Uma oficina de entalhadores em Serra d\'El-Rei no século XVIII Contributo para o estudo da obra de Luís Correia, mestre entalhador da tribuna da Igreja Matriz de Maiorga – parte I

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Cadernos de Estudos Leirienses – 8 * Maio 2016

Uma oficina de entalhadores em Serra d’El-Rei no século XVIII Contributo para o estudo da obra de Luís Correia, mestre entalhador da tribuna da Igreja Matriz de Maiorga – parte I Miguel Portela*

Pretendemos dar a conhecer elementos da maior relevância para o conhecimento da vida e obra de Luís Correia, mestre entalhador, natural e morador em Serra d’El-Rei. Procuraremos, ainda, elencar documentos inéditos que nos permitem revisitar as obras setecentistas de remodelação da Igreja Matriz de Maiorga, assim como alguns dos seus intervenientes, e para as quais Luís Correia contribuiu riscando a obra e entalhando a tribuna dessa igreja. Introdução Na transição do século XVII para o século XVIII a região de Serra d’El-Rei tornara-se num centro artístico de relevância manifesta com um apreciável número de artistas que aí residiam, fruto das empreitadas que nessa época se empreendiam nesse território. Sobressaem os nomes de José Nunes, mestre de vidraças, esposo de Isabel de Miranda, cujo filho, João, foi batizado a 1 de junho de 1687, e que ainda exercia o seu ofício na região de Serra d’El-Rei em 17301; Domingos da * Investigador 1 Arquivo Distrital de Leiria (A.D.L.), Livro de Registo Mistos de Serra d’El-Rei (L.M.), Dep. IV-40-C81, assento (at.) n.º 1, fl. 22. A.D.L., Livro de Batismos de Serra d’El-Rei (L.B.), Dep. IV-40-C-82, at. n.º 1, fl. 17; at. n.º 2, fl. 21v. Veja-se o recente estudo sobre Mestres de Vidraças na Estremadura nos Séculos XVII e XVIII (PORTELA: 2016(a), 25).

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Silva, oficial de entalhador, morador em Serra d’El-Rei, em 19 de junho de 1718 (doc. 5); António de Oliveira, oficial de entalhador, filho de Amaro Francisco e de Francisca Luís, natural da freguesia de S. Vicente de Vila Franca de Xira, casado com Francisca Luís, filha de António Gonçalves e de Maria Francisca, e que aqui residia em 1720, tendo constituído família nesta terra (doc. 7)2; Manuel Rodrigues, aparelhador, cuja esposa Maria Gomes faleceu em 23 de março de 1725 e foi sepultada na Igreja de São Sebastião, junto à capela de Santo António3; António Rodrigues de Miranda, vidraceiro, que aqui residia, tendo executado entre agosto de 1732 e fevereiro de 1733, as vidraças para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário das Caldas da Rainha4; João 2

A.D.L., L.M., Dep. IV-40-C-81, at. n.º 1, fl. 192. António de Oliveira executou entre 1732 e 1733 o retábulo da capela-mor da igreja de Nossa Senhora do Rosário das Caldas da Rainha, mandado fazer pela Confraria de Nossa Senhora do Rosário, conforme ficou registado: “Achou que despendera mais com catorze mil e coattrosenttos reis que se deram ao mestre emtalhador Antonio de Olivieyra da Serra delRei a contta do retabullo que esta fazendo para a capella mor e tem justo em sesentta mil reis e assim a seguranssa das ditas moedas como da dita obra tem feytto obrigasam anbonada em Joam Fialho o Velho desta villa. 14400”, A.D.L., Confraria de Nossa Senhora do Rosário, Livro de Despesas e Receitas da Confraria do Rosário [1710-1739], Dep. VI-2-B-5, fl. 117, publicado em PORTELA: 2015 (a), p. 17. Para um estudo mais aprofundado vd. PORTELA: 2016(b), 21. 3 A.D.L., L.M., Dep. IV-40-C-81, at. n.º 3, fl. 141v. Sabemos que do casamento de Manuel Rodrigues e Maria Gomes nasceram, entre outros filhos, batizados na Igreja de S. Sebastião de Serra d’El-Rei: Francisco, batizado a 23 de março de 1687, Ibidem, at. n.º 1, fl. 21v; Maria, batizada a 22 de janeiro de 1690, Ibidem, at. n.º 1, fl. 29; Mariana, batizada a 7 de setembro de 1696, Ibidem, at. n.º 3, fl. 37v; Felipe, batizado a 7 de maio de 1700, Ibidem, at. n.º 4, fl. 43v; e Francisca batizada a 16 de março de 1703, Ibidem, at. n.º 3, fl. 46v. 4 A.D.L., Confraria de Nossa Senhora do Rosário, Livro de Receita e Despesa da Irmandade do Rosário [1710-1739], Dep. VI-2-B-5, fl. 116v. António Rodrigues de Miranda filho de António Rodrigues, soldado e de Maria Dias, foi batizado a 4 de julho de 1669, na Igreja de S. Sebastião de Serra d’El-Rei, A.D.L., L.M., Dep. IV-40-C-81, at. n.º 1, fl. 11. António Rodrigues, soldado, filho de Francisco de Miranda e Jerónima Rodrigues casou a 21 de fevereiro de 1678 na Igreja de S. Sebastião de Serra d’El-Rei com Maria Dias filha de Sebastião Pires e de Maria Dias, Ibidem, at. n.º 2, fl. 159. Sabemos também que António Rodrigues de Miranda casou na Igreja de S. Sebastião de Serra d’El-Rei a 23 de janeiro 1732 com Josefa Caetana de Santa Rosa, dos Casais do Pinhal (Óbidos), filha de Pedro da Silva e de sua mulher Francisca Maria da Amoreira, A.D.L., Ibidem, at. n.º 1, fl. 207. Deste consórcio nasceram entre outros filhos, Ana, batizada a 26 de julho de 1736 na igreja de S. Sebastião em Peniche, A.D.L., L.B., Dep. IV-40-C-82, at. n.º 2, fl. 44v-45, sendo chamada Ana Joaquina de São José, e tendo casado na referida igreja a 2 de outubro de 1752 com António de Horta, filho de Pedro Gomes e de Maria de Horta de Atouguia da Baleia, A.D.L., L.M., Dep. IV-40-C-81, at. n.º 2, fl. 232v233. Reconhecemos que António Rodrigues de Miranda e sua esposa foram padrinhos de batismo de António, filho de António de Oliveira, mestre entalhador, e de sua esposa Francisca Luís, celebra-

