Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Licenciatura em Psicologia História e Epistomologia da Psicologia

September 9, 2017 | Autor: Sofia Abreu | Categoria: Psychology, Clinical Psychology, Psychotherapy and Counseling
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Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Licenciatura em Psicologia História e Epistomologia da Psicologia

ABRAHAM MASLOW

Patrícia Almeida Sofia Abreu

PORTO Dezembro 2014


INDICE

1- Introdução

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2- Contextualização Histórica

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2.1 - A Psicologia Humanista

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2.2- Biografia de Abraham Maslow

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3- A Contribuição Maslow para Psicologia

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3.1- A Visão de Ciência e de Homem

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3.2- O conceito de Motivação

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3.3- Teoria da Motivação

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4- A motivação no comportamento organizacional

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5- Conclusão

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6- Referencias Bibliográficas

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1- Introdução

Este trabalho insere-se na cadeira de Historia e Epistomologia da Psicologia, como uma forma a aprofundar os nossos conhecimentos sobre um determinado autor e as suas teorias. A nossa escolha recaiu sobre Abraham Maslow. O principal objetivo deste trabalho é apresentar a importância das ideias e teorias de Abraham Maslow para a psicologia, e faremos uma exposição da sua famosa teoria da Motivação, onde Maslow agrupou as necessidades humanas em classes e dispôs essas classes em forma de uma hierarquia, do nível mais baixo ao mais alto. Quando um conjunto de necessidades é satisfeito, deixa de ser motivador; a motivação é então, gerada pelas necessidades não satisfeitas mais acima da hierarquia. Inicialmente iremos situa-la contextualmente em termos históricos na Psicologia em geral. De seguida faremos um breve resumo da biografia do Maslow. E vamos terminar a ver a aplicação desta teoria às organizações, onde a motivação tem sido frequentemente apresentada como o conceito central em comportamento organizacional. Na conclusão apresentaremos um resumo crítico sobre a teoria da motivação.

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2- Contextualização Histórica

Iremos agora fazer uma breve introdução ao conceito da Psicologia Humanista onde se insere a obra de Maslow, para que possamos entender o contexto histórico onde ela surge.

2.1 - A Psicologia Humanista

É um movimento conhecido como a terceira força, surgiu na década de 50 nos EUA e ganhou força nos anos 60 e 70, como uma reacção às ideias de analise apenas do comportamento, defendida pelo Behavorismo e do enfoque no inconsciente, defendido pela Psicanálise. A Psicologia Humanista fundamenta-se nos pressupostos da Fenomenologia, é centrada na pessoa e não no comportamento. Segundo esta concepção, a psicologia não seria a ciência do comportamento, seria a ciência da pessoa. Mais ainda, para esta teoria, o indivíduo é o único que tem potencialidade de compreender a dinâmica de seu comportamento, as suas percepções da realidade e descobrir comportamentos mais apropriados para si. A realidade, para a Psicologia Humanista, deve ser exposta à temporalidade, deve ser fluída e não estática, permitindo que ao indivíduo a perspectiva de sua totalidade, desmistificando a ideia de uma realidade pura, confrontando-a com outras realidades. A integração entre o indivíduo e o mundo, permite que ele sinta a realidade presente, libertando-se das exigências do passado e do futuro. Os seus pontos essenciais eram uma ênfase na experiência consciente, uma crença na integralidade da natureza e da conduta do ser humano, a concentração no livre arbítrio, na espontaneidade e no poder de criação do indivíduo e o estudo de tudo o que tenha relevância para a condição humana. (Schultz, 1981, p 392) Os principais contribuidores deste movimento são: Carl Rogers (1902-1985) e Abraham Maslow (1908-1970). Maslow foi considerado um dos fundadores da psicologia humanista. Durante a sua carreira interessou-se profundamente pelo estudo do crescimento e desenvolvimento pessoal, e pelo uso da psicologia como um instrumento de promoção do bem estar social e psicológico. O facto de ser considerado Humanista desagradava-lhe, ao ponto de afirmar:

-“Nós não deveríamos ter que dizer Psicologia Humanista. O adjetivo deveria ser desnecessário. Eu sou autodoutrinário…. Eu sou contra qualquer coisa que feche portas e corte possibilidades”. 3

2.2- Biografia de Abraham Maslow

Iremos agora encetar um resumo biográfico sobre A. Maslow .

