Usos do Nacionalismo na Eleição Provincial de Abril de 2014 no Quebec

June 8, 2017 | Autor: Oscar Berg | Categoria: Political Science, Nationalism, Quebec, Eleições, Nacionalismo, Nationalisme Québécois
Share Embed


Descrição do Produto

USOS DO NACIONALISMO NA ELEIÇÃO PROVINCIAL DE ABRIL DE 2014 NO QUEBEC1 Autor: Oscar Augusto Berg2 Orientadora: Tatiana Vargas Maia3 RESUMO O presente artigo tem como objetivo principal determinar o papel que o nacionalismo ocupou na eleição de 7 abril de 2014 na Província do Quebec, no Canadá, de modo a analisar se o nacionalismo e o projeto independentista continuam a ser úteis na compreensão do Quebec contemporâneo. Para atingir este objetivo, realizamos, inicialmente, uma pesquisa documental junto a três jornais quebequenses francófonos, La Presse, Le Devoir e Le Journal de Montréal. Identificamos um total de 490 notícias relacionadas à questão nacional quebequense, publicadas ao longo da campanha, o que revela a notável atenção recebida por esta temática na cobertura midiática das eleições. A análise qualitativa destes dados nos permitiu identificar que todos os partidos se referiram à questão nacional, adotando, bem entendido, pontos de vista diferentes sobre este debate a apresentando visões concorrentes sobre o futuro político do Quebec. Concluímos que o nacionalismo e o projeto independentista continuam úteis, senão necessários, para compreender o Quebec contemporâneo. Palavras-chave: Quebec (Canadá). Nacionalismo. Minorias Nacionais. Parti Québécois

1 INTRODUÇÃO Em 7 de abril de 2014, a população do Quebec, província do Canadá, foi chamada às urnas pela 41ª vez. Neste dia, os quebequenses infligiram uma dura derrota ao Parti Québécois (PQ), desmentindo todas as sondagens de início de campanha, que apontavam,

1

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso Relações Internacionais do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Relações Internacionais. Data da entrega: 27 nov. 2015. 2 Graduado em Relações Internacionais pelo Unilasalle. Foi bolsista Futuros Líderes das Américas (ELAP/PFLA) do Governo do Canadá na Université du Québec à Montréal (UQAM). E-mail: [email protected]. 3 Coordenadora e Professora Titular do Bacharelado em Relações Internacionais do Unilasalle. Doutora em Ciência Política pela Southern Illinois University – Carbondale. Ela se interessa pela pesquisa de identidades políticas, nacionalismo e estudos de genro. E-mail: [email protected].

2

em meados de março daquele ano, o PQ como o provável vencedor do pleito. Assim, longe de alcançar o seu objetivo de conquistar 75 distritos (Salvet, 2014), o PQ venceu em apenas 30, recebendo a segunda menor votação de sua história. Ao passo que alguns analistas e comentaristas políticos anunciaram esta derrota como “uma crise de identidade” (Boisvert, 2014, p. A6), “uma sanção” (Descôteaux, 2014, p. A1), ou mesmo, o início “de um longo inverno” (David, 2014, p.A3), outros irão ao ponto de anunciá-la como a morte do nacionalismo quebequense (McParland, 2014; Patriquin, 2014), pois, como afirma o ensaísta Bernier Arcand: A corrente nacionalista foi, majoritariamente, brutalizada. Nós podemos até mesmo nos perguntar se a baixa votação do PQ não seria uma forma de negação do nacionalismo, tanto que este partido encarnara sua essência durante a eleição de 2014 (2015, p. 9-10).

O emprego do argumento nacionalista como fator explicativo da derrota do PQ pode parecer estranho, afinal, a partir do fracasso do segundo referendo sobre a independência do Quebec, em 1995, o próprio partido havia deixado de lado a determinação em promover este ideal, preferindo aguardar “condições vitoriosas” para organizar um terceiro referendo sobre a independência, cuja perspectiva fora, finalmente, trocada pela promoção da ideia de “governança soberanista”, quando o PQ retomou o poder, em 2012. Ainda, muitos pesquisadores modernistas e pós-modernistas indicavam o nacionalismo como um fenômeno condenado a desaparecer em um mundo globalizado (Keating, McGarry, 2001, p. 4; Kymlicka, 2001, p. 61). Esta oposição entre uma ideia que se acreditava desaparecida do cenário político quebequense e que, como demonstraremos, acabou por se fazer presente na campanha, chamou a nossa atenção para o estudo da eleição provincial quebequense de abril de 2014. Na presente pesquisa, nós buscamos, portanto, determinar o papel que o nacionalismo ocupou na disputa eleitoral, de modo a responder ao seguinte questionamento: o nacionalismo e o projeto independentista continuam a ser úteis na compreensão do Quebec contemporâneo? Para atingir este objetivo, realizamos, inicialmente, uma pesquisa documental junto à mídia escrita quebequense, através da qual identificamos um conjunto de notícias relacionadas à questão nacional, publicadas ao longo da campanha. Em um segundo

3

momento, analisamos estas notícias de maneira a decodificar os usos do nacionalismo na eleição de abril de 2014. O texto que segue foi dividido em três sessões: as duas primeiras promovem uma discussão mais conceitual a respeito do nacionalismo e do desenvolvimento destas ideias no Quebec, bem como uma revisão bibliográfica acerca de alguns aspectos da história do Quebec e de seu sistema político, enquanto a terceira apresenta os resultados de nossa análise quantitativa e qualitativa sobre o papel e os usos do nacionalismo na eleição de abril de 2014. Ao final, as conclusões deste artigo confirmam que o nacionalismo ocupou, de fato, um papel preponderante nesta eleição, conforme nos indica o nosso levantamento junto à mídia escrita local. Esta constatação deve ser lida, entretanto, com precaução, como explicaremos abaixo: “o fato do nacionalismo ter sido mencionado de maneira notável durante a campanha não significa, automaticamente, que ele esteja pressagiado a recuperar seu domínio na cena política quebequense, como nos anos da Revolução Tranquila, nem mesmo que o Quebec se dirija, necessariamente, a um novo referendo sobre a independência”. Esta importante contradição se deve, como demonstraremos, ao fato do nacionalismo ter sido usado muito mais pelos detratores do projeto de independência quebequense para prejudicar as formações independentistas, do que por estas, que, além de tudo, registraram uma grande dificuldade em articular um projeto nacionalista e independentista claro aos olhos dos eleitores quebequenses e de acordo com suas preocupações e preferências políticas.

2 O FENÔMENO NACIONALISTA E SEU DESENVOLVIMENTO NO QUEBEC Conforme afirmam Cardinal e Papillon, “o estudo do Quebec diz respeito aos grandes movimentos políticos, econômicos e sociais marcantes da modernidade política” (2011, p. 76). Este objeto de estudos, o Quebec, é descrito tanto como um enigma, quanto como um laboratório (Laliberté, 2009, p. 13), “[que permite] identificar, entre outros, os principais desafios relativos à memória, às identidades e o pluralismo com que se confrontam as pequenas nações nas democracias liberais avançadas” (Gagnon, 2003a, p. 13-14). A noção de pequenas nações, a qual Gagnon se refere é um termo que sofre da falta de um consenso

4

acerca de sua conceitualização (Cardinal, Papillon, 2011, p. 78), o que acaba por produzir alguns problemas para o seu estudo, dentre eles, o seguinte: No lugar de estudá-las da mesma maneira que as grandes nações, ou seja, como conjuntos construídos no seio dos quais existe uma multiplicidade de atores, as pequenas nações foram representadas mais em função de um suposto sentimento coletivo de insegurança que em função de sua situação geográfica, demográfica e, até mesmo, política. A histórica oposição entre o nacionalismo cívico dos EstadosNação e o nacionalismo étnico das pequenas nações deve ser compreendido neste contexto (Cardinal, Papillon, 2011, p. 79).

Em reação a esta condição de vulnerabilidade e incertezas quanto ao seu futuro, as ditas nações pequenas acabariam por tentar se fechar sobre si, se protegendo dos fluxos de ideias característicos da modernidade, os quais, em última análise, ameaçariam a sua própria existência. Portanto, “[autores como] Ignatieff, assim como Franck e Hollinger automaticamente assumem que nacionalismos minoritários são nacionalismos étnicos” (Kymlicka, 2001, p. 69), no qual o critério de pertencimento à nacionalidade se baseia no sangue, na ascendência familiar (Monière, 2001, p. 11-12). Assim, é o desenvolvimento de uma nação exclusivista que as protegeria da influência do outro, do diferente. O problema desta abordagem é que ela não é capaz de dissociar as sociedades identificadas como pequenas nações dos nacionalismos que as perpassam – como se tratassem-se de dois sinônimos perfeitos – assumindo, ainda, que estes últimos seriam inerentemente étnicos. De modo a superar esse problema, muitos autores têm realizado notáveis esforços de conceitualização para o estudo destas sociedades: Kymlicka (2001b) e Taylor (1992), por exemplo, falam em minorias nacionais, enquanto Keating (2003) desenvolve a noção de nações sem estado. Estas definições, notadamente, têm permitido compreender pequenas nações a exemplo de Catalunha, Flandres e Quebec, como grupos que veem a si mesmo como nações distintas no seio de Estados maiores, que, utilizam justamente o nacionalismo para obterem maior autonomia e reconhecimento (Kymlicka, 2001a, p. 62). Além disso, a ideia segundo a qual os nacionalismos característicos destas sociedades apresentariam determinada tipologia de maneira automática é abandonada em proveito de uma abordagem particular: “nacionalismos minoritários não são inerentemente anti-liberais, pré-modernos ou xenofóbicos. Alguns o são; outros não. Nós devemos observar cada caso de nacionalismo minoritário de acordo com seus próprios parâmetros e examinar a natureza de seus entendimentos sobre si e de suas aspirações” (Kymlicka, 2001b, p. 79).

5

Nos interessa, a partir de agora, situar o Quebec neste grande debate a luz de suas particularidades e de seu próprio percurso histórico. O desenvolvimento do nacionalismo no Quebec é diretamente tributário da evolução histórica da província, em específico, da relação entre a sua origem francesa e o domínio britânico que nela se exerce a partir de 1759, ano em que as tropas britânicas vencem os franceses na Batalha das Planícies de Abrãao e lhe tomam a possessão da Nova França, transformando-a em The Province of Quebec. Em 1759-60, ocorre um drama que, mais do que qualquer outro acontecimento subsequente, influenciará maciçamente a história do Quebec: trata-se da Conquista da Nova França pelo exército britânico. O Quebec deixa então de pertencer à França e torna-se colônia britânica (Jones, 1999, p. 173).

Apesar do nacionalismo ainda não surgir neste momento, a Conquista Britânica – La conquête – é futuramente reinterpretada pelas elites quebequenses, ganhando a significação de elemento fundador da consciência nacional, “uma espécie de pecado original, o traumatismo por excelência. Ainda hoje os quebequenses continuam conscientes de ser um povo conquistado. A ferida não foi curada”, afirma Balthazar (2013, p. 48). Este autor situa o surgimento do nacionalismo no Quebec, ou seja, do “movimento que consiste em dar uma prioridade ao pertencimento nacional e a lutar para um melhor reconhecimento da nação a qual pertence-se” (2013, p. 22) no final do século XIX, quando a província é dotada, pela primeira vez, de instituições democráticas, possibilitando a participação popular na gestão dos assuntos públicos, condição que seria fundamental para a ocorrência de um movimento nacionalista (2013, p. 41). Desde então, percebemos a ocorrência de três manifestações nacionalistas principais no Quebec: canadense/canadien, canadensefrancês/canadien-français e quebequense/québécois. É interessante notar que cada uma dessas manifestações nacionalistas se reporta a identidade adotada pela população francófona do Quebec em um dado momento: É, em primeiro lugar, o nacionalismo canadense que corresponde ao período da província do Baixo Canadá (1791-1838) e ao movimento patriota que dominou a vida política canadense ou baixo-canadense desta época. É, em seguida, o nacionalismo canadense-francês que corresponde ao recolhimento de um povo, tornado minoritário, sobre si mesmo e sobre suas tradições. É, enfim, o nacionalismo québécois que se manifesta a partir de 1960 com a Revolução Tranquila e uma nova tentativa de afirmação política da nação (2013, p. 39).