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Rodrigues de Miranda, carpinteiro, que aqui vivia em 17205; e o mestre entalhador Luís Correia, do qual nos iremos debruçar. Para além dos nomes referidos, concorreram também, para a afirmação de Serra d’El-Rei, enquanto foco polarizador de uma produção regional no panorama artístico e no desempenho das suas atividades, os vários mestres carpinteiros, marceneiros, serralheiros, pedreiros e pintores, entre tantos outros. Por último, salientamos o facto de que em 1701 se encontrar na vila de Peniche, o Capitão e Engenheiro de Fortificações, Pedro de Azevedo Carneiro como procurador do Mestre de Campo, Vasco Fernandes César de Meneses e de D. Juliana Francisca de Alencastre, – estes encontravam-se nesse ano a residir nessa vila, conforme podemos atestar em alguns assentos de batismo em que foram padrinhos.6 Nesse período, concretamente em 1703, Diogo Francisco, mestre-de-obras procedia à direção e execução das obras da Fortificação de Peniche, residindo nesse ano, com a sua família, em Atouguia da Baleira.7 De igual forma, reconhecemos em 1704, António Francisco, como do em Serra d’El-Rei, em 31 de março de 1733, A.D.L., L.B., Dep. IV-40-C-82, at. n.º 1, fl. 33v. Tratase de António Rodrigues, oficial de vidraceiro, aquele que em 23 de outubro de 1707, surge com sua mãe, Maria Dias, como padrinhos de batismo de Marcelina, filha de João Dias e de Maria da Ascensão, todos moradores em Serra d’El-Rei, A.D.L., Livro Misto - Batismos, Casamentos e Óbitos de Atouguia da Baleia (L.M.A.B.), Dep. IV-39-D-19, at. n.º 1, fl. 61v. Sabemos que Vitória de Miranda era filha de António Rodrigues, soldado, e de Maria Dias, tendo sido batizada na Igreja de S. Sebastião em 10 de março de 1681, A.D.L., L.M., Dep. IV-40-C-81, at. n.º 6, fl. 13v. Vitória de Miranda surge referenciada num registo de batismo de um menina de nome Maria, filha de João Rodrigues e de Luiza Maria celebrado a 5 de fevereiro de 1696 na Igreja de S. Sebastião de Serra d’El-Rei, A.D.L., L.M., Dep. IV-40-C-81, at. n.º 3, fl. 37. Para um estudo documental mais aprofundado consultar PORTELA: 2016(a), 25. 5 João Rodrigues de Miranda contraiu matrimónio a 21 de junho de 1699 na igreja de S. Leonardo em Peniche, com Antónia Simoa, filha de António Mendes e de Maria Henriques, A.D.L., L.M. A.B., Dep. IV-39-D-19, at. n.º 3, fl. 144v. Um filho de João Rodrigues de Miranda, e de sua esposa Ana Francisca, de nome Sebastião Antunes, também carpinteiro, contraiu matrimónio em 4 de março de 1720 na igreja de S. Leonardo em Atouguia da Baleia, com Sebastiana da Luz, A.D.L., L.M.A.B., Dep. IV-39D-19, at. n.º 1, fl. 204v. 6 A.D.L., Livro de Batismos de Ajuda (L.B.A.) - Peniche, Dep. IV-39-B-92, at. n.º 2, fl. 31; at. n.º 1, fl. 38. Veja-se a obra de Sousa Viterbo no que concerne à figura de Pedro de Azevedo Carneiro (SOUSA VITERBO: 1899, 102-103). 7 Em 15 de abril de 1699, Mariana Batista, filha de Diogo Francisco, mestre-de-obras, assistiu na Igreja de S. Pedro de Peniche, como madrinha de batismo de Cipriano filho de Ambrósio Rodrigues e de Vitória da Oliveira, A.D.L., Livro de Batismos de S. Pedro de Peniche, Dep. IV-40-A-40, at. n.º 2, fl. 76v. De igual modo, a 7 de outubro de 1703, Mariana Batista assistiu como madrinha no batismo de Manuel, filho de Manuel Simões e de Catarina Delgada, A.D.L., L.M.A.B., Dep. IV-39-D-19, at. n.º 2,