Abraham Maslow foi o filho mais velho de pais judeus que emigraram da Rússia para os EUA, para escapar das condições adversas e tumulto sócio-político. Nasceu em Brooklyn, Nova York, em 1 de Abril de 1908. Ele foi o primeiro dos sete filhos, viveu uma infância bastante infeliz e miserável, segundo o próprio. O seu pai era alcoólatra e pervetido distante que desaparecia por longos períodos de tempo. Para fugir da situação, Maslow refugiava-se nas bibliotecas. Ele cresceu quase sem amigos, dividindo seu tempo entre longas horas de estudo e a ajudar o seu pai a sobreviver. Os livros tornaram-se o seu refúgio, e viu-se mergulhado nas obras de Freud, Jung, Pavlov entre outros. Psicologia despertava-lhe muito interesse. Maslow cedeu aos desejos dos pais de estudar Direito, e, matriculou-se no City College de Nova York para este fim. No entanto, direito não lhe despertou vocação. Ele manteve-se no curso por três semestres, até que desistiu, e resolveu estudar Psicologia. Decidiu casar com sua prima, Bertha Goodman. Ele pediu e obteve transferência para a Universidade de Cornell, mas teve que retornar a CCNY por razões práticas. Finalmente, o casal recém-casado resolveu mudar-se para Wisconsin. Foi em Wisconsin que Abraham Maslow descobriu finalmente a estabilidade e sucesso na sua vida. Em 1930, Maslow terminou o bacharelado em psicologia da Universidade de Wisconsin. Instigado por mentores, como Harry Harlow, terminou o seu mestrado (em 1931) e mais tarde o seu doutoramento (em 1934) no mesmo campo. Durante este período, o casal Maslow deu à luz duas filhas - a Dra. Ellen Maslow e Ann Kaplan. Em Wisconsin, Maslow tornou-se intimamente associado com as experiências de Harlow em primatas. Ele próprio tinha conduzido pesquisa independente sobre o a dominância no comportamento de primatas publicando alguns artigos sobre o assunto. Na mesma época, Thorndike da Universidade de Columbia em Nova York, também publicou artigos sobre o comportamentos animal. Maslow correspondia-se com Thorndike, e no ano seguinte (1935) viajou para Nova York, para continuar seu trabalho de pesquisa na Universidade de Columbia sobre a motivação dos animais. Os investigadores da divisão de psicologia na Universidade de Columbia, estavam envolvidos em ensaios de medição de inteligência das crianças e de adultos e a sua capacidade de aprender. Maslow transitou para esta área de conhecimento, e assim começou a sua próxima fase de crescimento e evolução. Os trabalhos produzidos por ele a partir de 1937 apresentam o seu envolvimento em relação ao comportamento social, traços de personalidade, auto-estima, motivação, relativamente aos seres humanos. 4

Em 1937, Maslow mudou-se para Brooklyn, onde nasceu, e, começou a ensinar psicologia na faculdade de Brooklyn, emprego que manteve durante 14 anos. Foi nessa época que algumas de suas melhores obras foram produzidas. O seu artigo intitulado "A Teoria da Motivação Humana" foi publicado pela primeira vez na revista Psychological Review em 1943, e foi impresso e reimpresso em várias publicações. Em 1951, Abraham Maslow aceitou uma oferta da recém-fundada Universidade Brandeis em Waltham, Massachusetts. Decepcionado com a resposta dos alunos às suas aulas, Maslow passou a dedicar-se à administração da faculdade e à publicação de artigos que culminaram com a obra “Motivation and Personality”, aclamada até hoje pelos seguidores do autor. Na década de 60 após entrar em contato com a obra de Peter Drucker e Douglas McGregor, Maslow envolveu-se com a área de Gestão de negócios. Passou então a correlacionar as teorias de motivação e personalidade com os estudos de gestão. No fim da década de 60, foi honrado como “Humanista do ano” pela Associação Americana de Psicologia, que o elegeu presidente. Em 1962, Maslow fundou a Associação Americana de Psicologia Humanista com figuras como Gordon Allport, George Kelly, Carl Rogers, e Rollo May. Em 1969, aos 61, Abraham Maslow aceitou a bolsa residente da Fundação Laughlin, e mudou-se para Menlo Park, Califórnia. Levando uma vida de semireformado, ele actualizou seu livro “Motivation and Personality”, que ele tinha escrito em 1954. Ele também escreveu mais dois livros. Maslow morreu em 8 de junho de 1970, vítima de um ataque cardíaco, quando passeava próximo à sua residência.

