Unicidade: Proposta para uma cidadania ativa no espaço urbano aumentado do bairro de Casa Amarela.

Universidade Federal de Pernambuco / Centro de Artes e Comunicação Departamento de Design / Bacharelado em Design

U N I C I D A D E : Pro p o sta p a r a uma c id ad ania ativa no e sp a ç o u r b a no aumentad o d o b air ro d e Cas a A marel a

Mad y a na Torres de Sou za, Rec ife 2015

Universidade Federal de Pernambuco / Centro de Artes e Comunicação Departamento de Design / Bacharelado em Design

U N I C I D A D E : Pro p o sta p a r a uma c id ad ania ativa no e sp a ç o u r b a no aumentad o d o b air ro d e Cas a A marel a

Mad y a na Torres de Sou za, Rec ife 2015

Memorial descritivo apresentado ao Departamento de Design da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Design. Orientador: Prof.º Hans Waechter

AGRADECIMENTOS À Hans Waechter, pela paciência e tempo e carinho que sempre me manteve motivada. Ao Coletivo Casa Amarela Saudável e Sustentável pela participação no processo. À Siri Johansson, por ter me apresentado ao primeiro livro que me inspiraria a escrever este trabalho. Aos meus pais e tios, por me motivarem mas sempre lembrarem-me do que vale a pena. E sobretudo à Victor, Hiroshi, Hana, Netto e Hernando, pela disponibilidade, amor, atenção, críticas e fugas. Por serem minha família e me ensinarem a ser corajosa.

RESUMO Áreas públicas urbanas refletem mudanças em estruturas socioeconômicas e políticas de uma população. Conceitos como os de Cidade Aumentada, revelam como atualmente este espaço é progressivamente transformado e medido e o crescimento de sua importância. Dado esse contexto, este trabalho objetiva estudar como a relação entre indivíduos no espaço público e o sentimento de proteção, grupo e familiaridade podem ser estimulados. Para tal, será proposto um projeto para bairro de Casa Amarela que estimule o engajamento atual do grupo de moradores. Técnicas de Design Participativo foram utilizadas para coletar ideias para criação do projeto e estudo das reações ao conceito de Cidade Aumentada.

PA L AV R A S - C H AV E Design participativo, cidade aumentada, Casa Amarela, vizinhança, comunidade.

ABSTRACT Urban spaces reflect changes in political and socioeconomical structures of a population. Concepts such as Augmented Cities reveal how this space is being progressively measured and transformed, as well the growth of its importance. Within this context, this project aims to study how the relation between individuals on public space and the feeling of protection, group and familiarity can be stimulated. For that, this work proposes a project to Casa Amarela neighbourhood that foster the civic engagement of the current neighbours. Participative Design techniques were used to gather ideas for the final project and to study reactions to the concept of Augmented City.

KEYWORDS Participatory design, augmented city, Casa Amarela, neighbourhood, community.

ÍNDICE

1/ INTRODUÇÃO................................................................................................................................................... 13 1.1 Abordagem........................................................................................................................................................... 13

2/ FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................................................................... 14 2.1 Interações no espaço público urbano...............................................................................................................14 2.2 Vizinhanças e Comunidades............................................................................................................................. 17 2.3 Casa Amarela..................................................................................................................................................... 21 2.4 Método: Design Participativo......................................................................................................................... 24

3/ PESQUISA DE CAMPO...................................................................................................................................27 3.1 Questionários e Entrevistas..............................................................................................................................27 3.2 Coletivo Casa Amarela Saudável e Sustentável............................................................................................30

4/ SÍNTESE DA PESQUISA.................................................................................................................................32 4.1 Interações no espaço urbano aumentado....................................................................................................... 32 4.2 Vizinhanças e Comunidades............................................................................................................................ 33 4.3 Casa Amarela - Coletivo e bairro................................................................................................................... 33

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5/ PROJETANDO INTERAÇÕES E BOUNDARY OBJECTS........................................................................ 34 5.1 Primeira fase de Ideação.................................................................................................................................. 36 5.1 Segunda fase de Ideação.................................................................................................................................. 39

6/ RESULTADO....................................................................................................................................................... 41 6.1 Instalação urbana.............................................................................................................................................. 42 6.2 Aplicativo...........................................................................................................................................................46 6.3 Website..............................................................................................................................................................49

7/ PRODUÇÃO...................................................................................................................................................... 50 8/ CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................................53 9/ BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................................................554 ÍNDICE DE FIGURAS E ILUSTRAÇÕES....................................................................................................... 556 ANEXOS................................................................................................................................................................. 558

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1/ I N T R O D U Ç Ã O Áreas públicas urbanas refletem mudanças na estrutura socioeconômica e política de uma população. Cidades possuem diversas camadas de informação: de contexto histórico a dados quantitativos. Em razão dessa complexidade requer-se um agrupamento e divisão de suas estruturas para que seja possível compreendê-la. Ambientes públicos são como termômetros dessas mudanças pelo sentimento atribuído de não-pertencimento, sendo ao mesmo tempo um espaço comum aos habitantes. O espaço público torna-se, então, um lugar de transição entre indivíduos. Com o crescimento exponencial dos aglomerados urbanos e surgimento de conceitos como os de Cidade Conectada ou Cidade Aumentada, o espaço público é progressivamente transformado e medido. A relação dos habitantes entre si e com a cidade faz parte desse conjunto de informações analisadas. O espaço público de um bairro, por exemplo, pode ser utilizado para estudar o nível de engajamento entre os habitantes de uma vizinhança e consequências posteriores. Dado esse contexto, este trabalho objetiva estudar como a relação entre indivíduos no espaço público e o sentimento de proteção, grupo e familiaridade podem ser estimulados. Desdobramentos possíveis com essa ação são a conscientização de problemas comuns e tomadas de decisão que considerem os fatores humanos de maneira mais coerente com o contexto em que estão inseridos. Para tal, será apresentado um projeto para: avaliar o nível de engajamento atual do grupo de pessoas; coletar ideias para estímulo do engajamento entre indivíduos; e reação ao conceito de cidade conectada. Utilizando os conceitos de Vizinhança, Heterotopia e Propriedade, este trabalho utilizará o bairro de Casa Amarela como cenário para os estudos.

1.1 A B O R D A G E M O tema desse trabalho é fruto de um refinamento de conceitos teóricos e análises do bairro de Casa Amarela. Para analisar as relações dos vizinhos entre si e no espaço público, foram conduzidas pesquisas online através de questionários, seguidas de entrevistas mais detalhadas de moradores da região e workshops com membros do coletivo Casa Amarela Saudável e Sustentável. A escolha dos moradores para entrevistas mais detalhadas foi feita baseada no tipo de vínculo com o local: moradia, visitação e engajamento em mobilizações sociais. Para entender melhor o vínculo e utilizar de princípios adiante descritos, como Propriedade e Vizinhança, foram observadas reuniões do coletivo de moradores Casa Amarela Saudável e Sustentável, onde tive acesso à resultados de diversos workshops realizados para comunicação de problemas do bairro. Incluiuse então o design participativo como método para estudo, compreensão e inspiração deste projeto. Espera-se que através desse método seja demonstrada como a abordagem colaborativa de construção das Cidades Aumentadas pode ser benéfica, respeitando o direito dos cidadãos que moram na região e estimulando-os a continuar com o projeto de melhoria do bairro.

