȚȞ ȠފIJȠȢ, ޕʌȐIJİȡ ݾȝ ޣʌȠȜȜ ޟȜĮȜࠛȞ, ȝȘį ޡʌȠȜȜצܻ ޟȠȪȦȞÂ ݸȖޟȡ įȪȠ ȜȩȖȠȚȢ ıȤȠȜȐȗȦȞ צĮצܻ ޥȠĮ߿Ȣ, ޕIJȑצȞȠȞ, ıצȚĮȝĮȤİ߿. ݸȖޟȡ ׇİާȢ צĮ ޥʌĮIJޣȡ צĮ ޥIJާ ܻȖĮާׇȞ ȠއIJİ ȜȑȖİIJĮȚ ȠއIJİ ܻצȠȪİIJĮȚÂIJȠȪIJȠȣ į ޡȠވIJȦȢ ݏȤȠȞIJȠȢ, Ȟ ʌߢıȚ IJȠ߿Ȣ ȠމıȚȞ Į ݨĮݧıׇȒıİȚȢ İݧıȓ, įȚ ޟIJާ ȝ ޣįȪȞĮıׇĮȚ İݭȞĮȚ ȤȦȡޥȢ ĮރIJȠࠎÂȖȞࠛıȚȢ į ޡĮݧıׇȒıİȦȢ ʌȠȜީ įȚĮijȑȡİȚÂĮݫıׇȘıȚȢ ȝޡȞ Ȗޟȡ ȖȓȞİIJĮȚ IJȠࠎ
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É importante frisar que a epistµmµ é o meio pelo qual se atinge a gnose, mas, em última análise, não se pode proceder a essa ciência sem ter em mente a gnose. ±Ùϐ×ϐ
ǡ±ǡ o Pai e o Bem, pode ser apreendido. Urbano Zilles salienta muito claramente que o
homem se relaciona com algo que é maior do que ele, que se subentende Deus. Por ǡϐǦ²
ȋ ǡ 1991, p. 6). Da mesma forma, como foi mencionado, Feuerbach considera que a diferença essencial entre o homem e os brutos [animais irracionais] está apenas na crença religiosa (FEUERBACH, 2008, 209). Os autores herméticos não estão ϐÙǤ
Ǥͳͻ :
Então todo vivente é imortal por causa dele [do intelecto]; e, dentre todos, o homem, o receptor de Deus e consubstancial com Deus, é o mais [imortal]. Pois Deus conversa só com esse vivente, tanto de noite através de sonhos, quanto de dia através de presságios, e lhe prediz todas as coisas ±
ǡǡǡÀǡ de carvalho; por isso, também o homem procura conhecer as coisas acontecidas antes e as coisas presentes e as coisas futuras. (HERMÈS TRISMÉGISTE, 2011, t. 1, p. 181-182, tradução nossa).4
A ideia da conversa entre o ser humano e Deus constitui o ponto fundante do relacionamento, de maneira a inferir a recepção e a consubstanciação divina no homem. Esse pensamento hermético não parece ser estranho uma vez que essa , segundo Zilles, é própria do ser da humanidade e que, desde a Antiguidade, a religião é entendida como uma relação entre o homem e Deus (o divino) (ZILLES, 1991, p. 6). ǡ ϐ ǡ
não recai sobre a relação, mas sobre a acerca do que seria Deus,
o homem e a religião (ZILLES, 1991, p. 6). Não se pode pressupor que os autores ±
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Ǥ ǡ ϐ da Religião e os autores herméticos dialogam. Nota-se que o também levanta a do que seria Deus, como por exemplo, no C. H. II.12: ( ).
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de forma variada no . Isso advém do fato de que existem dois
segmentos de traços doutrinários: o imanentista e o transcendentalista. Os traços
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ʌȚצȡĮIJȠࠎȞIJȠȢ, ȖȞࠛıȚȢ įȑ ıIJȚȞ ʌȚıIJȒȝȘȢ IJާ IJȑȜȠȢ, ʌȚıIJȒȝȘ į ޡįࠛȡȠȞ IJȠࠎ ׇİȠࠎ.
