Um retrato da nossa História -Capitão João Borges Pamplona

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Jornal da Praia

HISTÓRIA

11 Março 2016

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Um retrato da nossa História Capitão João Borges Pamplona

A 18 de fevereiro passaram exatos 288 anos que, a 18 de fevereiro de 1788, nascia o terceirense Capitão João Borges Pamplona. Este foi um importante oficial da marinha mercante portuguesa, que entrou para a História nacional pelos importantes préstimos prestados à Coroa portuguesa, sendo hoje, muito esquecido. O Capitão Pamplona define bem, no século XIX, a força e garra dos descobridores terceirenses, seus antepassados, como os Corte-Reais ou João Fernandes Lavrador. João Borges Pamplona nasceu no Porto Judeu. Desde muito novo se entregou ao amor pela vida do mar. Bom aluno, matriculou-se no Colégio dos Nobres, em Lisboa, onde estudou a arte náutica, mostrando a sua habilidade e capacidades marítimas. De regresso à sua terra natal, o Capitão João Borges Pamplona fixou-se na Praia e aderiu à causa liberal, estando ao lado de seus conterrâneos

na luta contra o absolutismo. Em 1832, em consequência das reformas de Mouzinho da Silveira, é criado o cargo de Provedor do Concelho e Borges Pamplona foi nomeado o 1º Provedor do Concelho da Praia. Depois foi eleito Presidente da Câmara da Praia. Depois da política, Borges Pamplona regressou à vida marítima, provando a sua coragem e valentia, batendo-se algumas vezes com a pirataria que atacava os mares portugueses. Rapidamente, o novo Capitão da marinha mercante portuguesa ganhava fama e tornava-se um grande incómodo para os piratas. Com a sua atitude, Borges Pamplona ultrapassava os seus deveres de Capitão da Marinha mercante e tornava-se, sobretudo, um “combatente” da Marinha de guerra, trabalhando em prol de Portugal e do enriquecimento do país. O Capitão Pamplona foi enviado para o comércio no Extremo-Oriente, sobretudo na Índia. Foi numa dessas viagens ao continente indiano, que Borges Pamplona obteve o seu maior feito. Numa das viagens de regresso a Portugal, o Capitão João Borges Pamplona, que transportava preciosas e valiosas cargas, foi assaltado por um navio de corsários que se apoderou da riqueza da Índia. O Capitão, não suportando a

afronta, ao chegar a Lisboa, solicitou uma audiência à rainha D. Maria II, a quem expôs o caso e pediu artilharia para perseguir os corsários e recuperar a mercadoria roubada. D. Maria II e os seus conselheiros acederam ao pedido de Borges Pamplona. O Capitão perseguiu e recuperou as preciosidades portuguesas. Na viagem de regresso, com a carga e os prisioneiros, o Capitão surpreendeu tudo e todos com a sua ousadia. Borges Pamplona tinha personificado na perfeição o exemplo de um oficial da Marinha. Como agradecimento aos préstimos à Coroa portuguesa, D. Maria II concedeu a patente de oficial honorário da Marinha Portuguesa de Guerra ao Capitão João Borges Pamplona. Em 1841, a então Vila da Praia da Vitória, sofreu um forte terramoto e o Capitão Pamplona, próximo de D. Maria II, conseguiu apoios para a reconstrução da Vila, mas sobretudo, que esta não perdesse o seu estatuto de Comarca, como muitos pretendiam. A 6 de janeiro de 1870, o Capitão morria na Vila da Praia da Vitória, na sua casa. O Capitão João Borges Pamplona prestou diversos serviços à Ilha Terceira, ao arquipélago dos Açores e a Portugal no seu todo, sendo um exemplo de defensor do seu povo. Borges Pamplona deixou-nos uma

mensagem de luta e perseverança, mostrando-nos que a necessidade de ter objectivos e de lutar por eles, é uma marca da nossa açorianidade. A capacidade humana de reerguer-se, tem de ser incentivada e devemos procurar espaço para nos afirmar, mesmo num momento complexo da História do nosso país. Foram homens como este, que cedo compreenderam os seus deveres e as suas fraquezas, não se rebaixando, que fundaram a essência do povo português. Agora é a ocasião de irmos buscar este espírito combativo a trazê-lo para os dias de hoje, dentro do contexto do país e em defesa de uma autonomia mais profunda e assumida. É preciso relembrar este grande herói e promover, na nossa Praia da Vitória, um maior conhecimento deste Grande Português. Francisco Miguel Nogueira Doutorando em História Moderna e Contemporânea, Especialidade em Defesa e Relações Internacionais Historiador/Investigador

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