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2 / F U N D A M E N TA Ç Ã O T E Ó R I C A

2 .1 I N T E R A Ç Õ E S N O E S PA Ç O P Ú B L I C O U R B A N O Uma cidade pode ser entendida como um conjunto de sistemas complexos, com atores variados e com uma enormidade de interações entre eles (SMYTH et al., 2013). Conectar atores com diferentes interesses e estabelecer relações entre eles é uma tendência atual, manifesta através de conceitos como Smart Cities e Augmented Cities – respectivamente Cidades Inteligentes e Cidades Aumentadas. 2.1.1 C O N T R A A C I D A D E I N T E L I G E N T E 1 Durante os últimos anos, o conceito de Smart Cities tornou-se popular em debates de diversas áreas como Arquitetura, Design e Filosofia, profissionalmente, academicamente e politicamente. O termo Smart City – ou Cidade Inteligente – é normalmente usado para descrever cidades onde o uso da tecnologia torna a infraestrutura e os serviços públicos mais eficientes, criando uma experiência personalizada da cidade (DE LANGE; DE WAAL, 2013). Este conceito, embora novo, já é alvo de críticas direcionadas principalmente à corporativização do desenvolvimento das Cidades Inteligentes. Iniciativas como as cidades de New Songdo, na Coréia do Sul, e Masdar, nos Emirados Árabes, construídas do zero, exemplificam este fenômeno: empresas como IBM, CISCO, General Electric, Microsoft e Philips estão diretamente envolvidas nesses e outros projetos de Cidades Inteligentes ao redor do mundo. De acordo com De Lange e De Waal (2013), os males desse tipo de iniciativas são expressos através de três principais vias: A transformação da cidade em zonas otimizadas para consumo A camada de tecnologia de sistemas como clubes de fidelidade, serviços baseados em localização e sinalização digital acabam por criar uma triagem social, classificando os cidadãos oficialmente de acordo com seu poder econômico e limitando acesso à áreas urbanas. Vigilância e controle institucional A exagerada utilização de recursos como reconhecimento facial, posicionamento geográfico e compartilhamento de bancos de dados entre serviços criam um cenário de insegurança e monitoramento excessivo. O respeito e controle da privacidade dos cidadãos fica à disposição das empresas responsáveis pelo projeto.

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1 “Contra a Cidade Inteligente” é uma tradução de título do livro Against the Smart City, de Adam Greenfield, usado como referência neste capítulo. O autor argumenta que os projetos de cidades inteligentes centradas em tecnologia são vistos como tentativas forçadas por grandes empresas e não são adequados para a vida urbana.

Isolamento social A difusão de gadgets portáteis estimula hábitos antissociais como compulsão por interação com mídias digitais e culminam na criação de uma barreira entre o indivíduo e o ambiente físico – ignorando eventos inesperados e outros cidadãos. Por fim, o autor considera que essas vias são resultados do foco nas instituições reguladoras (Governo), produtoras de conhecimento (universidades, por exemplo) e indústria. É deixado de lado o papel ativo do indivíduo como contribuinte: o cidadão. Para tornar a proposta de cidade inteligente mais inclusiva, De Lange e De Waal sugerem que seja apresentada a noção da cidade como “propriedade” (tradução livre de ownership) dos cidadãos como um ponto de partida. 2.1.2 A U M E N TA N D O A C I D A D E Diferente de Smart City, o conceito de Cidade Aumentada concentra-se somente na camada de informação que é adicionada ao ambiente urbano. Unindo este princípio ao de “propriedade”, o papel da tecnologia muda de gerenciamento para construção. Os recursos tecnológicos podem ser usados para empoderar pessoas, criar um relacionamento com o ambiente e com outros habitantes, incentivando o sentimento de coletividade. Dessa forma, o cidadão vira um cocriador da cidade e passa a enxergar-se corresponsável pelo que acontece ao seu redor. É importante lembrar que, como apontado por De Lange e De Waal (2003), a noção de “propriedade” não refere-se à propriedade material ou contratual, mas ao senso de pertencimento à um local coletivo, o comprometimento a problemas relacionados a esse local e, a vontade de compartilhar recursos privados – como tempo – para atuar sobre esses problemas. Dentro desse diálogo, são identificados dois tipos de abordagem: top-down, ou institucional, e bottom-up, ou comunitária, (DE LANGE; DE WAAL, 2013). A primeira acontece quando instituições reguladoras fomentam a organização popular. A segunda estimula um senso de familiaridade e é normalmente estimulado pela proximidade física ou virtual de pessoas que compartilham certos aspectos da sua vida. Este trabalho utilizará esta abordagem pelo seu caráter espontâneo de formação e similaridades com o objetivo da pesquisa. 2.1.3 H E T E R O T O P I A E O E S PA Ç O P Ú B L I C O O espaço público urbano é definido do ponto de vista do Urbanismo como uma área dentro da cidade que é para uso coletivo e pertence, ao mesmo tempo, às autoridades e sociedade como um todo (JUNIOR, 2014). Nele, o direito de acesso e uso é livre e garantido a todos. O espaço público porém também revela seu caráter simbólico quando usado para constituir identidades e ações coletivas, expressar opiniões e vontades dos habitantes, liberdade política e assim por diante. Para entender as dimensões do espaço público, Henri Lefebvre (1991) divide o conceito em espaço prático – oriundo do uso cotidiano e experimentado pelo cidadão; espaço representativo – quando é descrito para terceiros que não desfrutam do local; e espaço representacional – quando criado no imaginário através de ícones, imagens e símbolos, incluindo o aspecto emocional envolvido (LEFEBVRE, 1991). Adiante em seu estudo, o autor aponta que existem contradições entre os elementos abstratos e concretos de um espaço público, demonstrados nas políticas reguladoras e apropriações privadas dele. A cidade torna-se, então, uma plataforma de expressão dessa oposição de interesses, como na divisão entre periferia e centro, zonas mais privilegiadas que outras tanto nos aspectos abstratos quanto nos concretos. As contradições entre esses tipos de espaço são expressas no conceito de Heterotopia (BUTLER, 2012). Heterotopia, conceito criado por Foucault (1984), é usado para descrever espaços que possuem diversas camadas de significado e relacionamentos nem sempre claros para todos os que se referem a ele. Como

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”D E MO EDRECSAANFTI IOL IÉZ A R

OS

ESPAÇOS PÚBLICOS URBANOS E CRIAR ARTICULAÇÕES E UNIDADES DENTRO DOS DIFERENTES GRUPOS, RESPEITANDO AÇÕES C O L E T I VA S D I R E C I O N A DA S AO DIREITO À CIDADE EM SUA PLENITUDE.

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2.1 C I D A D E D E N E W S O N G D O, CORÉIA DO SUL.

exemplo conectado a este trabalho, podemos citar o relacionamento dos habitantes de Casa Amarela com o Morro da Conceição, hoje bairro independente mas emocionalmente conectado ao original pela importância concedida pelas festas populares e o aspecto religioso. Nesse contexto, a noção de Propriedade se torna um meio de legitimar o direito à cidade capaz de promover alianças entre cidadãos para comunicação dessas diferenças de significados. Como dito por Júnior (2004, p. 155), “o desafio é promover heterotopias para demercantilizar os espaços públicos urbanos e criar articulações e unidades dentro dos diferentes grupos heterotópicos, (..)respeitando ações coletivas direcionadas ao direito à cidade em sua plenitude.” Este trabalho, por conseguinte, utiliza esses conceitos para a seleção da abordagem de estudo e do espaço físico dentro do Bairro de Casa Amarela onde o experimento será desenvolvido.

2.2 VIZINHANÇAS E COMUNIDADES O conceito de Ecologia Social diz que vizinhanças ou comunidades são entidades independentes com características individuais restritas a um certo espaço (BLOKLAND, 2003). Esses termos são vastamente discutidos pelo seu uso constante e por vezes contraditório tanto em contexto acadêmico como nãoacadêmico. Enquanto a primeira abordagem é restrita ao espaço físico, a nãoacadêmica normalmente refere-se a laços afetivos e suas qualidades. Frases como “Esta costumava ser uma comunidade de verdade” ou “Nós somos uma comunidade” refletem a referência a uma atmosfera acolhedora e agradável, como apontado por Blokland (2003). A autora reforça que esta é uma interpretação comum, visto que classificamos outros humanos ao redor de acordo com características significativas para nós, ou seja, dividimos pessoas em grupos baseados em traços que identificamos em comum, independente se essas pessoas se identificam com esses traços. Outros argumentos podem ser usados para definição de comunidade, como Etnicidade2. Como o interesse deste estudo é que os moradores identifiquem os membros da comunidade de Casa Amarela, espera-se investigar a razão e limites deste processo. Blokland (2003) identifica quatro principais propósitos para se integrar uma vizinhança: o uso por razões práticas; o foco no significado simbólico e histórico da área; a imagem de um estilo de vida que por alguma razão foi associada ao local; e, por último, a completa falta de significância ou atenção aos elementos anteriormente mencionados, uma associação acidental. Esses fatores influenciam na percepção individual dos habitantes, mas segundo Jenkins (2004), é a maneira da comunidade se expressar que a define. Ele explica: “Dizer isto ou aquilo, participar em rituais, construir protestos políticos, pescar juntos, etc. É dentro e fora do que as pessoas fazem que um sentido compartilhado das coisas e um universo simbólico compartilhado emergem. É no falar juntos sobre ‘comunidade’ - que é, afinal, um fazer público - que seu valor simbólico é produzido e reproduzido.” (JENKINS, 2004, p. 106, tradução livre). Esse valor simbólico no contexto de Casa Amarela é um elemento em constante mudança por fatores políticos, geográficos, históricos e socioeconômicos, como pode ser identificado no capítulo 2.3 Casa Amarela, deste trabalho.