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3- A Contribuição Maslow para Psicologia

Neste capitulo iremos proceder à exposição das principais ideias e teorias que A. Maslow desenvolveu.

3.1- A Visão de Ciência e de Homem

Maslow criticou a análise do homem quando reduzida a apenas uma das suas dimensões, como o organismo, o inconsciente, o comportamento ou os papeis sociais. Ele denomina esse tipo de análise com o termo “atomismo metodológico” (Sampaio cit in MASLOW, 1954, p.23) e a ele opõe seu método de pesquisa e análise que denomina como “holístico dinâmico”. Segundo Maslow (Sampaio cit in MASLOW 1954, p.22):
 - “Nós sabemos que o dado fundamental da Psicologia não é uma contração muscular, nem um reflexo, nem uma sensação elementar, nem um neurônio, nem mesmo uma partícula observável do comportamento visível. É uma unidade muito maior, e mais e mais psicólogos pensam que é no mínimo tão amplo como uma unidade de ajustamento ou ato de adaptação, que necessariamente envolve um organismo, uma situação e um objetivo ou propósito”. Essa posição metodológica fica mais clara quando lemos a descrição que Maslow (Sampaio cit in Maslow 1954, p.25) fez dos procedimentos de uma pesquisa sobre auto-estima, relacionada ao entendimento da personalidade: - “Portanto, antes que qualquer questão fosse feita especificamente a um sujeito, foram feitas explorações sobre as relações do sujeito com sua família, o tipo de sub-cultura em que vive, seu estilo geral de ajustamento aos principais problemas de sua vida, o estilo geral de seus ideais, suas frustrações e seus conflitos. Este procedimento continuava até que o escritor sentia que ele compreendia o sujeito tão bem quanto possível com as técnicas simples que estavam sendo utilizadas”. Aqui podemos ver a tentativa de uma abordagem compreensiva abrangente para o entendimento do homem.

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Os estudos sobre Psicanálise e Antropologia deixaram marcas no trabalho deste autor, que percebeu, que um determinado comportamento pode ter diversos significados subjectivos e que os modelos puramente biológicos são incompletos para entender o homem em sua complexidade. Com este tipo de posição teórico-metodológica, Maslow abandona a análise do comportamento humano como a única unidade de análise, exige a articulação do entendimento da pessoa no seu entorno social, para fugir do individualismo e, ao mesmo tempo, dos reducionismos sociológicos, que se furtam à compreensão do indivíduo, fazendo análises generais a partir de rótulos de pertença a grupos sociais. (Sampaio, 2009 ) Maslow apoia-se, portanto, em uma visão de homem racional, mas às voltas com seus impulsos e desejos; dotado de corporalidade, mas não reduzido a ela; possuidor de uma vida interior, que não pode ser circunscrita à mera manifestação da cultura ou da sociedade e que não se acha descolada delas; em interação interpessoal, mas também com elementos coletivos, é um “todo integrado e organizado” e capaz de escolhas e de criação de significado para a realidade. Esse autor é, entretanto, bastante influenciado pela visão organísmica de homem, na medida em que tenta mostrar qual é o impacto da gratificação das necessidades em ideias, atitudes, interesses, valores e crenças que defende.

3.2- O conceito de Motivação

O mais citado trabalho de Maslow sobre motivação foi publicado em 1943, com o título “Uma teoria da motivação humana”. Nesse trabalho, Maslow apresenta os seus fundamentos para a teoria da motivação, o que é ampliado na publicação de 1954. -“o indivíduo é um todo integrado e organizado. Por consequência, não se pode falar da motivação de um órgão (a boca, o estômago ou a genitália), mas apenas da motivação da pessoa como um todo. ( Sampaio cit in Maslow, p.63) Com essa afirmação, Maslow afasta seu conceito de motivação do conceito de pulsão de Freud. - “O típico impulso, ou necessidade ou desejo, não está e provavelmente nunca estará associado a uma base somática específica, isolada. [...] Considerando todas as evidências que temos em mãos, é muito pouco provável que compreendamos totalmente o desejo de amar, não importa o quanto saibamos sobre o impulso da fome”. (Maslow) 7

Em vez de tentar interpretar as escolhas conscientes (desejos) a partir das pulsões de vida e de morte, Maslow propõe a existência de motivos já relacionados a finalidades encontradas na cultura (necessidades). -“Em outras palavras, portanto, o estudo da motivação deve ser, em parte, o estudo dos objetivos últimos ou desejos ou necessidades humanas” (Sampaio cit in Maslow, 1954, p.66).

