Turismo e Sustentabilidade -Enquadramento e Impactos

June 8, 2017 | Autor: João Neto Azevedo | Categoria: Sustainable Tourism, Environmental Sustainability, Sustainable Tourism Development, Tourism
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Turismo e Sustentabilidade - Enquadramento e Impactos by João Neto Azevedo is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.

Exercício apresentado em unidade curricular de mestrado (2013/2014) Esboço a ser retificado para produção de paper

Turismo e Sustentabilidade - Enquadramento e Impactos João Neto Azevedo

Resumo O desenvolvimento do turismo, pelo facto desta atividade se basear nos aspetos relacionados com o património material e imaterial, carece de ser gerido sob o ponto de vista da sua sustentabilidade. A presente revisão de literatura propõe uma análise aos principais conceitos e abordagens teórico-concetuais, problematizando o turismo sustentável e os impactos da atividade turística no domínio económico, sociocultural e ambiental. Metodologicamente foi efetuada uma revisão da literatura, em estado da arte, representativa das principais linhas de pensamento e tendências relacionadas com o tema em estudo. Os resultados da análise permitem obter uma leitura abrangente sobre a temática do turismo sustentável, assim como compreender as limitações e desafios da atividade turística com vista a essa finalidade. Palavras-chave: turismo sustentável, desenvolvimento sustentável, sustentabilidade, impactos do turismo

Abstract Tourism development, being an activity based on aspects related to material and immaterial heritage, needs to be managed from sustainability point of view. This literature review provides analysis of key concepts and theoretical approaches, discussing sustainable tourism and tourism impacts on economic, sociocultural and environmental domain. Methodologically was performed a literature review on the state of the art, representative of the main lines of thought and trends related to the subject under study.

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The analysis results allow for a comprehensive reading on the theme of sustainable tourism as well as enable us to understand the limitations and challenges of tourism in relation to sustainability purpose. Keywords: sustainable tourism, sustainable development, sustainability, tourism impacts

Introdução A presente revisão em estado da arte pretende introduzir a temática referente ao turismo sustentável efetuando, para o efeito, um enquadramento teórico-concetual de sustentabilidade e a sua relação com o turismo, seguindo-se a apresentação dos impactos à escala económica, sociocultural e no meio ambiente. Deste modo, este documento visa a compreensão do fenómeno turístico sob o ponto de vista da sustentabilidade, analisando os impactos da atividade turística na envolvente. Com efeito, a atividade turística é cada vez mais sentida na sociedade. Sendo o turismo uma indústria em expansão, esse crescimento carece, por um lado, de uma avaliação dos limites e impactos do turismo na macro envolvente social e, por outro lado, revela-se cada vez mais necessário um planeamento rigoroso do caminho a ser seguido. Resulta da presente análise que, o cumprimento de um princípio de sustentabilidade em turismo, sendo este princípio assente, por definição, no não comprometimento das gerações futuras em relação ao desenvolvimento pretendido no presente, encontra-se profundamente relacionado com os impactos sentidos da atividade turística nas dimensões anteriormente referidas (económica, sociocultural e meio ambiente). Justifica-se, deste modo, pela relevância atual e prospetiva da temática, a análise aos pressupostos seguidamente apresentados. Metodologicamente, foi desenvolvida uma revisão em estado da arte da literatura mais significativa no domínio dos temas em estudo, cruzando-se a visão dos autores referenciados, no sentido da obtenção de uma leitura global, lógica e fundamentada. Tratando-se de um capítulo de revisão, passível de integração em dissertação, o presente estudo remete-se, exclusivamente, ao objetivo de introdução da temática, seus desenvolvimentos sob o ponto de vista da investigação, análise de impactos referentes ao turismo e respetivas ferramentas de análise no terreno.

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A presente revisão encontra-se estruturada tendo início num enquadramento histórico e concetual do tema, apresentando-se as principais tendências que deram origem ao tema em estudo, seguindo-se uma análise referente aos impactos do turismo e respetivas ferramentas de análise desses impactos.

Enquadramento O conceito de desenvolvimento sustentável teve a sua génese numa confluência de diversas reflexões e linhas de pensamento (Butler, 1993, 1999; Liu, 2010). Liburd e Edwards (2010) afirmam que o conceito inicial de desenvolvimento sustentável é fruto das concretizações dos diversos movimentos de conservação ambiental, organizações internacionais e conferências realizadas no âmbito desta temática. A visão destes grupos assentava no estabelecimento de paralelos entre a condição humana e a utilização dada aos recursos naturais. Neste domínio, as autoras destacam como relevantes: a Conferência de Estocolmo das Nações Unidas em 1972, a criação do plano “World Conservation Strategy” em 1980 e as publicações “Silent Spring” de Rachel Carson em 1962 e “Tragedy of the Commons” de Garrett Hardin em 1968. Seria em 1987 que a “World Commission on Environment and Development” reconheceria o conceito de sustentabilidade, definindo práticas sustentáveis enquanto uma atitude assente no não comprometimento das gerações futuras e dos seus interesses, em função do usufruto dado no presente (Ruhanen, 2004). Assim, o conceito de desenvolvimento sustentável não deve ser isolado enquanto produto ou tendência em turismo. Em verdade, o princípio de sustentabilidade carece de integração, enquanto componente de um todo, representado pelo turismo (UNWTO, 2013). Deste modo, segundo a UNWTO (2013) o turismo sustentável caracteriza-se e tem o seu fundamento no reconhecimento dos seus impactos económicos, sociais e ambientais no presente e no futuro, atendendo, desta forma, às necessidades dos agentes intervenientes no processo. Entenda-se, o público, a indústria, o ambiente e as comunidades recetoras. Com base neste princípio, a UNWTO em cooperação com a UNEP (United Nations Environment Programme) desenvolveriam, em 2005, um conjunto de doze objetivos que visam a criação/manutenção do turismo sustentável, sumariamente: 1) Garantia de viabilidade e capacidade competitiva na economia; 2) Criação de prosperidade para as comunidades locais; 3) Procura de estabilidade e qualidade do sistema laboral; 3