6

A transição do nacionalismo canadense-francês ao nacionalismo quebequense se inscreve em um movimento global de contestação “da autoridade sob todas suas formas” (Jones, 1999, p. 184), o qual, no caso do Quebec, é representado pela dita Revolução Tranquila, um período de importantes reformas políticas, institucionais e sociais, lançada pelo governo liberal de Jean Lesage, em 1960, que se estende, segundo uma compreensão ampla, até 1980 (Linteau et al, 1989, p. 421) e que busca acelerar um processo de atualização e modernização que começara após a guerra, mas que no Quebec foi consideravelmente freado pelo conservadorismo do governo Duplessis. Esse processo implica a tomada pelo Estado de instituições dominadas até então pelo setor privado, notadamente a Igreja Católica, a fim de lhes dar uma nova racionalidade e de democratizar seu acesso. Três setores em particular, a educação, a saúde e os assuntos sociais veem suas estruturas e seus programas serem profundamente transformados. O Quebec se inscreve daqui para frente sem equívoco no marco do Estado Providência (Linteau et al, 1989, p. 422).

A partir de então, os quebequenses empreendem uma grande contestação do nacionalismo canadense-francês, esvaziando dois de seus componentes principais, a saber, a referência à religião (católica) e a etnia (branca/europeia) comum aos canadenses-franceses (Milot, 2009, p. 67), e refutando seu objetivo de sobrevivência/survivance. Assim, a Igreja Católica se torna incapaz de exercer seu habitual papel de mobilização social e até mesmo uma parte significativa do clero irá criticar a sua tutela histórica sobre a sociedade quebequense (Balthazar, 2013, p. 143). A referência étnica é substituída pela territorial na medida em que no lugar de se identificar aos demais francófonos do país, os quebequenses francófonos se conscientizam de que, ao menos no interior do Quebec, eles formam uma ampla maioria4 e, portanto, não poderiam mais compartilhar das mesmas preocupações daqueles que mantiveram a identidade canadense-francesa. Os quebequenses passam, então, a empreender a construção de um Estado moderno, único no seio do Canadá (Gagnon, Montcalm, 1992, p. 60), o qual assume o objetivo de facilitar a emancipação dos quebequenses francófonos (Balthazar, 2013, p. 147). O desejo da população é não mais apenas sobreviver, mas se afirmar enquanto nação.

3 POLARIZAÇÃO POLÍTICA E SISTEMA DE PARTIDOS NO QUEBEC 4

Esta situação de uma francofonia minoritária na escala do Canadá, porém, majoritária no interior da província do Quebec perdura até hoje. Em 2011, o francês era a língua materna de 22% dos canadenses e 79,7% dos quebequenses. Descontando os dados do Quebec, 4,2% da população das demais províncias canadenses têm o francês como língua materna (Gouvernement du Canada, 2011, p. 2-3).

7

A emergência de uma nova identidade e do nacionalismo québécois, nos anos 1960, impactou diretamente na vida política quebequense. A grande transformação que acontece, então, é que, pela primeira vez, a opção independentista deixa de ser uma opção marginal e se convida ao centro do debate. Essa transformação é possível, de maneira significativa, pelos esforços de René Lévesque, um ex-ministro do governo Lesage, que enxerga na permanência do Quebec na federação canadense “um beco sem saída conjunto [...] [no qual] ao desperdiçaram o seu mais precioso potencial, [Canadá e Quebec] acabariam por se danificar completamente o suficiente para aspirarem apenas a desaparecer no amplo contexto americano” (Lévesque, 1997, p. 181 e 184) e, de modo a evitar este cenário, investe na opção independentista quebequense. Ele apresenta, notadamente, a ideia de associação-soberania: uma fórmula de compromisso “entre a manutenção do Quebec no regime federal canadense, por um lado, e, por outro lado, a independência completa do Quebec” (Bernard, 1997, p. 9). Ela comportaria, portanto, o acesso do Quebec “ao conteúdo essencial da independência, ou seja, ao pleno controle de todas e cada uma de suas principais decisões coletivas” (Lévesque, 1997, p. 186), ao mesmo tempo em que uma estrutura econômica e monetária comuns viria a associar os dois Estados independentes (Lévesque, 1997, p. 187-215). Influenciado pela proposta de Lévesque, o sistema partidário quebequense sofre uma profunda reorganização em torno de um novo eixo estruturante, no qual a oposição entre as diferentes formações políticas passa a se dar em função da seguinte questão: qual a natureza das relações que o Quebec deve estabelecer com o restante do Canadá? Essencialmente três respostas foram apresentadas a esse questionamento: o federalismo canadense, a independência do Quebec ou a busca pela autonomia provincial. Os partidos têm se posicionado em função de cada uma destas três respostas. Isto significa dizer que no Quebec, ao contrário da maior parte das sociedades ocidentais, a polarização entre os partidos na arena política não se dá tanto pela clivagem esquerda-direita, mas, sobretudo, pela oposição entre os favoráveis à independência do Quebec, os souverainistes (“soberanistas” ou independentistas) e os favoráveis à manutenção do Quebec no Canadá, os fédéralistes/federalistas (Gagnon, May, 2009, p. 121). Esta polarização entre os partidos políticos e o sistema político quebequense de tipo britânico – caracterizado pelo modo de

8

escrutínio uninominal majoritário de um turno – favoreceram o desenvolvimento do bipartidarismo no Quebec, como podemos perceber no gráfico abaixo: 60 50 40 30 20 10 0 1973 1976 1981 1985 1989 1994 1998 2003 2007 2008 2012 2014 PLQ

PQ

Terceiros

Gráfico 1: Histórico das eleições no Quebec 1973-2014. Fonte: Autoria própria, baseado nos dados do Directeur Général des Élections du Québec.

Assim, entre os anos 1970 e 2000 o essencial da competição eleitoral foi assegurado pela disputa entre dois partidos, o Partido Liberal do Quebec (PLQ) e o PQ. Este comportamento foi possível, pois este período corresponde aos anos de auge do debate sobre o futuro do Quebec e tanto o PLQ quanto o PQ representam os polos deste debate, respectivamente, o campo federalista e o campo independentista. Desta maneira, o governo René Lévesque organizou, em 1980, um primeiro referendo sobre a independência do Quebec, no qual foi submetida à aprovação popular a ideia de negociação da associaçãosoberania entre os governos do Quebec e do Canadá. Esta consulta se saldou por uma dura derrota do campo independentista, 60% dos votos se pronunciando contrários ao mandato de negociação. Em 1995, os quebequenses tiveram uma segunda oportunidade de se pronunciar sobre sua eventual independência e, uma vez mais, esta proposta é recusada: uma diferença de cerca de 55 mil votos separou os nacionalistas de alcançar seu objetivo independentista. As dolorosas derrotas do campo independentista condenaram o nacionalismo quebequense a um forte declínio, pois: Assim como no dia seguinte às rebeliões de 1837-1838 e do pós-referendo de 1980, o fracasso da soberania-parceria de 1995 dá lugar a uma forte reação do poder dominante, que se traduz por novos esforços de consolidação uma grande nação canadense (Balthazar, 2013, p. 263).

9

Na sequência do primeiro referendo, a reação do governo canadense se deu na forma da repatriação unilateral da constituição canadense, em 1982, sem o consentimento do governo do Quebec. Já no segundo, o Parlamento do Canadá aprovou a o projeto de lei C-20, que impôs critérios mínimos em termos da clareza da pergunta submetida à aprovação da população por meio de referendo e da maioria mínima que os independentistas devem obter para que o governo do Canadá aceite negociar com o governo quebequense (Lajoie, 2003, p. 179). Enquanto a repatriação da constituição pode ser considerada como uma das razões por detrás do ressurgimento do nacionalismo no Quebec no início dos anos 1990, a lei sobre a clareza não teve o mesmo efeito, apesar de importantes vozes do nacionalismo quebequense a descreverem como um impedimento ao exercício da democracia (Duceppe, 2000, p. 14) e o condicionamento do Quebec à “opressão da liberdade política e de imposição de uma nova ordem constitucional” (Gagnon, 2003b, p. 177). Nem mesmo a denúncia do referendo de 1995 como uma eleição “roubada” (Philpot, 2005) foi capaz de produzir um nacionalismo mais incisivo entre os quebequenses e os levar a realizar um terceiro referendo. No pós-referendos, observamos, ao contrário, a entrada com força de assuntos econômicos e sociais no debate político em detrimento do interesse pela questão nacional e pelo futuro político do Quebec. Assim, são cada vez mais questões ligadas ao papel do estado na economia e à gestão das finanças públicas que tem retido a atenção dos eleitores quebequenses (Bastien, Bélanger, Gélinau, 2013, p. 17). Até mesmo o PQ, sob a liderança de Lucien Bouchard, colocou o objetivo de atingir o equilíbrio orçamentário acima da obstinação em realizar um novo referendo. A mise en veuilleuse, ou a perda de intensidade, do debate nacionalista teve como efeito, também, a transição de um sistema bipartidário para um multipartidário no Quebec, a partir dos anos 2000, como demonstra o Gráfico 1, acima. A competição de PLQ e PQ com os partidos terceiros se viu incrementada (Godbout, 2013, p. 32), a ponto do Quebec se tornar a província canadense com o maior número de partidos competitivos (Perrella, Tanguay, 2013, p. 50). O partido Coalizão Futuro Quebec (CAQ) aparece como um caso emblemático desta possível “nova fase de realinhamento eleitoral marcada pela transição de um sistema partidário articulado em torno da questão da soberania do Quebec[...] em direção a outro sistema, este estando estruturado mais em torno do eixo ideológico esquerda-direita”

10

(Bastien, Bélanger, Gélineau, 2013, p. 16). Fundada por François Legault, um ex-membro do PQ e relator do famoso “Orçamento do Ano 1”5, a CAQ propôs entre os anos de 2011 e 2015 decretar a moratória sobre a questão nacional6 e voltar todas as suas atenções para a recuperação econômica do Quebec, por meio, sobretudo, de cortes de impostos e da defesa do poder de compra da classe média (Coalition pour l’Avenir du Québec, 2011). O estudo de Nadeau e Bélanger sobre o comportamento eleitoral dos quebequenses confirmou que, diferentemente dos eleitores do PLQ e do PQ, os partidários da CAQ não apresentam uma posição homogênea a respeito da questão nacional. O seu ponto de convergência, por outro lado, é a identificação à direita, quando considerada esta fonte de clivagem política (Nadeau, Bélanger, 2013, p. 197). Isto parece confirmar as suspeitas de Bastien, Bélanger e Gélineau de reestruturação da política quebequense. O estudo de caso da eleição provincial quebequense de 2012 confirmou as suspeitas de que o sistema político quebequense se dirigia a uma clivagem esquerda-direita. Contudo, não ficou claro, se esta transformação se faria em detrimento do papel da questão nacional no debate político, conforme percebemos nesta passagem de Nadeau e Bélanger: A presença de uma oferta política variada se traduziu, inicialmente, por uma maior tipificação do perfil sociodemográfico dos grupos partidários no Quebec. A época na qual a polarização sobre a questão nacional contribuía para eliminar estas distinções parece superada, ao menos por um tempo. Dito isto, o debate sobre o futuro do Quebec continua a influenciar as escolhas eleitorais [...]. As considerações anteriores sugerem que a questão nacional, ainda que continuando fundamental para muitos eleitores, não pesa tanto quanto antes nas escolhas e que os debates tradicionalmente associados à clivagem esquerda-direita exercerão um papel mais importante ao longo dos próximos anos no Quebec. Dito isto, a divisão entre a direita e a esquerda no Quebec não terá, sem dúvidas, o mesmo poder de mobilização que a questão nacional. Isto quer dizer que as variáveis pesadas exercerão provavelmente uma influência menor sobre as escolhas dos eleitores no futuro e que estes serão influenciados mais por fatores de curto prazo, como os assuntos de campanha e a imagem dos chefes. Neste contexto, é razoável pensar que as próximas lutas eleitorais visarão a convencer um segmento relativamente limitado de eleitores moderados de que um chefe e seu partido é mais apto que os outros a oferecer aos quebequenses um governo honesto e competente. [...] Menos dominado pela questão nacional, o jogo político no Quebec poderia se tornar mais aberto e menos previsível, na medida em que as

5

Documento criado pelo PQ, no qual Legault estabelece o estado orçamentário do Quebec em seu primeiro ano como país independente. Notadamente, ele afirma que nesta condição, o Quebec seria capaz de produzir 17 bilhões de dólares canadenses em superávits ao longo de cinco anos (Radio-Canada, 2005). 6 No ano de 2015, a direção da CAQ decidiu, no entanto, reorientar a formação que passou a se afirmar como “nacionalista”, em oposição ao PLQ liberal e PQ independentista. Esta virada vem a confirmar nossa hipótese de que após um ensaio de queda da importância da questão nacional, ela volta a estar no centro do debate político no Quebec.