2

Cf. CASA-NOVA, M.J (2001)

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2.2.3 V I Z I N H A N Ç A S H O J E Historicamente, entidades como os bairros e vizinhanças eram necessárias em sociedades mais tradicionais onde, por falta de intervenção estatal e organizações governamentais, pessoas dependiam da ajuda de quem habitava nos arredores, por vezes inclusive parte da própria família (RUONAVAARA; KOUVO, 2009). Num ambiente metropolitano, resultado de uma modernização progressiva das organizações sociais, as relações antes descritas como emocionais, íntimas e sazonais passam a ser mais intelectuais, governadas por regras mais genéricas, independentes de habitantes ou eventos, como apontado por Georg Simmel (apud RUONAVAARA; KOUVO, 2009). Outros sociólogos também apontam essa tendência à indiferença e perda de importância das relações entre vizinhos. O enfraquecimento das amarras sociais é exemplificado na citação a seguir: “Ao passo que a geografia torna-se menos restrita com o desenvolvimento de sistemas de transporte mais eficientes, mais pessoas passam a depender menos e menos das outras que vivem na mesma região. Elas não estão suscetíveis a envolverem-se em contextos outros que não os da vizinhança, e numa base fraca de solidariedade. Por exemplo vizinhos normalmente não trabalham juntos; eles não estão relacionados num grau de parentesco; eles normalmente não cresceram juntos na mesma área; eles possuem redes sociais, de lazer e interesse separados. O que eles compartilham é uma localidade, mas para muitos isso não significa que eles possuam nenhuma necessidade de serem integrados numa rede de relacionamentos locais.” (ALLAN apud RUONAVAARA; Kouvo, 2009, p. 6, tradução livre). Seguindo estes princípios a evolução de conceitos como os de Cidades Aumentadas, interconectadas e de crescimento progressivo, acelerariam a impessoalidade do espaço público e enfraqueceriam a relação entre os habitantes de uma vizinhança. Jenkins (2004) oferece um olhar mais otimista sobre essa questão, apontando que a empatia entre pessoas que passam por condições similares como problemas sociais, insegurança ou até mesmo contexto cultural similar, pode crescer e atuar como um facilitador para uma coesão da vizinhança e volta à dependência entre vizinhos, ainda que mais fraca. Conforme registramos, afirmamos e modificamos nossas identidades, a ideia de identificação social torna-se mais evidente. E como resultado do crescimento urbano e dos meios de comunicação, essa identificação torna-se cada vez menos vinculada a somente uma região; valores passam a ser mais difundidos e compartilhados. É nesse contexto que este trabalho questiona: Seria possível, então, utilizar os recursos incorporados no conceito de Cidade Aumentada para estimular e fortalecer a comunicação entre integrantes de uma vizinhança? 2.2.4 A N A L I S A N D O U M A V I Z I N H A N Ç A Entre as definições usadas na Sociologia urbana, este trabalho usará as definições a seguir para estudar a relação entre vizinhos e/ou membros de uma comunidade. Bulmer (1986) define vizinhos como pessoas que vivem geograficamente próximas às outras e vizinhança como uma localidade habitada por vizinhos. Quanto à qualidade da relação entre os vizinhos, Bulmer (1986) diferencia os termos neighbouring e neighbourliness, sendo primeiro à vizinhança como forma neutra de permanência, e o segundo as relações amigáveis entre vizinhos. Weber e a Ação Social Para analisar as relações sociais em Casa Amarela, utilizaremos um modelo inspirado nos trabalhos de Max Weber (apud Blokland 2003). A definição de relação social para Weber é correspondente à sua teoria de ação social: uma situação onde um indivíduo considera o comportamento de outros e define o próprio comportamento de acordo. Em sua teoria, Weber diferencia as ações em racionais e nãoracionais. Dentre as racionais diferenciam-se:

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•

Transações: relações orientadas ao instrumento baseadas em ações direcionadas a um objetivo considerado desejável e vantajoso pelo autor, em que ele consequentemente pondera os custos e benefícios de cada ação;

•

Apegos: são relações motivadas pelo valor intrínseco experimentado exclusivamente pelo autor na ação ou no objetivo;

E dentre as não-racionais: •

Laços: são relações criadas em contextos afetivos, motivadas pela emoção; e

•

Interdependências: são relações e conexões criadas por pessoas que nunca se encontram diretamente. São abstratas e variam desde uma visão de rede, de um pessoa ligada a outras devido a sua atividade - um carteiro, por exemplo - ou um sentimento ou opinião sobre o comportamento de uma comunidade. É a única relação imediatamente não-social.

Mesmo concordando com essas definições, Blokland (2003) esclarece que ao analisar vizinhanças devemos considerar a presença simultânea dessas relações. Outro ponto importante é a relevância de características particulares de cada vizinhança para transformar as relações de interdependência, transação e apego em laços - a transição de neighbouring para neighbourliness. laços são as única relações em que emoção é o principal elemento, e, segundo a autora, são as mais fortes, comparadas às outras, de motivações práticas. Ela esclarece também que a transição para relações de laço dependem de interação entre os indivíduos. Através desse framework, analisaremos alguns casos dentro do contexto de Casa Amarela. Como apontado por Ruonavaara e Kouvo (2009), entrevistas são úteis na análise das relações entre indivíduos, mas dada a complexidade das relações contemporâneas e ao contexto hipotético deste projeto, elas serão utilizadas como inspiração para a abordagem de design participativo.

2.2 D I A G R A M A DE AÇÃO SOCIAL, WEBER apud B LO K L A ND ( 2003).

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2. 3 P R A Ç A D E INDEPENDÊNCIA, COM BONDES VINDOS DE CASA AMARELA

2.4 F E I R A D E CASA AMAREL A, R E C I F E 19 26

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2.3 CASA AMAREL A A vizinhança escolhida para este estudo está localizada no bairro de Casa Amarela. Casa Amarela é um bairro da região Norte do Recife, considerado um dos mais populosos e antigos. O nome do bairro surgiu do fim de uma das antigas linhas de bonde da área. A casa cor de ocre, localizada neste ponto, era propriedade de um rico comerciante português que se mudara para a região para um tratamento de tuberculose: Joaquim dos Santos Oliveira (ANTUNES, 2012). 2.3 .1 H I S T Ó R I A A área onde o bairro está situado era conhecida como Arraial do Bom Jesus quando em 1630 a região foi invadida pelos holandeses. A população de Recife e Olinda que conseguiu fugir da invasão holandesa estabeleceu-se na área hoje conhecida como Sítio da Trindade, ao redor do Forte do Bom Jesus símbolo da resistência. Durante esse período diversos comerciantes chegaram ao local, mas devido à uma enchente no ano seguinte, muitas casas foram destruídas e o prejuízo ameaçou a sobrevivência da população no local. Após várias tentativas de ataque ao forte, os holandeses desistiram da tomada em 1635 e os sobreviventes da enchente de 1631 puderam reconstruir suas casas. O novo povoado ficou conhecido como Arraial Velho, criado com as terras provenientes da divisão dos engenhos do Monteiro e de Casa Forte. O bairro já foi considerado o maior da cidade, abrigando os atuais bairros do Morro da Conceição, Vasco da Gama, Nova Descoberta, Tamarineira, Macaxeira, Mangabeira e Alto José do Pinho de acordo com Antunes (2012). Também possuiu dois cinemas e uma grande estrutura de comércio, que hoje está restrita a Feira Livre - a maior da cidade, e ao Mercado Público de Casa Amarela que funciona na área desde 1930. A área do Mercado foi e é bastante frequentada. No pátio já foram realizados vários eventos políticos e uma das características mais marcantes do local são os bares e restaurantes, que funcionam 24 horas por dia. Hoje, Casa Amarela possui um colégio eleitoral de cerca de 110.000 eleitores e, mesmo sofrendo o desmembramento, ainda é percebido como um só pela população, como apontado por Markman (2011), em uma entrevista com moradores locais. Devido ao número de atrações e ao horário estendido de funcionamento do Mercado, o bairro é intensamente frequentado por moradores locais, criando uma atmosfera festiva e animada – especialmente durante o período de festas religiosas do Morro da Conceição. A disparidade entre os índices de desenvolvimento humano entre os bairros de Casa Amarela e dos arredores vem progressivamente chamando à atenção de estudiosos e moradores. Segundo o estudo do IBGE em 2011, os centros de Casa Amarela e Tamarineira possuem IDH similar aos de países como a Nova Zelândia (MARKMAN, 2011). Enquanto isso os arredores e regiões de morro, como Alto do Mandú e Alto Santa Isabel, assemelham-se aos índices de países como o Tadjiquistão. A falta de infraestrutura, disparidade de condições de saneamento e especialmente segurança e policiamento vem recentemente sendo alvo de críticas dos moradores.

