Transformações culturais e modelos espaciais no estudo da paisagem da romanização em terras valencianas

Share Embed


Descrição do Produto

Elaine Cristina Carvalho da Silva Doutoranda em Arqueologia Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo – MAE/USP

Transformações culturais e modelos espaciais no estudo da paisagem da romanização em terras valencianas INTRODUÇÃO Cada fenômeno estudado pelos arqueólogos ocorre em uma dimensão espaçotemporal. Portanto, torna-se necessário a utilização de informação espacial para diversos estudos e escalas de aplicação. Basta pensar, por exemplo, no estudo do povoamento de determinada região e nos diversos critérios ambientais, econômicos, políticos e culturais que condicionaram essa ocupação. Nesses estudos, a Arqueologia sempre se valeu, portanto, não só de suas próprias metodologias como, também, de numerosas contribuições de outros campos científicos tradicionalmente voltados às análises espaciais, como a Geologia e, principalmente, a Geografia. Mas, o que geralmente se percebe dessa aproximação da Arqueologia com outras disciplinas, é a introdução de conceitos e novas propostas metodológicas que parecem ter sido apropriados sem ter havido um debate crítico. No presente trabalho, pretende-se relacionar os conceitos frequentemente utilizados na Geografia com a temática de minha pesquisa de Doutorado, desenvolvida na área de Arqueologia 1, na qual se estuda a análise espacial em terras valencianas, na Província Romana da Hispânia Citerior, sob o enfoque da Arqueologia da Paisagem. Optou-se por adotar preceitos teóricos e metodológicos fundamentados nos princípios da interdisciplinaridade, a fim de melhor compreender os processos que resultaram na construção do espaço e da paisagem em estudo. Reconhecendo que sua incorporação na análise arqueológica pressupõe sua abordagem como um sistema complexo e dinâmico no qual diferentes fatores – naturais, culturais, materiais, econômicos e políticos – interagem e evoluem conjuntamente. 1

Pesquisa em desenvolvimento no Museu de Arqueologia e Etnologia - USP, sob orientação da Profª. Drª. Maria Isabel D’ Agostino Fleming, inserida na linha de pesquisa “Espaço, Sociedade e Processos de Formação do Registro Arqueológico”, com financiamento CAPES.

Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

2

ESPAÇO E PAISAGEM: CONCEITOS EQUIVALENTES? O interesse pela relação entre espaço e sociedade faz parte da Geografia, haja vista que sempre esteve voltada para a descrição da diversidade da superfície terrestre. Conceitos como região, lugar, paisagem, espaço e território são exemplos de áreas de estudo privilegiadas pelos geógrafos em sua práxis. A Geografia se expressou, e ainda se expressa, ancorada nesse conjunto de conceitos que, muitas vezes, são considerados como equivalentes, a exemplo do uso do conceito de espaço geográfico como equivalente ao de paisagem, entre outros. Há, portanto, a necessidade de conceituá-los, posto que se tornarão inválidos caso se mesclem. Percebe-se, assim, que os conceitos geográficos expressam níveis de abstração diferenciados e, por consequência, possibilidades operacionais também diferenciadas. Dessa forma, muitas perspectivas de análise têm sido propostas para compreender as transformações do espaço geográfico. O debate sobre ele é antigo e tomou vários caminhos de acordo com o pensamento da época, ou seja, relacionado ao contexto no qual estavam inseridos aqueles que “faziam” a Geografia. Por muito tempo se tentou definir o que era esse espaço, mas pensado enquanto um objeto. Para a Geografia Tradicional, esse espaço era a superfície da terra, pensado como algo próprio de seu campo disciplinar. Estes enfoques traziam o positivismo como método científico, porque, naquele momento, era o método de todas as “ciências”. Todas as ideologias de uma época pertencem a uma mesma mentalidade e o próprio conhecimento da sociedade é uma interpretação. No campo científico, essas ideologias se expressam em métodos diferentes. Assim, em meados do século XX começa a surgir uma certa desmaterialização do espaço e este começa a ser trabalhado não como algo empírico mas como uma forma de se ver a realidade. Percebe-se, então, que a Geografia trabalha com “algo”, ou seja, o espaço como centro de interesse – que outros campos disciplinares também trabalham, mas de uma forma específica – e essa nova abordagem se dá a partir de determinadas posturas

Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

3

metodológicas. Então, pode-se dizer que o que define as várias “ciências” é a abordagem utilizada. Portanto, a partir deste momento, a Geografia cessa de tentar buscar esse objeto e passa a definir claramente uma abordagem, rompendo, assim, com a ideia de um ente material, específico. Aquilo que era até então algo externo ao sujeito passa a ser visto a partir de uma realidade múltipla. Assim, há o surgimento de um ecletismo “consciente” de diversos enfoques metodológicos, levando a um maior diálogo entre eles. Quanto maior o número de enfoques sobre um mesmo assunto, melhor poderá ser trabalhado. Lefebvre (1973: 18-20) é enfático ao analisar a “ciência” que estuda o espaço: Ciência do Espaço? Não. Conhecimento (teoria) da produção do espaço. A ciência do espaço (matemática, física, etc.) é do domínio da lógica, da teoria dos conjuntos e coesões, sistemas e coerências. O conhecimento do processo produtivo, que faz entrar na existência social, este produto que é o mais geral de todos – o espaço – é do domínio do pensamento dialéctico, que lhe apreende as contradições. É neste espaço dialectizado (conflitual) que se consuma a reprodução das relações de produção. É este espaço que produz a reprodução das relações de produção, introduzindo nelas contradições múltiplas, vindas ou não do tempo histórico.

