UNIVERSIDADE DOCTUM-CAMPUS TEÓFILO OTONI-MG CURSO DE PSICOLOGIA PRINCÍPIO DO PRAZER X PRINCÍPIO DA REALIDADE TEÓFILO OTONI-MG/2015

July 5, 2017 | Autor: Célia Saraiva | Categoria: Psicologia
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UNIVERSIDADE DOCTUM- CAMPUS TEÓFILO OTONI-MG
CURSO DE PSICOLOGIA










PRINCÍPIO DO PRAZER X PRINCÍPIO DA REALIDADE
Trabalho apresentado por Célia Ferrer Saraiva à cadeira de Introdução à psicologia ministrada pela Professora: Neuslete, 1º período.Trabalho apresentado por Célia Ferrer Saraiva à cadeira de Introdução à psicologia ministrada pela Professora: Neuslete, 1º período.
Trabalho apresentado por Célia Ferrer Saraiva à cadeira de Introdução à psicologia ministrada pela Professora: Neuslete, 1º período.
Trabalho apresentado por Célia Ferrer Saraiva à cadeira de Introdução à psicologia ministrada pela Professora: Neuslete, 1º período.















TEÓFILO OTONI-MG/2015




INTRODUÇÃO

Freud falou que o inconsciente está firmado em duas grandes questões: o princípio do prazer e o princípio da realidade. O princípio do prazer é aquele no qual queremos tudo que nos traga prazer de forma imediata, sem pensar nas consequências. No princípio da realidade temos que esperar para ter o prazer na hora certa, para que não tenhamos que arcar com consequências indesejáveis, ou seja, eu estou ansioso por algo, mas tenho que esperar. O princípio da realidade é aquele que me faz ver quais as condições necessárias para que o meu prazer seja atendido. Isso acontece quando descobrimos que não somos os donos do mundo, que não podemos ter as coisas na hora que queremos, mas sim na hora que for adequada.
















PRINCÍPIO DO PRAZER X PRINCÍPIO DA REALIDADE

O princípio do prazer e o princípio da realidade foram cuidadosamente desenvolvidos na obra de Freud em 1911 e indicam dois princípios que conduzem o funcionamento da mente. É uma apreciação com relação a como nos inserimos no mundo e de que modo nos resguardamos daquilo que pode mostrar-se como ameaçador ao nosso psiquismo.

O princípio do prazer é o propósito ascendente dos processos inconscientes (processos primários), ou seja, procura dar prazer e evitar o desprazer. Evitar o desprazer significa afastar-se de qualquer evento que possa despertar desprazer, justamente o que caracteriza o recalque. O princípio do prazer é pois, o desejo de conseguir uma recompensa imediata. Quando impelido por este instinto, a pessoa age para sentir prazer e evitar a dor, mostrando uma baixa tolerância à frustração. Por outro lado, o princípio de realidade ajusta a busca pela satisfação levando em conta as condições impostas pelo mundo que nos rodeia e, segundo Freud, vem substituir o princípio do prazer como uma proteção e não como uma destituição deste último. O princípio da realidade representa a capacidade de adiamento de uma recompensa.

Na maioria das vezes as pessoas se afastam da realidade ou parte dela, por crerem que a realidade é insuportável e, por essa razão, nosso psiquismo procura nos defender afastando-nos desta ameaça. Quando isso é realizado de maneira mais ou menos branda, conseguimos viver sem a necessidade de inventar uma realidade paralela (ao contrário do que acontece na esquizofrenia). Ou seja, acontece assim: quando queremos fazer alguma coisa que não é certo ou oportuno fazer, temos duas alternativas: ou passamos por cima de tudo para concretizar a nossa vontade, movidos pelo manhoso princípio do prazer; ou esperamos por uma melhor ocasião ou aceitamos a impossibilidade total de realizar tal desejo, compreendendo que a vida apresenta limitações e que nem tudo acontece como gostaríamos.

É pela confrontação entre esses dois princípios que o indivíduo começa a diferenciar o eu interior do mundo que o rodeia. A internalização do princípio da realidade irá organizar todo o seu desenvolvimento futuro. O princípio de realidade, no seu confronto com o principio do prazer, irá tornar o ser humano capaz de construir defesas que o protejam dos desprazeres de que o mundo externo o ameaça.