4
πᾶν ἄρα ζῷον ἀϑάνατον δι’ αὐτόν [τὸν νοῦν]· πάντων δὲ μᾶλλον ὁ ἄνϑρωπος, ὁ ϰαὶ τοῦ ϑεοῦ δεϰτιϰὸς ϰαὶ τῷ ϑεῷ συνουσιαστιϰός. τούτῳ γὰρ μόνῳ τῷ ȗࠚῳ ὁ ϑεὸς ὁμιλεῖ, νυϰτὸς μὲν δι’ ὀνείρων, ἡμέρας δὲ διὰ συμϐόλων, ϰαὶ διὰ πάντων αὐτῷ προλέγει τὰ μέλλοντα, διὰ ὀρνέων, διὰ σπλάγχνων, διὰ πνεύματος, διὰ δρυός, διὸ ϰαὶ ἐπαγγέλλεται ὁ ἄνϑρωπος ἐπίστασϑαι τὰ προγεγενημένα ϰαὶ ἐνεστῶτα ϰαὶ μέλλοντα.
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os traços transcendentalistas e dualistas se evidenciam doutrinariamente no C.H. I, ǡ ǡ Ǥǡ
, percebe-se que a presença de um imanentismo não exclui o transcendentalismo nem um transcendentalismo exclui o imanentismo. Pode-se tomar como exemplo o ǤǤǡ
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ǡ que descreve a imanência de Deus, mas também não deixa de mencionar sua transcendência como Deus Criador, comparando-o a um pintor e escultor. Ademais, ǤǤ ǡ
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a transcendência de Deus, embora não se exclua a imanência (JOHNSON, 2009, p. 85ͺͺǢ ǡʹͲͳͳǡǤʹǡǤͶ͵ͳǢǡʹͲͲͲǡǤǡǢ ǡͳͻͻͲǡ p. 250; FILORAMO, 1992, v. 1, p. 378; MAHÉ, 2005, v. 6, p. 3940; MAHÉ, 1982, t. 2, p. 15, 29, 314, 441; DODD, 2005, p. 17-25, nota 2 na página 20, nota 1 na p. 33; SCOTT, 1985, v. 1, p. 7, 8-9; DODD, 1954, p. 245). No mesmo contexto dessa pergunta, ou seja, no C. H. II.12, a resposta é dada
ǤǡϐǦ Deus é, negando-lhe os limites. Isso advém do fato de que, partindo daquilo que se conhece, ou seja, o limitado, pode-se alcançar o totalmente positivo e transcendente: ǡǡϐǡϐǡ
ǤȋǡͳͻͻͻǡǤʹ͵ȌǤ Como o
II, em sua predominância, é doutrinariamente
ǡ ϐ
ǡÀȋǡʹͲͲͷǡǤʹͳȌǤǡ II.12 reza o seguinte: “– Então, o que é Deus? - O que não é nenhuma dessas coisas que existem, porém, também, sendo o responsável por todas as coisas e por cada um de todos os seres de ser o que são.” (HERMÈS TRISMÉGISTE, 2011, t. 1, p. 181-182, tradução nossa)”.5 Em geral, no , a tendência dos autores é de enfatizar a otherness (ou outridade) de Deus por meio de negações (DODD, 2005, p. 21). NotaǡǡǤǤ ǤͳǣDzǡ±
ǣ ±Àǡ
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ǡ ǡ corpo. Pois nem é fogo, nem água, nem ar, nem pneuma, mas todas as coisas vêm dele.” (HERMÈS TRISMÉGISTE, 2011, t. 1, p. 181-182, tradução nossa).6 Ǥͻǡ
Ǧϐ ǣ
No mesmo tratado, 5
Ὁ οὖν ϑεὸς τί ἐστιν ἑνὶ ἑϰάστῳ τῶν ὄντων πάντων.
μηδὲ ἓν τούτων ὑπάρχων, ὢν δὲ ϰαὶ τοῦ εἶναι τούτοις αἴτιος ϰαὶ πᾶσι ϰαὶ
6 τοῦτο γάρ ἐστι τὸ σῶμα ἐϰείνου, οὐχ ἁπτόν, οὐδὲ ὁρατόν, οὐδὲ μετρητόν, οὐδὲ διαστατόν, οὐδὲ ἄλλῳ τινὶ σώματι ὅμοιον· οὔτε γὰρ πῦρ ἐστιν οὔτε ὕδωρ οὔτε ἀὴρ οὔτε πνεῦμα, ἀλλὰ πάντα ἀπ’ αὐτοῦ .