4) Procura de implementação de um princípio de igualdade social e de oportunidades; 5) Criação de experiências enriquecedoras e satisfatórias para os turistas; 6) Procura de colocação do controlo local e decisão na mão das comunidades; 7) Procura de manutenção do bem-estar das comunidades locais, em termos de qualidade de vida, acesso aos recursos e coesão social; 8) Respeito, manutenção e desenvolvimento das heranças culturais características e distintivas das comunidades; 9) Garantia de manutenção e combate à deterioração do património físico, natural ou construído; 10) Procura da preservação dos habitats naturais e da biodiversidade local; 11) Procura de implementação de uma política de eficiência de recursos, incluindo a minimização de uso e impacto dos recursos não renováveis; 12) Procura pela manutenção ativa de uma pureza ambiental, com especial foco no tratamento de resíduos e o seu efeito na poluição ambiental (UNWTO, 2013).

A investigação, o conceito e a crítica Conforme referido anteriormente, diversos autores (Butler, 1993, 1999; Bramwell e outros, 1996a, 1996b; Clarke, 1997; Coccossis, 1996; Ding e Pigram, 1995; Hughes, 1995) desenvolveram investigação no sentido de se criar um consenso referente aos conceitos e relação entre o turismo e desenvolvimento sustentável. Neste sentido, para Butler (1999), desenvolvimento sustentável aplicado ao turismo, pelos seus múltiplos pontos de vista, não possui uma conceptualização definida. Citando o próprio autor: It is unlikely, therefore, that there will ever be a totally accepted definition of sustainable tourism that is universally applied, because the very success of the term lies in the fact that it is indefinable and thus has become all things to all interested parties. (Butler, 1999 pp. 11) Butler (1993) refere, porém, que o compromisso do desenvolvimento sustentável aplicado ao turismo apenas pode ser atingido por via da criação de um equilíbrio entre a fruição comercial de um espaço e o respeito pela preservação ambiental desse espaço, permitindo que a própria atividade turística seja perdurável no tempo. Contudo, pela sua natureza, os conceitos e fundamentos estruturantes de desenvolvimento sustentável e turismo sustentável não se apresentam isentos de crítica. Conforme referido anteriormente, Butler (1999) defende que o termo “turismo sustentável” e o próprio conceito de sustentabilidade são ambíguos, tornando-se 4

abstratos e vulneráveis à conceptualização individual dos intervenientes. Garrod e Fyall (1998) afirmam ainda que, pelo elevado número de definições de turismo sustentável, a extensão de análise nesse domínio não trará conhecimento de aplicação útil. Outros autores (Clarke, 1997; Collins, 1999; McCool, Moisey e Nickerson, 2001) consideram que a temática da sustentabilidade, aplicada ao contexto definido, se apresenta mais enquanto uma estratégia comercial do que um conceito de aplicação plausível. Citando Liu (2003) ”It appears that the sustainable debate is flawed with some misconceptions, faulty measures, and inadequate means.” (o debate referente à sustentabilidade tem falhado, baseado em equívocos, medidas de aplicação erradas e meios inadequados). O autor, ao longo da sua investigação, evidencia um conjunto de tópicos cuja literatura existente, afirma, não ter ainda explorado devidamente. A este respeito, apresentando sumariamente a visão de Liu (2003), este defende que: 1) Em relação à sustentabilidade dos recursos, não tem sido dada atenção à procura turística, ao nível dos destinos; 2) Quando analisada a sustentabilidade dos recursos, a atenção tem sido concentrada nos domínios da preservação e conservação, não se considerando a dimensão adaptável dos recursos e o seu ajuste às necessidades, preferências e atualização tecnológica; 3) Tem-se registado falhas no domínio das relações intra-geracionais e na ausência de poder de decisão face ao processo de desenvolvimento, por parte das comunidades locais; 4) Muitos autores advogam que as comunidades locais deverão colher os lucros da atividade turística mantendo, contudo, os seus traços culturais. Diversos autores, defendem que os impactos socioculturais do turismo são negativos, devendo-se evitar a todo o custo alterações produzidas pelo turismo; 5) O sucesso na determinação do limite de crescimento do turismo, com base numa perspetiva de sustentabilidade, tem sido escasso, apresentando questões que importa serem alvo de estudo; 6) Os instrumentos e meios de acesso a um princípio de sustentabilidade são ainda diminutos e simplistas. As mais recentes formas de promoção de turismo, como sejam o ecoturismo, turismo alternativo, turismo responsável ou, por exemplo, o turismo comunitário, não se revelam, pelas experiências realizadas, enquanto o caminho para a sustentabilidade e para o crescimento do turismo a um nível global.

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Impactos do turismo No sentido de compreender as dimensões afetas ao conceito de sustentabilidade de um destino, face à sua aplicabilidade, torna-se fundamental compreender os impactos registados, pela própria atividade turística, em termos económicos, socioculturais e no meio ambiente.

