Uma (desconhecida) abordagem operante da linguagem

November 18, 2017 | Autor: A. Roberto-Fonseca | Categoria: Linguagem, Behaviorismo Radical, Comportamento Verbal
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Revista Científica da UNESC, ano 11, n. 14, 6 - 8

UMA (DESCONHECIDA) ABORDAGEM OPERANTE DA LINGUAGEM Abraão Roberto-Fonseca é editor deste número da revista, Bacharel em Psicologia e Psicólogo pela Universidade Federal do Pará (UFPA/PA). Mestre em Psicologia: Teoria e Pesquisa do Comporta-mento (UFPA/PA). Docente das Faculdades Integradas de Cacoal (UNESC/RO).

! Este número (13) da revista tem como discreto cerne de discussão a questão da linguagem, ou comportamento verbal mesmo no que se refere à interpretação de normas, códigos e leis ou a regras a respeito do cuidado com a navegação e uso da lógica. Tudo é comportamento verbal. Apesar de timidamente exposto e não necessariamente percebido pelos leitores que podem selecionar os artigos para leitura, há disposições diferentes quanto ao fenômeno linguístico e da aprendizagem: estrutural e funcional. ! Um autor que usualmente não é discutido nos cursos de Letras de algumas grades que tive acesso é Barry Lowenkron, professor da Universidade Estadual da Califórnia, Los Angeles – EUA. A proposição dele é conhecida por “joint control” e sugiro fortemente a leitura para compreender uma proposição oriunda da obra de Skinner (1957) chamada Verbal Behavior. ! Ora, não é de se estranhar que haja pouco conhecimento por parte de letrólogos da obra de Skinner e suas derivações, dado que a maior parte das proposições envolve o gerativismo de Chomsky (1959), a evolução das espécies e a evolução linguística de Pinker (1994) e, com enfoque ligeiramente diferente, Deacon (1997). Sem falar no alardeado autor e descritor primeiro do objeto de estudo da linguística: a língua, principalmente no concebe a um modelo denominado de “associação recíproca” que gera o símbolo (SAUSSURE, 2001). 6

Contudo uma apresentação simplista do modelo de Lowenkron – principalmente o artigo que indico é o de 2006 - que pretende elucidar o papel do que pode ser descrito em termos não-técnicos como “repetição privada”. O papel desta aqui nominada “repetição privada” é averiguada em Gutierrez (2006). Uma derivação para exemplificar o artigo seria uma tarefa na qual um indivíduo deve encontrar uma série de produtos num supermercado lendo apenas uma vez a lista de compras. Um recurso comum neste casos é a “repetição privada” ou “ficar lembrando dos nomes dos produtos continuamente”. Ou seja, o indivíduo relata para si mesmo o que deve comprar e, ao mesmo tempo, identifica o objeto em si, seguindo para o próximo da lista, de acordo com a sua “repetição privada”. Então, a relação entre a) “achar um item” e b) “repetir privadamente a lista” é o cerne desta proposição teórica, na qual a e b funcionam como “controle conjunto” (joint control) para que o indivíduo cumpra a tarefa de comprar adequadamente a lista inteira.

! Esta foi uma apresentação simples que pode ser derivada para casos durante a aprendizagem do nome de objetos por crianças, execução de golpes em práticas esportivas complexas – como o judô, e em situações nas quais a linguagem parece mediar a aprendizagem do indivíduo. Serve ainda para compreender os processos nos quais o ambiente em que o sujeito se encontra interfere na aprendizagem desta linguagem, incorrendo na negação das teorias clássicas citadas no terceiro parágrafo – por menos exata que seja esta afirmativa quanto a DEACON (1997).

! Imagina agora que um conhecido interrompe este processo e cumprimenta o sujeito perguntando-lhe sobre esposa e filhos ainda no produto dois – de uma lista de quinze. Isto incorre no “bloqueio” da repetição para responder educadamente ao sujeito que efusivamente cumprimenta o alvo de nosso exemplo. O que provavelmente impedirá o sujeito de se recordar da lista adequadamente.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHOMSKY, M. Aspects of a theory syntax. Cambridge: MIT Press, 1959. DEACON, T. The Symbolic Species. The Co-Evolution of Language and the Brain. Nova York e Londres: W. W. Norton, 1997. GUTIERREZ, R. D. (2006). The role of rehearsal in joint control. The Analysis of Verbal Behavior, n. 22, 182-190. LOWENKRON, B. (2006). An Introduction to Joint Control. The Analysis of Verbal Behavior, 22, 123 – 127. PINKER, S. The language instinct: how the mind creates language. New York: Harper Collins, 1994. SAUSSURE, F. de. Curso de lingüística geral. Organização de C. Bally e A. Sechehaye. Tradução de A. Shelini, J. P. Paes e I. Blikstein. São Paulo: Cultrix, 2001. SKINNER, B. F. Verbal behavior. New York: Prentice Hall, 1957.

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