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Pois, tanto as coisas manifestas deleitam como as imanifestas fazem
ϐǤ
ǡ ± imanifesto aos manifestos. Pois não é forma nem tipo. Por isso, deveras, é semelhante a si mesmo, mas é dessemelhante a todos os outros. Com ǡ ± À
×
Ǥ ȋ1 TRISMÉGISTE, 2011, t. 1, p. 181-182, tradução nossa).7
Deus, o Pai e o Bem, não aparece no mundo manifesto (fenomênico), pelo menos, não de forma evidente. Sendo Bem, Deus é dessemelhante de todos outros seres; sendo Pai, ele cria e faz todas as coisas; sendo o Demiurgo, ele cria e opera perfeitamente todas as coisas. Com o recorte da doutrina transcendentalista, aqui, empregar-se-á a análise ideológico-conceptual com vista a entender como os Herméticos tentavam resolver o problema de Deus através de motif, conceitos e idéias subjacentes a esses termos. 1. Deus como Pai e Demiurgo Deus como Pai, no , ocorre aproximadamente 60 vezes enquanto Deus como Demiurgo ocorre aproximadamente 16 vezes (DELATTE;
ǢǡͳͻǡǤͶͶǦͶͷǡͳͷͳǦͳͷ͵ȌǤǡ
a Deus, são quase intercambiáveis. Deus só é Pai porque ele cria ou faz ( ). Deve-
se também considerar que Deus ), o ǡÀϐ
ǡ ȋȌǤ
do tratado I do , em que o Demiurgo é um ser intermediário, todos os outros tratados, em que incide essa palavra, referem-se ao Demiurgo como uma das designações do Supremo Deus Criador. Mesmo o Demiurgo hipostasiado no I, parece que Deus utiliza de sua Mente Criativa para criar outros seres (DODD, 2005, p. 37, DODD, 1954, p. 136-138). Em todo caso, a função do Deus, na maioria dos tratados do em que ocorre a expressão seres quando o assunto é criar. O termo
, não é intermediada por outros se refere diretamente a Deus
porque é próprio de sua natureza criar ( ). Por isso, ele possui o atributo de Criador Supremo, como bem explicam os autores do Ǥʹ ǤͷǤ
± de Alexandria (DODD, 1954, p. 136-138).
No entanto, não se pode pressupor que esse Demiurgo tenha o sentido ×
Ø
Ǥ 7 τὰ μὲν γὰρ φαινόμενα τέρπει, τὰ δὲ ἀφανῆ δυσπιστεῖν ποιεῖ. φανερώτερα δέ ἐστι τὰ ϰαϰά, τὸ δὲ
ἀγαϑὸν ἀφανὲς τοῖς φανεροῖς. οὐ γὰρ μορφὴ οὔτε τύπος ἐστὶν αὐτοῦ. διὰ τοῦτο αὐτῷ μέν ἐστιν ὅμοιον, τοῖς δὲ ἄλλοις πᾶσιν ἀνόμοιον· ἀδύνατον γὰρ ἀσώματον σώματι φανῆναι.
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Está escrito em Timaeus 41D, sobre o Demiurgo: Eu transmito: de resto, vós, tercendo (compondo) coisa mortal em coisa imortal, produzis e engendrais os viventes, e dando nutrição, aumentai e recebeis de volta aqueles que morrem (perecem). Disse essas coisas, e novamente sobre a primeira cratera, na qual, tendo misturado a Alma do Todo, mexeu; derramou o resto das coisas primordiais, misturando um tanto da mesma maneira, e não com as mesmas coisas puras [sem misturas] assim, mas as de segunda e terceira [categorias de acordo com a pureza]. E
ÀǡïǤ (PLATO, 1929, v. 9, p. 88-90, tradução nossa).8
Nos tratados do
, Deus constantemente é chamado de
Demiurgo. A palavra ocorre dezesseis (16) vezes no .
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ϐ
intermediária, exceto no (C.H. I), mas, mesmo nesse caso, deve-se pensar acerca da atividade demiúrgica. No C.H. I, (O Nous Demiurgo) é uma espécie de intermediário que provém do próprio Deus, que também é . Ao contrário do que se pode imaginar, não se deve presumir que é uma entidade gnóstica
ǡ
² ×
ȋ±
Ǥ ǤǤȌ (DODD, 2005, p. 37; DODD, 1954, p. 136-138).
2
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Timaeus. Além disso, a palavra é empregada por Plutarco, no 370A, para se referir a um dos Amesha Spenta (Imortais Sagrados) do Zoroastrismo, o que são emanações divinas de Ahura Masda.