11

escolhas dos eleitores seriam guiadas em maior medida por fatores do curto prazo. (2013, p. 206-207).

O resultado da eleição de 2012 – a vitória minoritária do PQ, que deu fim à quase dez anos de governos liberais – pode ser compreendido à luz da constatação destes autores. Contudo, o que tentaremos demonstrar a seguir é que a eleição de 2014 representa um turning point na perspectiva da substituição da clivagem sobre a questão nacional para a polaridade esquerda-direita. Nesta disputa, não apenas a temática nacionalista tomou um grande espaço na campanha, como o posicionamento dos eleitores sobre o projeto de independência do Quebec é uma fonte de primeiro plano para a compreensão e a explicação do resultado eleitoral.

4 OS USOS DO NACIONALISMO NA ELEIÇÃO DE ABRIL DE 2014 De modo a determinarmos o papel que a temática nacionalista ocupou na campanha da eleição provincial quebequense de abril de 2014 realizamos uma pesquisa junto à mídia impressa do Quebec. Escolhemos três jornais: La Presse e Le Devoir, ambos publicados em Montreal, por sua abrangência em todo o território quebequense, e o Journal de Montréal, que apesar de sua distribuição concentrada em Montreal e sua região metropolitana, é a publicação com a maior tiragem em toda a província (Centre d’Études sur les Médias, 2015, p. 12). Através da base de dados Eureka.cc, fizemos uma seleção de artigos publicados entre os dias 5 de março de 2014 – data do lançamento da campanha eleitoral – e 8 de abril de 2014 – dia seguinte à eleição – relacionados ao nosso objeto de estudos: o nacionalismo quebequense. Para selecionarmos estes artigos, criamos uma espécie de dicionário temático contendo palavras-chave que nos permitiram determinar quais artigos eram pertinentes à eleição e ao nosso foco de pesquisa7. Nossa análise dos usos do nacionalismo se centra, inicialmente, em uma análise quantitativa dos dados recolhidos junto à imprensa, e, a seguir, em uma análise qualitativa.

7

A escolha das palavras-chave levou em consideração o dicionário temático desenvolvido por Lawlor e Bastien (2013) para a análise da campanha de 2012. Algumas das palavras-chave escolhidas por estes autores foram mantidas nesta pesquisa, enquanto outras, relacionadas ao contexto da eleição de 2012, foram substituídas por assuntos mais pertinentes à campanha de 2014.

12

Ao total, identificamos 490 artigos que mencionassem, ao menos uma vez, uma das cinco palavras-chave escolhidas8. Destes, (184) foram publicados no Journal de Montréal; (156) no Le Devoir e (150) na La Presse. Sob o plano do formato do artigo, encontramos: (230) notícias propriamente ditas; (198) artigos de opinião; (54) manifestações de leitores e; (8) editoriais. No Gráfico 2, abaixo, percebemos como os artigos mencionados se comportaram em função do tempo, ou seja, ao longo dos trinta e três dias de campanha. 30 25 20 15 10 5 0

Declaração de candidatura de Péladeau Debate TVA

Debate Radio-Canada Artigos Questão Nacional

Gráfico 2: Artigos mencionando a questão nacional Fonte: Autoria própria, dados retirados da listagem presente no Anexo 01

Analisando o Gráfico 2, percebemos que existem momentos da campanha em que são atingidos picos tanto positivos quanto negativos da menção à temática da questão nacional. Por exemplo, no dia 30 de março temos o registro do menor número de artigos mencionando esta questão (3), sendo que no dia seguinte à eleição, 8 de abril, atingimos o maior número de artigos a mencionando (26). No entanto, para além destes picos mínimo e máximo, observamos que em todo o período encontramos uma considerável variação da menção da questão nacional, o que denota a sua permanência em toda a campanha e, portanto, a importância que este tema tomou para o escrutínio.

8

São elas: Indépendance (Independência); Livre Blanc (Livro Branco); Question nationale (Questão nacional); Référendum (Referendo) e; Souveraineté (Soberania).

13

Para uma análise mais precisa a respeito do papel do nacionalismo e de seus usos na eleição de 2014, devemos ir além da simples análise quantitativa e nos interessarmos pela análise qualitativa da curva que o Gráfico 02 apresenta. Ou seja, devemos responder a seguinte pergunta: quais foram as razões pelas quais a curva de artigos mencionando a questão nacional pode voltar a crescer após uma queda e, finalmente, apresentar esta evolução? Acreditamos que isto se deve a eventos particulares de grande impacto midiático relacionados à questão nacional, como aqueles colocados no Gráfico 01 na forma de colunas. Assim, a análise qualitativa que se segue considerará estas quatro etapas de desenvolvimento da questão nacional na campanha eleitoral, delimitadas pelas três referidas colunas, de modo a demonstrar qual o uso do nacionalismo e do projeto independentista nelas. Deste modo, poderemos, ao final, concluir sobre os usos do nacionalismo nesta eleição. Ao nos atermos ao curto mandato governamental de Pauline Marois, concluímos que era previsível que o nacionalismo ocuparia um papel significativo em meio a uma campanha eleitoral, na medida em que Marois propusera uma Carta dos Valores Quebequenses, na qual foi questão de realizar um grande debate sobre a identidade quebequense, em especial, suas relações com a diversidade étnica, cultural e religiosa. Por outro lado, a promoção do projeto independentista não apareceu como uma prioridade do governo Marois: sofrendo a restrição de não dispor de maioria parlamentar, Marois, no lugar de propor um novo referendo, se contentou em apresentar a ideia de governança soberanista, a qual não foi poupada de críticas entre os militantes do PQ mais apressados em realizar a independência (Landry, 2012, p. A9). Logo, era menos claro que esta questão ocuparia um papel importante na eleição a ser realizada. Os primeiros quatro dias de campanha, contudo, vieram a comprovar o contrário: não apenas o nacionalismo, mas também a questão da independência seria evocada pelos partidos políticos. Em sua declaração de campanha, Marois fez apenas uma breve alusão a Carta dos Valores, reforçando a sua contribuição para a igualdade de sexos e a neutralidade religiosa do Estado (Lessard, Journet, 2014). O adversário liberal, Philippe Couillard, possivelmente, incentivado pela declaração do então Ministro do Meio-Ambiente, Yves-François Blanchet, que afirmara uma semana antes do início da campanha que: “Nunca houve um ciclo do PQ sem uma consulta sobre a soberania”

14

(Apud. Lessard, 2014c, p. A5), seguiu um caminho inverso, sendo mais incisivo em suas referências à questão nacional: O modo de operação deste governo é a divisão [...] A divisão, em primeiro lugar, entre os quebequenses, entre as comunidades [...] Igualmente, a divisão por meio de sua verdadeira agenda, seu real objetivo, que é a separação do Quebec. Está marcado no slogan deles: ‘Por um Quebec independente’. Então, digamos claramente aos quebequenses: o retorno do Parti Québécois ao governo é a garantia de um referendo sobre a independência do Quebec (Couillard, 2014).

A referência à questão nacional nos primeiros dias de campanha orbitou, ainda, em torno do anúncio de Pauline Marois que ela promoveria a redação um livro branco sobre o futuro do Quebec, abandonando o projeto de estabelecer uma cidadania quebequense. Além disso, a Primeira-Ministra manteve uma posição ambígua sobre a realização de um referendo em caso de vitória do PQ: “não há compromisso em realizar um referendo, mas também não há nenhum compromisso em não realizá-lo, eu acredito que é preciso manter a agenda aberta” (Apud. Lajoie, 2014, p. 6). Diferentemente do PQ, outros partidos independentistas como Quebec Solidário (QS) e Opção Nacional (ON) reafirmaram seu engajamento em centrar suas campanhas sobre a questão da soberania e a realizar, ao curso de um primeiro mandato, um referendo sobre a independência (Bouthillier, 2014, p. 26; Normandin, 2014, p. A4). Em editorial do jornal La Presse, André Pratte afirmou que: A eleição do PQ não é apenas o risco de um referendo. É também a retomada do debate sobre a separação, com tudo o que isto implica em dores e tensões. Com efeito, se o Parti Québécois obtiver a maioria, ele vai fazer de tudo para dar corpo a sua opção [...] É da nossa opinião que, contrariamente à Primeira Ministra, a maioria dos quebequenses não deseja reviver os conflitos [referendários] (2014, p. A.22).

Acerca do papel da questão nacional no início da campanha, Marissal afirma: “O fato de falarmos, tão cedo nesta campanha, de um eventual referendo é um sinal evidente da vantagem do PQ. Para muitos, a eleição de um governo Marois majoritário já está assegurada” (2014a, p. A3). Apesar destes registros de uso do nacionalismo na primeira semana de campanha, o gráfico 2 revela que este é o momento da campanha de menor incidência desta temática. A segunda semana de campanha aparece, neste sentido, como um turning point: a declaração de candidatura de Pierre Karl Péladeau – um bilionário proprietário do império midiático

15

Québecor9 – pelo Parti Québécois, em 9 de março, e seu grito, punho ao ar, de “entrar na política para fazer do Quebec um país”, deu lugar à apropriações por todos os partidos da questão nacional e fez explodir o interesse da mídia por esta temática. Isto despertou, inclusive, o interesse dos políticos da cena federal canadense e do meio financeiro pela campanha no Quebec (Bourgault-Côté, 2014, p. B4; Le Cours, 2014, p. 2; Marissal, 2014b, p. A6; Samson, 2014a, p. 10). Do lado do PQ, Pauline Marois anunciou que uma “República do Quebec” manteria suas fronteiras abertas com o Canadá (Bélair-Cirino, 2014, p. A2), assim como o dólar canadense e, preferencialmente, um assento no banco central canadense (Journet, 2014, p. A10). Péladeau confirmou que ele poderia exercer o papel de negociador do governo do Quebec com o Canadá no caso de vitória do campo independentista em um terceiro referendo (Brousseau-Pouliot, 2014, p. A2). A ala sindical do PQ, o Partido dos Sindicalistas Progressistas por um Quebec Livre (SPQ Libre), reconheceu a aliança estratégia com Péladeau na perspectiva de acelerar a ascensão do Quebec à independência, mas mostrou reservas em vê-lo, um dia, como chefe do PQ (Blais, 2014, p. A5). O PLQ, por sua vez, insistiu na associação entre uma vitória no PQ e a realização de um novo referendo, Couillard solicitou aos eleitores, notadamente, de escolher entre “um governo que vai se ocupar de economia, de empregos, de saúde, de educação, de trabalhos para os nossos jovens, ou um governo que vai nos engajar [...] na via refendária”, lembrando que os quebequenses já tem um país, o Canadá: “vocês são cidadãos de um dos maiores países do mundo, uma cidadania que é muito desejada. Nós somos orgulhosos de sermos quebequenses dentro deste país” (Apud. Dutrisac, 2014b, p. A3). Em reação à Péladeau, Couillard confirmou se interessar em liderar o campo contrário à independência durante uma eventual campanha referendária (La Presse Canadienne, 2014b, p. A2). Ao mesmo tempo, contudo, o candidato liberal abandonou suas promessas de debater a questão constitucional canadense e o reconhecimento do Quebec como sociedade distinta, se declarando favorável a manutenção do statu quo (Caron, 2014, p. 23; Chouinard, 2014a, p. A3).

9

Québecor possui empresas nos mais diversos segmentos das comunicações, como jornais, revistas, canais de televisão, editoras, gravadoras, produtoras de filmes, provedoras de internet e televisão a cabo, que lhe asseguram 40% do peso midiático de todo o Quebec (Cf. Castonguay, 2015, p. 33).

