Um Deus nasce

June 13, 2017 | Autor: L. Cervantes-Ortiz | Categoria: Poetry, Poesía, Poesia Religiosa
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Um Deus nasce! Leopoldo Cervantes-Ortiz Um Deus nasce às margens da história é o mesmo do pacto antigo e certo de um espaço remoto vem para viver entre homens e mulheres impuros/ inocentes/ criminosos. Vem e ganha nome como todo humano, assume o peso acumulado de leis/ regulamentos/ tradições não teme que lhe absorva o tempo ignaro nem o barro onde pisa cada dia. Uma paixão o trás até este mundo, sempre por ele amado. Este Deus nasce e vem se consumir aqui entre a sede e a injustiça que quer compartilhar com seu olhar, com seu gesto aturdido/ compassivo, a mentira não cabe em seu programa: não finge ser um corpo fantasmático é de carne/ história e ossos firmes. O amor lhe precede/ anúncio e sonho: a mulher que o embala não se entrega à ruína de saber que seu povo é dominado: ela sonha também com esperanças com a ânsia de ver um mundo novo redescobre as asas do profeta e relança sua fé ao aberto. O povo o rodeia quando nasce e o olha cético e cansado: já não sabe esperar com esperança, a morte toma conta dos caminhos impérios rondam e perseguem as ânsias libertárias. Deus, certamente, é uma criança como todas, solidão e abandono são seu berço enfrenta já a mão ensangüentada em seu leito fugaz: exílio e ódio são poderes que ignoram a ternura pois a perderam envolvidos em seus planos cotidianos de força e mentira.

Um Deus nos nasce que sonha e que aborrece o mal com sua presença pressurosa, nasce um humilde dom no presépio com cada humano em mente com cada vida sendo um desafio para iluminar o ser com essa luz agônica mas certa com uma luminosidade urgente e viva que vence as trevas e submete com cantos de furor tanta negrura. Pastores e anjos são símbolos contrários: o céu com suas vozes imponentes baixa até aqui na história suas riquezas/ a terra obnubilada pelo sonho mortal e adormecida pela pena/ se fundem porque são epifania e semente de tempos jubilosos anunciados benignos, dadivosos por planos divinos que chegam até o chão. Esta noite passou/ seguiu-se a história de salvação/ em plena luta seguiram os caminhos do presépio até um madeiro ignominioso e feroz: esse Deus que chegou para ficar no meio da vida/ é o mesmo que diariamente nasce e morre nas dobras do tempo enquanto ama e se oferece a si mesmo para sempre.” Tradução: Zwinglio M. Dias

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