Na verdade, o (C.H. I) trata (O Nous Demiurgo) como o Deus Celeste, que tem a função de criar os astros regentes, mas que, de alguma forma, está ligado ao Deus e Pai. Isso poderia parecer estranho que o Criador estivesse subordinado ao ser do Pai para um hermético. Pode-se constatar que os escritos herméticos de caráter dualista, geralmente, apresentam seres intermediários para garantir a transcendência de Deus. Isso advém do fato de que a concepção de que antigas divindades serviam como emanações da divindade maior, constituindo um séquito de seres intermediários, o que não passam de atributos próprios da divindade principal (DODD, 2005, p. 37; DODD, 1954, p. 136-138; PLATO, 1929, v. 9, p. 84-86; ELIADE, 2011, v. 1, p. 299, 302, 305s, 310, 312, 419; ELIADE; COULIANO, 2009, p. 279; PLUTARCH, 1936, v. 5, p. 112-114). . No entanto, o conceito de Pai em relação a Deus não tem nenhuma ressonância com o termo apelativo dos Cristãos. No 8 Ȗޫ ʌĮȡĮįȫıȦǜ IJާ į ޡȜȠȚʌާȞ ބȝİ߿Ȣ, ׇܻĮȞȐIJ࠙ ׇȞȘIJާȞ ʌȡȠıȣijĮȓȞȠȞIJİȢ, ܻʌİȡȖȐȗİıׇİ ȗࠜĮ צĮ ޥȖİȞȞߢIJİ
IJȡȠijȒȞ IJİ įȚįȩȞIJİȢ ĮރȟȐȞİIJİ צĮ ޥijׇȓȞȠȞIJĮ ʌȐȜȚȞ įȑȤİıׇİ. ȉĮࠎIJ’ İݭʌİ, צĮ ޥʌȐȜȚȞ ʌ ޥIJާȞ ʌȡȩIJİȡȠȞ צȡĮIJ߱ȡĮ, Ȟ ߔ IJޣȞ IJȠࠎ ʌĮȞIJާȢ ȥȣȤޣȞ צİȡĮȞȞީȢ ݏȝȚıȖİȞ, IJ ޟIJࠛȞ ʌȡȩıׇİȞ ބʌȩȜȠȚʌĮ צĮIJİȤİ߿IJȠ ȝȓıȖȦȞ IJȡȩʌȠȞ ȝȑȞ IJȚȞĮ IJާȞ ĮރIJȩȞ, ܻצȒȡĮIJĮ į’ ȠצރȑIJȚ צĮIJ ޟIJĮރIJސ ޟıĮȪIJȦȢ, ܻȜȜ ޟįİȪIJİȡĮ צĮ ޥIJȡȓIJĮ. ȟȣıIJȒıĮȢ į ޡIJާ ʌߢȞ įȚİ߿Ȝİ ȥȣȤޟȢ ݧıĮȡȓׇȝȠȣȢ IJȠ߿Ȣ ܿıIJȡȠȚȢ.
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Ǥͳǡ
± ǣ Dz±ǡ À ±
o de pai, também por causa da feitoria de todas as coisas; pois o fazer é do pai.” (HERMÈS TRISMÉGISTE, 2011, t. 1, p. 181-182, tradução nossa).9 O verbo não indica apenas uma simples feitoria ( ), mas também a capacidade de criar, trazer à existência ou procriar ( p. 1427-1429). Assim, o Deus como Pai, no
) (LIDDELL; SCOTT; JONES, 1996, , se refere ao pater
generans. Embora, nos tratados herméticos, se evoque Deus como Pai, essa designação sempre explicita tanto diretamente como contextualmente que ele é seres e coisasȋᚾɎȽɒɏɒᛟɋᚿɉɘɋȌȋǤǤ Ǥ͵ͳǢ ǤʹͳȌǡǡ
todas as coisas. Não se pode presumir que isso tenha o mesmo sentido da evocação de Deus como Pai ( ) em contexto cristão (KIRST; et al., 1988, p. 1, 275; LAMBDIN, 2003, p. 369; RUSCONI, 2003, p. 15). Segundo Joachim Jeremias, algo peculiar da ou da ipsissima verba de Jesus era mencionar Deus como ( ) (cf. Marcos 14.36). Talvez isso fosse uma novidade entre os judeus. Embora existissem orações tipicamente judaicas com apelativos a Deus como Pai, mesmo fora das orações, não se menciona nada da paternidade de Deus nem em orações litúrgicas nem na vida privada dos judeus. Ademais, chamar Deus de Pai ( Ȍǡ
ǡ
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ǡϐ²
²
ȋ ǡͳͻǡǤ 61-62, 100-109). O sentido de abba ( ), como pronunciado por Jesus
e posteriormente transmitido para o ambiente cristão de oração, explicita que a
ϐ ǡ
ϐǡ
ǡ²
ȋ ǡ 1977, p. 108). Na concepção hermética, o ser humano não se relaciona a Deus Pai