16

A CAQ, que, como demonstramos anteriormente não se beneficia de um debate centrado na questão nacional, buscou diminuir a importância desta temática na eleição (La Presse Canadienne, 2014a, p. A3). Já Quebec Solidário buscou aproveitar da chegada de Péladeau – um reconhecido adversário dos sindicatos – ao PQ para atrair para si o eleitorado mais progressista desse partido. Além disso, a formação liderada por Françoise David criticou os impactos negativos da economia canadense sobre o desenvolvimento do Quebec, reafirmando as vantagens econômicas da independência (Munger, 2014, p. 84). Às vésperas do debate do canal de televisão Radio-Canada, esta segunda etapa de nossa análise se termina com uma importante consequência do papel preponderante tomado pela questão nacional e, especialmente, da perspectiva de um referendo, sobre o comportamento dos eleitores: em 18 de março, o PLQ passou a frente do PQ nas intenções de voto (Lessard, 2014b, p. A2), tendo sido propulsado pelo desejo de 64% dos quebequenses de não ser realizado um novo referendo e pela convicção de 67% dentre eles de que o PQ realizaria um, caso fosse eleito majoritariamente (Cf. Samson, 2014b, p. 11). O restante da campanha foi influenciado pela tomada de posição de Péladeau e todo o debate que ela gerou. A atenção pela questão nacional quebequense se manteve alta até o dia da votação e, sem surpresas, ela esteve presente nos dois debates da campanha, tanto no organizado por Radio-Canada, em 20 de março, como naquele de TVA, apresentado sete dias depois. A diferença que observamos, nestas ocasiões em relação ao início da campanha, é que o PQ buscou cada vez mais trazer ao centro do debate outros assuntos que não a questão nacional e foi, progressivamente, afastando a possibilidade de um novo referendo, mesmo que não a tenha afastado por completo. Por exemplo, Marois declarou, no primeiro debate, que “o que está em jogo nesta eleição é a eleição de um governo [...] enquanto os quebequenses não estiverem preparados, não haverá referendo. O mais urgente é a criação de empregos” (Apud. Lessard, 2014a, p. A2). Péladeau se juntou aos esforços de minimizar o papel do referendo na campanha e, se referindo ao seu discurso de declaração de campanha, afirmou, em 29 de março, que a soberania econômica precede a questão da independência: “Não haverá referendo, a senhora Marois foi muito clara. Ela disse que ela consultaria os quebequenses” (Apud. Gagné, 2014, p. 14). O Gráfico 3, que nos apresenta a interface da evolução das intenções de voto nos quatro principais partidos quebequenses com a média de artigos mencionando a questão nacional publicados no período

17

correspondente à sondagem eleitoral em questão, nos aponta, contudo, que estes esforços do PQ – e até mesmo sua denúncia de que os liberais realizavam uma campanha de medo em torno da ameaça referendária (Chouinard, 2014b, p. A8; Dutrisac, 2014a, p. A3) – não foram suficientes para reverter a tendência de queda do partido, iniciada após a declaração de campanha de Péladeau. Ao contrário, o partido continuou caindo nas intenções de voto, independente de uma menor incidência da questão nacional no debate. 45%

18,0

40%

16,0

35%

14,0

30%

12,0

25%

10,0

20%

8,0

15%

6,0

10%

4,0

5%

2,0

0%

0,0

Menções Questão Nacional PLQ

PQ

CAQ

QS

Gráfico 3: Comparação das intenções de voto com as menções à questão nacional Fonte: Autoria própria, dados retirados de Léger (2014) e da listagem presente no Anexo 01.

A comparação das duas variáveis representadas no Gráfico 3 nos permite avançar importantes conclusões sobre a eleição de 2014. Em primeiro lugar, cabe dizer que na medida em que o interesse midiático pela questão nacional cresceu, as intenções de voto no PLQ aumentaram, enquanto as no PQ diminuíram. O foco concedido ao debate sobre a possível organização de um terceiro referendo e os contornos de um eventual Quebec independente colocou um ponto final à queda do PLQ10, bem como encerraram o ciclo de recuperação do PQ11.

10

O instituto de pesquisas Léger apontou uma queda de 4 p.p. para os liberais entre dezembro de 2013 e janeiro de 2014 (Léger, 2014, p. 8). 11 Conforme o instituto Léger, o PQ se encontrava em uma sólida recuperação desde agosto de 2013, após ter atingido, em junho daquele ano, o seu nível de intenções de voto mais baixo (27%) desde a eleição de setembro de 2012 (Léger, 2014, p. 8).

18

Isto cria uma situação bastante incômoda para o PQ quando tomada em consideração sua estratégia dita “etapista” – segundo a qual a ascensão do Quebec à soberania deve ser feita através de um referendo vitorioso, ele mesmo, organizado por um governo do PQ eleito majoritariamente na Assembleia Nacional (Charbonneau, 2014) – na medida em que, ao que tudo indica o pleito de 2014, para aspirar ao poder, o PQ deve deixar de lado qualquer perspectiva referendária em curto prazo. O desafio que é lançado para o PQ é conciliar a sua raison d’être independentista com o novo contexto eleitoral no qual quanto maior o espaço tomado pela questão nacional, menor a possibilidade do PQ crescer. Inversamente, os liberais tiraram proveito de um contexto muito mais favorável na eleição de 2014, na qual eles puderam apenas apelar aos riscos da independência, permanecendo no vazio de propostas, pois “Couillard calculou que a população prefere um statu quo indolor ao risco da instabilidade” (David, 2015, p. B3). Percebemos igualmente que as intenções de voto nos partidos terceiros, CAQ e QS, não registraram nenhuma variação significativa nas três primeiras sondagens, como se eles fossem imunes a um maior ou menor foco na questão nacional. Apenas na última sondagem é que a CAQ registrou uma importante variação, sendo que QS se manteve estável. Acreditamos que este comportamento deva ser compreendido a luz da transição da clivagem partidária em torno da questão nacional para o eixo esquerda-direita, ou seja, CAQ e QS se beneficiam de um debate centrado na oposição entre esquerda e direita, no qual podem destacar seus respectivos projetos de corte de impostos ou de justiça social, ao passo em que eles não se beneficiam de um debate concentrado na questão nacional, no qual estas formações são ofuscadas pelo domínio do PLQ e do PQ. O sucesso dos partidos terceiros dependerá de uma diminuição da importância da questão nacional no debate político e um reforço da clivagem esquerda-direita. Caso isto não venha a ocorrer, é provável que eles busquem clarificar sua posição acerca do futuro do Quebec, ou ainda busquem se ligar um dos polos deste debate, seja o PLQ seja o PQ. O nacionalismo tomaria conta das manchetes dos jornais quebequenses, ainda, em duas outras oportunidades. A primeira delas diz respeito à revelação por parte do jornal Le Devoir, em 22 de março, que vários diretores de seções eleitorais de Montreal estavam preocupados pelo fluxo inquietante e anormal de pessoas anglófonas que tentam se inscrever nas listas eleitorais para votar em 7 de abril (Orfali, 2014, p. A10). Em geral,

19

tratava-se de estudantes das outras províncias canadenses que buscavam votar em protesto contra a Carta dos Valores e a possibilidade de um terceiro referendo (Pailliez, 2014a, p. 3; 2014c, p. 3). O PQ reagiu vivamente a este acontecimento, denunciando um possível roubo da eleição por parte de cidadãos do restante do Canadá (Pailliez, 2014b, p. 2), relembrando a denúncia feita por diversos independentistas, como Robin Philpot (2005), que o referendo de 1995 fora roubado. Isto teve como efeito, consolidar, ainda mais, a ideia de que o referendo era o tema central da campanha de 2014. Por fim, um segundo momento no qual a questão nacional foi abordada de maneira notável durante a campanha foi o debate envolvendo a mencionada Carta dos Valores Quebequenses, que propunha, em resumo, os três seguintes pontos: “(1) proibir o uso de símbolos religiosos ostensivos, (2) neutralidade do pessoal da função pública e (3) tornar obrigatório que funcionários públicos trabalhem com o rosto descoberto” (Berg, 2014). A Carta dos Valores foi apresentada como um símbolo da virada conservadora do nacionalismo quebequense: a visão do PQ sobre a laicidade diferiria, assim, daquela desenvolvida pelas democracias ocidentais entre os anos 1960 e 1970, se assemelhando àquela estruturada por movimentos europeus conservadores, como a Frente Nacional francesa, de Marine Le Pen (Bernier Arcand, 2015, p. 87). A importância que tomam assuntos relativos à diversidade étnica, cultural e linguística, como o debate em torno da Carta dos Valores e a crise sobre as práticas das acomodações razoáveis, de 2007, na sociedade quebequense contemporânea deve ser compreendida à luz do desafio que representa para a maioria francófona a afirmação do Quebec enquanto sociedade multiétnica (Balthazar, 2013, p. 292). Com a Carta dos Valores, é possível que o PQ tenha tomado a decisão de trazer para o seu seio um eleitorado mais conservador, que, historicamente, viu no partido uma formação demasiadamente à esquerda12. Bernier Arcand, por exemplo, defende que este projeto buscou atrair novamente para o PQ um eleitorado nacionalista conservador que havia encontrado seu lugar na extinta formação nacionalista e conservadora, Ação Democrática do Quebec (2015, p. 88), e, desta maneira, diminuir o distanciamento

12

Assim como a Carta no plano identitário, a vinda de Pierre Karl Péladeau, conhecido por sua visão econômica de direita e seu anto-sindicalismo, também pode ser compreendida como uma abertura do PQ a um eleitorado conservador e que órfão da ADQ acabou se aproximando da CAQ desde 2012.

20

entre as ideologias que abraça grande parte de seu eleitorado e o discurso dos chefes do PQ [...] A manifestação mais clara desta distância se encarnando no curto mandato de André Boisclair. Durante a campanha de 2007, este último acumula os apelos progressistas [...], mas vários sinais levam a crer que o movimento nacionalista tem sede de um outro discurso (Bernier Arcand, 2015, p. 48).

De um modo geral, concluímos que, a exceção da CAQ, o nacionalismo foi um componente importante da estratégia dos principais partidos quebequenses. O PQ fez uso desta temática de modo a promover a sua proposta de uma Carta dos Valores Quebequenses, símbolo, como mencionado, de uma virada conservadora do partido e do movimento nacionalista desde a chegada de Pauline Marois a sua liderança, em 2007. A perspectiva de independência do Quebec também esteve presente no discurso pequista, mesmo que, em diversas ocasiões, o partido tenha tentado esvaziar este assunto na campanha, de modo a evitar sua queda nas intenções de voto. O PLQ fez um uso diferente da questão nacional, muito mais negativo. No lugar de explorá-la para apresentar propostas para o futuro político do Quebec, o partido a brandiu, essencialmente, para acusar o PQ de esconder suas intenções de realizar um novo referendo. Couillard foi ao ponto de afirmar a inviabilidade econômica de um Quebec independente e reafirmar o pertencimento do Quebec ao Canadá. Quebec Solidário reforçou sua determinação em fazer do Quebec um país, apontando as vantagens desse cenário político em relação aos progressos sociais que isto possibilitaria. A CAQ, finalmente, se destacou por mencionar a questão nacional apenas de modo a lembrar como este seria um debate ultrapassado. Este partido esperou, com isso, conquistar o eleitorado cansado dos debates sobre a questão nacional. Chama a atenção, entretando que, recentemente, o partido abandonou sua proposta de declarar a moratória deste debate e se reafirmou como formação nacionalista, apresentando 21 demandas de reforma constitucional (Lecavalier, 2015). É possível que o partido, percebendo sua dificuldade em afirmar sua pertinência em um debate dominado pela questão nacional, investiu na escolha pela autonomia provincial, um meio termo entre o federalismo e o independentismo.