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2.3.1 C O N T E M P O R A N E I D A D E E R E A Ç Ã O P O P U L A R Diversas iniciativas populares surgiram em reação ao crescimento desordenado da região. Casa Amarela Saudável e Sustentável é uma dessas iniciativas. Com pequenas sugestões acatadas pela Prefeitura – como a ciclovia e o plantio de árvores – o coletivo organizado através de redes sociais, como o Facebook3, vem ganhando atenção na luta para estabelecimento de um Plano Diretor para o bairro. Esse documento simboliza um avanço da participação popular no planejamento do bairro para longo, médio e curto prazo. Hoje o projeto necessita de 5.500 assinaturas para ser passado adiante no processo da Prefeitura. Por essa razão o coletivo Casa Amarela Sustentável é um dos colaboradores deste trabalho. Combinando a riqueza histórica, cultural e importância política da região com o trabalho transformador da iniciativa popular, Casa Amarela foi o bairro escolhido como contexto para a criação de artefatos que estimulem a Cidadania Ativa numa Cidade Aumentada.

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3 http://www.facebook.com

2.6 M A PA AT U A L DO BAIRRO DE CASA AMARELA

2.5 M O R R O D A C O N C E I Ç Ã O.

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2 .4 M É T O D O : D E S I G N PA R T I C I PAT I V O Design Participativo é um conjunto de métodos que inclui os usuários relacionados ao projeto durante sua concepção (SPINUZZI, 2005). Essa metodologia foi escolhida pelo seu caráter inclusivo, favorável ao trabalho comunitário. Diferente de outras metodologias que utilizam uma pesquisa anterior sobre os usuários, proveniente de outros campos como Antropologia e Psicologia, para iniciar a fase de projeto, o Design Participativo por princípio inclui os usuários em todas as fases de ideação e investigação. Desse modo, pesquisa e ideação estão interligadas e a participação dos usuários não possui somente o papel de confirmação, visto que é essencial à geração da idéia. 2.4.1 S U R G I M E N T O O design participativo surgiu na Escandinávia durante as décadas de 1970 e 1980, motivado por princípios Marxistas em projetos entre a academia e sindicatos, em que se esperava empoderar os trabalhadores e tornar o ambiente de trabalho mais democrático. De acordo com Spinuzzi (2005), os primeiros métodos de Design Participativo foram utilizados no contexto que, à época, poucos trabalhadores haviam entrado em contato com sistemas computadorizados e a súbita inclusão destes sistemas nas fábricas havia mudado bastante o cenário e complexidade das tarefas. Como os trabalhadores não possuíam conhecimento para projetar as próprias ferramentas, muitos sindicatos foram pressionados a aceitar ou rejeitar completamente tais sistemas. Aproveitando esta oportunidade, um grupo de pesquisadores resolveu envolver engenheiros no cotidiano dos trabalhadores, no que, à época, foi chamado de “pesquisa ativa” (GLESNE, 1988 apud SPINUZZI, 2005): utilizando jogos de linguagem e hierarquização das atividades pelos próprios trabalhadores, os pesquisadores puderam se colocar no contexto dos mesmos e colaborativamente projetar um sistema que fosse mais adequado. Embora o Design Participativo tenha evoluído e sido adaptado à diversos contextos, o princípio de diferenciação de metodologias como design centrado no usuário permaneceu: projetar com indivíduos, ao invés de projetar para indivíduos. 2.4.2 M É T O D O S Por ser uma metodologia flexível, o design participativo agrupa seus variados métodos em exploração, descoberta e prototipação (SPINUZZI, 2005). •

Exploração

Nessa fase deve-se familiarizar com as atividades e em que contexto elas ocorrem, criando mapas hierárquicos, fluxos de trabalho, entre outros métodos. Neste trabalho, foi criado um mapa mental de relações entre membros da comunidade de Casa Amarela. Neste mapa, é pedido que os participantes identifiquem as estruturas organizacionais do bairro e as relacione umas com as outras. •

Descobrimento

A fase de descobrimento está relacionada à visão de futuro do grupo. Diversos jogos e exercícios para geração de alternativas podem ser usados. Neste trabalho foi utilizado uma adaptação do Método 6-3-5, em que tradicionalmente seis participantes escrevem ou desenham três ideias num papel durante cinco minutos e passam adiante ao próximo membro, recebendo as ideias de outro. O processo continua até que as ideias inicialmente geradas voltem ao participante que as originou.

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•

Prototipação

A fase de prototipação consiste em simular conceitos gerados na fase de descobrimento em seu contexto real. Podem ser utilizados diversos recursos a depender do projeto, desde criação de mock-ups funcionais à interpretação de papéis (role-playing). Neste projeto foi escolhida a prototipação em vídeo, em que foi requisitado que algumas pessoas interpretassem as ações projetadas e, com recursos de edição, os resultados foram adicionados posteriormente. Depois da edição, os membros do coletivo assistiram aos vídeos e, junto com os participantes, opinaram no que deveria ser alterado. Esses processos podem ser repetidos em vários ciclos, isoladamente ou como um todo, o que promove uma integração maior entre o designer e os usuários do projeto.

2.7 D I A G R A M A SIMPLIFICADO DO PROCESSO DE DESIGN UTILIZADO

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3.1 D E TA L H E S D O QUESTIONÁRIOS ONLINE APLICADOS

3/ P E S Q U I S A D E C A M P O

3.1 Q U E S T I O N Á R I O S E E N T R E V I S TA S Para analisar a relação do público geral com o bairro estudado e informar-se a respeito do mesmo, foram conduzidas entrevistas, divididas em três momentos: triagem – para identificar os participantes que de fato moravam ou visitavam o bairro com frequência; funções práticas – identificando as relações desses participantes com locais do bairro, uso das áreas e compartilhamento de problemas; sentimento e história – entrevistas mais longas e abertas com um representante do grupo de moradores e outro grupo de visitantes. Todas as entrevistas foram realizadas online4, com exceção das relacionadas aos aspectos emocionais. A pesquisa foi realizada com 97 participantes no total. A seguir, o infográfico revela os aspectos mais relevantes dessa fase do trabalho.

4 Resumo do questionário disponível através do link [https://madytorres.typeform.com/to/ArsE8j]

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PESQUISA CO M MO R AD O R E S

8 0 % D O S M OR A D O R E S M O R A M CO M A FA M Í L I A

6 9 % MO R A M E M A PA R TA M E N TO S

2 8 % MO R A M E M C A S A S

6 2 % D I Z CO N H E C E R O S V IZ IN H O S A M AI OR PART E CONVERSA N O CAMINHO PA RA CA SA, P ELO MENOS 1 VEZ POR SEMANA (NO CASO DE PRÉDIOS, O LOCAL MAI S USADO É O ELEVA DOR). QUEM N ÃO CON VERS A COM OS VI ZINHOS D IZ NÃO QUE RE R COMPA RT ILHA R ASS UN TOS PA RTI C UL A RES OU I N TI MIDA D E S.