À
ϐ
Ǥ ±
ǡ hermética. Para o Hermetismo, o ser humano é feito à imagem do mundo e difere dos outros animais porque possui intelecto de acordo com a vontade do Pai (Deus). Ele está vinculado ao mundo por meio de simpatia (macrocosmo-microcosmo) e unido a Deus por meio do intelecto (cf. ǤͷȌǤǡ Ǥ͵ǡǣ
9
± ϐǡ
o apetite do Bem através do Sol. Pois o Bem é o feitor; porém isso não é À
Ǣǡ por aquele que nada recebe [...]: pois, deveras, faz tanto as quantidades e as qualidades como as contrariedades; e ele é Deus, o Pai e o Bem, porque todas as coisas existem. (HERMÈS TRISMÉGISTE, 2011, t. 1, p. 114,
ἡ δὲ ἑτέρα προσηγορία ἐστὶν ἡ τοῦ πατρός, πάλιν διὰ τὸ ποιητιϰὸν πάντων· πατρὸς γὰρ τὸ ποιεῖν.
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tradução nossa).10
2. Deus como o Bem Mas que Bem é esse? Por que Deus seria a representação do Sumo Bem? De qualquer maneira, como foi visto acima, a função do Deus, na maioria dos tratados do , não é intermediada por outros seres ou atributos quando o assunto é criar. Por essa razão, Deus possui o atributo de Criador Supremo. Isso é explicitado no Ǥʹ ǤͷǤ ǤǤ Ǥͳǡ o Deus que envia a cratera é o Demiurgo que cria o mundo inteiro com a palavra: “... o Demiurgo fez todo mundo, não com as mãos, mas com uma palavra [...] e que criou todos os seres por vontade sua...” (HERMÈS TRISMÉGISTE, 2011, t. 1, p. 49, tradução nossa).11 Se comparar os textos, perceber-se-á que isso está em consonância com o platonismo do diálogo de Timaeus. No entanto, do ponto de vista do Platonismo, Deus (o Demiurgo) quis criar para que as coisas fossem segundo a ,a e o BemØ no caos (PLATÃO, Timaeus, 29A, 29E, 41B: PLATO, 1929, v. 9, p. 50-52, 54, 88. REALE, 2008, v. 3, p. 150-151). No ǤͳǦʹǣϐǦǤǤǤ
... sendo bom, não quis a si mesmo somente dedicar isso e ornar a terra, porém, enviou o homem, o ornamento do corpo divino, o vivente mortal do vivente imortal, e, de fato, o mundo superou os viventes, sendo o sempre vivente, porém, o homem superou o mundo por causa do logos e do conhecimento. (HERMÈS TRISMÉGISTE, 2011, t. 1, p. 49, tradução nossa).12
Em todo caso, para os autores herméticos, Deus não é bom do ponto de ÀÀϐ
ǡǤ×
da releitura sobre a transcendência de Deus pelos médio-platonistas. A maioria dos tratados do ²
ȋɒᛂ
ɋȌǤ ǡ ±
ǡ ± está predisposto a dar gratuitamente sem querer receber nada como recompensa. Além disso, só Deus contém o Bem, pois ele não pode se separar do ser de Deus e é o 10
αἴτιος δὲ ὁ πατὴρ τῶν τέϰνων ϰαὶ τῆς σπορᾶς ϰαὶ τῆς τροφῆς, τὴν ὄρεξιν λαϐὼν τοῦ ἀγαϑοῦ διὰ τοῦ ἡλίου· τὸ γὰρ ἀγαϑόν ἐστι τὸ ποιητιϰόν· τοῦτο δὲ οὐ δυνατὸν ἐγγενέσϑαι ἄλλῳ τινὶ ἢ μόνῳ ἐϰείνῳ, τῷ μηδὲν μὲν λαμϐάνοντι, πάντα δὲ ϑέλοντι εἶναι· οὐ γὰρ ἐρῶ, ὦ Τάτ, ποιοῦντι· ὁ γὰρ ποιῶν ἐλλιπής ἐστι πολλῷ χρόνῳ, ἐν ᾧ ὁτὲ μὲν ποιεῖ, ὁτὲ δὲ οὐ ποιεῖ, ϰαὶ ποιότητος ϰαὶ ποσότητος· ποτὲ μὲν γὰρ ποσὰ ϰαὶ ποιά. ὁτὲ δὲ τὰ ἐναντία· ὁ δὲ ϑεὸς ϰαὶ πατὴρ ϰαὶ τὸ ἀγαϑὸν τῷ εἶναι τὰ πάντα.