5 CONCLUSÃO Como vimos, o Quebec, assim como outras sociedades, como a Catalunha e a Escócia, tem sido classificado como uma pequena nação. Nós demonstramos como este

21

conceito tem sido questionado por autores que, no seu lugar, desenvolvem as noções de minorias nacionais ou ainda de Nações sem Estado, de modo a dar melhor conta da compreensão destas sociedades e superar o problemático pressuposto do conceito de pequenas nações segundo o qual no seio destas sociedades se desenvolve um movimento nacionalista de base, necessariamente, étnica, fruto de seu sentimento de fragilidade. O estudo do Quebec, com efeito, desmente este pressuposto: a partir dos anos 1960, a população desta província substitui um nacionalismo étnico por uma manifestação muito mais aberta a indivíduos de todas as origens. Através de um levantamento junto a três jornais francófonos do Quebec – Journal de Montréal, La Presse, Le Devoir – identificamos um total de 490 artigos relacionados à temática nacionalista publicados ao longo dos 33 dias de campanha da eleição provincial quebequense de 7 de abril de 2014. Este estudo nos permitiu identificar que a questão nacional ocupou um grande espaço na campanha eleitoral, em especial, a partir do momento em que o candidato do Parti Québécois, Pierre Karl Péladeau, declarou que ele se lançara na política para promover a independência do Quebec. A questão nacional se tornou, então, um fator determinante, até mesmo, para explicar o resultado da eleição, na medida em que quanto mais ela recebeu destaque da mídia, mais o Parti Québécois caiu nas pesquisas de intenção de voto e mais o Partido Liberal do Quebec – contrário à realização de um referendo sobre a independência, uma posição amplamente compartilhada pelos quebequenses – cresceu. Se, inicialmente, pesquisas apontavam o Parti Québécois como vencedor do pleito, ele se findou com a eleição do Partido Liberal e a segunda pior votação recebida pelo primeiro na sua história. A nossa análise dos usos do nacionalismo na eleição provincial quebequense de abril de 2014 nos indica certo cansaço desta temática, ao menos, na forma como ela se apresentou, repetindo, grosso modo, os mesmos parâmetros nos quais ela tem sido abordada desde os anos 1960. A proposta do Partido Liberal do Quebec para o futuro constitucional do Quebec, não evoluiu para além de uma espécie de federalismo renovado em troca da total reinserção do Quebec na Federação Canadense, apesar deste cenário já ter sido prometido pelo campo contrário à independência do Quebec nos referendos de 1980 e 1995 sem nunca, contudo, ter se realizado. Do lado do Parti Québécois, a opção constitucional que o partido apresenta para o futuro do Quebec parece não ser mais capaz

22

de mobilizar de maneira majoritária os quebequenses. Quando René Lévesque lançou a ideia de associação-soberania, em 1967, ele procurava evitar “o beco sem saída conjunto” (1997, p. 185), que representava a permanência do Quebec na estrutura federal canadense. Força é de constatar que não apenas o beco conjunto não foi evitado, como a opção de Lévesque não representa mais a mesma atratividade que ela exercera no passado. Os quebequenses precisam, portanto, renovar os parâmetros do debate sobre seu futuro político, um esforço “[cuja] ambição é nobre e a possibilidade de uma renovação da reflexão sobre o Quebec e o federalismo é desejável, pois são numerosos os quebequenses que ainda não aceitam o statu quo constitucional e, ainda menos, o federalismo de fechamento” (Cardinal, 2010, p. 427). Neste cenário, a renovação desde debate tem se apresentado, em grande parte, através de ideias como o pós-nacionalismo, de Jocelyn Létourneau (2005), o póssoberanismo (Cf. Cardinal, 2010, p. 433-436) e, com um menor potencial de renovação, o nacionalismo conservador, articulado por uma rede de pesquisadores quebequenses, como Joseph Yvon Thériault, Jacques Beauchemin ou Mathieu Bock-Côté (Piotte, Couture, 2012, p. 145-162). Os estudos quebequenses e o interesse por sua questão nacional deverão ser prosseguidos através destas ideias. Tomando em consideração tudo o que foi dito e em resposta ao questionamento que guiou nossa pesquisa, ou seja, se o nacionalismo e o projeto independentista continuavam a ser úteis na compreensão do Quebec contemporâneo, somos inclinados a afirmar que ambas estas ideias, devido à atenção que lhe reservaram os partidos políticos em suas ações de campanha; ao significativo papel que elas ocuparam na cobertura midiática; à sua capacidade de mobilização do eleitorado quebequense e; ao seu potencial explicativo dos resultados da eleição de abril de 2014; são úteis, continuando, até mesmo, necessárias, para compreender o Quebec contemporâneo. Isto dito, é preciso ter em mente que o fato do nacionalismo ter sido mencionado de maneira notável durante a campanha não significa, automaticamente, que ele esteja pressagiado a recuperar seu domínio na cena política quebequense, como nos anos da Revolução Tranquila, nem mesmo que o Quebec se dirija, necessariamente, a um novo referendo sobre a independência. O entendimento desta contradição, ao nosso ver, não pode ser feito à luz apenas da eleição de 2014 ou de qualquer outro escrutínio em particular, mas deve ser estabelecido considerando as estruturas política, econômica e cultural da Federação Canadense na qual o Quebec está inserido; os

23

impactos da pós-modernidade sobre os movimentos nacionalistas minoritários; as transformações próprias ao nacionalismo quebequense, notadamente, sua suposta virada conservadora e; especialmente, as tensões internas ao movimento independentista quebequense e ao Parti Québécois. Este é o caminho que vislumbramos para a continuação desta pesquisa. THE USES OF NATIONALISM IN QUEBEC APRIL 2014 PROVINCIAL ELECTION ABSTRACT This current article aims at determining the role that nationalism played in the 7th April 2014 Provincial election in Quebec, Canada, in a way to analyse if nationalism and the Quebec’s project of independence continue to be useful in understanding Quebec contemporary society. In order to achieve this objective we carried out a documental research in three francophone Québécois newspaper, La Presse, Le Devoir and Le Journal de Montréal. We identified a total of 490 articles related to the issue of Quebec Nationalism published throughout the electoral campaign, which reveals the importance of that issue. The qualitative analyses of these data allowed us to determine that all political parties referred themselves to the issue of Quebec nationalism, adopting different points of view about this debate and introducing rival views of Quebec political future. We concluded that nationalism and the Quebec’s project of independence continue to be useful, if not necessary, to understand Quebec contemporary society. Key-words: Quebec (Canada). Nationalism. National Minorities. Parti Québécois.

REFERÊNCIAS BALTHAZAR, Louis. Nouveau bilan du nationalisme au Québec. Montreal : Vlb éditeur, 2013. 317 p. BASTIEN, Frédérik; BÉLANGER, Éric; GÉLINEAU, François. Une élection extraordinaire? In. BASTIEN, F.; BÉLANGER, E.; GÉLINEAU, F. (Org.). Les Québécois aux urnes: les partis, les médias et les citoyens en campagne. Montreal: Les Presses de l’Université de Montréal, 2013, p. 9-20. BÉLAIR-CIRINO, Marco. Marois rêve d’un pays sans frontières. Le Devoir, Montreal, p. A2, 12 mar. 2014.

24

BERG, Oscar. Eleições no Quebec colocam a questão da independência no centro do debate. FrancePo, Montreal, 21 mar. 2014. Disponível em:< http://francepo.blogspot.com.br/2014/03/eleicoes-no-quebec-colocam-questao-da.html> Acesso em: 29 ago. 2015. BERNARD, André. Option Québec 1968-1997. In: LÉVESQUE, René. Option Québec. Montreal : Éditions Typo, 1997, p. 9-145. BERNARD, Landry. Mettre le cap sur l’indépendance. Le Devoir, Montreal, p. A9, 24 jan. 2012. BERNIER ARCAND, Philippe. Le Parti Québécois : d’un nationalisme à l’autre. Montreal: Les Éditions Poètes de Brousse, 2015, 158 p. BLAIS, Annabelle. Le SPQ Libre ne veut pas de PKP comme chef. La Presse, Montreal, p. A5, 11 mar. 2014. BOISVERT, Yves. Crises d’identité. La Presse, Montreal, p. A6, 8 avr. 2014. BOURGAULT-CÔTÉ, Guillaume. Revue de Presse - PKP ébranle le ROC. Le Devoir, Montreal, p. B4, 15 mar. 2014. BOUTHILLIER, Christine. Option Nationale mise tout sur la souveraineté. Le Journal de Montréal, Montreal, p. 26, 6 mar. 2014. BROUSSEAU-POULIOT, Vincent. Péladeau, négociateur pour le Québec? La Presse, Montreal, p. A2, 11 mar. 2014. CARDINAL, Linda. Le Québec devrait-il renouer avec le débat sur son avenir au sein du Canada? Recherches sociographiques, v. 51, n. 3, p. 427-438, 2010. CARDINAL, Linda; PAPILLON, Martin. Le Québec et l’analyse comparée des petites nations. Politiques et Sociétés, v. 30, n. 1, p. 75-93, 2011. CARON, Régys. Couillard abadonne la question constitutionnelle. Le Journal de Montréal, Montreal, p. 23, 17 mar. 2014. CASTONGUAY, Alec. L’art de la guerre selon PKP. L’Actualité, v. 40, n. 10, p. 27-42, jul. 2015. CENTRE D´ÉTUDES SUR LES MÉDIAS. La presse quotidienne. Quebec: Centre d’Études sur les Médias, 2015. 14 p. Disponível em : < http://www.cem.ulaval.ca/pdf/pressequotidienne.pdf> . Acesso em: 20 nov. 2015. CHARBONNEAU, François. La faute à Lévesque. Argument, 2014. Disponível em: . Acesso em: 25 nov. 2015.

25

CHOUINARD, Tommy. Constitution: même position que la CAQ. La Presse, Montreal, p. A3, 17 mar. 2014. . PQ: Marois dénonce une ‘campagne de peur’. La Presse, Montreal, p. A8, 26 mar. 2014. COALITION POUR L’AVENIR DU QUÉBEC. Coalition pour l’avenir du Québec. Montreal, 2011.Disponível em : < http://www.bibliotheque.assnat.qc.ca/DepotNumerique_v2/AffichageNotice.aspx?idn=832> Último acesso 29/08/2015. COUILLARD, Philippe. Point de presse de M. Philippe Couillard, chef de l’opposition officielle. Quebec: Assemblée Nationale du Québec, 2014. Disponível em : . Acesso em: 24 nov. 2015. DAVID, Michel. Le dangereux pari du vide. Le Devoir, Montreal, p. B3, 23 mai. 2015. . Le long hiver. Le Devoir, Montreal, p. A3, 8 avr. 2014. DESCÔTEAUX, Bernard. La sanction. Le Devoir, Montreal, p. A1, 8 avr. 2014. DUCEPPE, Gilles. Question d’identité. Outremont (Canadá): Lanctôt éditeur, 2000. 249 p. DUTRISAC, Robert. Le PQ est victime d’une campagne de peut, croit Marois. Le Devoir, Montreal, p. A3, 26 mar. 2014. . Les électeurs devront choisir entre un référendum et des emplois, dit Couillard. Le Devoir, Montreal, p. A3, 10 mar. 2014. GAGNÉ, Louis. Faire d’abord la souveraineté économique. Le Journal de Montréal, Montreal, p. 14, 29 mar. 2014. GAGNON, Alain-G. Introdução. In: GAGNON, Alain-G (Org.). Quebec: Estado e Sociedade. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003. p. 13-18. . O dossiê constitucional Quebec-Canadá. In: GAGNON, Alain-G (Org.). Quebec: Estado e Sociedade. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003. p. 153-178. GAGNON, Alain-G.; MAY, Paul. Les fédéralistes, les autonomistes et les ouverainistes au Québec : visions plurielles et enjeux nationaux. In: LALIBERTÉ, Robert (Org.). À la rencontre d’un Québec qui bouge: Introduction générale au Québec. Paris : Éditions du CTHS, 2009. p. 121-135. GAGNON, Alain-G.; MONTCALM, Mary Beth. Québec: Au-delà de la Révolution Tranquille. Montreal: Vlb éditeur, 1992. 336 p.