Assim como o conceito de espaço, a definição de paisagem também sempre esteve presente e sua interpretação se desenvolveu ao longo do tempo nas diversas abordagens, desde Alexander Von Humboldt até as utilizações mais recentes2. Em inícios do século XX, mais do que um conceito simplificado, o estudo da paisagem configurava-se como um tema central e quase como um campo de hegemonia da Geografia, constituindo um elemento “(...) distintivo de um posicionamento disciplinar claro entre as ciências naturais e as ciências humanas” (Domingues, 2001: 56). Com o aparecimento de novas posturas metodológicas e o aprimoramento do conhecimento ecológico e geográfico, surgem propostas para analisar as características do meio natural, como a chamada Ecologia da Paisagem. Introduzida 2

“As obras ‘Cosmos’ de Alexander von Humboldt, ‘Geografia comparada’ de Carl Ritter e ‘Antropogeografia’ de Friedrich Ratzel são alguns dos exemplos clássicos em que se utilizou o conceito da paisagem como método e transcrição de dados sobre áreas distintas do planeta” (Schier, 2003: 82).

Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

4

pelo alemão Carl Troll, em 1938, considerava que as paisagens culturais e os aspectos socioeconômicos também deveriam ser levados em conta (Christofoletti, 1999: 39). Dessa forma, nessas novas definições conceituais, a paisagem passa a ser matéria de interesse e investigação de diversas áreas do conhecimento, além da própria Geografia, como também da Antropologia, Arquitetura, Arqueologia e outras mais. Portanto, como o espaço, o conceito de paisagem também é utilizado por diversas disciplinas e com várias conotações, sendo que, frequentemente, não há um acordo sobre seu significado. Segundo Bertrand (2004: 141), “Paisagem” é um termo pouco usado e impreciso, e por isto mesmo, cômodo, que cada um utiliza a seu bel prazer, (...). Emprega-se mais o termo “meio”, mesmo tendo este termo outro significado. O “meio” se define em relação a qualquer coisa...

Segundo Corrêa e Rosendahl (1998: 7), A importância deste conceito ao longo da história do pensamento geográfico tem sido variada, sendo relegado a uma posição secundária, suplantada pela ênfase nos conceitos de região, espaço, território e lugar, considerados mais adequados às necessidades contemporâneas.

Segundo Schier (2003: 82), Paisagens são, em quase todas as abordagens dos séculos XIX e XX, entidades espaciais que dependem da história econômica, cultural e ideológica de cada grupo regional e de cada sociedade e, se compreendidas como portadoras de funções sociais, não são produtos, mas processos de conferir ao espaço significados ideológicos ou finalidades sociais com base nos padrões econômicos, políticos e culturais vigentes.

Esta paisagem, denominada de cultural ou humanizada, pode então ser entendida como a resultante da interação entre os seres humanos e a natureza, ou seja, como o exercício de uma função própria dos seres humanos que evolui de acordo com as forças de cada época no estabelecimento das relações entre ambos (Andresen, 1992). Assim, a paisagem como fenômeno cultural é dinâmica e transforma-se com o passar do tempo, portanto, pode ser interpretada como um palimpsesto devido a sua construção ocorrer constantemente. Milton Santos, em seu livro A Natureza do Espaço Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

5

(2002: 107), define a paisagem como sendo transtemporal, pois junta objetos passados e presentes em uma construção transversal. Já o espaço é sempre o presente, uma construção horizontal, uma situação única. O seu caráter de palimpsesto revela um passado já morto que permite rever as etapas do passado numa perspectiva de conjunto. "A paisagem é história congelada, mas participa da história viva. São suas formas que realizam, no espaço, as funções sociais". Em uma perspectiva histórica, é evidente que o legado ambiental que temos hoje é produto das relações de populações passadas com o meio. Devemos, então, ressaltar a paisagem como cenário ativo, implicado na dimensão socioambiental decorrente das manifestações e práticas humanas em profunda interação com seu entorno. Essa interação define as diversas formas de relação transformadoras do meio. A partir dessas transformações efetuadas pelas intervenções antrópicas na paisagem, podemos interpretar a dimensão humana – como apropriação criativa e real – nos espaços no qual os grupos ocuparam, modificaram e/ou adaptaram de acordo com suas necessidades. Sem pretender efetuar um maior aprofundamento teórico sobre a diversidade de conceitos e nem dar conta de sua amplitude, torna-se apropriado apresentar algumas reflexões sobre a temática diretamente relacionada à Arqueologia. ARQUEOLOGIA DA PAISAGEM: UMA ABORDAGEM CULTURAL E MULTIDISCIPLINAR A análise e compreensão dos padrões de distribuição dos sítios arqueológicos, a organização interna dos povoados antigos e a influência da paisagem na vida do homem também foram desde sempre áreas de grande interesse para a Arqueologia, que partilha metodologias e temas de estudo com a Geografia. A publicação de livros como, por exemplo, Locational Analysis in Human Geography (Haggett, 1965) e Models of Geography (Chorley e Haggett, 1967) influenciaram a escola inglesa da Nova Arqueologia 3, liderada por David Clarke, autor de Spatial Archaeology (1977). Essa análise da ocupação do espaço tem sido foco de estudo da chamada Arqueologia Espacial, divulgada por geógrafos e arqueólogos ingleses (em especial por 3

A Nova Arqueologia, ou Arqueologia Processual, renovou os estudos da Arqueologia Espacial, estudos que, no âmbito da Arqueologia Histórico-Culturalista, praticamente se limitavam à construção de mapas de distribuição para detectar a área geográfica das culturas e analisar os fenômenos de circulação de itens.

Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

6

Christaller, 1966; Hodder & Orton, 1976) nas últimas décadas do século XX, e desenvolveu-se, principalmente em escala regional, sob o estímulo da Geografia Quantitativa. As questões espaciais passaram a ser abordadas no âmbito da relação entre estilo da cultura material, variabilidade tipológica, interação social, acessibilidade aos recursos e territorialidade. Nos últimos anos, tem-se colocado uma nova nomenclatura para os estudos espaciais: Arqueologia da Paisagem. Esta pode ser considerada uma abordagem um pouco mais apurada que a Arqueologia Espacial, vinculada à Nova Arqueologia, ou um resultado das tendências teóricas da chamada Arqueologia Pós-Processual. A Arqueologia Pós-Processual, movimento iniciado em meados dos anos 1980, engloba várias abordagens (Arqueologia Contextual, Estrutural, Cognitiva, Marxista, Fenomenológica). Segundo Shanks & Tilley (1989: 8-9), a Arqueologia Pós-Processual não propõe uma nova maneira de fazer Arqueologia, mas desenvolve uma filosofia crítica desta, contestando a possibilidade de um conhecimento objetivo do passado. Questões

associadas

ao

significado,

simbolismo

e

subjetividade

do

comportamento humano e da cultura material romperam com as análises mais tradicionais até então utilizados pela Arqueologia e a Geografia. Assim, como a Arqueologia Espacial, a Arqueologia da Paisagem privilegia análises em diversas escalas (intrasítio, intersítios/padrão de assentamento e sistema de assentamento/paisagem) e engloba diferentes enfoques (Copé, 2006: 118). Segundo Afanasiev (apud Morais, 1990), a Arqueologia da Paisagem, é a união de duas ciências: a Geografia e a Arqueologia e, desta união, derivam perspectivas de pesquisa no âmbito da paisagem ecológica (landscape ecology), do desenho ambiental (environmental design), da arqueologia ambiental (environmental archaeology), da geoarqueologia (geoarchaeology) que ampliam o espectro temporal e espacial de análise, obrigando a intersecção de várias disciplinas (...).

Em geral, as informações provenientes de diversas áreas da pesquisa arqueológica podem ser utilizadas na Arqueologia da Paisagem. Segundo Chapman (2006: 12), “the combination of methods has often supplied the key to providing a wide

Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

7

range of clues, identifying the complex palimpsest of past activity that characterizes our landscape today”. Além do mais, abordagens como as utilizadas pela Arqueologia da Paisagem intervêm menos nos registros arqueológicos, mostrando que é possível tentar reconstituir a maneira como populações pretéritas organizaram seus espaços com um mínimo de intervenção nos indícios por elas deixados. Assim, o estudo da paisagem e do entorno dos sítios arqueológicos vem se firmando cada vez mais através do uso das chamadas geotecnologias. Também conhecidas como "geoprocessamento", as geotecnologias são o conjunto de ferramentas para coleta, processamento, análise e disponibilização de informação com referência geográfica. Por geotecnologias, compreende-se uma vasta gama de aplicações e de instrumentos utilizados para a manipulação e operação de dados que possuem interesse espacial, como, por exemplo (Silva, 2009: 40): Estação Total; DGPS (GPS Geodésico); Scanner Laser; Aplicações com software SIG (Sistemas de Informação Geográfica); Desenho CAD; Sensoriamento Remoto. Segundo José Luiz de Morais e Henrique Mourão (2005: 362), “a qualidade de Geo-referenciar procedimentos, cenários ou sistemas regionais de povoamento lhe confere [ao SIG] um estatuto ímpar: a competência para tratar assuntos relacionados com o design da arqueologia em sua dimensão de planejamento, gestão e manejo do patrimônio arqueológico”.

De acordo com Martins e Bernardes (2000), a adoção de novas tecnologias na Arqueologia – para ajudar a investigação, a gestão e a apresentação do passado – é uma consequência natural que resulta da necessidade de gerir enormes quantidades de dados arqueológicos e, também, da evolução rápida das novas tecnologias, cada vez mais adaptáveis ao processamento de informação arqueológica. Devemos ter em mente, porém, que as geotecnologias são ferramentas potencialmente úteis às quais podemos nos utilizar para atingir alguns objetivos, mas os seus resultados podem e devem ser verificados com outras formas de análises e interpretações. Segundo os arqueólogos ingleses Conolly & Lake (2009: 69),

Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

8

O aparente ‘conhecimento totalizador’ que emerge no SIG a partir do conjunto de estruturas, campos, hidrologia, solos, cotas e evidência arqueológica existentes não permite compreender diretamente a paisagem social mais importante. As interpretações significativas e substantivas das relações complexas e quase sempre imprevisíveis que os humanos têm com suas respectivas paisagens não podem ser apreendidas apenas com a coleta de dados, mas se construirão e serão exploradas minuciosamente utilizandose fontes distintas (etnográficas, históricas, meio-ambientais, arqueológicas.