Impactos económicos Os impactos económicos da atividade turística têm sido amplamente estudados ao longo dos anos e sob diferentes perspetivas (Archer, 1977; Dwyer e Forsyth, 1997, 1998; Dwyer, Forsyth, e Spurr, 2004, 2006; Dwyer, Forsyth, Spurr e Van Ho, 2008; Fletcher, 2007; Hall e Page, 2006; Mathieson e Wall, 1982; Ryan, 2003; Tribe, 1999; Vogel, 2001). Em termos mais concretos, tome-se como exemplo os estudos desenvolvidos por: Frechtling (1994 a, b), sob o ponto de vista dos benefícios e dos custos; Wood e Hughes, (2006), baseando a sua análise nos impactos do turismo na industria hoteleira; Getz (2008), analisando o impacto dos eventos; Lee e Taylor (2005), em relação ao impacto económico do turismo associado ao desporto; Herrero, Sanz, Devesa, Bedate e del Barrio (2006), associando os impactos económicos ao turismo cultural ou, por exemplo, os estudos desenvolvidos por Liu e Var, (1986) e Milman e Pizam, (1988), associando os impactos económicos ao modo de vida e capacidade financeira de uma determinada comunidade. Mason (2003), citando Lickorish (1994), refere que os principais impactos positivos da ação do turismo se revêm: 1) 2) 3) 4)

Na contribuição monetária fruto da exportação turística; No aumento de receitas para o estado; Na criação de emprego; No contributo geral para o desenvolvimento.

Hall e Page (2006) ainda que, considerando a criação de emprego um impacto positivo, contestam, contudo, esta realidade “One of the ironies of the perceived employment benefits of tourism and recreation is that areas which have tourism as a mainstay of the local economy tend to have high levels of unemployment…”. Por outro lado, os autores defendem que um dos principais benefícios do turismo centra-se no seu potencial de contribuição, em capital, para toda a comunidade e a uma escala global. Destacam os autores, principalmente, referindo-se à entrada de capital estrangeiro. Archer, Cooper e Ruhanen (2005) suportam uma mesma linha de análise, reforçando os benefícios do turismo no que diz respeito ao desenvolvimento do tecido empresarial local, ao processo de incoming de unidade monetária, emprego e receitas 6

governamentais. Estes salientam, contudo, que a implementação turística nos territórios, apesar de positiva, torna-os expostos a uma tendência especulativa, nomeadamente, face ao mercado imobiliário, venda de terrenos e de bens. Goeldner e Ritchie (2009) referem, a este propósito, que o turismo pode contribuir para a criação de infraestruturas de acolhimento, sendo que, por um lado, a sua edificação atua como motor de emprego, de desenvolvimento local, sentido no tecido empresarial, registando retorno de capital para a comunidade, entidades públicas e privadas e, por outro lado, pelo facto destas infraestruturas se tornarem de acesso comum aos habitantes locais. O mesmo ponto de vista é defendido por Archer, Cooper e Ruhanen (2005), porém, segundo os autores, esta realidade é ainda condicionada. Referindo-se a um case study desenvolvido por Tosun, Timothy e Ozturk (2003), referente ao turismo na Turquia, os autores evidenciam que, apesar do desenvolvimento notório e impresso pelo turismo, os desajustes e desigualdades económicas e sociais tornaram-se evidentes no território Turco. Este desajuste é maioritariamente marcado pela distribuição dos recursos e a forma como o turismo faz uso, ou não, destes. Ryan (2003) destaca ainda que o turismo é especialmente significativo para as pequenas economias, proporcionando que estas possam conquistar capital, geralmente, apenas disponível nas economias de escala. Por outro lado, o autor refere que o turismo apresenta um efeito multiplicador, distribuidor de riqueza e de emprego, até mesmo, em zonas tendencialmente periféricas quando comparadas com os grandes centros económicos. Por outro lado Liburd e Edwards (2010), Mason (1990) e Pearce (1989) defendem que, enquanto principais consequências do impacto turístico, destacam-se: 1) A inflação nos valores dos terrenos, edifícios e até mesmo alimentação, nos destinos; 2) Os custos de oportunidade, no sentido de enveredar pela atividade turística, em detrimento de outra atividade económica; 3) A sobre-dependência da indústria turística, principalmente nos destinos em que a força do turismo seja notória e tida enquanto único motor de desenvolvimento local ou regional. A esta perspetiva, Goeldner e Ritchie (2009), acrescentam o facto de que, o sobre-desenvolvimento do turismo, pode criar desequilíbrios no próprio desenvolvimento económico da atividade. O desenvolvimento não ponderado do turismo, pode expor as zonas alvo a um aumento de vulnerabilidade na dimensão económica e na própria dimensão política subjacente.

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Ferramentas de Análise Na sequência dos conceitos apresentados, importa efetuar um levantamento das principais ferramentas de análise dos impactos económicos, com aplicação ao turismo. Deste modo, destacam-se: 

A análise input-output (I-O), permite medir os fluxos de gastos relacionados com a atividade turística numa dimensão local, regional ou nacional. Por outras palavras, o modelo efetua uma avaliação comparativa das interdependências ocorridas nos diversos setores da economia, sendo calculados três impactos: o Económicos diretos (relacionados com o gasto efetivo por parte dos turistas); o Económicos indiretos (associados aos gastos referentes a pagamentos a fornecedores, parceiros de negócios e vencimentos dos trabalhadores); o Económicos induzidos (relacionados com o aumento de despesa em turismo (entenda-se consumo) associado à existência de vencimentos mais elevados num dado local). (Fletcher, 1989, 2000; Dwyer, Forsyth e Spurr, 2004, 2006).



Equilíbrio geral computável (CGE), sendo uma adaptação do modelo inputoutput, trata-se de um modelo que permite analisar diversos setores da economia e como estes são influenciados por um determinado evento característico. (Dwyer e Forsyth, 1997; Dwyer, Forsyth e Spurr, 2004, 2006; Zhou, Yanagida, Chakravorty e Leung, 1997).