Assuntos mais discutidos 0 1 / C L I M A E T R I V I A L I DA D E S

02 / I N F RA E S T RU T U RA D O B A I RRO

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O que gostaria de mudar no bairro? 10% MAI S OPÇÕ ES DE L AZ ER

15% M E L H O R S A N E A M E N TO

45 % ASPECTOS R EL ACI O NADOS AO T R ANSPOR T E

30 % M A IS S EG U RA N Ç A

52% GOSTARIA DE SER MAIS ENGA JADO NA MELHORIA DO BAIRRO

O LO C A L FAVO R I TO É O M E R C ADO P Ú BL I CO O S E N T R E V I S TA D O S E S CO L H E R A M E S T E LU G A R P E L A ATM O S F E R A M OV I M E N TA DA , R E L AÇ ÃO CO M A C U LT U R A E L E M B R A N Ç A S DA I N FÂ N C I A . AS ATIV IDADES REALIZADAS NO MERCADO VARIARAM ENTRE COMPRAS, VISITA À BARES OU SOMENTE PASSAGEM.

03 / N OT Í C I A S

04/ TRABALHO E ESTUDOS





29

3 .1 C O L E T I V O C A S A A M A R E L A S A U D ÁV E L E S U S T E N TÁV E L Para análise mais direta, foram acompanhadas as atividades do Coletivo Casa Amarela Saudável e Sustentável nas redes sociais e algumas sessões presenciais. A presença nas reuniões variaram de 6 a 23 pessoas. Os participantes possuem histórico variado, desde pessoas engajadas em outros movimentos sociais do bairro quanto a moradores e comerciantes interessados numa criação de um Plano Diretor. O movimento descreve o Plano diretor como: “um elemento fundamental do Sistema de Planejamento e Gestão Urbana a ser desenvolvido em âmbito local para desenvolver ações e projetos de gestão vinculados a esse Plano. Ou seja, é um planejamento de curto, médio e longo prazo para o bairro que se torna lei, criado com a intensa participação dos próprios moradores e que define, a partir de uma análise integrada dos problemas do local, todos os melhoramentos necessários e o orçamento para implementação destas melhorias.” (“Casa Amarela Saudável e Sustentável,” [S.d.]) Durante este trabalho, a pauta do grupo possuía dois grandes objetivos: a mobilização de moradores para participar das reuniões e lidar com problemas práticos e urgentes; e a criação do Conselho de Desenvolvimento de Casa Amarela para estabelecimento do Plano Diretor e interações com a administração pública. A intenção de aumentar a adesão popular às eleições acabou por facilitar a realização dos workshops deste trabalho – o que foi bem recebido e teve adesão total dos membros do coletivo.

3.2 R E U N I Ã O DO GRUPO CASA A M A R E L A S A U D ÁV E L E S U S T E N TÁV E L

30

Para melhor entender o funcionamento do mesmo, foi criado um mapa de relações dos moradores com as estruturas organizacionais do bairro durante sessões de workshop. Através desse mapa foram classificadas as relações de acordo com as estruturas sugeridas por Weber (apud Blokland, 2003). Esse mapa auxiliou no entendimento do poder coletivo, suas ramificações e utilidade para alcançar o objetivo do grupo. Para este trabalho, deixou claro a dificuldade dos moradores ao lidar com a prefeitura e outras instituições reguladoras. É interessante que eles tenham escolhido posicionar o Coletivo Casa Amarela Sustentável como uma relação de interdependência e laços - reforçando os aspectos individuais dos integrantes do bairro ao invés do instituicional. É necessária para tanto uma priorização da atividade popular e destaque as consequências ao bem-estar coletivo.

3.3 DIAGRAMA DE WEBBER CONTEXTUALIZADO COM O GRUPO

31

4/ S Í N T E S E D A P E S Q U I S A 4.1 I N T E R A Ç Õ E S N O E S PA Ç O U R B A N O A U M E N TA D O Ressaltar a contribuição e responsabilidade individual para o bemestar coletivo O principal elemento de uma abordagem bottom-up é o cidadão. Para um indivíduo considerar-se como tal é importante lembrar como ele está pessoalmente conectado aos eventos ao seu redor. Garantindo um compartilhamento de informações mais intimista, os problemas deixam de ser interpretados como sociais, genéricos e externos ao cotidiano de uma pessoa. Tecnologia como suporte e não como protagonista Um outro desdobramento é o uso de tecnologia somente quando valor é adicionado ao conteúdo da mensagem. Desse modo, os moradores não são distraídos pelo veículo da mensagem ou valorizam acima do conteúdo.

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4.2 VIZINHANÇAS E

4.3 C A S A A M A R E L A - C O L E T I V O

COMUNIDADES

E BAIRRO

Criando Laços através de Apegos e Transações

Casa Amarela afetiva

Para criar uma comunidade forte numa vizinhança, relações sociais orientadas à instrumentos ou valores devem ser cultivadas de modo que transformem-se em relações afetivas com a região. Desse modo a motivação para interagir torna-se individual e estimula a adesão de novos moradores.

Lembrar dos aspectos afetivos relacionados ao bairro. Conforme apresentado em reuniões do Coletivo Casa Amarela Saudável e Sustentável, o bairro possui três áreas com dinâmicas diferentes e a resposta dos moradores é mais efetiva quando relacionada aos locais públicos que fizeram parte da infância e ligados a área onde moram.

Uma cidade formada de interdependências.

Praticidade para o cotidiano

Como visão futura da Cidade Aumentada, comunidades podem interagir de forma indireta através do compartilhamento de suas atividades, estimulando novas comunidades a surgirem e através disso moldar o funcionamento das cidades às necessidades dos cidadãos.

Como a área mais visitada e favorita é de caráter comercial, qualquer intervenção deve ser harmônica com a função do ambiente. O Mercado Público é uma área de passagem, pequenas compras e permanência curta, não adequada para interações longas e complexas.

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5/ P R O J E TA N D O I N T E R A Ç Õ E S E BOUNDARY OBJECTS Como anteriormente mencionado, este projeto visa dar suporte à interações entre membros de uma comunidade. Para criar esse suporte, a ideação ambicionou criar um objeto fronteiriço (Boundary object). Boundary object é um conceito introduzido por Susan Star (1989) usado para descrever um elemento comum em que práticas de diferentes mundos sociais encontram-se e são coordenadas: “Objetos fronteiriços são duplamente plásticos o suficiente para adaptar-se a necessidades locais e limitações dos muitos grupos que os empregam, embora robustos o suficiente para manter identidade através dos territórios. Eles são fracamente estruturados no uso comum, e tornam-se fortemente estruturados no uso de um território individual. Eles podem ser abstratos ou concretos. Eles tem diferentes significados em diferentes mundos sociais. Sua estrutura é comum o suficiente para que mais de um mundo os faça reconhecíveis meios de translação. A criação e gerenciamento de objetos fronteiriços é chave no desenvolvimento e manutenção coerentes através da intersecção de mundos sociais.” (STAR E GRIESEMER, 1989, p. 393) Para manter-se fiel aos princípios da comunidade, os seguintes métodos de design5(“FROG - Collective Action,” [S.d.]) foram usados em grupo com alguns participantes do Coletivo Casa Amarela Saudável e Sustentável: Mapa mental de Impacto Esse tipo de mapa mental é normalmente utilizado para definir os valores e alcance das ações do coletivo. Como os participantes já organizam o projeto do Coletivo há cerca de um ano, essa sessão foi proveitosa para sintetizar, lembrá-los dos valores do grupo e verificar se algo havia mudado desde sua criação. Problem Cards Reunindo informações do exercício anterior e de levantamento de problemas imediatos do bairro, os participantes sintetizaram em uma sentença problemas relacionados ao bairro e a razão desse problema não estar solucionado, na opinião de cada um. Brainwriting 6-3-5 O exercício anterior apontou a falta de comunicação e mobilização como um dos fatores que impediam solução de certos problemas. Esse resultado, similar ao obtido com os questionários online, foi tema de uma sessão de geração de idéias através do método 6-3-5, como descrito no capítulo 2.4 Método.

34

5 Mais métodos podem ser encontrados em http://www.frogdesign.com/work/frog-collective-action-toolkit.html

5 .1 M A PA M E N TA L CRIADO COM OS INTEGRANTES DO C O L E T I V O.