Em vez de tentar interpretar as escolhas conscientes (desejos) a partir das pulsões de vida e de morte, Maslow propõe a existência de motivos já relacionados a finalidades encontradas na cultura (necessidades). -“Em outras palavras, portanto, o estudo da motivação deve ser, em parte, o estudo dos objetivos últimos ou desejos ou necessidades humanas” ( Sampaio cit in Maslow, 1954, p.66).

Ao estabelecer o conceito de necessidades, Maslow fica em uma posição delicada. Se as necessidades são relacionadas à cultura, ou seja, o ser humano pode desejar inúmeros objectos, como um carro, uma casa, uma companheira etc., ( Sampaio cit in Maslow, 1943) aponta o que ele considera serem as necessidades básicas: - “Há várias trajetórias culturais para um mesmo objetivo. Portanto, os desejos conscientes, específicos, locais e culturais não são tão importantes na teoria da motivação quanto os objetivos mais básicos e inconscientes”.

Além de relacionar as necessidades básicas, o que será apresentado posteriormente, falta à teoria de Maslow explicar uma dinâmica dessas necessidades. Numa primeira formulação, ele utiliza a gratificação das necessidades para organizá-las em uma hierarquia de preponderância. Ao adoptar a gratificação como critério, ( Sampaio cit in Maslow 1954, p.84) afasta-se da teoria de privação do Behavorismo clássico: - “a gratificação se torna um conceito tão importante como a privação na teoria da motivação, porque ela livra o organismo da dominação de uma necessidade mais fisiológica, permitindo então a emergência de outros objetivos mais sociais”.

A dinâmica da gratificação e a identificação de uma segunda dinâmica para certas necessidades serão discutidas adiante.

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Uma vez propostas as necessidades básicas e um mecanismo geral de interação entre elas, Maslow (1943) limitou o papel da motivação na explicação do comportamento: - “As motivações são apenas uma classe de determinantes do comportamento. Ao mesmo tempo em que o comportamento é motivado, ele também é quase sempre determinado biologicamente, culturalmente e situacionalmente”. Mais ainda, ( Sampaio cit in Maslow 1954, p.294) propõe a existência de comportamento não motivado: - “A gratificação de necessidades permite a emergência de comportamento relativamente não motivado [...]. O organismo permite-se relaxar, ser passivo, aproveitar o sol, ornamentar, decorar e polir os potes e vasilhas (mais do que os usar), jogar e divertir-se, observar coisas sem importância, ser informal e sem aspirações”.

Vê-se que a motivação em Maslow está claramente associada à existência de um propósito, uma finalidade, um objetivo; e que esse propósito incomoda (motiva) a pessoa até que seja atingido. Uma necessidade é, portanto, algo do mundo interno das pessoas cuja privação a mobiliza e cuja gratificação, mesmo que parcial, possibilita a emergência de uma nova necessidade.

Maslow aceita algumas ideias da Psicanálise para a construção de sua teoria motivacional. Ele admite uma dinâmica motivacional em que o desejo é sempre permanente, embora seus objetivos e objetos estejam constantemente a ser mudados pela pessoa.

- “O homem é um animal desejante e raramente atinge um estado de completa satisfação excepto por um curto período de tempo. Assim que um desejo é satisfeito, outro explode e assume o seu lugar” (Sampaio cit in Maslow, 1954, p.69).

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3.3- Teoria da Motivação

Na Teoria da Motivação Humana, Maslow explica que os psicólogos precisavam de uma teoria da motivação “centrada no ser humano" em oposição aos estudos “centrados em animais” de behavioristas como Watson e Skinner. Ele também insistiu que era hora de desenvolver uma teoria especificamente positiva da motivação humana baseando-se nas obras de pessoas como William James, John Dewey, Max Wertheimer, Kurt Goldstein, e Alfred Adler - estudiosos que abordaram os indivíduos como fundamentalmente bons e capazes de crescer. Em contraste com psicólogos que viam as pessoas como produtos relativamente estáticos das seguranças ou dos traumas de infância (como Freud), ou como reatores previsíveis a estímulos externos (como os behavioristas), Maslow argumentou que todas as pessoas são impulsionadas por forças internas da necessidade e satisfação.