Análise custo-benefício (CBA), permite efetuar estudos de impacto económico, não se restringindo, contudo, aos impactos económicos em si mas sim, o seu efeito em termos de custos e benefícios na sociedade. Nesta ferramenta são ponderados os custos financeiros, sociais e os benefícios alcançados, efetuando-se uma análise comparativa destas duas dimensões (Dwyer, Forsyth e Spurr, 2006; Tisdell, 2005).



Conta satélite de turismo (TSA), permite analisar o impacto do consumo dos turistas em relação ao PIB e ao emprego registado num determinado país. Por outras palavras, esta ferramenta de análise possibilita efetuar estimativas comportamentais do desenvolvimento do turismo, seus impactos e contributo na economia de um determinado país. (Dwyer, Forsyth, Spurr e Van Ho, 2008).

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Impactos socioculturais Alguns dos primeiros estudos a serem desenvolvidos no âmbito da avaliação dos impactos socioculturais do turismo, tiveram o seu ponto de partida na pesquisa de Butler (1980), através do seu modelo do ciclo de vida de um destino; Doxey, (1975), através do modelo irridex, cujo propósito se prende com a avaliação das reações dos residentes e detentores de negócios à presença de turistas; Plog (1977), através do modelo de estudo de comportamento dos turistas, dividindo-os, de acordo com a sua personalidade em psicocêntricos (formais) ou alocêntricos (aventureiros); Smith (1989), através do estudo do impacto do turismo, numa perspetiva antropológica, e a sua relação com as sociedades alvo de análise; Young (1973), pelo estudo dos efeitos destrutivos do turismo nas culturas “primitivas”. Esses estudos possibilitaram a criação de uma leitura sobre as dimensões a serem alvo de análise, nomeadamente, em termos dos impactos sociais do turismo. No seguimento dessas perspetivas iniciais, diversos autores têm desenvolvido análises sobre os impactos socioculturais do turismo na envolvente (não podendo ser ignorado, contudo, a estreita relação entre o domínio sociocultural e económico), tendo resultado dessa reflexão um enorme conjunto de estudos abrangentes desta temática (Andereck, Valentine, Knopf e Vogt, 2005; Ap, 1992; Archer, Cooper e Ruhanen, 2005; Brunt e Courtney, 1999; Doǧan, 1989; Fletcher, 2007; Goeldner e Ritchie, 2009; Liu, 2003; Liu e Var, 1986; Hall e Page, 2006; Hardy, 1990; Haukeland, 1984; Hughes, 1995; Mathieson e Wall, 1982; Milman e Pizam, 1988; Ryan, 2003; Tosun, 2002; Wood e Hughes, 2006). No sentido de se compreender a natureza dos impactos socioculturais, efetuouse uma divisão entre os aspetos positivos e negativos. Por outro lado, pelas inúmeras dimensões refletidas nas análises dos autores, optou-se por efetuar, igualmente, uma segunda divisão baseada nos impactos sociais, com origem na economia, na cultura nos bens e recursos resultantes destas. Deste modo, no que diz respeito aos impactos negativos Fletcher (2007), referindo-se ao peso dos fatores económicos, salienta que estes criam desajustes no sistema sociocultural devido ao desequilíbrio de poder económico entre os turistas e as populações locais. Estas tendem a fazer um exercício de equiparação aos visitantes, facto que, poderá culminar numa alteração de padrões de comportamento e consumo de bens. Por outro lado, os elementos da comunidade que são absorvidos, enquanto trabalhadores, pelo turismo, tendo a oportunidade de usufruírem dessa melhoria económica, tendem a ser mal-encarados pela restante comunidade. Contudo, não pode ser negligenciado que, a generalidade dos postos de trabalho em turismo direcionados à comunidade, encontram-se nos níveis inferiores de responsabilidade e remuneração o que, mais uma vez, contribui para o reforço da tensão social latente, também alimentada pelos desajustes nas condições de trabalho, assentes no flagelo

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do trabalho infantil, em contratos temporários e na inexistência de formação técnica específica (Liburd e Edwards, 2010; Mathieson e Wall, 1982; Ryan, 2003). Hall e Page (2006) em referência a Pigram (1987) reforçam a ideia de que, o maior impacto sentido numa comunidade local, encontra-se relacionado com o aumento do custo de bens e serviços, por sua vez, decorrente da existência de turistas na zona. Por outro lado, a construção ou adaptação de infraestruturas são um resultado direto do impacto do turismo. Neste sentido, estas podem-se tornar expostas a um movimento especulativo e uma inflação originada, maioritariamente, pelo mercado imobiliário e pelo preço dos solos. Por outro lado, poderão ser registados abusos e negligência em relação à envolvente, especialmente, no que diz respeito ao ambiente e ao património histórico-cultural, por via de roubos de arte e destruição dos espaços. Por fim, poderá ainda ser registada uma tendência exagerada para a competição entre as empresas locais, em função do domínio ou uso dos recursos existentes (Liburd e Edwards, 2010; Fletcher, 2007; Mathieson e Wall, 1982). Diversos autores (Archer, Cooper e Ruhanen, 2005; Liburd e Edwards, 2010; Fletcher, 2007; Hall e Page, 2006; Mathieson e Wall, 1982; Moscardo, 2008; Ryan, 2003; Swarbrooke e Horner, 2001) destacam, enquanto impacto do turismo, o comportamento de outras culturas na cultura recetora, visto que, este, pode ser danoso para as comunidades locais se não forem respeitadas (entenda-se protegidas) as diferenças de costumes, cultura e códigos de conduta próprios dos locais. Importa referir que, no domínio dos estudos que associam as comunidades ao turismo, apresentam-se duas correntes metodológicas (Pearce e Moscardo, 1999). O estudo de caso de base etnográfica, muitas vezes recorrente aos modelos de Butler (1980) e Doxey (1975), visa compreender as dimensões negativas do turismo aplicadas à realidade em estudo e, por outro lado, o trabalho de levantamento social, referente à atitude das comunidades perante o turismo e os seus impactos. Neste sentido, Pearce e Moscardo (1999) consideram que devem ser tomadas precauções com o uso destas metodologias por se tratar de modelos concetuais demasiado simples para explicarem a complexa matriz de resultados. Por um lado, por ser pouco fundamentada a existência de uma relação entre o desenvolvimento turístico e a consciência dos seus impactos. Por outro lado, por ser assente num princípio de relação custo-benefício, sendo que, o apoio das comunidades locais dependeria do resultado desta relação. Os autores consideram, desta forma, ser importante rever esta área de estudo, reformulando a perspetiva teórica de análise e colocando novas questões sobre o tema.