RESUMA O PROBLEMA EM UMA SEN T EN ÇA

POR QUE VOCÊ ACHA QUE ESSE PROBLEMA N ÃO É RESOLV IDO?

5. 2 M O D E L O D O S CARTÕES USADOS PA R A L I S TA G E M D E PROBLEMAS.

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5.3 D E TA L H E D O PA I N E L D E I D E A Ç Ã O.

5 .1 P R I M E I R A FA S E D E I D E A Ç Ã O Baseada na pesquisa preliminar, a primeira fase de ideação aconteceu isoladamente. O objetivo dessa fase foi criar hipóteses de artefatos que pudessem funcionar e eliminar respostas óbvias ao propósito do projeto. Essas hipóteses foram refinadas e levadas para feedback do coletivo, originando a segunda fase de ideação. Entre a seleção de ideias destacam-se as descritas a seguir. 5.1.1 C A S A A M A R E L A A F E T I VA Idéia com foco no aspecto afetivo da região, incentivando moradores, empresas e frequentadores a expressar o orgulho de estar no bairro. Distribuição de adesivo para agrupar os membros de uma comunidade. Os adesivos podem marcar empresas e locais que participam do coletivo ou querem colaborar com a comunidade. Um artefato (não foi especificado se deveria ser um aplicativo ou objeto físico) pode ser levado para casa ou carregado com os participantes alertando quando novos eventos tenham sido agendados e seja necessário visitar a página do coletivo para saber de novidades.

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5.4 D E TA L H E D O PA I N E L D E I D E A Ç Ã O.

5 .1.2 C O L E T O R D E I D E I A S Urna/totem móvel, colocado em local público onde pessoas que não façam parte do coletivo ativamente possam votar, deixar recados ou enviar fotografias para contas de redes sociais. 5 .1.3 N A M I N H A R U A Conexão de comunidade integrada ao Foursquare1 e Facebook2. Inicialmente conectados de forma anônima (com as informações que desejam compartilhar) vizinhos podem entrar em contato com os outros e empresas da região. Vizinhos podem posteriormente conectar-se via Facebook.

1 http://www.foursquare.com 2 http://www.facebook.com

5.5 D E TA L H E D O PA I N E L D E I D E A Ç Ã O.

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5.6 S E G U N D A REUNIÃO DO COLETIVO

5.7 SEGUNDA REUNIÃO DO COLETIVO

5 .8 M A P E A M E N T O DE PROBLEMAS DA REGIÃO

38

5.2 S E G U N D A FA S E D E I D E A Ç Ã O Para trabalhar o aspecto de Design Participativo, foi conduzido um workshop de ideação conjunta e feedback. As alternativas anteriormente geradas foram apresentadas para estimular um novo conjunto de ideias geradas pelo grupo. O método de ideação utilizado foi novamente o 6-3-5. Feedback O grupo reagiu de forma positiva à transformação do artefato da ideia Casa Amarela Afetiva em um aplicativo, embora preocupações quanto aos que não fazem parte do mesmo ou utilizam smartphones tenham sido levantadas. Metade do coletivo animou-se com a possibilidade de uma intervenção pública, para engajar moradores não-membros. A terceira ideia, Na Minha Rua, não foi comentada, o que pode revelar desinteresse em plataformas do gênero. Foi apontado o uso de outras iniciativas como mapa interativo de crimes “Onde Fui Roubado”6, ativo na cidade de Curitiba e a dificuldade de manter plataformas colaborativas fiéis ao seu propósito. O projeto a seguir foi refinado a partir dessas propostas, levando em consideração o aspecto mais relevante e com maior adesão do grupo. Esse refinamento foi parcialmente realizado em conjunto com o coletivo Casa Amarela Saudável e Sustentável, visto que o caráter futurista das cidades interconectadas não coincidia com o cenário atual do bairro. Porém, as necessidades do grupo foram levadas em consideração e todas alternativas avaliadas em grupo.

6 http://www.ondefuiroubado.com.br

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 AC ES S A WEBS ITE

R APROX IMA-S E DA INS TAL AÇ ÃO





CADASTRA-SE

BAIXA O APLICATIVO



M O R A DOR NÃO-E N GA J A DO

CADASTRA-SE COMO MEMB RO D E INICIATIVA POPUL AR

&

É CO NVIDADO ( A) PARA A REDE

 AC ES S A WEBS ITE E REGIS TRA-S E CO MO INIC IATIVA

PAR T I C I PA N TE D E CO L E TI VOS

&

É CO NVIDADO ( A) PELO CO LETIVO

 ENCOMENDA O CIT Y SENSE

6 .1 T O U C H P O I N T S DO SISTEMA P R O J E TA D O.

40

 MONTA O CIT Y SENSE

 ESCREVE M E N SAGE N S

 APOIA M E NSAGE N S MENSAGENS PROJETADAS!

 CO NV I DA P E S SOA S

 ACO M PA N HA AT I V I DA D ES DOS CO L E T I VOS



 CO L E T I VO O B S E R VA O R E S U LTA D O !

6/ R E S U LTA D O

A PR OVA N OVOS M E M B ROS

Unicidade é uma plataforma criada para garantir a expressão de moradores de um bairro, divulgar ações de iniciativas populares e conectar-se com moradores não-engajados, possivelmente incentivando-os. O projeto possui duas partes: uma física – a ser posicionada no local de maior trânsito e relevância para a comunidade – e outra virtual, dividida entre um aplicativo para smartphones e um website que atua como monitor de toda a atividade para quem não está próximo ao espaço físico escolhido. O nome Unicidade refere-se à unificação do ambiente urbano e também ao processo de concordância entre os integrantes de uma comunidade que culminaria num estado harmônico. Unicidade permite que a comunidade escreva e escolha as mensagens mais relevantes, que serão projetadas em um espaço público e num website. Membros dos coletivos e iniciativas populares estarão acessíveis para contribuir, orientar e atualizar os moradores com as atividades mais recentes. O diagrama acima detalha os múltiplos caminhos existentes na plataforma.

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6 .2 S I M U L A Ç Ã O DE TEXTO P R O J E TA D O N O MERCADO DE CASA AMAREL A.

6 .1 I N S TA L A Ç Ã O U R B A N A Este é o ponto de maior visibilidade do projeto. Foi escolhido como cenário o Mercado Público de Casa Amarela, apontado pelas pesquisas realizadas como um dos locais favoritos dos moradores e de maior circulação. Como o cenário do Mercado é bastante movimentado, além de ser um ambiente aberto sujeito à variações climáticas, a interação através de um aplicativo foi escolhida como principal. Desse modo, a instalação pode ser mais resistente e não requisitar uma interação física que atrapalhe as tarefas dos membros da comunidade no local. O objetivo da instalação urbana é transformar o espaço público escolhido num suporte para as mensagens dos membros da comunidade. Através de um projetor, mensagens escritas e escolhidas através do aplicativo e website podem ser visualizadas por todos ao redor. Propõe-se que a aquisição dos componentes necessários para o funcionamento da instalação seja de responsabilidade dos membros do coletivo. Para tornar isso possível, seriam oferecidas diversas sugestões e combinações de equipamentos para se adequarem ao tipo de ambiente que o coletivo deseja. 6.1.1 A S P E C T O S T É C N I C O S 7 O artefato é composto por projetor, antena wi-fi, GPS e um processador. Atualmente, pequenos projetores com alta resolução já estão disponíveis, bem como computadores de hardware aberto com preços acessíveis, como Raspberry Pi8. Instituições que desejem contribuir para o projeto podem ajudar adquirindo o artefato e posicionando-o em outros espaços urbanos, expandindo a rede.

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7 O design sugerido inicialmente é uma adaptação do projeto open-source que pode ser encontrado no link [http://www.instructables.com/id/ Laser-cut-Arduino-radio-enclosure/] 8 http://www.raspberrypi.org

6. 2 E X E M P L O DE PROJEÇÃO EM LOCAIS DE LUZ INTENSA OU DURANTE O DIA.

6 .3 E X E M P L O D E PROJEÇÃO EM LARGA ESCALA AMPLIADA COM LENTES.