Por trás dessas novas perspectivas está a percepção de que a paisagem não é constituída por um mero cenário onde se desenvolvem as relações humanas, mas que ela é, sim, constituída por significados e pelas ações sociais dos indivíduos que nela habitam. Assim, o espaço é um meio para a prática, sendo socialmente produzido. A percepção da paisagem é um conceito subjetivo, sujeito a interpretações e significados que podem variar de observador para observador. Há, portanto, uma aproximação da Arqueologia e a Geografia Cultural nesta abordagem que relaciona o espaço e a consciência. Aqui a questão a ser trabalhada é: como se dão essas formas de consciência a respeito do espaço? Para Moraes (1986: 45), (...) a questão da “consciência” do espaço, ou melhor, da apropriação intelectual do espaço, deverá ser posta como momento necessário da “construção” do espaço material, num processo dinâmico e contínuo de relação sociedade/espaço.

Verificam-se

duas

vertentes

principais

resultantes

dessa

relação

sociedade/espaço: uma mais subjetiva do espaço, destacando a percepção, a sensibilidade, a vivência desse espaço. E outra mais objetiva do espaço, destacando o uso do solo, as atividades de produção, da distribuição de serviços, a representação desse espaço. Em nossa concepção, essas duas vertentes não se opõem, mas se complementam. Deve-se, assim, procurar entender as inter-relações entre as comunidades humanas e o ambiente, que é onde a análise do uso do espaço assume importância fundamental. Ao invés de se estudar o espaço, deve-se priorizar a relação

Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

9

sociedade/espaço, pois é a sociedade que age, que se apropria e valoriza esse espaço. O espaço, portanto, é uma projeção dessa sociedade. Ainda segundo Moraes (1986:43), Na medida em que se aceita que os homens agem movidos por sua consciência (...), a questão da subjetividade emerge com importância na explicação do movimento das sociedades. A produção da História, poder-seia dizer, passa pelas formas pelas quais os homens se veem no mundo, pelos seus valores suas crenças e concepções. O fluir da História se manifesta enquanto cotidianidade para seus agentes concretos. Por isso o fator subjetividade não pode ser desprezado. (...).

A sociedade possui uma espacialidade produto da captação de sua própria dimensão espacial que se observa quando se busca as relações existentes na sociedade, ou seja, as relações entre a sociedade e seu espaço. Segundo Lefebvre (2001: 79), é difícil desviar-se da tentação de definir o homem como sujeito. O homem ou a sociedade como sujeito apresenta-se, num primeiro momento, como sendo puramente abstrato se não considera-lo como histórico. Segundo Moraes (2005: 15), (...) O espaço produzido é um resultado da ação humana sobre a superfície terrestre que expressa, a cada momento, as relações sociais que lhe deram origem. Nesse sentido, a paisagem manifesta a historicidade do desenvolvimento

humano,

associando

objetos

fixados

ao

solo

e

geneticamente datados. Tais objetos exprimem a espacialidade de organizações sócio-políticas específicas e se articulam sempre numa funcionalidade do presente (...).

A paisagem é, então, percebida como um produto material, cultural e histórico de um dado grupo sobre a qual existe uma rede de interações e todo um universo de elementos que são transmitidos de geração a geração. Ou seja, ela vai se configurar devido aos grupos estabelecidos ali. Essas interações não apenas envolvem a troca de bens materiais, mas também de informações, que compreendem ideias, símbolos, invenções, aspirações e valores (Renfrew & Bahn, 2009: 191). Portanto, a paisagem analisada pelo arqueólogo não é somente o ecossistema, mas um lugar pleno de assinaturas antrópicas que se sucedem no tempo. Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

10

Segundo Passos (2001), analisar a paisagem do ponto de vista histórico é de fundamental importância, uma vez que, ao se analisar a paisagem não tem como negar o nível de intervenção antrópica, marcas da história revelada nos usos e costumes, interesses e tradições. Essa construção e reconstrução da paisagem de acordo com a necessidade humana de interagir com o meio pode ser evidenciada por numerosos exemplos do passado, os quais constatam que o processo de humanização da paisagem não é produto apenas do mundo pós revolução industrial, mas faz parte do próprio processo histórico. Dessa forma, podemos concluir que a paisagem é uma herança desse processo histórico. O espaço vai se configurar devido aos grupos humanos estabelecidos ali que vão cunhar sua paisagem cultural. O espaço, portanto, é uma materialidade que a sociedade se apropria e transforma a partir de relações. Se não houver uma compreensão da sociedade que utilizou e produziu aquele espaço não se entenderá a relação sociedade/espaço. Segundo Cerrillo Martín de Cáceres (2003: 40-41), Son espacios políticos (paisaje cultural) de realidades históricas diversas y en consecuencia susceptibles de ir cambiando en su dimensión geográfica (…), por tal razón quiero entender este término del modo más amplio posible, como entorno habitable, dominado y modificado constantemente por el hombre, y del que se obtiene un rendimiento. También lo entiendo como espacio que genera relaciones entre cada una de sus partes, pero, en especial, como una construcción cultural.