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Segundo Fletcher (2007) e, suportando a sua perspetiva com base em outros autores, apresentam-se, ainda, um conjunto de impactos negativos específicos do turismo, destacando-se: 1) O turismo sexual, enquanto flagelo de impacto social, moral e, não menos relevante, no domínio da saúde pública a uma escala global (Archer, Cooper e Ruhanen, 2005; Liburd e Edwards, 2010; Hall e Page, 2006; Swarbrooke e Horner, 2001); 2) A delinquência, que o autor refere, mais uma vez, com ligação à concretização das desigualdades que possam ser sentidas numa comunidade; situação que promove a associação direta do turista à existência de dinheiro e bens (Archer, Cooper e Ruhanen, 2005; Liburd e Edwards, 2010; Hall e Page, 2006; Swarbrooke e Horner, 2001); 3) Saúde, assumindo-se possível a transmissão de doenças às quais uma determinada comunidade poderá não ser imune (Hall e Page, 2006); 4) Outros aspetos. Fletcher (2007), fazendo referência a Cohen (1988), destaca como aspetos negativos (conceitos similarmente referidos por Archer, Cooper e Ruhanen, 2005; Liburd e Edwards, 2010; Ryan, 2003): a. A mercantilização – caracterizada pela destruição de significados culturais com a finalidade de adaptação aos desejos dos turistas; b. A teatralização – caracterizada pela simulação de comportamentos sociais, culturais ou eventos; c. A standardização – caracterizada pela perda de identidade própria, pela aproximação aos padrões culturais dos turistas; d. As experiências culturais insatisfatórias – caracterizando-se pela incapacidade de alguns turistas em vivenciar experiências culturais significativas que não impliquem a constante alteração de destinos. No fundo, a permanente busca pela novidade e/ou o desconhecido. Importa perceber, contudo, que os impactos do turismo não são apenas negativos. O turismo tem a capacidade de incrementar o orgulho local das comunidades, especialmente se a postura e posicionamento dos turistas assentar na busca e referência da importância das manifestações culturais e património históricocultural de uma dada comunidade. Tal efeito pode registar nesta, um sentido de missão pela preservação da identidade local (Fletcher, 2007; Liburd e Edwards, 2010; Swarbrooke e Horner, 2001). Por outro lado, a prática de conhecimento de outras culturas e de uma criação de empatia e compreensão da dimensão cultural alheia, favorece a consciência sociocultural e a paz global (Fletcher, 2007; Liburd e Edwards, 2010).

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A partilha de infraestruturas entre o turismo e as comunidades, apresenta-se, também ela, como um impacto positivo, visto que, contribui para um progressivo aumento de qualidade de vida dos habitantes locais, especialmente em termos de condições de higiene, saúde, transporte e, até mesmo, nos aspetos relacionados com o entretenimento (Fletcher, 2007; Liburd e Edwards, 2010; Swarbrooke e Horner, 2001). Por fim, o turismo pode atuar como agente social e cultural direto, pelo facto de ter a possibilidade de canalizar fundos no sentido de contribuir para um ajuste das desigualdades sentidas nos locais de intervenção e, por outro lado, no sentido da preservação da identidade do património material e imaterial das comunidades (Fletcher, 2007; Liburd e Edwards, 2010; Ryan, 2003; Swarbrooke e Horner, 2001). Liburd e Edwards (2010) destacam, ainda, como relevantes impactos do turismo, no domínio social, a melhoria generalizada das condições de vida, dos negócios e atividades locais e, um aumento das políticas de proteção/preservação do património. Por outro lado, no domínio cultural, os autores defendem que o turismo poderá ser um importante meio de preservação da identidade local. Conduzindo-se atividades de cariz educacional, torna-se possível uma integração dos turistas no contexto da comunidade, o que pode auxiliar na preservação da envolvente e do próprio património imaterial. Deste modo, consideram os autores que, a troca cultural e o exercício de criação de uma imagem positiva e integrada dos locais entre visitante e visitado poderão ter um peso importante para ambas as partes.