O processo de aquisição e montagem do artefato é inspirada na Fabricação Digital e movimento Maker, um importante marco para a independência produtiva e compartilhamento de idéias (PELLEGRINI, 2014). Os membros do coletivo podem adquirir o projeto com todos os componentes ou fazer download dos arquivos necessários e utilizar recursos próprios para a montagem, variando inclusive seu formato. Prevê-se que além da popularização de laboratório compartilhados como o FabLab9, a prototipagem e a fabricação tornem-se disciplinas de diversos cursos. O caráter auto-didata dessa área também incentiva a adoção desse modelo de distribuição.

6 .4 D I A G R A M A SUGERIDO DE LIGAÇÃO ENTRE RASPBERRY PI E PROJETOR.

9 http://www.fabfoundation.org/fab-labs/what-is-a-fab-lab/

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6 .5 S U G E S TÃ O DE EMBAL AGEM OPEN SOURCE PA R A P R O J E T O R E ELETRÔNICOS.

6.1.2 I N T E R A Ç Ã O Os membros iniciais do coletivo devem ser identificados inicialmente, visto que serão os responsáveis pela manutenção da instalação. A mesma pode receber mensagens de moradores e frequentadores de Casa Amarela. Os moradores podem registrar-se e enviar as mensagens anonimamente ou através das redes sociais, desde que conectados ao aplicativo. Frequentadores podem utilizar o website e deixar suas mensagens somente quando ao redor da instalação. A escolha da mensagem a ser projetada somente pode ser feita pelos moradores, através do aplicativo a seguir.

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6 .6 D E TA L H E DO DIAGRAMA U T I L I Z A D O PA R A CORTE À L ASER N O FA B L A B RECIFE

45

6 .7 T E L A S D E MENSAGENS DO A P L I C AT I V O

6 .2 A P L I C AT I V O O aplicativo possui dois objetivos: criar um meio de um morador conectar-se à rede de seu bairro e iniciativas populares e selecionar que mensagens serão projetadas na Instalação Urbana. 6.2.1 A L I M E N TA N D O A I N S TA L A Ç Ã O U R B A N A Os moradores podem escrever e fortalecer as mensagens mais relevantes para si, no máximo uma vez por dia. As três mensagens mais fortalecidas pelos moradores serão sempre projetadas. Caso o morador tenha conectado redes sociais a que pertence, ele também poderá utilizá-las através da hashtag #citysense. 6.2.2 R E G I S T R O Aos moradores será requerido somente Nome, Endereço (sem detalhes como número da rua) e e-mail. Nenhuma dessas informações será publicada, visto que o respeito à privacidade dos mesmos deve ser preservado ao máximo. Caso o morador já seja membro do coletivo, ele deve identificar e após um dos membros iniciais aprovar, ele será reconhecido como tal. Redes sociais e informações adicionais de contato são opcionais.

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6 .2 .3 C O N V I D A N D O O U T R O S M O R A D O R E S Seguindo a teoria dos seis graus de separação, são necessários no máximo seis laços de amizade para que duas pessoas quaisquer estejam ligadas (NEWMAN, 2001). Por isso, cada membro pode convidar até seis outros moradores e pedir para que fortaleçam sua mensagem caso queira. 6 .2 .4 C O L E T I V O C A S A A M A R E L A S A U D ÁV E L E S U S T E N TÁV E L O aplicativo exibirá os membros do coletivo ao redor do morador ou em relação mais próxima a ele, bem como os eventos organizados pelo coletivo. Caso um não-membro deseje engajar-se, ele pode escolher compartilhar informações de contato com um membro e discutir sua participação através da mídia desejada.

6 .8 M A P E A M E N T O DE INTEGRANTES DO COLETIVO QUE DESEJAM SER VISUALIZADOS

47

48

6.3 WEBSITE O website deve revelar as mensagens que estão sendo projetadas no momento e oferecer descrição do projeto para quem deseje se informar a respeito. Quando acessado na área de abrangência da Instalação Urbana, ele permite que nãomoradores também enviem mensagens. Um protótipo foi criado para avaliação do grupo e simulação do projeto.10 Por fim, este projeto visa ser um framework que, quando usado com diferentes comunidades e iniciativas populares, pode demonstrar os temas que mais preocupam e chamam atenção das mesmas. Criando uma forma leve e aberta de expressão, um grupo de moradores pode se demonstrar a favor ou contra assuntos, divertir-se e/ou espalhar mensagens positivas. Desse modo, a relação de interdependência é inicialmente criada, podendo evoluir para laços. Com o apoio do coletivo, problemas podem ser discutidos em conjunto e levados à resolução. Relações interdependentes tornam-se transações – práticas e objetivas – quando a adesão ao coletivo é aumentada, seja em eventos isolados ou reuniões fixas. Finalmente, múltiplas comunidades se expressando tornam cada vizinhança mais familiar, divertida e eficiente.

6 .9 W E B S I T E CRIADO COMO E X E M P L O PA R A O P R O J E T O.

10 O protótipo pode ser acessado através do link [https://mady-torres-0ana.squarespace com/]

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7/ PRODUÇÃO O projeto foi projetado utilizando insignts das diversas sessões de colaboração com o Coletivo Casa Amarela Sustentável, seguindo o processo anteriormente mencionado. Sessões individuais de ideação foram também apresentadas para feedback do grupo. As fotos a seguir registram as reuniões e diversos passos para finalização dos artefatos apresentados anteriormente.

6 .1 4 , 6 .1 5 PROCESS IDEAÇÃO CONJUNT

6 .16 , 6 .17 S C R U M DO PROJETO E WIREFRAMES DO A P L I C AT I V O

50

6 .10, 6 .11 M A PA DO BAIRRO E REUNIÃO FINAL DO COLETIVO

SO DE O EM TO

6 .12, 6 .13 ROADMAP DO SERVIÇO E C O R TA D O R A À L ASER UTILIZADA

51

52

8/ CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo Blokland (2003), vizinhanças e seus sistemas de significado evoluíram numa direção privada, virtual e isolada. Durante este trabalho, foi possível observar a iniciativa de um grupo de moradores que concorda com essa afirmação e tenta hoje transformar sua vizinhança. Percebeu-se também a dificuldade de atrair moradores sem enrijecer regras e o aumentar medo de que esforços sejam desperdiçados pela inclusão de pessoas que não possuam o mesmo nível de interesse que os fundadores. Fruto dessas observações e durante o projeto, acredita-se que, embora o coletivo já exista há mais de dois anos e iniciativas de melhorias práticas nesta cidade estejam se fortalecendo, o elemento humano e o incentivo à expressão dos indivíduos ainda precise ser estimulado e incluído. Comunidades existem sob regras políticas e cívicas, mas sobretudo os sentimentos de familiaridade, segurança e pertencimento que a define. Levando isso em consideração, o papel do designer dentro de contextos como esse é especialmente fortalecido com práticas de Design Colaborativo. O processo exposto nesse trabalho serve a diversos propósitos. Ao propósito do designer, por facilitar a tomada de decisões, mesclar pesquisa e ideação e fornecer uma visão mais profunda de um problema, nas palavras e experiências de quem passa por ele. Ao propósito dos participantes, por empoderar e ampliar sua atuação, garantindo que o resultado será apresentado com uma perspectiva mais familiar e cuidadosa. Neste processo em específico, o grupo participante guiou o uso da tecnologia, o que demonstra um nível de familiaridade das comunidades e organizações atuais - caminhando progressivamente em direção às cidades aumentadas através das mobilizações através de redes sociais e usos de novas técnicas de fabricação digital. A paisagem urbana foi também assunto discutido quando pensando nas intervenções possíveis. A consciência e vontade de transformar a cidade já se extende do pessoal e privado para o físico e público. Utilizar um patrimônio cultural como veículo das mensagens da comunidade sem danificá-lo ambiciona atender a essa demanda, ou ao menos expressá-la. O processo também questiona o papel e função do designer. Estaria o designer futuramente transformando-se de solucionador para mediador de questões mais amplas como Emergência, Cidadania e até Empoderamento Civil? Espera-se que esse trabalho tenha esclarecido que apresentar soluções para este contexto é um desafio, que pode ser simplificado com a imersão do Design Colaborativo Nele, além de criar e discutir em conjunto, o designer é inspirado e serve de inspiração para uma reflexão mais complexa. Embora o contato estabelecido com o coletivo Casa Amarela Saudável e Sustentável tenha sido curto, entende-se que o processo e o projeto tenha atraído sua atenção além de artefatos e objetos interessantes, mas como uma reflexão sobre a verdadeira motivação do grupo: a transformação da vizinhança numa comunidade saudável e ativa.