A sociedade também deve se entendida em sua multidimensionalidade à medida que se procura em unir três dimensões essenciais: política, econômica e cultural. Não se explica a formação territorial sem analisar a espacialidade de cada uma dessas dimensões já que existe uma circularidade no território enquanto materialidade. Esta cria representações do espaço que o transformam em espaço produzido, ou seja, formas que são vividas e utilizadas. Tendo em vista a explanação acima, podemos tentar extrair dos estudos da Arqueologia da Paisagem (relação sociedade-espaço), de fontes textuais existentes, e da análise das dinâmicas econômica, político e cultural, a forma como os romanos

Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

11

exerciam sua administração na região da Hispânia, ou seja, como as ideologias geográficas se transformaram em formas através de suas políticas territoriais. HISPÂNIA: ROMANIZAÇÃO A Península Ibérica é uma região chave que tem o potencial de transformar nosso conhecimento sobre o Império Romano. A longevidade da presença romana na Ibéria, a enorme variedade geográfica de suas regiões e a diferença cultural entre os povos a faz ideal para o entendimento da gênese, do desenvolvimento e da desintegração do Império romano como um todo. A presença de Roma na Ibéria está diretamente relacionada com eventos históricos que tiveram lugar no território valenciano, como, por exemplo: a quebra do Tratado do Ebro, o cerco e destruição 4, por parte de Aníbal, de Saguntum 5, oppidum 6 ibérico aliado de Roma e ponto máximo da fronteira norte entre Roma e Cartago. Segundo as fontes textuais antigas7, este Tratado foi assinado por Asdrúbal em 226 a.C., no qual estavam ditadas as fronteiras de Roma e Cartago e que dizia que os cartagineses deveriam ceder às colônias gregas toda a região ao norte do rio Ebro. Esse conflito ocorreu no único espaço geográfico que sobrava aos cartagineses para alcançar a Península Itálica depois de terem perdido em 241 a. C. o direito de transitar pelo estreito de Mesina, entre a Sicília e o sul da Itália. A tomada de Sagunto, desencadeou a II Guerra Púnica (218-202 a. C.), que segundo Tito Lívio (XXI, 1) foi a “mais memorável de todas as guerras jamais acontecidas, a que, sob o comando de Aníbal, os cartagineses moveram ao povo romano”, que teve como cenário a Ibéria, o sul da Gália, Itália, Sicília, Numídia e África. O historiador grego Políbio (2, 13, 7), relata resumidamente as negociações do chamado Tratado de Ebro (ou de Asdrúbal):

4

Tito Lívio, XXI, 15. A data correta é um tanto imprecisa, mas, provavelmente, ocorreu no ano 220 a.C. Saguntum é o termo utilizado em latim para denominar Sagunto. Novo nome para a antiga Arse Ibérica, considerada uma das primeiras cidades com direito plenamente romano (212 a.C.). A historiografia contemporânea, porém, não entra em acordo em relação a identidade de Sagunto. 6 Tradicionalmente se entende por oppida as concentrações urbanas construídas em lugares altos e dotadas de defesa. 7 Informações provenientes de escritores greco-romanos, como, por exemplo, Políbio, Estrabão, Tito Lívio, Apiano e Plínio, tem sido uma fonte de informação importante sobre Roma e suas províncias. 5

Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

12

(Os romanos) enviaram delegação a Asdrúbal e concluíram com ele um acordo no qual (...) estava disposto que os cartagineses não atravessariam com fins bélicos o rio denominado Iber.

Por conseguinte, a principal cláusula estipulada se relaciona com o compromisso de Asdrúbal em se conter militarmente pela delimitação de um rio que as fontes gregas denominam Iber e as fontes latinas denominam Hiberus. Além da ocupação de Sagunto e da marcha de Aníbal à Itália, sabe-se muito pouco sobre o desenrolar dos acontecimentos em zona valenciana, a não ser a recuperação de Sagunto por Roma em 214 e a aliança do general Cipião com o líder ibérico Edecón. Após a II Guerra Púnica, que se encerrou com o domínio de boa parte do território da Hispânia por Roma 8, os historiadores antigos não mencionam as tribos ibéricas valencianas, ilergavones, edetanas e contestanas, entre as que, devido à imposição de pesados tributos, se sublevaram durante os primeiros anos da presença romana, especialmente no vale do Ebro e na Catalunha. As terras da Hispânia eram muito ricas, mas estavam afastadas entre si e ameaçadas pelos Celtiberos (Meseta Norte) e pelos Lusitanos (Meseta Sul). Para administrá-las de maneira mais eficaz, em 197 a.C., Roma as dividiu em duas províncias: Hispânia Ulterior, a mais afastada (Ocidente da Península) e Hispânia Citerior, a mais próxima de Roma (Oriente) (Figura 1). A fronteira situava-se na linha de Nova Carthago. Para as governar, foram destinados dois magistrados com imperium, na qualidade de pro cônsules: C. Semprônio Tuditano (Citerior) e M. Hélvio (Ulterior); tiveram a incumbência de pacificar suas respectivas regiões para uma tranquila exploração territorial. Dentre os pretores, os mais famosos foram: Catão (195 a.C.) – que promoveu campanhas na Citerior com fim de arrecadar impostos e proezas militares; e Tibério Semprônio Graco (180 e 179 a.C.) – considerado o grande pacificador da Hispânia e limitador de suas fronteiras.

8

Sobre os diferentes posicionamentos teóricos relacionados a conquista romana da Hispânia, consultar R. W. Bane, The development of Roman imperial attitudes and the Iberian wars, in: Emérita XLIV, 1976, p. 409-420.

Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

13

Contudo, a arqueologia valenciana descobriu uma grande quantidade de evidências que mostram que entre o século III e II a.C. numerosos assentamentos ibéricos foram destruídos e, na maioria, não foram mais ocupados. Dado ao lapso de tempo entre a agressão cartaginesa (230-218), a guerra entre romanos e cartagineses (218-202) e a provável repressão romana aos indígenas (200-180), na maior parte dos casos é difícil assegurar com qual dos episódios destrutivos se devam relacionar os inúmeros incêndios e abandonos atestados pela Arqueologia. Contudo, parece que a grande maioria dos casos conhecidos deve ser associada à ação romana contra os iberos ao término da guerra com Cartago. Segundo Alonso-Núñes (1989: 9), El imperialismo romano en Hispania se hizo cada vez más agresivo. Esto lo muestran las guerras lusitano-celtibéricas (155-133) que no siendo rentables económicamente se mantienen por el empecinamiento del senado romano y la destrucción de Numancia (133) que sigue a pocos años de diferencia a la de Corinto (146) y Cartago (146) y lo que esa aniquilación de la ciudad celtibérica significa en el contexto internacional que se hace cada vez más opresivo. (…) El caso es que a partir de la batalla de Pidna (168) tiende a predominar la doctrina según la cual todos los pueblos estarían sometidos al arbitrio de Roma. Es aquí donde hay que encuadrar la destrucción de Numancia.

A exceção foi a cidade de Sagunto que, após a sua destruição pelos cartagineses, foi beneficiada por Roma que a reconstruiu. Prova disso são as emissões de moedas e a reconstrução de suas muralhas nos inícios do século II a.C. (Bonet & Ribera, 2003: 81). No início do século II a.C., com a nova administração romana, iniciou-se, portanto, um período conhecido como “Romanização” que se realizou em longo termo e esteve dotado de múltiplas manifestações9. Segundo G. Woolf (1998: 7), Romanização deve ter sido o processo através do qual os habitantes se tornavam e se identificavam como Romanos, mas havia mais de um tipo

9

Outros autores que abordam o conceito: Keay & Terrenato (2001); Abad (2003) e Bendala (1987; 2000).

Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

14

de Romano e os estudos da cultura provincial deve considerar a diversidade cultural, assim como, a unidade do Império.

Com o desenvolvimento das pesquisas nos últimos anos alcançaram-se avanços importantes na compreensão desse processo. Por um lado, a proliferação de trabalhos de escavação e prospecção trouxeram uma bagagem documental que levanta novas interpretações. Neste sentido, as últimas décadas foram de desenvolvimento de trabalhos de prospecção e análises de povoamento e paisagens arqueológicas, seguindo a linha de pesquisa anglo-saxônica dos estudos de paisagem. Por outro lado, as novas correntes teóricas de vertente antropológica revisam os modelos de contato intercultural e os princípios de dominação imperial que aparecem nas posições teóricas tradicionais para propor novas hipóteses. Seguindo essa linha interpretativa, uma das principais inovações é reestabelecer o papel desempenhado pelas sociedades nativas. Segundo Leff (2000), En su encuentro con civilizaciones dominadoras en el curso de la historia, estas culturas autóctonas han resistido y asimilado procesos de aculturación y cambio tecnológico, reafirmando y transformando sus rasgos identitarios.

Assim, deve-se valorizar o papel desempenhado pelas elites nativas em sua vontade de manter seu papel dominante no seio da sociedade, aproximando-se do conquistador e dominador social (Millett, 1990), ou mesmo a adaptação de estratégias de controle e assimilação de grupos nativos diversos, o que foi denominado por Terrenato (1998) de Cultural Bricolage, para expressar a variação em um processo que tende à unificação. Outro ponto de destaque é a interpretação dos vestígios materiais que, nessa conjuntura, deve levar em conta que os objetos podem ser vistos de várias maneiras dependendo de quem os faz. Dessas reflexões surge uma questão, pensada à luz de uma perspectiva histórica contextual (Hodder, 1994), e que deve ser posta: até que ponto uma continuidade é uma resistência? Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

15

Segundo Alonso-Núñes (1989: 8), Es obvio que hay que contar con una resistencia de los indígenas y de lo avanzado del proceso de asimilación de los pueblos indígenas (de la romanización en el caso de Roma) se puede juzgar del éxito o fracaso de la potencia agresora (Roma en nuestro caso). Se puede considerar como índices para proceder a tal evaluación el grado de supervivencia del nacionalismo indígena y la actitud de los pueblos sometidos hacia el poder central. Se puede decir que Roma triunfó plenamente en la Península Ibérica, de lo que es una muestra que Hispania llegó incluso a dar emperadores a Roma (Trajano, Adriano, Teodosio); se puede también afirmar que Hispania terminó identificándose con Roma.

Portanto, os recentes estudos a respeito da romanização trazem à tona a questão das resistências ou negociações autóctones frente ao poder imperial romano. Autores como Mattingly, Alcock, Webster e Whittaker (Mattingly, 1997), cujos textos enfatizam essa problemática, são expoentes dessa discussão. De modo geral, eles clamam por uma abordagem que compreenda a complexidade das relações de poder. Esse contexto de reelaboração dos estudos sobre a romanização influenciou as pesquisas arqueológicas em terras hispânicas (Keay 1990, 1996 e 2001). Particularmente na região valenciana surgiram obras recentes que trazem novas documentação e teorias ao processo de romanização (Abad 2003; Abad & Abascal 2003; Grau Mira, 1996 e 2006). Com relação a Sagunto, Augusto a elevou à categoria de município 10 de cidadãos romanos ao mesmo tempo que a outorgou a Ampúrias, Rosas e Cádiz e a outras cidades indígenas da Península Ibérica. Desde a promoção jurídica da cidade, datada provavelmente em 27 a.C., começou um processo de notável monumentalização que a dotou de muitos dos monumentos que podem ser contemplados até hoje. Dentre todas, Sagunto se destacou por seu projeto urbanístico (Aranegui Gascó, 2007: 2), ... que hay que apreciar no por la suntuosidad de su puesta en obra sino por su concepto y simbolismo ya que, tras su realización, debió convertila en uno de los antigos poblados ibéricos más reconocible como ciudad romanizada en el

10

Plínio se refere a ela como oppidum ciuium Romanorum.

Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

16

paisaje hispanorromano, haciendo honor a su trayectoria histórica, sin duda politicamente valorada en este momento.

Portanto, a atuação de Roma na nova organização territorial e administrativa não foi uniforme, nem a resposta ibérica ante a sua presença. Como em todo processo de transformação, determinados territórios e setores da população se beneficiaram com a presença romana enquanto outros saíram claramente prejudicados. Assim, enquanto a maioria dos centros ibéricos se revitalizava, outros, que gozavam de um forte poder no período anterior, foram destruídos ou abandonados. No caso da área valenciana, os exemplos melhor documentados de desmantelamento da rede defensiva de fortificações e do abandono do hábitat hierarquizado ibérico se localizam, preferencialmente, em terras do interior, enquanto os assentamentos costeiros se reestruturam e crescem. Centros ibéricos de clara função comercial, como o porto de Grau Vell 11 de Sagunto, se configuram como importantes portos cujo auge econômico se consolida nesse período. Dessa maneira, alguns questionamentos podem ser levantados: como se relacionam as mudanças na paisagem com o processo de socialização e romanização? De que forma é utilizada a estrutura da paisagem na construção de significados? Para Schama (1996: 26), as paisagens podem ser conscientemente concebidas para expressar as virtudes de uma determinada comunidade política ou social. E, segundo Norma Musco Mendes (2006: 239-40), a territorialização do espaço e a construção da paisagem imperial significam um espaço delimitado sobre o qual se exerce o poder de uma entidade política, administrativa e judiciária, ou seja, uma forma de apropriação, intervenção e ordenação do espaço que se fundamenta nas relações de dominação e autoridade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

11

A Espanha era uma grande produtora de garum, molho romano que era altamente visto como um benefício culinário e digestivo, feito a partir de sangue e tripas de peixes salgados e decompostos. Vários tanques de salga foram encontrados em sítios ao longo da costa sul, indicando a presença de fábricas desse produto.

Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

17

Os conceitos de espaço, paisagem e território, como aqui utilizados, serão direcionadores daqui em diante na presente pesquisa de Doutorado. Do conceito de Espaço temos como referência a necessidade de analisá-lo como uma dimensão da sociedade, ou seja, é fruto de uma projeção da sociedade através de um processo contínuo no qual transforma a paisagem, construindo e reconstruindo o espaço através do seu trabalho e consciência. Esta concepção nos leva a pensar na interação entre as forças criadoras; os sujeitos sociais que, por meio de suas estratégias (as forças políticas) se apropriam de um espaço, influenciando na sua produção. Da junção das três dimensões essências – política, econômica e cultural – localizadas no tempo (História) e no Espaço (Geografia), surge o Território. Uma impressão do poder no espaço, territorializado e monumentalizado pelo sujeito territorial (o Império Romano, idealizado e levado adiante pela sociedade), que é movido pela intencionalidade. Neste sentido, espaço, paisagem e território são fundamentais para a análise da “romanização” na Península Ibérica, área rica em recursos naturais e humanos, motores dessa territorialização. A partir do que foi brevemente exposto podemos, portanto, levantar alguns questionamentos que tentaremos responder no processo de elaboração dessa pesquisa: A região de Sagunto em algum momento foi uma zona fronteiriça? As fronteiras são espaços de transição? Qual dinâmica histórica as gerou? Quais as transformou? Qual era o significado, naquela época, de domínio territorial? Pode se falar de territórios de Roma e Cartago delimitados pelo rio Ebro? O Ebro então seria o rio ao qual devemos nos referir quando distinguimos as zonas de influências cartaginesa e romana antes da eclosão da II Guerra Púnica? Para concluir, podemos afirmar que os projetos políticos se objetivam no espaço. E para analisá-los, devemos partir do material para tentar visualizar o imaterial.

Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

18

REFERÊNCIAS ABAD CASAL, L. & ABASCAL, J. Las ciudades y los campos de Alicante en época romana. Alicante: Monográfico de Canelobre, 4, 2003. ALLEN, K.; GREEN, S.; ZUBROE, E. (ed). Interpreting Space: GIS and archaeology. London: Taylor and Francis, 1990. ALONSO-NÚÑES, J. M. Reflexiones sobre el Imperialismo Romano in Hispania. Studia Historica, Historia Antigua, 7. Espanha: Ediciones Universidad de Salamanca, 1989, p. 7-10. BERTRAND, G. Paisagem e geografia física global: esboço metodológico. Ra’e Ga, Curitiba, n. 8, 2004, p. 141-152. CERRILLO MARTÍN DE CÁCERES, E. La reorganización del territorio. Los paisajes de la romanización. In: ABAD CASAL, L. (ed.). De Iberia in Hispaniam. La adaptación de las sociedades ibéricas a los modelos romanos. (Actas del Seminario de Arqueología organizado por la Fundación Duques de Soria. Soria. Convento de la Merced, del 23 al 27 de julio de 2001). Madrid-Alicante, 2003. CHAPMAN, H. Landscape Archaeology and GIS. Stroud: Tempus, 2006. CHRISTALLER, W. Central places in southern germany. Englewood Cliffs: Prentice- Hall, 1966. CLARKE D. L. (org.), Spatial Archaeology. London, 1977. CONOLLY, J. & LAKE, M. Sistemas de información geográfica aplicados a La arqueologia. Barcelona: Edicions Bellaterra, 2009. CORRÊA, Roberto Lobato & ROZENDAHL, Zeny. Apresentando leituras sobre paisagem, tempo e cultura. In: CORRÊA, Roberto Lobato & ROZENDAHL, Zeny (orgs.). Paisagem, Tempo e Cultura. Rio de Janeiro: EDUERJ, p. 7-11, 1998. GASCÓ, C. Aranegui. Sagunt i Roma, Braçal 35-36, 2007, 13-64. GRAU MIRA, I. La romanización. In: Historia de L’ Alcoià, El contat y La foia de Castalla, vol. I. Alicante, 1996, p. 145-156. GRAU MIRA, I. Transformaciones culturales y modelos espaciales. Aproximación SIG a lós paisajes de La romanización. In: GRAU MIRA, I. (ed.) La aplicación de lós SIG em la Arqueología del Paisage. San Vicente Del Raspeig: Universidad de Alicante, 2006, p. 211-226. Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

19

HODDER, I. & ORTON, C. Spatial Analysis in Archaeology. Cambridge University Press, New York/Cambridge, 1976. HODDER, Ian. Interpretación en Arqueología. Barcelona: Crítica, 2ªed., 1994. KEAY, S. J. Processes in the development of the coastal communities of Hispania Citerior in the Republican Period. In: BLAGG, T. & MILLET, M. (ed.). The early roman empire in the west. Oxford, 1990, p. 120-150. KEAY, S. J. La romanización en el levanter y el sur de España hasta la epoca de Augusto. In: BLAZQUEZ, J. & ALVAR, J. (ed.). La romanización en Ocidente. Madrid, 1996, p. 147177. KEAY, S. J. The Romanization of Hispanies. In: KEAY, S. & TERRENATO, N. Italy and the west. Comparative Issues in Romanization. Oxford, 2001. LACAZE, Jean-Paul. O ordenamento do território. Lisboa: Instituto Piaget, 1998. LEFF, Enrique. Espacio, lugar y tiempo: la reapropriación social de la naturaleza y la construcción local de la racionalidad ambiental. In: Desenvolvimento e Meio Ambiente, Curitiba, n. 1, Jan/Jul. 2000, p. 57-69. LEFEBVRE. Henry. A Reprodução das Relações de Produção. Tradução: Antonio Ribeiro e M. do Amaral. Porto (Portugal): Publicações Escorpião – Cadernos O Homem e a Sociedade, 1973. LEFEBVRE. Henry. The Production of Space. Blackwell Publishing, 2001. MATTINGLY, D.J. (Ed.) Dialogues in roman imperialism: Power, discourse, and discrepant experience in the Roman Empire. Journal of Roman Archaeology, Supplement 23. London: Journal of Roman Archaeology, mar, 1997. MENDES, Norma Musco. Romanização e a construção da paisagem imperial no sul da Lusitânia. Phoînix, Laboratório de História Antiga/UFRJ, Ano XII, 2006, p. 231-256. MILLET, M. Romanization: historical issues and archaeological interpretation. In: BLAGG, T. & MILLET, M. (ed.). The early roman empire in the west. Oxford, 1990, p. 33-41. MORAES, Antonio Carlos Robert. Ideologias geográficas. Espaço, Cultura e Política no Brasil. São Paulo: Annablume, 2005. MORAES, Antonio Carlos Robert. Historicidade, consciência e construção do espaço: notas para um debate. In: AA.VV. A construção do espaço. São Paulo: Ed. Nobel, 1986. Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

20

MORAIS, José Luíz de; MOURÃO, Henrique A. Inserções do direito na esfera do Patrimônio Arqueológico e Histórico-Cultural. In: WERNECCK et al (coord.) Direito Ambiental: Temas atuais visto por nós advogados. Belo Horizonte: Del Rey, 2005, p. 341-393. PASSOS, Messias Modesto dos. A Raia divisória: geossistema, paisagem e ecohistória. Maringá: Eduem, 2006. RENFREW, C. & BAHN, P. L’essenziale di archeologia. Teoria, metodi , pratiche. Bologna: Zanichelli Editore, 2009. SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo – razão e emoção. São Paulo: Edusp, 2002. SCHAMA, Simon. Paisagem e memória. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. SHANKS, M. & TILLEY, C. Archaeology into the 1990s. Norwegian Archaeology Review, 22(1): 1-54, 1989. TERRENATO, N. The romanization of Italy: global acculturation or cultural bricolage? In: FORCEY, C.; HAWTHORNE, J.; WITCHER, R. (ed.). Proceedings of the seventh annual Theoretical Roman Archaeology Conference which formed part of the Second International Roman Archaeological Conference, University of Nottingham. Oxford, April 1997, p. 20-27. WOOLF, G. Becoming Roman the origens of provincial civilization in Gaul. Cambridge, 1998.

Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.