Ferramentas de Análise Segundo Fletcher (2007), os impactos socioculturais são os mais difíceis de medir pelo seu caracter subjetivo e qualitativo, em oposição aos impactos económicos ou ambientais, cujas ferramentas e modelos de análise permitem obter dados quantitativos capazes de expressar as dimensões em observação. Se, por um lado, alguns impactos são estritamente relacionados com o turismo, outros, como o aumento da delinquência ou do consumo de drogas não podem ser atribuídos, de forma categórica e inequívoca, ao turismo. Deste modo, torna-se fundamental filtrar os dados e dirigir o foco de atenção para o objeto de análise em questão. O estudo dos impactos socioculturais efetua-se por via da análise de dados, cujas fontes serão primárias, se recolhidas pelo investigador (Fletcher, 2007; Veal, 2006): 

Recolha de dados de lugares e visitantes; 12

  



Entrevistas a grupos orientados; Entrevistas a especialistas, stakeholders e/ou opinion makers; Realização de análise/método Delphi (procura de uma situação de consenso com recurso a questionários dirigidos. Este método assenta nas considerações tomadas por indivíduos considerados especialistas na temática em estudo Garrod e Fyall (2005)); Observação dos participantes;

Por outro lado, tratando-se de fontes secundárias em que o investigador é o segundo utilizador (Fletcher, 2007; Veal, 2006): 

Dados estatísticos sobre, por exemplo, a atividade criminal, saúde pública ou situação face ao emprego. A recolha destes dados implica um exercício de levantamento de informação em periódicos, revistas e outros meios de acesso. Percebe-se, todavia, que estes dados poderão assumir uma dimensão quantitativa porém, mais geralmente, subjetiva e qualitativa.

Ao longo dos anos têm sido desenvolvidas diversas escalas referentes ao impacto do turismo no âmbito sociocultural. Estas escalas promovem uma avaliação da visão dos residentes em relação aos impactos sentidos da atividade turística (Ap e Crompton, 1998; Delamere, Wankel e Hinch, 2001; Fredline e Faulkner, 2001; Fredline, Jago e Deery 2003, 2006; Lankford e Howard, 1994; Viviers e Slabbert, 2012; Wood, 2006; Yu, Chancellor e Cole, 2011). As escalas desenvolvem uma avaliação quantitativa, sustentada por ferramentas estatísticas, estabelecendo dessa forma uma leitura em função das dimensões exploradas, em termos de impactos e respetivas variáveis.

Impactos no meio ambiente Tendo sido referidos os impactos económicos e socioculturais do turismo, importa agora, analisar os impactos no meio ambiente, suas causas e consequências. Conforme abordado no capítulo introdutório, a UNWTO (2013), juntamente com a UNEP, desenvolveram em 2005 um conjunto de doze objetivos estruturais para o fomento do turismo sustentável. Nesse grupo, quatro dos objetivos encontram-se diretamente relacionados com o ambiente natural. São eles: integridade física dos espaços; diversidade biológica; eficiência de recursos e pureza ambiental. Importa referir que, no documento, a denominação apresentada é mais abrangente (ambiente natural e cultural), tendo sido a expressão adaptada na presente revisão.

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Deste modo, a UNWTO (2013) defende a existência de três razões, com base nas quais, a preservação da sustentabilidade ambiental, incluindo a conservação da herança natural e cultural, deve ser central na definição estratégica e política: 1) Existe uma inter-relação entre a herança natural e o turismo. A existência dos espaços característicos e singulares revela-se uma das principais razões impulsionadoras de visita dos turistas. Deste modo, importa garantir a sua sustentabilidade física e económica, no sentido de poderem ser rentabilizados mas, não postos em causa; 2) A utilização de recursos naturais renováveis, não renováveis e o efeito de poluição, contribuem para fragilizar os destinos e a sustentabilidade destes. Deste modo, a redução de consumos, a consciencialização e a aplicação de práticas de preservação devem ser centrais nos destinos e no turismo, de um ponto de vista global; 3) As mudanças climáticas e a emissão de gases de efeito de estufa, são uma ameaça constante que deve ser alvo de intervenção urgente. Compreende-se daqui, pela sua urgência, a importância da implementação de medidas de combate a este flagelo, sendo importante garantir a ponderação deste aspeto, para futuro, na gestão, planeamento e desenvolvimento da indústria turística. Remetendo à investigação neste âmbito, diversos autores têm produzido análises cuja temática se refere aos impactos do turismo sob o ponto de vista do meio ambiente (Archer, Cooper e Ruhanen, 2005; Butler, 1980, 1993, 1999; Coccossis, 1996; Collins, 1999; Ding e Pigram, 1995; Fletcher, 2007; Goeldner e Ritchie, 2009; Hall e Page, 2006; Jenkins e Wearing, 2003; Liburd e Edwards, 2010; Mason, 2003; Mathieson e Wall, 1982; Moscardo, 2008; Ryan, 2003; Swarbrooke e Horner, 2001; Wong, 2004). A este respeito, Mathieson e Wall (1982), promovem uma distinção entre ambiente natural e ambiente construído, tendo realizado, igualmente, uma avaliação dos impactos nos ecossistemas naturais e na componente ambiental. Numa perspetiva semelhante, Hall e Page (2006) analisam os impactos do turismo na envolvente sob dois pontos de vista: o impacto no meio urbano físico e o impacto ambiental e ecológico do turismo. Referindo-se ao primeiro ponto, os autores, com base em Page (1995), consideram enquanto principais impactos sentidos, do ponto de vista do ambiente urbano físico:     

A perda de terrenos direcionados a uma finalidade de desenvolvimento turístico, cujo propósito poderia ser canalizado para outros efeitos; Alterações ao plano hidrológico urbano; Desenvolvimento de distritos afetos ao turismo e lazer; Desenvolvimento de novos estilos e abordagens arquiteturais; Desenvolvimento potencial do aumento da população;

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Sobrecarga dos espaços e instalações como sejam os estacionamentos, estradas, sistemas de águas, esgotos e luz; Problemas adicionais referentes a capacidade de carga para instalação de turistas nas zonas envolventes; Alterações na estrutura urbana, nomeadamente, nas transições de zonas de tráfego automóvel para zonas pedestres; No que diz respeito à conservação e recuperação física de edifícios, espaços históricos e no novo uso destes;