No início da vida, o indivíduo é dominado pelo princípio do prazer. As crianças sempre querem ter os seus desejos realizados imediatamente e a capacidade de adiar a realização de um desejo ou necessidade e de suportar a dor e a ansiedade, vai sendo construída ao longo do tempo. No decorrer da vida, o desenvolvimento desta capacidade torna-se em grande parte uma responsabilidade dos educadores e dos pais, que desde cedo vão mostrando aos seus filhos o que devem e o que não devem fazer, o que é e não é possível, apresentando-lhes as primeiras frustrações da vida e ensinando-lhes no dia a dia, com naturalidade, que nem sempre as coisas acontecem quando e como queremos. Começa a desenvolver-se aí o princípio da realidade. Numa pessoa adulta bem estruturada, este é o princípio dominante.

Porém, nem sempre é assim que acontece. Muitas vezes, há uma falha no equilíbrio entre os dois princípios e o princípio do prazer sobrepõe-se, tornando o indivíduo controlador de tudo, caprichoso e desajustado socialmente, pois ao procurar sempre satisfazer o seu desejo acaba entrando em conflito com o desejo do outro, que muitas vezes é diferente do seu. Perceba-se que, embora o princípio da realidade seja mais favorável a um bom desenvolvimento, também pode acontecer o contrário, quando uma exclusividade do princípio da realidade torna o indivíduo exageradamente contido, incapaz de se permitir desejar. Tão contido que também dificilmente viverá com plenitude.

A definição da regulação prazer-desprazer está contido em Freud no conceito econômico de um psiquismo conduzido pelo aumento (desprazer) ou pela diminuição (prazer) das abundâncias de excitação, ou tensão. Exatamente em A interpretação dos sonhos (1900) o conceito de princípio de prazer-desprazer é mencionado e primeiramente pensado como princípio do desprazer. Neste momento o conceito é exposto no que se refere à articulação entre os processos conscientes e inconscientes:

Algumas reflexões importantes decorrem disso, se considerarmos as relações existentes entre a inibição de descarga efetuada pelo segundo sistema (consciente) e a regulação efetuada pelo princípio do desprazer (Freud, 1900, p. 638).


É exatamente nesse texto de 1900 que Freud inicialmente conceitua os "sentimentos" de prazer e desprazer. Baseado nessa hipótese, o sistema percepção-consciência recebe excitações provenientes do mundo externo:


"excitações de prazer e desprazer, que mostram ser quase a única qualidade psíquica que se liga a transposições de energia no interior do aparelho. " (Freud, 1900, p.612).


Logo, segundo Freud: o caminho a ser tomado pelos eventos mentais está regulado automaticamente pelo princípio de prazer, ou seja, acredita-se que o curso desses eventos é invariavelmente colocado em movimento por uma tensão desagradável e que toma uma direção tal, que seu resultado final coincide com uma redução dessa tensão, isto é, com uma forma de evitar o desprazer ou uma produção de prazer.

Entretanto, em 1915, Freud mostra-se insatisfeito com a conexão entre prazer e diminuição de tensão e entre desprazer e aumento de tensão, em função da falta de precisão desta suposição. Realmente, no texto "As pulsões e seus destinos", encontramos a seguinte afirmação:

Preservaremos cuidadosamente, contudo, essa suposição em sua atual forma altamente indefinida, até conseguirmos, caso possível, descobrir que espécie de relação existe entre o prazer e o desprazer, por um lado, e flutuações nas quantidades de estímulo que afetam a vida mental, por outro. (Freud, 1915, p. 141)

Apesar de aparecer anteriormente nas formulações teóricas de Freud, o princípio de realidade, é primeiramente proferido, em Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental (1911), como uma "evolução" do funcionamento psíquico. Mas em A interpretação dos sonhos (1900), Freud já assinala para uma dependência primitiva das liberações de prazer e desprazer, que é trocada a partir de um refinamento do funcionamento psíquico:

No entanto, a fim de tornar possível desempenhos mais delicadamente ajustados, posteriormente tornou-se necessário tornar o curso das ideias menos dependente da presença e da ausência de desprazer. (Freud, 1900, p.612)

No texto do Projeto para uma psicologia científica (1895) e também em A interpretação dos sonhos (1900), fala-se de uma inquietação do estado de repouso psíquico por cobranças de necessidades internas, seguindo-se uma exposição alucinatória de tudo o que havia sido pensado (desejado). Essa tentativa de satisfação por meio da alucinação é largada em função da própria ausência de satisfação, Desde o que o aparelho psíquico toma uma concepção das circunstâncias reais do mundo externo e esforça-se por efetuar nelas uma alteração real. Essa alteração real é primeiramente considerada no texto do Projeto, quando Freud preleciona da seguinte forma:

(...)certas condições, que precisam realizar-se no mundo externo (...), através de uma ação específica, de modo a cessar certos estímulos endógenos originados das grandes necessidades, que são a fome, a sexualidade, etc. (Freud, 1950 [1895], p. 397)

É justamente esse entendimento de um empenho em transformar as situações reais que compõe a base para a introdução de um novo princípio de funcionamento psíquico: o princípio de realidade.