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mestre-de-obras da Igreja de Nossa Senhora de Atouguia da Baleia.8 Constatamos também que entre 1720 e 1723 se encontrava a obrar na vila de Peniche, Leonardo Pereira, mestre-de-obras da guarnição dessa praça.9 fl. 43v. Certificamos que Diogo Francisco contraiu matrimónio a 26 de outubro de 1657 na igreja de Oeiras, com Antónia Carvalha, viúva de Domingos Gomes, A.D. Lisboa, Livro de Registos Mistos de Oeiras, Livro M2, caixa n.º 1, at. n.º 1, fl. 41v. Sabemos ainda que Diogo Francisco foi o mestre-de-obras da fortificação de Paimogo (Lourinhã), dirigindo as obras nessa fortaleza, entre 1672-1673, conforme podemos comprovar documentalmente, Arquivo Distrital de Lisboa (A.D. Lisboa), Livro de Registo de Registos Mistos de Lourinhã, Livro M6, caixa n.º 2, at. n.º 3, fl. 30v. De Diogo Francisco, mestre das obras d’El-Rei, e de Antónia Carvalha, ambos moradores na Zambujeira (Lourinhã) e naturais de Oeiras, nasceu um indivíduo de nome Diogo Francisco, natural da Lourinhã e morador que foi em Peniche, na freguesia de S. Sebastião, tendo sido batizado em 26 de novembro de 1673, assistindo nesse ato como padrinho de batismo, Mateus do Couto, Sargento-mor de Sua Alteza, morador em Oeiras, A.D. Lisboa, Livro de Casamento da Paróquia de Oeiras, Livro M8, caixa n.º 2, at. n.º 4, fl. 5. Mateus do Couto filho de Luís Francisco e de Domingas do Couto naturais e moradores nas Caldas da Rainha contraiu matrimónio em Oeiras a 30 de setembro de 1648, com Luiza Gomes filha de Jerónimo Gomes e de Maria dos Santos naturais da Apelação em Lisboa, A.D. Lisboa, Livro de Registos Mistos de Oeiras, Livro M2, caixa n.º 1, at. n.º 1, fl. 25. Luiza Gomes, filha de Jerónimo Gomes e Maria dos Santos foi batizada a 6 de junho de 1610 na Igreja da Apelação, A.D. Lisboa, Livro de Registo Mistos da Apelação, Livro M1, caixa n.º 1, at. n.º 1, fl. 62. Luiza Gomes, também chamada de Luiza Pinheira faleceu a 14 de dezembro de 1673 tendo sido sepultada na Igreja de Oeiras, A.D. Lisboa, Livro de Óbitos da Paróquia da Oeiras, Livro O1, caixa n.º 26, at. n.º 6, fl. 37. Diogo Francisco, filho, contraiu matrimónio em 5 de abril de 1696 na Igreja de S. Pedro de Peniche com Máxima Ferreira, filha de António Ferreira Pestana e de Catarina Monteira, ambos da freguesia de S. Sebastião de Peniche. A.D.L., Livro de Casamento da Paróquia de S. Pedro de Peniche, Dep. IV-40-A-75, at. n.º 1, fl. 8v. Reafirma-mos também o facto de Manuel do Couto se relacionar com famílias de Peniche, surgindo em 1 de maio de 1691, referenciado como ajudante das fortificações da Praça de Peniche e morador na Rua do Norte da freguesia de Nossa Senhora do Alecrim (Lisboa), enquanto testemunha no casamento de Duarte Ferreira, filho de Francisco Ferreira e de Domingas Duarte com Pascoa da Silva, filha de Pedro da Silva, escudeiro, e de Marta da Silva. Este casamento foi realizado em Lisboa na Igreja de Nossa Senhora do Socorro afirmando-se que Duarte Ferreira e Páscoa da Silva haviam sido batizados em S. Pedro de Peniche, A.D. Lisboa, Livro de Casamentos da Paróquia de Nossa Senhora do Socorro, Livro C4, caixa n.º 19, at. n.º 1, fl. 146. Para o estudo genealógico de Mateus do Couto, O Moço, falecido a 4 de novembro de 1695 em Oeiras, tendo sido sepultado no interior da igreja dessa localidade, veja-se o recente estudo de PORTELA: 2015 (b), 25. 8 Veja-se um assento de batismo lavrado a 27 de fevereiro de 1704, tendo António Francisco foi padrinho, e onde se grafou: “Antonio Francisco mestre das obras de Nossa Senhora”, A.D.L., L.M.A.B., Dep. IV-39-D-19, at. n.º 3, fl. 45. 9 A.D.L., L.B.A., Dep. IV-39-B-83, at. n.º 1, fl. 60; at. n.º 2, fl. 73v-74; at. n.º 2, fl. 87. Sabemos que Leonardo Pereira natural de Giraldos (Atouguia da Baleia) contraiu matrimónio a 7 de janeiro de 1691 na igreja matriz da Lourinhã com Maria do Couto, natural da Zambujeira (Lourinhã), A.D. Lisboa, Livro de Casamentos da Lourinhã, Livro C1, caixa n.º 19, at. n.º 3, fl. 6v-7.

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No primeiro quartel do século XVIII desenvolviam na vila de Peniche a atividade de pintor alguns profissionais dessa arte, sobretudo Pedro Peixoto, filho do padre Tomás Peixoto e de Agostinha Francisca, natural de Braga, freguesia da Sé, que casou na Igreja de S. Sebastião em Peniche a 5 de outubro de 1705 com Joana Maria filha de Vicente Figueira10 e de Ana Correia natural de Lisboa, freguesia do Sacramento11, assim como Jorge Gomes, mestre pintor que exercia esse ofício em outubro de 1725.12 Alguns elementos genealógicos da família do entalhador Luís Correia No século XVII, identificámos Domingos do Avelar, carpinteiro, filho de António do Avelar e de Maria Henriques, casado com Joana Correia Tinoca filha de João Jorge e de Maria Henriques de Atouguia da Baleia, o qual se estabeleceu em Serra d’El-Rei e aqui exerceu o seu ofício. Desta união, nasceram entre outros: João13 batizado a 14 de novembro de 1666, tendo sido padre de acordo com um registo lavrado a 7 de outubro de 1691, onde se refere, «Domingos do Avelar em nome de seu filho o padre João Correa»; Pedro14 batizado a 3 de janeiro de 1672 e Luís Correia, batizado a 27 de agosto de 1679 (doc. 1), todos batizados na igreja de S. Sebastião de Serra 10

Vicente Figueira aparece em 1705 como estanqueiro, A.D.L., L.B., Dep. IV-40-C-82, at. n.º 4, fl. 54. A.D.L., Livro de Registos Mistos de S. Sebastião de Peniche, Dep. IV-40-C-2, at. n.º 1, fl. 138v. Relembramos o facto de que o Padre Tomás Peixoto foi mestre dourador, morador no Rossio da Praça da Hortaliça em Braga tendo participado em várias obras nessa cidade, nomeadamente no douramento dos retábulos e frontispício da Igreja da Misericórdia de Braga em 1687, (CASTRO: 1997, 5-106). Reconhecemos como filho do Padre Tomás Peixoto e de Maria de Araújo, Domingos Peixoto, batizado na Igreja de S. Pedro de Maximinos em Braga a 13 de novembro de 1661, tendo este registo ocorrido apenas a 25 de janeiro de 1681. Nesse assento foi registado que Domingos se encontrava nessa data no Brasil tendo sido passada uma certidão desse ato, Arquivo Distrital de Braga, Registo de Batismos de Maximinos, Braga [1655-1687], B-88, at. n.º 3, fl. 75. Entre 1706 e 1707 os pintores Pedro Peixoto e Felipe Mendes receberam certas quantias pelo douramento e pinturas executadas na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda em Peniche. Para o estudo das obras setecentistas que decorreram nesta citada igreja veja-se a obra de GONÇALVES, 1984, 3-78. Felipe Mendes, batizado na igreja de S. Pedro de Peniche e natural desta localidade, filho de João Duarte e de Maria Mendes, casou a 24 de maio de 1687 na igreja de Nossa Senhora da Ajuda de Peniche com Dionísia Bernardes, viúva de Francisco Gomes, A.D.L., Livro de Óbitos de Ajuda - Peniche, Dep. IV39-C-28, at. n.º 1, fl. 111. Veja-se o estudo recente de PORTELA: 2016(b): 21. 12 A.D.L., L.B., Dep. IV-40-C-82, at. n.º 1, fl. 1. 13 A.D.L., L.M., Dep. IV-40-C-81, at. n.º 1, fl. 32; A.D.L., L.M., Dep. IV-40-C-80, at. n.º 1, fl. 79v. 14 A.D.L., L.M., Dep. IV-40-C-80, at. n.º 1, fl. 171. 11