Porém, Swarbrooke e Horner (2001), referindo-se ao impacto positivo no meio físico do turismo e das viagens de negócios, referem que a existência de atividade turística desta ordem permite, por um lado, a existência de uma maior afluência de turistas a uma zona, contribuindo para criação de massa crítica e efeito persuasor nas entidades públicas responsáveis pela preservação dos espaços e do ambiente. Por outro lado, a atividade turística em ambiente urbano, poderá contribuir, igualmente, para a recuperação de espaços e infraestruturas anteriormente desocupadas, abandonadas ou em estado degradado. Archer, Cooper e Ruhanen (2005) referem, contudo, que o mau planeamento sentido em ambiente urbano afeta o ambiente físico dos destinos, principalmente, pelo facto deste se apresentar marcado pela exploração comercial do turismo. Esta exploração comercial do turismo conduziu, segundo os autores, à criação de um conjunto de infraestruturas (hotéis) desadequados à paisagem envolvente, no seu aspeto cénico e cultural. Os autores referem ainda que o problema não é meramente estético. O impacto da concentração de infraestruturas de grande porte conduz a um aumento de poluição (produção de lixos e descargas de esgotos) que nem sempre são acautelados, registando consequências severas para o meio ambiente. Em relação aos impactos ambientais e ecológicos do turismo, Hall e Page (2006) e Wong (2004), destacam:  

O efeito nefasto da poluição e degradação dos espaços por via da poluição (nomeadamente em golf e poluição de solos por resíduos); Destruição de habitats naturais, por via do contacto direto entre os turistas e o património faunístico e florístico presente, referente à introdução acidental ou propositada de novas espécies e práticas de exploração do ecossistema, não responsáveis.

Para além dos pontos anteriormente apresentados, Jenkins e Wearing (2003) e Wong (2004) referem que, a ação do turismo pode, igualmente, contribuir para alterações registadas nos solos, por via de processos de erosão ou compactação e, consequentes alterações no manto verde e espécies existentes. Por outro lado, podem ser registadas alterações em número, por via de atividades de caça e pesca, mortes por atropelamento e por práticas de fogo controlado. 15

Moscardo (2008), referindo-se a um estudo da mesma autora datado de 2005 (Peripheral tourism development: challenges, issues and success factors), que teve por base a análise de 329 case studies referentes ao desenvolvimento turístico registado em 92 países, identifica cinco temas ou clusters, como a própria refere, enquanto impactos negativos do turismo: degradação ambiental, conflito (no seio das comunidades), desafios culturais, disrupções na vida quotidiana, desilusão quando o turismo falha os compromissos prometidos de desenvolvimento. No que diz respeito à degradação ambiental, alvo do presente capítulo, a autora considera como principais impactos, resultantes do referido estudo:     

O efeito destrutivo dos ecossistemas perante a implementação/ construção de infraestruturas; Desajuste das infraestruturas do turismo no enquadramento espacial das zonas envolventes; Consequências da poluição e os problemas com a gestão de resíduos; O esgotamento e esforço sentido no uso dos recursos naturais na envolvente, incluindo, a manutenção de stock de produtos alimentares; Registo das alterações de comportamento da vida selvagem e dos habitats característicos;

Numa leitura global, a generalidade dos autores tendem a caracterizar, fundamentalmente, os impactos negativos da ação do turismo no meio ambiente. Contudo, alguns autores, ainda que salientando os aspetos negativos desta relação, referem um conjunto de impactos positivos que merecem atenção. Deste modo, para Mason (2003) o turismo pode atuar enquanto agente promotor e/ou interventivo no processo de preservação da paisagem, vida selvagem e meio ambiente. Por outro lado, o turismo pode contribuir, pela sua natureza, para a criação de parques nacionais de preservação ambiental e da vida selvagem. Por outro lado, pode, ainda, promover a preservação do património edificado, representado por monumentos e edifícios de interesse relevante. Por fim, o autor refere que, o turismo, permite angariação de fundos com vista à preservação, mediante a venda de ingressos e bilhetes a atrações construídas ou naturais (Jenkins e Wearing, 2003). Por sua vez, Liburd e Edwards (2010), consideram a indústria turística uma atividade relativamente “limpa”, tendencialmente motivadora das populações locais para finalidades de preservação e melhoramento dos espaços o que, pode contribuir para uma atitude mais pró-ativa na preservação e conservação do meio ambiente. As autoras referem ainda que, à semelhança de Mason (2003), o turismo pode ter um papel importante na obtenção de retornos financeiros, segundo as autoras, passíveis de serem canalizados com finalidades administrativas, no planeamento da manutenção cuidada dos espaços e da qualidade ambiental (Jenkins e Wearing, 2003).

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Archer, Cooper e Ruhanen (2005) destacam que, o aparecimento de novas formas de turismo, nomeadamente e citando o “clean up tourism”, têm contribuído para o aumento da consciencialização da necessidade de intervenção e preservação do meio ambiente. Os novos turistas, com preocupações ambientais, assumem uma postura ativa, sendo que, procuram deixar os locais melhores do que encontraram, como os próprios autores referem, uma “sustentabilidade aumentada”.

Ferramentas de Análise Apresentam-se, seguidamente, as ferramentas mais usadas no âmbito da medição dos impactos do turismo no meio ambiente. 