26

GODBOUT, François. Les élections au Québec de 1973 à 2012. In. BASTIEN, F.; BÉLANGER, E.; GÉLINEAU, F. (Org.). Les Québécois aux urnes: les partis, les médias et les citoyens en campagne. Montreal: Les Presses de l’Université de Montréal, 2013, p. 23-43. GOUVERNEMENT DU CANADA. Le français et la francophonie au Canada: Langue, recensement de la population de 2011. Ottawa: Statistique Canada, 2011. 12 p. JONES, Richard. Do regime inglês aos dias de hoje. In. BÉLANGER, A., HANCIAU, N., DION, S. A América Francesa: introdução à cultura quebequense. Rio Grande: Editora da FURG, 1999, p. 173-189. JOURNET, Paul. La souveraineté, le dollar et la santé. La Presse, Montreal, p. A10, 13 mar. 2014. KEATING, Michael. Nações sem Estado ou Estados regionais? Território e poder num mundo globalizador. In: GAGNON, Alain-G (Org.). Quebec: Estado e Sociedade. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003. p. 477-494. KEATING, Michael; MCGARRY, John. Introduction. In: KEATING, Michael; MCGARRY, John (Org.). Minority Nationalism and the Changing International Order. Oxford: Oxford University Press, 2001. KYMLICKA, Will. Immigrant Integration and Minority Nationalism. In: KEATING, Michael; MCGARRY, John (Org.). Minority Nationalism and the Changing International Order. Oxford: Oxford University Press, 2001, p. 61-83. . La citoyenneté multiculturelle: une théorie libérale du droit des minorités. Montreal: Boréal, 2001. 360 p. LA PRESSE CANADIENNE. Legault mise sur l’éducation et l’innovation. Le Devoir, Montreal, p. A3, 15 mar. 2014. . Référendum sur la souveraineté – Couillard prêt à diriger le camp du Non. Le Devoir, Montreal, p. A2, 13 mar. 2014. LAJOIE, Andrée. A lei sobre a clareza no seu contexto. In: GAGNON, Alain-G (Org.). Quebec: Estado e Sociedade. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003. p. 179-196. LAJOIE, Geneviève. Un referendum demeure une possibilite pour Pauline Marois. Le Journal de Montréal, Montreal, p. 6, 7 mar. 2014. LALIBERTÉ, Robert. Introduction. In: LALIBERTÉ, Robert (Org.). À la rencontre d’un Québec qui bouge: Introduction générale au Québec. Paris : Éditions du CTHS, 2009. p. 13-18. LAWLOR, Andrea; BASTIEN, Frédérik. La campagne vue par la presse écrite. In. BASTIEN, F.; BÉLANGER, E.; GÉLINEAU, F. (Org.). Les Québécois aux urnes: les partis, les médias et les citoyens en campagne. Montreal: Les Presses de l’Université de Montréal, 2013, p. 109-122.

27

LE COURS, Rudy. Les marchés obligataires scrutent les élections du Québec. La presse, Montreal, p. 2, 12 mar. 2014. La Presse Affaires. LECAVALIER, Charles. Virage nationaliste: les 21 demandes de Legault. Le Journal de Montréal, Montreal, 8 nov. 2015. Disponível em : . Acesso em: 09 nov. 2015. LÉGER. Sondage – Politique Provinciale: Campagne électorale 2014. Montreal: Léger, 2014. p. 12. Disponível em: . Acesso em: 16 nov. 2015. LESSARD, Denis. La question nationale vole la vedette. La Presse, Montreal, p. A2-A3, 21 mar. 2014. . Les libéraux devant les péquistes. La Presse, Montreal, p. A2-A3, 18 mar. 2014. . Les occasions ratées de Philippe Couillard. La Presse, Montreal, p. A5, 05 mar. 2014. LESSARD, Denis; JOURNET, Paul. Pauline Marois déclenche les élections générales provinciales. La Presse, Montreal, 05 mar. 2014. Disponível em : . Acesso em: 16 nov. 2015. LÉTOURNEAU, Jocélyn. Postnationalisme? Rouvrir la question du Québec. Cités, v. 3, n. 23, p. 15-30, 2005. LÉVESQUE, René. Option Québec. Montreal: Éditions Typo, 1997. 353 p. LINTEAU, Paul-André et al. Histoire du Québec contemporain. Tome II, le Québec depuis 1930. Montreal: Boréal Compact, 1989. 834 p. MARISSAL, Vincent. C’est quoi l’enjeu, déjà? La Presse, Montreal, p. A3, 6 mar. 2014. . Le réveil des fédéraux. La Presse, Montreal, p. A6, 10 mar. 2014. MCPARLAND, Kelly. Separatism feels so good when it stops. National Post, Toronto, 8 abr. 2014. Disponível em: < http://news.nationalpost.com/full-comment/kelly-mcparlandseparatism-feels-so-good-when-it-stops>. Acesso em: 17 nov. 2015. MILOT, Micheline. Le Québec et la laïcité. In: LALIBERTÉ, Robert (Org.). À la rencontre d’un Québec qui bouge: Introduction générale au Québec. Paris: Éditions du CTHS, 2009. p. 6375.

28

MONIÈRE, Denis. Pour comprendre le nationalisme au Québec et ailleurs. Montreal: Presses de l’Université de Montréal, 2001. 150 p. MUNGER, Michel. L’indépendance économique selon Québec Solidaire. Le Journal de Montréal, Montreal, p. 84, 18 mar. 2014. NADEAU, Richard; BÉLANGER, Éric. Un modèle général d’explication du vote des Québécois. In. BASTIEN, F.; BÉLANGER, E.; GÉLINEAU, F. (Org.). Les Québécois aux urnes: les partis, les médias et les citoyens en campagne. Montreal: Les Presses de l’Université de Montréal, 2013, p. 191-207. NORMANDIN, Pierre-André. Sur le terrain de la souveraineté. La Presse, Montreal, p. A4, 6 mar. 2014. ORFALI, Philippe. L’inscription de nouveaux électeurs sème le doute dans des bureaux de scrutin montréalais. Le Devoir, Montreal, p. A10, 22 mar. 2014. PAILLIEZ, Caroline. Des étudiants ontariens tentent de voter contre Marois. Le Journal de Montréal, Montreal, p. 3, 23 mar. 2014. . Le PQ craint un vol de l’électon. Le Journal de Montréal, Montreal, p. 2, 24 mar. 2014. . Tension au bureau d’élection. Le Journal de Montréal, Montreal, p. 3, 24 mar. 2014. PATRIQUIN, Martin. The epic collapse of Quebec separatism. Maclean’s, Toronto, 11 abr. 2014. Disponível em: . Acesso em: 29 ago. 2015. PERRELLA, Andrea M. L.; TANGUAY, Brian. Le Québec : marginal ou avant-gardiste? Le système partisan dans les provinces canadiennes. In: BASTIEN, Frédérik; BÉLANGER, Éric; GÉLINEAU, François (orgs.). Les québécois aux urnes: les partis, les médias et les citoyens en campagne. Montreal: Les Presses de l’Université de Montréal, 2013, p. 45-59. PHILPOT, Robin. Le référendum volé. Monteal: Les éditions des Intouchables, 2005. 205 p. PIOTTE, Jean-Marc; COUTURE, Jean-Pierre. Les nouveaux visages du nationalisme conservateur au Québec. Montreal: Québec-Amérique, 2012. 161 p. PRATTE, André. L’agenda ouvert. La Presse, Montreal, p. A22, 8 mar. 2014. RADIO-CANADA. Les libéraux raillent le ‘budget de l’an 1’ du PQ. Radio Canada, Montreal, 6 mai. 2005. Disponível em : . Acesso em : 26 nov. 2015.

29

SALVET, Jean-Marc. Le PQ vise 75 sièges et une majorité. Le Soleil, Quebec , 1 mar. 2014. Disponível em: . Acesso em: 10 nov. 2015. SAMSON, Jean-Jacques. Ottawa n’interviendra pas mais demeurera vigilant. Le Journal de Montréal, Montreal, p. 10, 14 mar. 2014. . PKP au trésor. Le Journal de Montréal, Montreal, p. 11, 19 mar. 2014. TAYLOR, Charles. Rapprocher les solitudes: écrits sur le fédéralisme et le nationalisme au Canada. Quebec: Presses de l’Université Laval, 1990. 236 p.

30

APÊNDICE A – BASE DE DADOS DOS ARTIGOS RELACIONADOS À QUESTÃO NACIONAL IDENTIFICADOS NOS JORNAIS LA PRESSE, LE DEVOIR E LE JOURNAL DE MONTRÉAL.

Data 05/ mar 05/ mar 05/ mar 05/ mar 05/ mar 06/ mar 06/ mar 06/ mar 06/ mar 06/ mar 06/ mar 06/ mar 06/ mar 06/ mar 06/ mar 07/ mar 07/ mar

Título da notícia Majorité en vue Les occasions ratées de Couillard Diviser pour regner

Autor Charles Lecavalier Denis Lessard

Jornal JDM

Pag. 3

Tipo Notícia

Palavra-chave Souveraineté

La Presse La Presse Le Devoir JDM

A5

Notícia

Souveraineté

A19

Opinião

Souveraineté

A3

Notícia

Souveraineté

3

Notícia

Souveraineté

La A2 Presse Le A6 Devoir JDM 30

Notícia

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

Christine Bouthillier Jean-Jacques Samson Mélanie Loisel

JDM

26

Notícia

Souveraineté

JDM

30

Opinião

Souveraineté

Le A2 Devoir

Notícia

Souveraineté

Michel David

Le Devoir Le Devoir La presse La Presse JDM

A1

Opinião

Souveraineté

A7

Opinião

Souveraineté

A4

Notícia

Souveraineté

A3

Opinião

Souveraineté

6

Notícia

Souveraineté

JDM

27

Opinião

Souveraineté

Déjouer les embûches pour décrocher une majorité Le oui vieillit...

Jean-François Caron Marco BélairCirino Michel Hébert

La journée des chefs

La Presse

Le pari de Pauline Marois

Bernard Descôteaux Bryan Breguet

Léger montre une course serrée entre PQ et PLQ Option Nationale mise tout sur la souveraineté Fins de carrière Québec solidaire estime que le Parti québécois a déçu ses électeurs Les dangers de la camomille Faire de la politique comme avant? Non! Québec Solidaire - Sur le Terrain de la souveraineté C'est quoi l'enjeu, déjà? Un référendum demeure une possibilité pour Pauline Marois Les volontés des citoyens

Pierre Curzi Pierre-André Nordandin Vincent Marissal Geneviève Lajoie Jean-Jacques Samson

31

07/ mar 07/ mar 07/ mar 07/ mar 08/ mar 08/ mar 08/ mar 08/ mar 08/ mar 08/ mar 08/ mar 08/ mar 09/ mar 09/ mar 09/ mar 10/ mar 10/ mar 10/ mar 10/ mar 10/ mar 10/ mar 10/ mar

L'option du "peut-être"

Josée Legault

JDM

26

Opinião

Souveraineté

Marois entretient le flou sur um éventuel référendum Génération abandonnée

Marco BélairCirino Martine Lefebvre Mélanie Loisel

Le Devoir La Presse Le Devoir La Presse Le Devoir JDM

A35

Notícia

Livre Blanc

A19

Leitor

Souveraineté

A4

Notícia

Souveraineté

A22

Editorial Souveraineté

Bernard Descôteaux Geneviève Lajoie Guillaume Le Bourgault-Côté Devoir Josée Legault JDM

B4

Opinião

Souveraineté

12

Notícia

Souveraineté

B4

Opinião

Souveraineté

42

Notícia

Souveraineté

Lise Ravary

JDM

20

Notícia

Souveraineté

Ottawa craint une majorité péquiste Les engagements jetables

Marie Vastel, Philippe Orfali Michel David

Notícia

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

Barrette aurait voté oui au référendum de 1995, dit Drainville Le PQ se concentre sur la charte Qui dit vrai?

Geneviève Lajoie

Le A1 Devoir Le B3 Devoir JDM 9

Notícia

Souveraineté

Geneviève Lajoie Nathalie Elgrably-Levy Vários

JDM

9

Notícia

Souveraineté

JDM

26

Notícia

Souveraineté

JDM

30

Leitor

Souveraineté

Marois propose de réfléchir de nouveau à notre avenir Les québécois opteraient pour le "non" Um ami de la famille

Le Devoir

Le A2 Devoir JDM 23

Notícia

Souveraineté

Notícia

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

Questions d'images - Images de guerre Quel agenda caché?

Jean-Jacques Stréliski Joseph Facal

La A5 Presse Le A7 Devoir JDM 30

Opinião

Souveraineté

Opinião

Livre Blanc

Une très mauvaise nouvelle

Lise Ravary

JDM

Opinião

Souveraineté

Québec solidaire se place entre la tête et le coeur L'agenda ouvert Et un référendum? Marois évoque l'union des souverainistes Cette élection qui inquiète Ma oropre charte des valeurs, c'est la vérité. C'est tout CE que j'ai Un erre d'aller

Lettres

André Pratte

Agence QMI Denis Lessard

31

32

10/ mar 10/ mar 10/ mar 10/ mar 10/ mar 10/ mar 10/ mar 11/ mar 11/ mar 11/ mar 11/ mar 11/ mar 11/ mar 11/ mar 11/ mar 11/ mar 11/ mar 11/ mar 11/ mar 11/ mar 11/ mar 11/ mar

La game vient (peut-être) de changer Pour la souveraineté et la prospérité L'énigme PKP

Patrick Lagacé

Sondage: la majorité loin d'être acquise à Marois Une candidature qui déménage Les électeurs devront choisir entre un référendum et des emplois, dit Couillard Le réveil des fédéraux

Philippe Orfali

Lettres Le SPQ libre ne veut pas de PKP comme chef L'effet PKP "Il ne faut pas le cacher, CE n'est pas une situation fréquente" Bienvenue, M. Péladeau

A3

Opinião

Souveraineté

A2, A3 A8

Notícia

Souveraineté

Notícia

Souveraineté

A3

Notícia

Souveraineté

6

Notícia

Souveraineté

Le A3 Devoir

Notícia

Souveraineté

La A6 Presse JDM 20

Opinião

Souveraineté

Leitor

Souveraineté

Annabelle Blais La A5 Presse Bernard Le A6 Descôteaux Devoir Charles JDM 8 Lecavalier

Notícia

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

Notícia

Souveraineté

Daniel Gomez

Paul Journet Philippe Orfali

Richard Martineau Robert Dutrisiac Vincent Marissal Vários

Bienvenue, M. Péladeau!