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d’El-Rei. Joana Correia Tinoca esposa do supracitado Domingos do Avelar perecera pouco depois do nascimento de Luís Correia, tendo sido sepultada nessa igreja a 19 de setembro desse ano.15 Asseguramos também, que em 14 de junho de 1691 faleceu um outro filho de Domingos do Avelar de nome João Correia, solteiro, cujo corpo foi enterrado na igreja de S. Sebastião junto ao altar de Santa Luzia.16 Domingos do Avelar casou segunda vez a 20 de junho de 1680 em Serra d’El-Rei com Jerónima Francisca filha de João Rodrigues e de Isabel Francisca, naturais e moradores nessa freguesia.17 Deste consórcio nasceram: Joana18 que foi batizada a 16 de maio de 1681; José19 batizado a 6 de julho de 1683 e que faleceu a 1 de julho de 1719 tendo sido sepultado na igreja de São Sebastião frente ao altar de Nossa Senhora; Tomé20 batizado a 26 de dezembro de 1685; Eustáquia21, sepultada a 25 de outubro de 1689; André22, batizado a 9 de dezembro 1690 e que faleceu a 3 de agosto de 1713 e Sebastiana23 batizada a 27 de janeiro de 1694 e que faleceu a 30 de julho de 1695. Jerónima Francisca24 viria a falecer a 3 de julho de 1694 tendo sido enterrada junto à capela-mor da citada igreja. Salientamos ainda, que o Padre João Correia Tinoco, capelão da Capela Real irmão de Joana Correia Tinoca foi padrinho de casamento de José de Avelar, filho Domingos do Avelar e de Jerónima Francisca, com Francisca Delgado.25 Verificámos que Domingos do Avelar casou uma terceira vez, a 14 de fevereiro de 1695 com Isabel Antunes, filha de Felipe Rodrigues26 e de Bárbora Antunes27 todos naturais e moradores em Serra d’El-Rei (doc. 2). Salienta15

A.D.L., L.M., Dep. IV-40-C-81, at. n.º 3, fl. 95. Ibidem, at. n.º 4, fl. 109v. 17 Ibidem, at. n.º 1, fl. 160. 18 Ibidem, at. n.º 5, fl. 14. 19 Ibidem; at. n.º 4, fl. 16v, at. n.º 4, fl. 130v. 20 Ibidem, at. n.º 5, fl. 19v. 21 Ibidem, at. n.º 2, fl. 103v. 22 Ibidem, at. n.º 1, fl. 31, at. n.º 5, fl. 127v. 23 Ibidem, at. n.º 1, fl. 35, at. n.º 1, fl. 112. 24 Ibidem, at. n.º 4, fl. 110. 25 Ibidem, at. n.º 2, fl. 178. 26 Felipe Rodrigues faleceu a 23 de abril de 1695, tendo sido sepultado na igreja de S. Sebastião, Ibidem, at. n.º 5, fl. 111v. 27 Bárbora Antunes faleceu a 31 [sic] de abril de 1686, tendo sido sepultada na igreja de S. Sebastião, Ibidem, at. n.º 4, fl. 100. 16

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mos o facto de que Isabel Antunes era irmã de Maria Correia que casou a 10 de junho de 1714 em Serra d’El-Rei com Francisco Xavier28 filho de António Francisco29, mestre pedreiro e de Páscoa da Costa. As ligações familiares entre os mais diversos membros desta família podem ainda sere comprovadas com Francisco Xavier, o qual veio a ser padrinho de batismo de Antónia, filha de Luís Correia (doc. 5). Após Isabel Antunes ter falecido, Domingos do Avelar casou uma quarta vez, com Domingas do Avelar30, vindo esta a falecer a 15 de setembro de 1713, tendo sido sepultada na Igreja de São Sebastião, junto à pia de água benta. Domingos do Avelar31 sobreviveria mais três anos, tendo perecido a 4 de agosto de 1716 e sido enterrado junto à capela-mor da dita igreja. Luís Correia, mestre entalhador, filho do primeiro casamento de Domingos de Avelar e Joana Correia Tinoca, casou na igreja de S. Lourenço dos Galegos, a 2 de maio de 1707 com Margarida das Chagas filha de Manuel Ramos, natural de Castro Daire e de Luzia Francisca de Serra d’El-Rei (doc. 3). Deste enlace nasceram: Inofre32, batizado a 29 de abril de 1708; Úrsula e Vicência33, batizadas a 23 de março de 1710; José34, batizado a 8 de feverei28