A formação de um ego-realidade acontece pelas modificações no ego; de um ego-prazer domado pelo princípio do prazer, causadas pela introdução do princípio da realidade, deste modo Freud entende que:

Tal como o ego-prazer nada pode fazer a não ser querer, trabalhar para produzir prazer e evitar o desprazer, assim o ego-realidade nada necessita fazer a não ser lutar pelo que é útil e resguardar-se contra danos. (Freud, 1911, p. 241)

Por fim, o prazer momentâneo e duvidoso é deixado por um prazer seguro, porém mais lento. Contudo, como já foi dito no início, o princípio de prazer não é eliminado, ou destituído. Se, por um ângulo, o princípio de realidade procura a satisfação no real, por outro, o princípio de prazer continua a conduzir a região inconsciente, a qual funciona conforme as leis dos processos primários e mostra uma outra realidade, isto é, as fantasias.

Nesse momento, é importante destacar a dificuldade dos processos inconscientes aquiescerem com o teste de realidade e o que isso provoca no entendimento dos fenômenos psíquicos. Primeiramente, temos que entender que os processos inconscientes igualam a realidade externa com a realidade do pensamento e os desejos com sua realização (sonhos, por exemplo), o que torna difícil diferenciar fantasias inconscientes e lembranças inconscientes. Desse modo, devemos ficar atentos para a incorreta aplicação de padrões de realidade a estruturas psíquicas recalcadas ou a ideias errada de menosprezar a importância das fantasias, por não serem reais, na formação dos sintomas.

Abordamos aqui a realidade psíquica:

de uma existência do sujeito que se distingue da realidade material, na medida em que é dominada pelo império da fantasia e do desejo. " (Roudinesco e Plon, 1998 [1944], p. 646).

Em A interpretação dos sonhos, Freud faz um diagnóstico da realidade dos desejos inconscientes, ou ainda, tenta explicar o sentido ético dos desejos recalcados. Segundo ele:

se olharmos para os desejos inconscientes reduzidos à sua mais fundamental e verdadeira forma, teremos de concluir, fora de dúvida, que a realidade psíquica é uma forma especial de existência que não deve ser confundida com a realidade material. " (Freud, 1900, p. 658/659).

Para Freud, os sonhos são desejos reprimidos que estão no inconsciente, podendo ser éticos ou não.


CONCLUSÃO

Assim como vimos, o princípio do prazer é inato nos seres humanos, e nos segue durante toda a vida, porém deve ser parcialmente reprimido para o surgimento do princípio da realidade.
Para Freud, o mundo equilibrado, estaria dividido entre o prazer (os instintos), e a Realidade (as Estrutura sociais). A maturidade sobrevém do equilíbrio perfeito entre os dois princípios. Pois o homem nem é só Prazer, pois que seria animal, nem é só Realidade, porque senão seria autista, ou no mínimo, obsessivo!

Em outras palavras, a realidade exige que o ser humano desenvolva a capacidade de tolerar a frustração de não satisfazer-se imediatamente através de ações impulsivas, o que implica em maior consciência.





FREUD, Sigmund. A Interpretação dos Sonhos-1900. Rio de Janeiro: edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, 1980.

________. Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros trabalhos- vol XVII – (1925 - 1926). Rio de Janeiro.

FREUD, Sigmund. As Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental. Rio de Janeiro: edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, 1996.

Vocabulário de Psicanálise / Laplanche e Pontalis; sob a direção de Daniel Lagache; [tradução Pedro Tamen]. - 3a ed. - São Paulo: Martins Fontes, 1998.

Dicionário de Psicanálise / Roudinesco e Plon; tradução Vera Ribeiro, Lucy Magalhães; supervisão da edição brasileira Marco Antonio Coutinho Jorge. - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998.



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