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9/ BIBLIOGRAFIA FROG - Collective Action. Disponível em: . Acesso em: 4 nov. 2014. Casa Amarela Saudável e Sustentável. Disponível em: . Acesso em: 11 jan. 2015. Teoria dos seis graus de separação – Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: . Acesso em: 11 jan. 2015. ANTUNES, M. Casa Amarela, o bairro que tem vida própria. Disponível em: . Acesso em: 2 nov. 2014. ARONSON, E. The Social Animal. Worth Publishers, 2011.431p. AURIGI, A.; CINDIO, F. DE Augmented Urban Spaces: Articulating the Physical and Electronic City. Hampshire, England: Ashgate Publishing, Ltd., 2008.367p. BLOKLAND, T. Urban Bonds: Social Relationships in an Inner City Neighbourhood. Cambridge: Polity, 2003.256p. BRYNSKOV, M.; BERMÚDEZ, J.C. Urban Interaction Design: Towards City Making. 2014. BULMER, M. Neighbours: The Work of Philip Abrams. 2. ed. Cambridge: Cambridge University Press, 1986. p. 302 BUTLER, C. Henri Lefebvre: Spatial Politics, Everyday Life and the Right to the City. Routledge, 2012.183p. CASA-NOVA, M.J. Etnicidade e Classes Sociais: Em torno do Valor Heurístico da Conceptualização da Etnia como Categoria Social. In: Educaçäo, Sociedade e Cultura, n. 16, 2001., p 63.82. DE LANGE, M.; DE WAAL, M. Owning the city: New media and citizen engagement in urban design. First Monday, v. 18, n. 11, 2013. GREENFIELD, A. Against the Smart City. New York: Do projects, 2013. HANDLYKKEN, A.K. Digital Cities in the making: exploring perceptions of space, agency of actors and heterotopia. Ciberlegenda, v. 25, n. 2, p. 22–37, 2012. FOUCAULT, M. Of Other Spaces, Heterotopias. Architecture, Mouvement, Continuité 5 (1984): 46-49. JENKINS, R. Social Identity. [S.l.]: Routledge, 2004. p. 232 JUNIOR, O.S. Urban common space ,heterotopia and the right to the city: Reflections on the ideas of Henri Lefebvre and David Harvey. urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, p. 146–157, 2014.

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LEFEBVRE, H. The Production of Space. Oxford: Blackwell, 1991. p. 454 MARCUSE, P.; IMBROSCIO, D.; ET AL. Critical Urban Theory versus Critical Urban Studies: A Review Debate. International Journal of Urban and Regional Research, v. 38, n. 5, p. 1904–1917, 2014. MARKMAN, L. No Recife, moradores de Casa Amarela sofrem com falta de esgoto. Disponível em: . Acesso em: 8 dez. 2014. MCCULLOUGH, M. Ambient Commons: Attention in the Age of Embodied Information. MIT Press, 2013.368p. NEWMAN., M. E. J. From the cover: the structure of scientific collaboration networks. In: Procedings of the National Academy of Sciences of USA (PNAS), v. 98, p. 404-409, Santa Fe, 2001; Disponível em: http://www.pnas.org/cgi/reprint/98/2/404. PELLEGRINI, B. Fabricação digital concretiza ideias de arquitetos e designers. Disponível em: . Acesso em: 30 nov. 2014. RUONAVAARA, H., KOUVO, A. Neighbour relations in contemporary society: a survey of ideas and a blueprint for a framework for investigation. In: Proceedings of The 9th Conference of the European Sociological Association. Lisbon: 2009. SAVAGE, M.; BLOKLAND, T. Networked Urbanism: Social Capital in the City. London: Ashgate Publishing Ltd, 2008.256p. SHEPARD, M. Sentient City: Ubiquitous Computing, Architecture, and the Future of Urban Space. Architectural League of New York, 2011.229p. SMYTH, M.; HELGASON, I. Tangible possibilities—envisioning interactions in public space. Digital Creativity, v. 24, n. 1, p. 75–87, 2013. SMYTH, M., HELGASON, I., ET AL. UrbanIxD : Designing Human Interactions in the Networked City. In: CHI ’13 Extended Abstracts on Human Factors in Computing Systems on - CHI EA  ‘13. New York, New York, USA: ACM Press, 2013, p. 2533. TOWNSEND, A.M. Smart Cities: Big Data, Civic Hackers, and the Quest for a New Utopia. W. W. Norton & Company, 2013.384p. VOGIAZOU, Y. Design for Emergence: Collaborative Social Play with Online and Location-Based Media. Amsterdam: IOS Press, 2007.192p.

55

L I S TA D E F I G U R A S E I L U S T R A Ç Õ E S

2.1 Cidade de New Songdo, Coréia do Sul 16 (fonte: http://www.thepublicmatters.eu/?p=1084 - Acesso em 12 de janeiro de 2015) 2.2 Diagrama de Ação Social, weber apud BLOKL AND (2003)

19

2.4 Feira de casa amarela, recife 1926

20

(fonte: http://recifeesquecido.blogspot.com.br/2014/06/antigas-imagens-do-recife.html Acesso em 15 de janeiro de 2015) 2.3 Praça de independência, com bondes vindos de Casa Amarela

20

(fonte: http://recifeesquecido.blogspot.com.br/2014/07/os-bondes-no-recife.html - Acesso em 15 de janeiro de 2015) 2.6 Mapa atual do bairro de casa amarela

22

(fonte: http://www2.recife.pe.gov.br/a-cidade/perfil-dos-bairros/rpa-3/casa-amarela/ - Acesso em 15 de janeiro de 2015) 2.5 Morro da conceição 23 (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/pt:Recife?uselang=en - Acesso em 24 de outubro de 2014)

56

2.7 Diagrama simplif icado do processo de design utilizado

25

3.1 Detalhes do questionários online aplicados

26

3.2 Reunião do grupo casa amarela saudável e sustentável

30

3.3 Diagrama de webber contextualizado com o grupo

31

5.1 Mapa mental criado com os integ rantes do coletivo

35

5.2 Modelo dos Cartões usados para listagem de problemas

35

5.3 Detalhe do painel de ideação

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5.4 Detalhe do painel de ideação

37

5.5 Detalhe do painel de ideação

37

5.8 Mapeamento de problemas da região

38

5.6 Segun da reunião do coletivo

38

5.7 Segunda reunião do coletivo

38

6.1 Touchpoints do sistema projetado

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6.2 Simulação de texto projetado no mercado de casa amarela

42

(Foto modificada digitalmente. Fonte da original: https://www.flickr.com/photos/adautojr/Acesso em 21 de janeiro de 2015) 6.2 Exemplo de projeção em locais de luz intensa ou durante o dia

43

(fonte: http://www.gogorillamedia.com/tag/projection/- Acesso em 21 de janeiro de 2015) 6.3 Exemplo de projeção em larga escala ampliada com lentes

43

(fonte: http://www.learner.org/courses/globalart/work/287/index.html- Acesso em 21 de janeiro de 2015) 6.4 Diagrama sugerido de ligação entre raspberr y pi e projetor

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6.5 Sugestão de embalagem open source para projetor e eletrônicos

44

(Foto modificada digitalmente. Fonte da original: http://blog.ponoko.com/2012/06/15/exquisitelaser-cut-project-box/- Acesso em 17 de janeiro de 2015) 6.6 Detalhe do diagrama utilizado para corte à laser no fablab recife

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6.7 Telas de mensagens do aplicativo

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6.8 Mapeamento de integrantes do coletivo que desejam ser visualizados 47 6.9 Website criado como exemplo para o projeto

49

6.10 Mapa do bairro 51 6.11 Reunião f inal do coletivo

51

6.12 Roadmap do ser viço 51 6.13 Cortadora à laser utilizada 51 6.14 Processo de ideação em conjunto

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6.15 Processo de ideação em conjunto

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6.16 Scrum do projeto 50 6.17 Wireframes do aplicativo 50

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ANEXOS

A P L I C AT I V O PA R A S M A R T P H O N E

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WEBSITE

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