Daniel Gomez

Sur la voie du "césarisme"?

Diane Villa

Couillard et Legault m'insultent Le pari de Pauline Marois

Jean-Jacques Samson Josée Legault

Les fortunés et la politique

Lévis Doucet

Le PQ après

Mario Dumont

PKP: le retour de la grande coalition L'arc-en-ciel

Mathieu BockCôté Michel David

La fin justifie-t-elle les moyens? Sophisme

Paul Cliche Paul Cliche

La Presse La Presse Le Devoir Le Devoir JDM

Le Devoir La Presse La Presse JDM

A6

Leitor

Souveraineté

A19

Leitor

Souveraineté

A19

Opinião

Livre Blanc

22

Opinião

Souveraineté

JDM

21

Opinião

Souveraineté

La A19 Presse JDM 20

Leitor

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

JDM

Opinião

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

Leitor

Souveraineté

Leitor

Souveraineté

22

Le A3 Devoir Le A6 Devoir La A19 Presse

33

11/ mar

11/ mar 11/ mar 11/ mar 12/ mar 12/ mar 12/ mar 12/ mar 12/ mar 12/ mar 12/ mar 12/ mar 12/ mar 12/ mar 12/ mar 12/ mar 12/ mar 12/ mar 13/ mar 13/ mar 13/ mar

PKP en politique - Les droits des travailleurs sont menacés, selon Québec Solidaire PKP candidat du PQ - un patron intransigeant Derrière les beaux sourires Souveraineté. Péladeau, négociateur pour le Québec? PKP: un bon coup?

Philippe Orfali

Le A2 Devoir

Notícia

Souveraineté

Pierre Mouterde Richard Martineau Vincent BrousseauPouliot Alain Dubuc

Le A7 Devoir JDM 6

Leitor

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

La A2 Presse

Notícia

Souveraineté

La Presse La Presse La Presse Le Devoir Le Devoir JDM

A21

Notícia

Souveraineté

A21

Opinião

Souveraineté

A8

Opinião

Souveraineté

A8

Opinião

Livre Blanc

A9

Notícia

Souveraineté

30

Opinião

La Presse Le Devoir Le Devoir Le Devoir JDM

A5

Notícia

Question Nationale Souveraineté

A2

Notícia

Souveraineté

A1

Notícia

Souveraineté

A4

Notícia

Souveraineté

15

Notícia

Souveraineté

La A5 Presse Philippe Cantin La S3 Presse Rudy Le Cours La 2 Presse

Opinião

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

Notícia

Souveraineté

Agence QMI

JDM

6

Notícia

Indépendance

Agende QMI

JDM

9

Notícia

André Pratte

La A20 Presse

La monnaie québécoise

Claude Castonguay Péladeau éclipse la campagne Denis Lessard péquiste Le mythe du centre et la Florent nécessaire indépendance Michelot La bombe PKP Francine Pelletier Un printemps québécois? Joseph Facal Option Nationale veut "réveiller le courage" Marois rêve d'un pays sans frontières Tous avec Péladeau pour le "pays" Cuisiner tout em causant de la campagne électorale Option Nationale lance sa campagne PKP, le bonheur et les journalistes Le référendum et les Nordiques Les marchés obligataires scrutent les élections du Québec Le PQ réclame des excuses de Québec Solidaire Les face-à-face de retour à TVA Référendum garanti

Louise Leduc Marco BélairCirino Marco Fortier Mélanie Loisel Patrick Georges Patrick Lagacé

Question Nationale Editorial Souveraineté

34

13/ mar 13/ mar 13/ mar 13/ mar

13/ mar 13/ mar 13/ mar 13/ mar 13/ mar 13/ mar 14/ mar 14/ mar 14/ mar 14/ mar 14/ mar 14/ mar 14/ mar 14/ mar 14/ mar 14/ mar 14/

L'honneur des syndicats est Gilles Dusault en jeu L'effet Péladeau nuirait au PQ Jean-Jacques Samson Mourir debout Jean-Jacques Samson Référendum sur la La Presse souveraineté du Québec Canadienne Couillard prêt à diriger le camp du Non Diglossie à la québécoise Michaël Pratte Pincez-moi, quelqu'um!

La A21 Presse JDM 8

Opinião

Souveraineté

Notícia

Souveraineté

JDM

Opinião

Souveraineté

Le A2 Devoir

Notícia

Souveraineté

Le Devoir Le Devoir La Presse La Presse

A6

Leitor

Souveraineté

A3

Opinião

Souveraineté

A10

Notícia

Souveraineté

A10

Notícia

Souveraineté

La A12 Presse La A21 Presse

Opinião

Souveraineté

Opinião

Indépendance

JDM

Notícia

Indépendance

Le A8 Devoir La A6 Presse JDM 11

Opinião

Souveraineté

Notícia

Souveraineté

Notícia

Souveraineté

Gilles Proulx

JDM

29

Opinião

Indépendance

Jean-Jacques Samson Lise Payette

JDM

10

Notícia

Souveraineté

Le A9 Devoir La A4 Presse La A5 Presse

Opinião

Souveraineté

Notícia

Souveraineté

Notícia

Indépendance

Le A9 Devoir JDM 11

Opinião

Souveraineté

Notícia

Souveraineté

Michel David

La souveraineté, le dollar et Paul Journet la santé L'indépendance dans le rouge Philippe TeisceiraLessard Le nez bouché Pierre Foglia L'engagement indépendantiste de PKP En bref Québec solidaire et PKP - La macédoine L'improbable mentor de PKP Pauline Marois veut évacuer la souveraineté de la campagane Les ténors de l'impuissance Ottawa n'interviendra pas mais demeurera vigilant PKP hors de sa zone de confort La souveraineté à l'arrièreplan Un absent et un invité surprise PKP est loin d'être le pire employeur de l'histoire! La cage à homard version

Robert BarberisGervais Journal de Montréal Antoine Robitaille Denis Lessard; Katia Gagnon Geneviève Lajoie

Paul Journet Philippe TeisceiraLessard Pierre Schneider Régys Caron

34

12

35

mar 14/ mar

14/ mar 15/ mar 15/ mar 15/ mar 15/ mar 15/ mar 15/ mar 15/ mar 15/ mar 15/ mar 15/ mar 15/ mar 15/ mar 15/ mar 15/ mar 15/ mar 15/ mar 15/ mar 15/ mar 15/ mar

2014 Référendum sur l'indépendance de l'Écosse La Clarté de la question séduit Couillard L'unifolié dans la campagne "Droit à l'autodétermination" des Premières Nations La vie en rouge Textos et commentaires

Robert Dutrisiac

Le A3 Devoir

Notícia

Souveraineté

Tommy Chouinard Journal de Montréal La Presse

La A5 Presse JDM 27

Notícia

Souveraineté

Notícia

Indépendance

Legault mise sur l'éducation et l'innovation Un référendum à grande vitesse PKP 24 sur 7

Journal de Montréal Bernard Descôteaux David Desjardins Guillaume Bourgault-Côté Jacques Parizeau La Presse Canadienne Line Beauchamp Lise Ravary

PKP accroché à la souveraineté Livre blanc: des modalités à définir Le séisme PKP

Marc-André Gagnon Marco BélairCirino Marco Fortier

Sondage Léger-Le Devoir L'effet PKP profite aux libéraux de Couillard S'il fallait...

Marco Fortier

Un vote préréférendaire

Michel Hébert

Le livre blanc non contraignant Le sprinter et la marathonienne Ça joue dur pendant la campagne

Paul Journet

Parti Québécois - Le temps presse Monsieur le directeur PKP ébranle le ROC PKP ramène le vrai débat

Michel David

Richard Martineau Sarah-Maude Lefebvre

La A10, Notícia Presse A11 JDM 45 Leitor

Souveraineté

Le Devoir Le Devoir Le Devoir JDM

Indépendance

B4

Opinião

Souveraineté

B5

Opinião

Souveraineté

B4

Notícia

Souveraineté

43

Opinião

Souveraineté

Le A3 Devoir JDM 21

Notícia

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

JDM

20

Notícia

Souveraineté

JDM

9

Notícia

Souveraineté

Le A35 Devoir Le B1 Devoir Le A1 Devoir

Notícia

Livre Blanc

Opinião

Souveraineté

Notícia

Souveraineté

Le B3 Devoir JDM 46

Opinião

Souveraineté

Opinião

Livre Blanc

La A6 Presse JDM 6

Notícia

Livre Blanc

Opinião

Souveraineté

JDM

Notícia

Indépendance

22

36

15/ mar 15/ mar 15/ mar

La poussée de Pauline

16/ mar 16/ mar 16/ mar 16/ mar 17/ mar 17/ mar 17/ mar 17/ mar 17/ mar 17/ mar 17/ mar

Pas d'accord avec Parizeau

17/ mar 17/ mar 17/ mar 17/ mar 17/ mar 17/ mar 17/ mar 17/ mar

Une campagne tranquille? Débat animé sur l'économie

Sébastien JDM Proulx Steve Flanagan JDM

20

Opinião

Souveraineté

20

Opinião

Souveraineté

La 4 Presse

Notícia

Indépendance

JDM

23

Notícia

Souveraineté

JDM

29

Opinião

Souveraineté

JDM

31

Opinião

Souveraineté

La "bonne idée" de Philippe Couillard Lettres

Vincent BrousseauPouliot Charles Lecavalier Christian Dufour Mathieu BockCôté Richard Martineau Vários

JDM

6

Opinião

Souveraineté

JDM

30

Leitor

Livre Blanc

Le Pakiscanada

André Lemelin

Opinião

Souveraineté

Ce livre n'est pas blanc

André Pratte

Marois veut se concentrer sur l'économie Marois veut redresser la barre Le fou du roi

Charles Lecavalier Denis Lessard

Le A8 Devoir La A20 Presse JDM 23

Notícia

Indépendance

La A5 Presse JDM 38

Opinião

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

La A2 Presse

Opinião

Souveraineté

La Presse Canadienne Marc-André Gagnon

La A8 Presse JDM 22

Notícia

Indépendance

Notícia

Indépendance

Martin Croteau Mélanie Loisel

La A2 Presse Le A1 Devoir JDM 24

Notícia

Souveraineté

Notícia

Souveraineté

Notícia

Souveraineté

La A21 Presse JDM 23

Opinião

Souveraineté

Notícia

Indépendance

JDM

Opinião

Souveraineté

Mauvais "timing" Une peut malsaine d'exister

Dans l'éventualité d'un référendum, qui serait Capitaine Canada? Une campagne "dynamique", juge Khadir Québec Solidaire prône la ligne dure contre le Port de Québec Stéphane Dion vante le fédéralisme espagnol Des femmes de la génération Y rêvent d'un Québec libre Coderre ne veut pas d'une campagne référendaire Au-dèla de l'émotion Couillard abandonne la question constitutionnelle Les Tanguy

Isabelle Maréchal Joël-Denis Bellavance

Patrick Georges Philippe Riel Régys Caron Richard Martineau

6

Editorial Livre Blanc

37

17/ mar 17/ mar 17/ mar 18/ mar 18/ mar 18/ mar 18/ mar 18/ mar 18/ mar 18/ mar 18/ mar 18/ mar 18 /mar 18/ mar 18/ mar 18/ mar 18/ mar 18/ mar 18/ mar 18/ mar 19/ mar 19/ mar 19/ mar

Couillard ne veut plus parler de la Constitution En temps et lieu

Robert Dutrisac Romain Gagné

Constitution: même position que la CAQ Humour, patience, discipline, écoute Les libéraux devant les péquistes L'idée d'un référendum n'a pas la côte Les quêteux du Québec