Ibidem, at. n.º 1, fl. 184-184v. António Francisco, filho de Mateus Fernandes e de Maria Alvares, naturais de S. Pedro de Torres Vedras, viúvo de Maria do Nascimento, contraiu matrimónio a 4 de março de 1687 na Igreja de Nossa Senhora do Socorro em Lisboa com Páscoa da Costa, viúva de António Nunes, e filha de Manuel Moreira e de Maria da Costa, moradores na freguesia de S. Engrácia de Lisboa, assistindo como padrinhos nesse ato, António da Costa, mestre pedreiro, morador na Travessa do Desterro, freguesia dos Anjos e Manuel Luís, pintor de louça, morador na freguesia de Santo Antão, A.D. Lisboa, Livro de Casamentos da Paróquia de Nossa Senhora do Socorro (Lisboa), Livro C4, caixa n.º 19, at. n.º 1, fl. 89. Do casamento de António Francisco e de Páscoa da Costa nasceram, entre outros, Francisco Xavier que foi batizado a 8 de dezembro de 1687 na Igreja de Nossa Senhora do Socorro em Lisboa, A.D. Lisboa, Livro de Batismos da Paróquia de Nossa Senhora do Socorro, Livro B5, caixa n.º 2, at. n.º 2, fl. 61v, e Vicência, batizada a 16 de abril e 1690, Ibidem, at. n.º 4, fl. 92. Sabemos que em 16 de maio de 1701, António Francisco, já se encontrava a trabalhar nesta região, mormente em Atouguia da Baleia, conforme um registo de batismo em que sua esposa surge como madrinha, A.D.L., L.M.A.B., Dep. IV-39-D-19, at. n.º 3, fl. 36. Reconhecemos, António Francisco como mestre-de-obras da Igreja de Nossa Senhora de Atouguia da Baleia, A.D.L., L.M.A.B., Dep. IV-39-D-19, at. n.º 3, fl. 45. António Francisco faleceu a 5 de abril de 1713 tendo sido enterrado na igreja de S. Pedro de Torres Vedras, A.D. Lisboa, Livro de Óbitos da Paróquia de S. Pedro e Santiago (Torres Vedras), Livro O1, caixa n.º 21, at. n.º 3, fl. 205. 30 A.D.L., L.M., Dep. IV-40-C-81, at. n.º 4, fl. 127v. 31 Ibidem, at. n.º 3, fl. 131. 32 Ibidem, at. n.º 1, fl. 53. 33 Ibidem, at. n.º 3, fl. 55. 34 Ibidem, at. n.º 2, fl. 57. 29

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ro de 1712; José35, batizado a 4 de setembro de 1713; Policarpo36, batizado a 10 de fevereiro de 1716; Antónia, batizada a 19 de junho de 1718 (doc. 5); António, nascido a 14 de março de 1720 e batizado a 23 de novembro desse ano (doc. 7); Henrique37, batizado a 16 de dezembro de 1722; Rita38, batizada a 26 de junho de 1725 e falecida a 24 de novembro de 1729 em Lisboa na paróquia de S. Tomé (doc. 9); e Maria39, nascida a 13 de março de 1728 e batizada a 21 de março desse ano, e que faleceu a 25 de março de 1729 (doc. 8). Através de alguns assentos de batismos onde se alude aos padrinhos dos filhos de Luís Correia e de Margarida das Chagas, certificamos a presença de outros mestres entalhadores que habitavam em Serra d’El-Rei, o que atesta, face às empreitadas artísticas conhecidas, a existência de uma oficina de produção regional que procurava dar resposta às necessidades do mercado retabular da região onde estes se inseriam. Neste sentido, cabe ainda reavivar a figura do padre António do Couto, natural de Serra d’El-Rei, que presidiu a diversos atos religiosos de familiares de Luís Correia, tendo perecido a 21 de janeiro 1709. Do seu registo de óbito citamos: «parrocho que foi nesta freguezia muitos annos com grande exemplo a cuja agencia e fazenda se deve este povo os bens moveis e de rais que se achão da igreja para dentro e fora e foi sepultado na sua sepultura».40 De igual forma, reconhecemos que Luís Correia praticou o seu ofício nesta povoação, onde constituiu família e viveu toda a vida, desconhecendo-se, porém, o ano do seu decesso. Apesar de esta afirmação ser plausível, não nos é possível, de momento, atesta-la uma vez que o Livro de Óbitos de Serra d’El-Rei, – correspondente aos anos de 1733-1853 –, não se encontrar no Arquivo Distrital de Leiria, ignorando-se o seu paradeiro. Não será de descurar a hipótese de Luís Correia ter concretizado empreitadas artística em Peniche ou Serra d’El-Rei onde nas primeiras décadas do século XVIII se edificaram e reconstruiram vários edifícios religiosos41. 35

Ibidem, at. n.º 1, fl. 60. Ibidem, at. n.º 1, fl. 64v. 37 Ibidem, at. n.º 1, fl. 83v. 38 Ibidem, at. n.º 3, fl. 88v-89. 39 A.D.L., L.B., Dep. IV-40-C-82, at. n.º 3, fl. 12-12v, at. n.º 1, fl. 148v. 40 A.D.L., L.M., Dep. IV-40-C-81, at. n.º 2, fl. 122v. 41 Poderá ter executado obras em Lisboa, dado que sua filha Rita faleceu em 1729 na paróquia de S. Tomé dessa cidade. 36

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Porém, ainda não foram localizados novos documentos que atestem esta presunção. As obras de pedraria da igreja matriz de Maiorga Por volta de 1717, e após solicitação do Reverendo Visitador à paróquia de S. Lourenço de Maiorga, este requereu que se «fizesse com o dinheiro que avia dacresimos confrarias huma trebuna pera mais ornato da dita igreja e dezensia de o Santisimo Sacramento do altar e que nam chegando os ditos acresimos pera o nesesario e se fabricar a dita obra com concoreriam os fieis Christains» (doc. 4). Nesse referido ano e aos 23 dias do mês de julho de 1717, foi lavrado o contrato da empreitada de pedraria da obra da igreja de Maiorga, entre o «Reverendo vigario Manoel Ferreira e Souza vigario desta villa e João Lobo o moso reitor do Senhor e mais Jozeph Lobo escrivam da dita confraria e o tesoureiro Francisco Carvalho e os mais irmãos da mensa Theodozio de Freitas, Jozeph Marinho, Bertollameu Rodrigues Anjo e bem asim o Cappitam João Lluis Pereira o alferes Manoel de Masedo Neto o alferes Manoel Pereira da Costa, João de Almeida, Thome Alves Ribeiro, Manoel de Figueiredo e os mais moradores desta villa» e António da Silva Coelho42 morador nesta vila e a Manuel da Silva Coelho43 morador na Quinta da Mata em Alcobaça ambos oficiais de pedreiros pelo valor de 100 000 réis.44 42