-“O homem é um animal eternamente insatisfeito", explicou ele, “e seus desejos infinitos podem guiá-lo em direção a estados transcendentes do ser”. ( Sampaio cit in Maslow, 1943 )

Maslow não desenvolveu uma teoria mecanicista da hierarquia das necessidades, mas uma teoria da preponderância (prepotency) hierárquica das necessidades, em que a influência de uma necessidade estaria associada à gratificação relativa de outra considerada inferior, baseia-se, portanto, na satisfação de necessidades e na motivação para o fazer. A hierarquia das necessidades surge como conceito à medida que Maslow (Sampaio cit in Maslow 1954, p.83) classifica suas categorias como superiores e inferiores, e faz a seguinte consideração sobre sua dinâmica: -“mas o que acontece aos desejos de um homem quando há suficiente pão e quando sua barriga está cronicamente cheia?”

Outras necessidades (superiores) emergem ao mesmo tempo e dominam o organismo, mais do que a fome fisiológica. E quando essas são, por sua vez, satisfeitas novamente novas necessidades (e ainda mais superiores) emergem: -“Isto é o que eu quero dizer quando afirmo que as necessidades humanas básicas estão organizadas em uma hierarquia de relativa preponderância” ( Sampaio cit in Maslow, 1954, p.83).

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O autor divide as necessidades em hierarquias influenciadas pela motivação (as primeiras necessidades são as que mais motivação dão e as ultimas as que só dão motivação quando as restantes estão satisfeitas). As necessidades fisiológicas são os impulsos biológicos e instintivos como comer, respirar, etc. São os mais importantes da hierarquia, estando na base da pirâmide pois são mais básicas e limitantes. -“For the man who is extremely and dangerously hungry,” escreveu Maslow, “no other interests exist but food. He dreams food, he remembers food, he thinks about food, he emotes only about food, he perceives only food and he wants only food.” para este homem, as suas necessidades fisiologicas prementes podem ditar “philosophy of the future,” na qual “utopia can be defied very simply as a place where there is plenty of food.” ( Maslow, 1954 )

Quando estas necessidades são satisfeitas, o indivíduo passa a ter motivação para as necessidades seguintes na pirâmide.

As necessidades de segurança visam a inexistência de ameaças quer a vida do indivíduo quer a sua estabilidade (por exemplo, risco de despedimento do emprego é uma necessidade de segurança insatisfeita). As necessidades sociais são as necessidades do indivíduo manter relações humanas harmoniosas e de se integrar na sociedade. As necessidades de estima englobam o reconhecimento das capacidades do indivíduo (por ele e pelos outros) e a necessidade de respeito e orgulho. Por fim, as necessidades de Auto-realização são as do aproveitamento de todo o potencial do indivíduo, necessidade de crescimento (ligada à necessidade de estima) e a necessidade que o indivíduo tem de fazer o que gosta e quer. Existem duas necessidades adicionais consideradas: a necessidade de conhecer e entender o que rodeia o indivíduo e a necessidade estética que engloba a necessidade que o indivíduo tem de ver beleza, simetria e arte em geral. Desejos de saber e de entender que Maslow considera menos conhecidos, porque não possuem implicações clínicas, a principal base do conjunto de categorias desenvolvido por ele. Entretanto, ele as considera como necessidades e sujeitas à gratificação como as demais. Elas são postuladas por (Sampaio cit in Maslow 1954, p.97) como: -“um desejo de entender, de sistematizar, de organizar, de analisar, de procurar por relações e significados, de construir um sistema de valores”

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Necessidades estéticas que Maslow entende como os impulsos à beleza, à simetria e, possivelmente, à simplicidade e à ordem. Ele afirma que observou essas necessidades em crianças saudáveis, mas que se encontram indícios delas em todas as culturas e em todas as idades.

Fig. 1: Pirâmide das necessidades de Maslow – que embora não fosse utilizada pelo próprio foi adoptada pelos seus defensores mais recentes.

Essas sete grandes categorias compreendem o que Maslow denomina de necessidades básicas, ao contrário do que se encontra na grande maioria dos livros sobre a pirâmide das necessidades que negligenciam as duas últimas. 12

O autor afirma, em passagens como a que se segue, que os desejos de saber e entender e as necessidades estéticas são necessidades básicas (Sampaio cit in MASLOW, 1954, p.97): -“Nós devemos preservar-nos da fácil tendência a separar estes desejos das necessidades básicas que discutimos acima, isto é, de fazer uma dicotomia marcada entre necessidades cognitivas e conativas. O desejo de saber e de entender é conativo em si, isto é, possui a característica de conduzir a um objetivo e é uma necessidade da personalidade assim como as necessidades básicas que já discutimos”.