...IJާȞ ʌȐȞIJĮ צȩıȝȠȞ ʌȠȓȘıİȞ ݸįȘȝȚȠȣȡȖȩȢ, Ƞ ރȤİȡıޥȞ ܻȜȜ ޟȜȩȖ࠙ [...] IJ߲ į ޡĮރIJȠࠎ ׇİȜȒıİȚ įȘȝȚȠȣȡȖȒıĮȞIJȠȢ IJݻ ޟȞIJĮ....
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12 ܻȖĮާׇȢ Ȗޟȡ ޑȞ, ރȝȩȞ࠙ ĮȣIJࠜ IJȠࠎIJȠ ܻȞĮׇİ߿ȞĮȚ ׇݗȑȜȘıİ צĮ ޥIJޣȞ Ȗ߱Ȟ צȠıȝ߱ıĮȚ, צȩıȝȠȞ įׇ ޡİȓȠȣ ıȫȝĮIJȠȢ צĮIJȑʌİȝȥİ IJާȞ ܿȞׇȡȦʌȠȞ, ȗࠚȠȣ ׇܻĮȞȐIJȠȣ ȗࠜȠȞ ׇȞȘIJȩȞ, צĮ ݸ ޥȝޡȞ צȩıȝȠȢ IJࠛȞ ȗࠚȦȞ ʌȜİȠȞȑצIJİȚ IJާ ܻİȓȗȦȠȞ, צĮ ޥIJȠࠎ צȩıȝȠȣ IJާȞ ȜȩȖȠȞ צĮ ޥIJާȞ ȞȠࠎȞ.
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×Ǣ±±
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ȋǤǤ ǤͳǢ ǤͳǦǢǤͳǦ 4). A teologia do Bem é muito sólida no . Conclusão ϐϐ intrinsecamente ligada à
[
, a [eusebeia] está ȐǤ ±
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Hermética que os autores são capazes, sem nenhum constrangimento, de chamar esse caminho gnóstico de devoção. Isso porque a é essencialmente piedosa, devocional e interior. “E comecei a pregar aos homens a beleza da [eusebeia] e da “(cf. C.H. I.27). Além disso, a opção do ser humano por esse caminho
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ȋǤǤ ǤȌǤ Ǯ a Deus’ saberá tudo suportar porque tomou consciência da , pois esse tem
as sementes de Deus (a virtude, a temperança e [eusebeiaȐ ȋǤǤ ǤͶȌǤ ǤǤ ǤͶ [ Ȑǡ À
[ ]. No mesmo contexto, também se utiliza [eusebeia]. Percebe-se que [ ] e [ ] são intercambiáveis. Em outro trecho, podemos ver que a virtude da alma é a , e aquele que a tem é bom e [ ]
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piedoso não pode ser comparado a um conhecimento puramente epistemológico. Essa theosebeia está longe de ser uma theodiceia. As várias referências a Deus como o Bem, Pai e Demiurgo não podem ser comparadas a qualquer atributo de bondade como se aplica à humanidade. ±
À × Ǥ ± comparativo nem pode ser comparado a qualquer outro ser. Deus, sendo Demiurgo, é o único capaz de ser chamado de Pai, não por seu terno amor (em termos cristãos), mas pela capacidade de criação e adoção. O termo Demiurgo, no ,
×
Ø
do diálogo de Timaeus. O Bem do Hermetismo não é o mesmo de Platão e dos
Neoplatonistas. Ademais, o conceito de Pai em relação a Deus não tem nenhuma ressonância com o termo apelativo dos Cristãos. Conclui-se que o Hermetismo tenta
ϐϐ racional, tomando como pressuposto o conceito de eusebeia ou theosebeia, que
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Ǥ Referências
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