O pedreiro António da Silva Coelho que executou esta obra foi casado com Margarida Rodrigues, o qual faleceu a 31 de outubro de 1719, tendo sido sepultado junto ao caixão do Senhor na igreja de S. Lourenço de Maiorga, A.D.L., Livro de Óbitos de Maiorga, Dep. IV-25-D-57, at. n.º 2, fl. 11v. 43 Veja-se em A.D.L., Livro Notarial de Alcobaça, Dep. V-1-A-22, fl. 66v-67v, um arrendamento do prazo de um olival, lavrado a 11 de dezembro de 1715, que fez Manuel da Silva Coelho e sua mulher Joana Josefa de Maiorga moradores na Quinta da Mata em Alcobaça, a Manuel Nunes de Alenquer, assim como uma doação desse mesmo prazo, lavrada a 12 desse referido mês e ano ao citado Manuel Nunes e Antónia da Encarnação porque lhes “deviam muito amor e obrigacoens”. Manuel da Silva Coelho havia sido casado com Luiza Malho, cujo filho António, foi baptizado na igreja de S. Lourenço em Maiorga a 1 de maio de 1701, A.D.L., Livro de Batismos de Maiorga, Dep. IV-25-D-13, at. n.º 3, fl. 13v-14. 44 Bartolomeu Rodrigues Anjo foi casado com Joana Vicente tendo falecido em Alcobaça a 26 de março de 1731 e sido sepultado na igreja de Maiorga, A.D.L., Livro de Óbitos de Alcobaça, Dep. IV24-B-2, at. n.º 1, fl. 108v. Sua esposa, Joana Vicente faleceu em Alcobaça a 20 de novembro de 1730 tendo sido sepultada na igreja de Maiorga, Ibidem, at. n.º 3, fl. 108-108v.

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Este testemunho reveste-se do maior interesse pois permite-nos revisitar uma página desconhecida da História desta freguesia, em especial das obras de remodelação da capela-mor da Igreja de S. Lourenço, pormenorizando-se cada detalhe que carecia da devida intervenção artística. Assim, há indicação expressa para que se fizesse primeiro uma tribuna «que hade ter de llargo doze palmos e de comprido dez e hade ter dois cunhais de cambaria digo cunhais de cantaria comforme os da igreja», assim como se deveria fazer uma «banqueta de pedra lavrada que hade ser feita pello risquo que der o mestre emtalhador e hade llevar huma fresta na parede do nascente pera dar llus a caza da trebuna e outra fresta em comrespondensia da parte da sancrestia da igreja o melhor que se pudera concordar». No que concerne aos degraus da capela-mor, estes haviam de ser desmanchados ficando o primeiro degrau como estava e o outro deveria ser executado até meio do altar-mor. Necessitava de ser executada nesta igreja uma nova sacristia em correspondência com a igreja, a qual teria todo o comprimento da capela-mor e de largura a mesma que a da sacristia existente, garantindo-se o acesso à tribuna através de degraus e cantaria. Para além do que se disse, deveria ser executada uma parede com dois portais, – um para acesso da sacristia e outro para a tribuna –, garantindo-se ainda a edificação de um outro portal, com oito palmos de altura e quatro de largura, para dar acesso à sacristia velha45. Entre outros trabalhos, menciona-se a necessidade de serem aplicadas algumas janelas para entrada de luz na capela-mor, colocando-se também na sacristia uma grade de ferro. Assegura-se que toda a obra precisaria de ser rebocada por fora e por dentro e que esta deveria ainda «llevar suas portas ferrageins e chaves todas de madeira a melhor do pinhal del Rei e toda esta hobra hade ser a custa de quem a tomar exceto a pedra preta que fica por conta dos moradores e acarretarem pera o adro e ade ser vista e revista por dois mestres da obra no prensipio meio e fim a contento de todo o povo». Referimos, que os dois empreiteiros supracitados estavam obrigados a fazer esta empreitada às suas custas e de acordo com estes apontamentos, excetuando-se a pedra preta que era obrigação da Confraria e «se obrigavam a dar a dita obra finda e acabada dentro de quatro mezes e que estes correriam depois de toda a pedra preta estar junta e se lhe ter feito o primeiro pagamento de sincoenta mil reis». Porém, tantos os oficiais de pedreiro como 45

O palmo equivalia a 0,22cm. Assim, 8 palmos correspondem a 1,76m e 4 palmos a 0,88m.

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o povo desta freguesia poderiam a qualquer altura «meter na dita obra ofesiais as suas custas a resam de trezentos reis por dia athe se findar de todo a dita obra na maneira que fiqua apontada». Achámos, também, que Manuel da Silva Coelho foi mestre-de-obras da vila da Pederneira sendo que no mês de fevereiro de 1723 se lavrou em escritura pública uma empreitada onde um indivíduo de nome José de Oliveira se obrigava a fazer a obra da Fonte Nova da Pederneira até final do mês de novembro desse ano pela quantia de 200 000 réis.46 Três anos mais tarde do ajuste da obra de pedraria da igreja de Maiorga o entalhador Luís Correia concretizava a tribuna para esta igreja de acordo com o contrato celebrado com o povo de Maiorga.

Apêndice documental Documento 1 1679, agosto, 27, Serra d’El-Rei - Registo de batismo de Luís Correia filho de Domingos do Avelar e de Joana Correia. A.D.L., L.M., Dep. IV-40-C-81, at. n.º 3, fl. 11. [fl. 11] Aos vinte de sete de agosto de seissentos e setenta e nove, o padre Antonio do Couto com minha licença baptizou a Luis filho de Domingos de Avelar e de sua molher Joana Correa. Foi padrinho Francisco de Azevedo de Caminha prior de Sancta Maria da villa de Óbidos. E por assi ser verdade fis este assento hoje, dia, mes, e anno ut supra. (a) O Padre Francisco Jorge

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A.D.L., Livro Notarial da Nazaré, Dep. V- 86-A-10, fl. 200-201.