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4- A motivação no comportamento organizacional

A vida do psicólogo Abraham Maslow esteve repleta de descobertas acerca da motivação e da personalidade, que transcenderam a psicologia académica tradicional e se estenderam para os campos mais vastos da gestão e do marketing. Ele demonstrou preferir o estudo das tendências sociais, quase imperceptíveis para outros, especulando acerca das suas consequências de longo prazo. Maslow relacionou claramente as suas teorias com os acontecimentos do mundo e da sua própria vida. Para ele, os elementos pessoal e social estavam permanentemente interligados. (Bueno, 2002) Em 1969, Maslow publicou um livro chamado Administração Eupsíquica, em que tece considerações, ao tema do trabalho.

A motivação tem sido frequentemente apresentada como o conceito central em comportamento organizacional. No mundo da gestão actual, o conceito de “capital intelectual” converge com as conclusões de Maslow relativas à realização pessoal no local de trabalho. O estimulo para o estudo da motivação decorre sobretudo da sua relação com a produtividade. Por exemplo, se um gestor conseguir identificar o nível hierárquico que um funcionário atingiu, ele pode, então, motivá-lo da forma mais apropriada. De modo geral, os gestores profissionais acham valioso e sensato o conceito de Maslow. O comportamento das pessoas dentro da organização é complexo, depende de factores internos (decorrentes de suas características de personalidade, como capacidade de aprendizagem, de motivação, de percepção do ambiente externo e interno, de atitudes, de emoções, de valores, etc.) e externos (decorrentes do ambiente que envolve as características organizacionais, como sistemas de recompensas e punições, de factores sociais, de políticas, de coesão grupal existente, etc.).

Schneider e Alderfer (1973) relatam os resultados de três estudos nos quais não se constatou a existência das necessidades básicas em ambiente organizacional, possivelmente por não terem sido definidas por Maslow para tal fim.

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5- Conclusão

Neste trabalho, realizou-se um estudo da obra de Abraham Maslow com o objetivo de identificar a trajetória e as principais modificações e aplicações desenvolvidas por esse autor em sua teoria de motivação humana. Constatou-se que, ao contrário da concepção mecanicista e reducionista feita por muitos behavoristas e psicanalistas, Maslow desenvolveu uma proposta teórica de base multidisciplinar, fundamentada em muitas estratégias de pesquisa e que foi sendo reformulada por toda a sua obra. Ele sustentou durante toda a sua vida a teoria da preponderância das necessidades. Ao contrário do que possa parecer, o autor via com reservas a aplicação de sua teoria ao mundo do trabalho e não entendia a motivação dos trabalhadores como suficiente para o sucesso das organizações. Ele defendia que as pessoas poderiam querer realizar-se em outros espaços sociais que não apenas o trabalho. O conceito de necessidade desenvolvido por Maslow fala da motivação interna, ou seja, intrínseca, entretanto, há que considerar que ela está articulada ao mundo exterior (onde se encontram os objetos de satisfação dos desejos) e mediada pela consciência (de si e do outro) e pelas relações sociais, isto é, não é possível falar-se em gratificação sem considerar a inserção e o relacionamento humano no mundo social. Uma das críticas que surge sobre a teoria de Maslow é que, ao definir um conceito geral de motivo e tentar descrever padrões de funcionamento dos motivos no homem, ele não irá conseguir sustentar a aplicação de conceitos como a homeostase (equilíbrio fisiológico interno do organismo) aos motivos culturais. Ainda existem implicações na sustentação da teoria hierárquica das necessidades. Não se pode afirmar que as ideias de Maslow se apliquem, ou seja, válidas para a maioria das pessoas de um grupo social. A motivação para o crescimento não é universal, depende dos talentos e das características de cada pessoa. As ideias de Maslow não podem ser empregadas como um princípio para se realizar recomendações de políticas de gestão, pois elas não se encontram validadas. O comportamento do trabalhador, embora influenciado, não é totalmente explicável pela motivação. 


Embora existam críticas significativas à sua teoria, devem-se valorizar as suas contribuições.

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6- Referencias Bibliográficas

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