Environmental Impact Assessment (EIA) (avaliação de impacto ambiental), segundo Lickorish e Jenkins (2000), trata-se de uma ferramenta criada com o intuito de avaliar o impacto de projetos afetos ao turismo. Deste modo, apresenta-se enquanto uma técnica que visa garantir que os impactos ambientais relacionados com os projetos existentes, foram calculados e permitem ajustes no plano final. Seguidamente, de forma adaptada, resumida e à semelhança de Green, Hunter e Moore (1990), identificam-se os dados apresentados por Lickorish e Jenkins (2000), enquanto listagem de aspetos a ser considerados: o Poluição (de todas as massas de água, ar, detritos físicos, poluição sonora); o Solo (erosão do solo, utilização dos terrenos em zonas protegidas e zonas de proximidade, violação dos espaços naturais e suas consequências para a fauna e flora, problema de organização estética, gestão do congestionamento e circulação de veículos e pessoas); o Saúde (problemas de saúde pública por contaminações ou existência de condições de higiene não favoráveis); o Infraestruturas (sistemas de alimentação elétrica e telecomunicações, desgaste, vandalismo ou destruição de património histórico-cultural); o Fatores incontroláveis (ameaça de ocorrência de fenómenos naturais não controláveis como terramotos, erupções vulcânicas ou ciclones).



Ecological footprint (EF) (pegada ecológica), segundo Fennell (2002) e Hall (2007), este método resulta do cálculo do solo necessário no sentido de produzir recursos que o homem consome e em relação aos detritos que esse mesmo solo tem capacidade de absorver. Do cálculo resulta um índice de património ou capital natural que cada população necessita, no sentido de garantir uma sustentabilidade no tempo.

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O método tem sido amplamente usado por vários investigadores (Gössling, Hansson, Hörstmeier e Saggel, 2002; Gössling, Peeters, Ceron, Dubois, Patterson e Richardson, 2005; Hunter, 2002, 2009; Hunter e Shaw, 2005, 2007), sendo que, a compreensão do fenómeno em causa centra-se no princípio de que as condições e capacidade de carga do ambiente são limitadas, quando comparadas ao permanente consumo de recursos naturais. Deste modo, a respeito do método, Hunter e Shaw (2005) referem que, este, permite obter uma perspetiva global sobre a sustentabilidade, não presente apenas pelo estudo dos indicadores de sustentabilidade. Na verdade e citando “the EF is specifically designed to express aggregate environmental impact in terms of pressure on the global biosphere, and can account for travel-related impact components.” Neste sentido, Hunter e Shaw (2005) referem que a análise de pegada ecológica permite, por um lado, o estabelecimento de uma relação entre os diferentes componentes de impacto e, por outro, uma leitura global sobre o impacto ecológico do turismo nos recursos biológicos, em termos quantitativos. A utilização do método permite calcular, a título exemplificativo, que os efeitos das viagens aéreas, especialmente de longo curso, exigem elevados recursos naturais, contribuindo para uma alteração climática à escala global, conforme retrata o estudo de Hunter (2009). Estes mesmos resultados haviam sido obtidos em abordagem similar no estudo de Gössling, Peeters, Ceron, Dubois, Patterson e Richardson (2005). Este, conclui que o turismo não é, ao contrário do que é geralmente promovido pela própria indústria turística, uma atividade ambientalmente mais “limpa” ou benéfica. Confirmando o anterior estudo de Gössling, Hansson, Hörstmeier e Saggel (2002), os autores afirmam, deste modo que, os voos de curta distância, são uma chave para a sustentabilidade. Com efeito, o estudo conclui que, precisamente, a distância e o método de transporte, são os fatores determinantes para uma filosofia de turismo amiga do ambiente.

Conclusão Resulta da presente revisão, enquanto conclusão, que o termo turismo sustentável e desenvolvimento sustentável não apresentam um consenso generalizado na sua definição (Butler, 1999). Por outro lado, segundo Garrod e Fyall (1998), esta amplitude de conceitos e o desenvolvimento de análises neste âmbito, não contribuirão para a criação de conhecimento útil. Avaliando-se a visão de Clarke (1997), Collins (1999) e McCool, Moisey e Nickerson (2001) é sugerido que o tema sustentabilidade não é um conceito com aplicação prática, mas sim, uma estratégia comercial no sentido de cativar um novo perfil de turista. Liu (2003) afirma ainda que,

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o debate referente à temática da sustentabilidade, é baseado em equívocos e dotado de medidas de aplicação e meios não adequados. Sumariamente, em relação aos impactos do turismo, verifica-se uma tendência para a valorização do aspeto económico e concentração, nos aspetos mais negativos, em relação aos impactos socioculturais e ambientais. Conclui-se, neste sentido, que o turismo é uma atividade que proporciona valor, sob o ponto de vista económico, para os membros da comunidade (enquanto meio gerador de emprego), para os empregadores e para o próprio estado. Em relação aos impactos socioculturais, o turismo apresenta, como principais impactos negativos, uma tendência para o aumento de situações de dependência dos territórios face aos visitantes e de desigualdade entre quem visita e quem é visitado. Estas situações de conflito social interno, tendem a agravar cenários de delinquência, aumento de atividades relacionadas com o turismo sexual, problemas de saúde pública e, sob o ponto de vista cultural, a uma diluição dos aspetos fundamentais de uma cultura recetora, em função do cumprimento dos desejos da cultura visitante. Esta fragilização e a perda de identidade cultural são, precisamente, a antítese do conceito de sustentabilidade, de desenvolvimento e de turismo sustentável. Por fim, em relação aos impactos do turismo no meio ambiente, resulta a ideia de que, a indústria, revela-se pouco ativa nos pressupostos de preservação ambiental que o conceito de sustentabilidade promove. As principais dimensões de impacto analisadas e onde esses respetivos impactos são mais sentidos, referem-se à poluição, gestão de resíduos, preservação dos ecossistemas, do património natural e edificado, no seu todo. Conclui-se, com base nos pressupostos analisados, que o turismo enfrenta um desafio e um compromisso que deve ser assumido por todos. A via da sustentabilidade.

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