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Documento 2 1695, fevereiro, 14, Serra d’El-Rei - Registo de casamento de Domingos do Avelar com Isabel Antunes. A.D.L., L.M., Dep. IV-40-C-81, at. n.º 2, fl. 169-169v. [fl. 169] < Domingos do Avelar com Izabel Antunes > Aos quatorze dias do mes de fevereiro de mil, e seiscentos e noventa e sinquo em minha presença e das testemunhas abaixo assinadas, e outras muitas avendoce corrido os banhos e mais deligenciais na forma do Concilio Tridentino e Constituições deste arcebispado // [fl. 169v] se receberão por palavras de presente Domingos do Avelar filho de Antonio do Avelar e de sua molher Maria Henriques já deffuntos moradores que forão no lugar dos Reinaldos da villa da Atouguia da Ballea e viuvo de Joana Correa filha de João Jorge e de sua molher Maria Correa já defuntos moradores que forão na villa de Peniche, e viuvo de Jeronima Francisca filha de João Rodriguez e de sua molher Isabel Francisca já deffuntos com Isabel Antunes filha de Phelipe Rodriguez e sua molher Barbora Antunes já deffunta naturais, e moradores neste lugar de que tudo fis este ascento [sic] no mesmo dia, e era e com as testemunhas asinei. (a) O Cura Antonio do Couto (a) João Alveres (a) Pedro Domingues Documento 3 1707, maio, 2, Serra d’El-Rei - Registo de casamento de Luís Correia com Margarida das Chagas. A.D.L., L.M., Dep. IV-40-C-81, at. n.º 2, fl. 177v. [fl. 177v] Aos dous dias do mes de maiio de mil e settecentos e settete [sic], em presença do Padre João de Andrada Cura na Igreja de S. Lourenço dos Galegos de minha licença e avendo precedido todas as solemnidade na forma do 316

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Concilio Tridentino e Constituições deste Arcebispado, se casarão por palavras Luis Correa filho ligettimo de Domingos Avelar e de sua molher Joana Corrêa < já defunta > e Margarida das Chagas filha de Manoel Ramos e de sua molher Luzia Francisca. Forão testemunhas Bras Rodrigues e Lourenço Phelipe e Joseph Delgado da Silva e outras muitas que presentes estavão de que fis este assento no mesmo dia, e era. (a) O Padre Antonio do Couto (a) Joseph da Sylva Delgado (a) Bras Rodrigues (a) Lourenço Filiphe Documento 4 1717, julho, 23, Maiorga - Escritura da empreitada da obra de remodelação da igreja de Maiorga. A.D.L., L.N.M., Dep. V-2-C-23, fl. 15-18. [fl. 15] Fora. Escretura de arendamento da obra da trebuna desta villa. Em nome de Deos amem. Saibam quantos este publico instromento de escretura de arendamento ou como em dereito melhor llugar haja direito posa virem que no anno do nasimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil e setecentos e dezacete annos aos vinte e tres dias do mes de julho do dito anno nesta villa da Maiorga na igreja parochial de Sam Lourenso em a mensa da confraria do Senhor onde eu tabaliam vim chamado onde estava presente o Reverendo vigario Manoel Ferreira e Souza vigario desta villa e João Lobo o moso reitor do Senhor e mais Jozeph Lobo escrivam da dita confraria e o tesoureiro Francisco Carvalho e os mais irmãos da mensa Theodozio de Freitas, Jozeph Marinho, Bertollameu Rodrigues Anjo e bem asim o Cappitam João Lluis Pereira, o alferes Manoel de Masedo Neto, o alferes Manoel Pereira da Costa, João de Almeida, Thome Alves Ribeiro, Manoel de Figueiredo e os mais moradores desta villa todos abaixo asinados que sam pesoas conhesidas de mim tabaliam e das testemunhas ao diente asinadas e llogo ahi pellos ditos Reverendo vigario reitor e mais ofesiais da dita confraria e moradores desta villa foi dito a mim tabaliam em prezensa das mesmas testemunhas que a elles lhes ordenara o Reverendo visitasam perterito que nesta 317

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dita igreja o pregaria se fizesse com o dinheiro que avia d’acresimos confrarias huma trebuna pera mais ornato da dita igreja e dezensia de o Santisimo Sacramento do altar e que nam chegando os ditos acresimos pera o nesesario e se fabricar a dita obra comcoreriam os fieis Chris // [fl. 15v] Christains com a dita obra em otrogansia do que diseram digo em osevansia de que dizeram que elles a tinham deposta pella maneira seguinte = primeiramente huma caza pera huma trebuna que hade ter de llargo doze palmos e de comprido dez e hade ter dois cunhais de cambaria digo cunhais de cantaria comforme os da igreja e hade ter sua banqueta de pedra lavrada que hade ser feita pello risquo que der o mestre emtalhador e hade llevar huma fresta na parede do nascente pera dar llus a caza da trebuna e outra fresta em comrespondensia da parte da sancrestia [sic] da igreja o melhor que se pudera concordar os degrauos da capellamor se hamde desmanchar que ficaram todos o primeiro como esta e o outro que fasa te meio o altar-mor tambem se hade fazer huma caza pera huma sangrestia47 [sic] em comrespondensia da da [sic] igreja que hade ter todo o comprimento da capellamor da caza da trebuna e de llargo o que tem a sangrestia [sic] que esta feita onde vertibulo48 [sic] que hade ter serventia pera a trebuna pella cangrestia [sic] em que se trata com os degraos e cantaria que lhe forem nesesarios estes degrauos hande ser de sinco palmos de compridos e posa ser e altura o melhor que poder ser e acordar e hade ter huma parede emtrada da serventia pera devisa da sangrestia [sic] hade llevar dois portais hum que fasa presente a sangrestia [sic] ou em // [fl. 16] ou emtrada da sangrestia [sic] e outro a emtrada da trebuna e hade ter hum portal que fasa comresponder a dita sangrestia [sic] velha que hade ter de alto outo palmos de llargo quatro e a dita sangrestia [sic] nova hade ter huma genela49 de acentos que hade ter de alto seis palmos e de llargo quatro e meio tembem se hade de desmanchar o forro da tacanisa da capella mor e se hamde meter tres paineis que hade ficar tudo em comrespondensia a sangrestia [sic] hade ser desentulhada e hade ficar no o nivel da capella mor e hade ficar o emmadeiramento de sorte que se lhe hade meter huma fresta pera llus da capellamor e hade ter de alto quatro palmos e de llargo dois hade ter outra fresta da outra parte que fiquem ambas na mesma comrespondensia e a fresta da sangrestia [sic] nova hade ter huma grade de ferro toda esta obra hade ser rebocada per fora e por dentro emmadeirada e telhada e a 47

Leia-se: sacristia. Leia-se: vestíbulo. 49 Leia-se: janela. 48

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sangrestia [sic] e cazas que se fas pera a trebuna hade ter gardas o llinpo e todos os portais que llevar a dita obra ande llevar suas portas ferrageins e chaves todas de madeira a melhor do pinhal del Rei e toda esta hobra hade ser a custa de quem a tomar exceto a pedra preta que fica por conta dos moradores a acarretarem pera o adro e ade ser vista e revista por dois mestres da obra no prensipio meio e fim a contento de todo o povo e nam se continha dizer mais nos ditos apontamentos e despusizam // [fl. 16v] e despusizam da dita obra a qual me reporto na forma que nella estava desposto diseram elles outorgantes a tinham arematado de empreitada a Antonio da Silva Coelho morador nesta villa e a Manoel da Silva Coelho morador na Quinta da Mata termo d’Alcobaça ambos ofesiais de pedreiros em preso e quantia de sem mil reis com obrigasam delles ditos empreiteiros faserem toda a obra posta nos apontamentos as suas custas de todo o nesesario exceto a pedra preta que elles outorgantes se obrigavam a dar toda a nesesaria ate lhe darem a dita quantia em tres pagamentos a saber o primeiro de sincoenta mil reis e o segundo no meio da obra em vinte e sinco e o terceiro no fim della com obrigasam de darem a dita obra feita e acabada desde a dita que a dita pedra preta estinha pronta e elles tiverem recebido o primeiro pagamento a quatro mezes e llogo pellos ditos empreiteiros Antonio da Silva e Manoel da Silva Coelho que prezentes estavam foi dito que elles tinham arrematado a empreitada a obra da trebuna asim e da maneira que fiqua declarado nos apontamentos ser tudo feito as suas custas exceto a pedra preta nesesaria com as condisois declaradas pellos outorgantes e que se obrigavam a dar a dita obra finda e acabada dentro de quatro mezes e que estes correriam depois de toda a pedra preta estar junta e se lhe ter feito o primeiro pagamento de sincoenta mil reis // [fl. 17] Mil reis que faltando em assim o fazerem querem e sam contentes que os ditos ofisiais e mais povo posam meter na dita obra ofesiais as suas custas a resam de trezentos reis por dia athe se findar de todo a dita obra na maneira que fiqua apontada pera o que nam queriam ser ouvidos em juizo nem fora delle com duvidas ou em pagos alguns sobre o dito prosedimento sem primeiro depozitarem toda a dita quantia que resebida tiverem em mão e poder do tezoureiro da dita confraria pera o que diseram que desde hoje pera o tempo do dito recibo ou viam por abonado pera sem fiansa tudo reseber e que desta clauzolla depozitaria heram contentes e queriam bem a emtendiam e pediram a mim tabaliam aqui esta e nese prezente as mesmas testemunhas e que avendo duvida se obrigavam a responder a elle a presente o Reverendo vigario da vara destes custos ou prescrite o 319

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Reverendo vigario geral da sidade de Lisboa quais os ditos ofesiais e mais povo quizer e que a vinda o mostre aver a dita obra e achando lhe faltava alguma cercustancia ou se faz com se nam deve fazer o podera mamdar desmandar desmanchar em qualquer estado que estiver quando elles ditos empreiteiros obrigados a fazer a sua custa sem que a hiso se haja a respeito pera se lhe dar mais couza alguma pesoa que dizeram que elles se obrigavam por suas pesoas e beins hum por // [fl. 17v] hum por hum outro pello outro e pello melhor mais em pasado delles a tudo comprirem asim como nesta se declara e pera mais seguransa nomeavam pera fiador e prinsipal pagador a Manoel Bauptista desta villa que sendo prezente por elle foi dito que elle ficava por fiador e prinsipal pagador dos ditos empreiteiros pera que faltando elles ao conteudo nesta escretura elle o pagar por seus beins via exzecutiva pera o que disese sugeitava a todas as clauzollas desta escretura e mais beins dos depositarios de juiso e de como asim o diseram e outorgaram huns e outros mandaram de tudo ser feito este instromento nesta nota e della dar hum tresllado pera o dito Reverendo vigario que eu tabaliam tomei e aseitei em nome de quem toquar posa auzente sendo a tudo por testemunhas prezentes João Gonsalves Malho e Antonio Fernandes Fellipe e Matias Guerra e Antonio de Almeida e eu Ignacio de Almeida tabaliam que o escrevi. (a) De João + Gonsalves (a) Manoel + da Silva Coelho testemunha (a) De Antonio + Fernandes Fellipe testemunha (a) Antonio de Almeida (a) Mathias Guerra (a) Antonio da Silva Coelho (a) Thome Alveres Ribeiro (a) O vigario Manoel Ferreira de Souza (a) João Lobo escrivão (a) Jozeph Lobo juis da confraria (a) Francisco Carvalho tizourero (a) Manoel Rodriguez Malho // [fl. 18] (a) Manoel Bauptista (a) Jozeph Marinho da Silveira (a) João Sousa (a) Ignacio de Almeida Macedo (a) O alferes Manoel Ferreira da Costa (a) Simão Marques Caetano 320

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(a) (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a)

Francisco de Oliveira Antonio de Oliveira Theodozio de Freitas e Bulhão João Durão Goncallo Affonzo De Manoel + Francisco procurador do concelho Jozeph Ferreira Gabriel Rodriguez De Manoel + João testemunha De João + Rodriguez De Manoel Fernandes Joam de Almada Joam Luis Pereira Manoel de Macedo Neto Bertholomeu Rodriguez Anjo Antonio Luis Domingos Bauptista Manoel de Figueiredo Antonio Rodriguez Documento 5

1718, junho, 19, Serra d’El-Rei - Registo de batismo de Antónia filha de Luís Correia e de Margarida das Chagas. A.D.L., L.M., Dep. IV-40-C-81, at. n.º 2, fl. 71. [fl. 71] < Antonia de Luis Correa > Em os dezanove de junho de setesentos e dezoito eu Antonio da Couxa Delgado Parrocho em esta freguezia de São Sebastião da Serra DelRei baptizei solenemente a Antonia a qual nasceu a treze do dito mes, e era filha de Luis Correa e Margarida das Chagas. Forão padrinhos Domingos da Sylva official de entalhador e morador nesta ditta freguesia e Francisca Xavier de Santa Clara filha de Francisco Xavier moradora em Peniche e lhe pus os Santos oleos de que fis este termo que asignei. (a) Parocho Antonio da Couxa Delgado 321

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