Tommy Chouinard Bob Rae

"Sacrez-moi patience" avec le référendum La campagne qui rend fou Les pieds dans le plat

Denis Lessard Denis Lessard Jean-Jacques Samson Jean-Luc Lavallée Josée Legault

Le capitulard

Lysiane Gagnon Marcel Gagnon Marianne White Mathieu BockCôté Michael Sévigny Michel David

L'indépendance économique selon Québec Solidaire La fille qui dit fuck

Michel Munger Pierre Foglia

Les maires s'invitent dans la campagne La trêve

Pierre-André Nordandin Richard Martineau Vincent Marissal Alain Dubuc

À bien y penser Les maires des grandes villes font front commun Trois souvenirs pour Jacques Parizeau La cécité fédéraliste

Ni pour ni contre, bien au contraire La pensée magique PKP siègera quoi qu'il arrive Référendum à l'horizon

Audrey RuelManseau Christian Dufour

Le Devoir Le Devoir La Presse La Presse La Presse La Presse JDM

A2

Notícia

Souveraineté

A8

Leitor

Souveraineté

A3

Notícia

Souveraineté

A18

Opinião

Indépendance

A2, A3 A3

Notícia

Souveraineté

Notícia

Souveraineté

37

Opinião

Référendum

JDM

8

Notícia

Souveraineté

JDM

38

Opinião

La A19 Presse La A19 Presse JDM 12

Opinião

Question Nationale Souveraineté

Leitor

Souveraineté

Notícia

Souveraineté

JDM

Opinião

Souveraineté

La A18 Presse Le A3 Devoir JDM 84

Leitor

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

Notícia

Indépendance

La A11 Presse La A6 Presse JDM 6

Opinião

Indépendance

Notícia

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

La Presse La Presse La Presse JDM

A5

Opinião

Souveraineté

A23

Opinião

Souveraineté

A13

Notícia

Souveraineté

35

Opinião

Souveraineté

38

38

19/ mar 19/ mar 19/ mar 19/ mar 19/ mar 19/ mar 19/ mar 19/ mar 19/ mar 19/ mar 19/ mar 19/ mar 20/ mar 20/ mar 20/ mar 20/ mar 20/ mar 20/ mar 20/ mar 20/ mar 20/ mar 20/ mar 20/

Les jeunes décrochent de la souveraineté Le PQ change son plan de match Tous pour um

Claire Durand Denis Lessard Francine Pelletier Ghislain Picard

Le débat sur la souveraineté ne peut nous exclure Futur démantèlement du PQ? Jean-François Hughes PKP au trésor Jean-Jacques Samson Les vents inattendus Joseph Facal

La Presse La Presse Le Devoir Le Devoir Le Devoir JDM

A23

Notícia

Souveraineté

A12

Opinião

Souveraineté

A9

Opinião

Souveraineté

A9

Opinião

Souveraineté

A8

Leitor

Souveraineté

11

Notícia

Souveraineté

JDM

34

Opinião

Souveraineté

La "malcampagne"

Lise Ravary

JDM

36

Opinião

Souveraineté

Des militants et des slogans

Patrick Lagacé

La A8 Presse JDM 6

Opinião

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

Le A1 Devoir La A23 Presse JDM 31

Notícia

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

Leitor

Souveraineté

La A22 Presse JDM 31

Editorial Souveraineté Opinião

Souveraineté

Le A6 Devoir JDM 9

Opinião

Souveraineté

Notícia

Référendum

JDM

32

Opinião

Souveraineté

La Presse Le Devoir La Presse La Presse

A23

Opinião

Souveraineté

A2

Opinião

Souveraineté

A7

Notícia

Souveraineté

A5

Notícia

Souveraineté

JDM

6

Opinião

Souveraineté

La moulerie

Richard Martineau Devenu la cible, Couillard sort Robert de ses gonds Dutrisac La clarté écossaise Stephen Tierney Textos et commentaires Vários Un référendum, oui ou non, Mme Marois? Compliqués, les Québécois À quand un vrai débat avec de vraies questions? Deux experts se prononçent Face-à-face Débuts chaotiques Le troisième non La souveraineté soluble dans le 418 Un nouveau coup de sonde confirme l'avance de Couillard Le PQ devrait imiter Barbara

André Pratte Denise Bombardier Francine Lapalnte Geneviève Lajoie Jean-Jacques Samson Lysiane Gagnon Michel David Patrick Lagacé Philippe TesceiraLessard Richard

39

mar 20/ mar 20/ mar 21/ mar 21/ mar 21/ mar 21/ mar 21/ mar 21/ mar 21/ mar 21/ mar 21/ mar

21/ mar 21/ mar 21/ mar 21/ mar 21/ mar 21/ mar 21/ mar 21/ mar 21/ mar 21/ mar

Streisand! La règle du 50% plus 1 dépend de la question, pour Couillard Je te déteste! Moi non plus!

Martineau Robert Dutrisac

Charest réagit

Vincent Marissal La Presse

Les esprits s'échauffent

La Presse

Qui dit vrai?

La Presse

Textos et commentaires

Vários

Débat à quatre, combat à deux Couillard et David ont le "don d'ubiquité" La question nationale VOLE LA VEDETTE Le Québec nuit au Canada, selon Amir Khadir Référendum ou pas, on ne s'entend pas

Alain Dubud André Duchesne Denis Lessard

Marois maintient le flou sur le référendum Le débat qui tourne en rond

Geneviève Lajoie Guillaume BourgaultCôté, Marco Bélair-Cirino Jean-Jacques Samson Jean-Luc Lavallée Josée Legault

Sommes-nous démcrates?

Louis Brunet

Le référendum de la dernière chance L'opinion de nos blogueurs

Lysiane Gagnon Mathieu BockCôté Michel Hébert

Couillard par défaut

Dure soirée pour Marois Un dollar québécois plus avantageux? Couillard voulait faire dévier le débat Une souverainiste qui ose s'affirmer

Michel Munger Paul Journet Paul Journet

Le A2 Devoir

Notícia

Souveraineté

La Presse La Presse La Presse La Presse JDM

A2

Opinião

Référendum

A4

Notícia

Référendum

A1

Notícia

Référendum

A6

Notícia

Souveraineté

27

Leitor

Indépendance

La Presse La Presse La Presse JDM

A16

Opinião

Référendum

A4

Notícia

A2, A3 24

Notícia

Question Nationale Souveraineté

Notícia

Indépendance

Le A35 Devoir

Notícia

Livre Blanc

JDM

26

Opinião

Souveraineté

JDM

3

Notícia

Souveraineté

JDM

6

Notícia

Souveraineté

Le A8 Devoir La A17 Presse JDM 25

Leitor

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

Opinião

Référendum

JDM

2

Opinião

Indépendance

JDM

35

Notícia

Indépendance

Notícia

Livre Blanc

Notícia

Souveraineté

La A20 Presse La A3 Presse

40

21/ mar 21/ mar

"Je suis relativement optimiste" François Legault, CAQ Débat des chefs - Marois et Couillard croisent le fer

21/ mar

Pas de K.-O. mais les coups de poing pleuvent

21/ mar

"La question de l'élection demeure" Philippe Couillard, PLQ Débat vif, effet nul

21/ mar 21/ mar 22/ mar 22/ mar 22/ mar 22/ mar 22/ mar 22/ mar 22/ mar 22/ mar 22/ mar 22/ mar 22/ mar 22/ mar 22/ mar

Charte ou référendum?

Philippe TesceiraLessard Robert Dutrisac, Guillaume BourgaultCôté, Marco Bélair-Cirino Sarah-Maude Lefebvre, Taieb Moalla Tommy Chouinard

La A3 Presse

Notícia

Référendum

Le A1 Devoir

Notícia

Souveraineté

JDM

Notícia

Souveraineté

La A2 Presse

Notícia

Référendum

Vincent Marissal Yves Boisvert

La Presse La Presse La Presse La Presse JDM

A3

Opinião

Souveraineté

A5

Opinião

Souveraineté

A8

Notícia

Référendum

A6

Notícia

34

Opinião

Question Nationale Souveraineté

JDM

35

Opinião

Souveraineté

La A29 Presse Le A10 Devoir JDM 23

Leitor

Indépendance

Notícia

Indépendance

Opinião

Souveraineté

Le A8 Devoir JDM 33

Notícia

Référendum

Opinião

Référendum

Le B3 Devoir Le E6 Devoir La A7 Presse

Opinião

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

Notícia

Référendum

Le A10 Devoir

Notícia

Référendum

Jour 17 - La Journée des chefs La Presse Le toit coule

La Presse

La mainmise sur la question nationale Une société comme les autres À bien y penser

Camil Bouchard Denise Bombardier Julian Gruda

Sans péréquation, la faillite, suggère Philippe Couillard Les vraies malaises

Le Devoir

Bilan de la mi-campagne - Le PQ martèle son message Un nouveau roi de la montagne La langue? Bof! Tant qu'à rêver Culture, rêvons! Pas certain que le Québec a les moyens de devenir um pays L'inscription de nouveaux électeurs sème le doute dans des bureaux de scrutin

Line Beauchamp Marco BélairCirino Mario Dumont Michel David Odile Tremblay Paul Journet

Philippe Orfali

4

41

22/ mar 22/ mar 22/ mar 22/ mar 22/ mar 22/ mar 22/ mar 22/ mar 22/ mar 23/ mar 23/ mar 23/ mar 23/ mar 23/ mar 23/ mar 23/ mar 24/ mar 24/ mar 24/ mar 24/ mar 24/ mar

montréalais Marois en accord avec Goupil sur la question d'un référendum Bilan de la mi-campagne - La confiance du bom élève Le référendum n'est pas une priorité pour Pauline Marois Cultiver le flou pour gagner Un Québec indépendant, mais endetté La campagne électorale sur le web Marois accuse Françoise David de faire le jeu du PLQ Rebondissements, agitation, ajustements Lettre à Lise Payette

Régys Caron

JDM

17

Notícia

Souveraineté

Robert Dutrisac Robert Dutrisac Sébastien Proulx Steve Ambler

Le A8 Devoir Le A9 Devoir JDM 22

Notícia

Référendum

Notícia

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

La A28 Presse JDM 17

Opinião

Indépendance

Notícia

Référendum

La Presse La Presse Le Devoir JDM

A7

Notícia

Souveraineté

A5

Opinião

Souveraineté

B4

Opinião

Indépendance

28

Leitor

Référendum

Taïeb Moalla Tommy Chouinard Vincent Marissal Yves Chartrand

Textos et commentaires

Vários

Des étudiants ontariens tentent de voter contre Marois Un Québec souvrain "pourrait survivre" Pierre Karl Péladeau nargue par inadvertance Nicolas Marceau Québec Solidaire: la tentation de la pureté Culture de dépendance

Caroline Pailliez

JDM

3

Notícias

Souveraineté

Jean-Luc Lavallée Louis Gagné

JDM

18

Notícia

Indépendance

JDM

5

Notícia

Indépendance

Mathieu BockCôté Nathalie Elgrably-Levy Richard Martineau Vários

JDM

29

Opinião

Souveraineté

JDM

29

Opinião

Souveraineté

JDM

6

Opinião

Référendum

JDM

37

Leitor

Souveraineté

Caroline Pailliez Caroline Pailliez François Brousseau Georges Jodoin

JDM

2

Notícias

Souveraineté

JDM

3

Notícia

Référendum

Opinião

Souveraineté

Leitor

Référendum

Le courage de François Legault Textos et commentaires Le PQ craint un vol de l'élection Tension au bureau d'élection Référendums Il n'y aura pas de printemps québécois

Le B1 Devoir Le A6 Devoir

42

24/ mar 24/ mar 24/ mar 24/ mar 24/ mar 24/ mar 24/ mar 24/ mar 24/ mar 24/ mar 24/ mar 24/ mar

24/ mar 25/ mar 25/ mar 25/ mar 25/ mar 25/ mar 25/ mar 25/ mar 25/ mar

La carte d'électeur

Gilles Duceppe

JDM

La charte avant le pays

Gilles Patenaude Isabelle Maréchal Jean-François Nadeau Josée Boileau

Opinião

Référendum

Le A6 Devoir JDM 38

Leitor

Référendum

Opinião

Référendum

Le Devoir Le Devoir La Presse La Presse La Presse La Presse Le Devoir JDM

A3

Opinião

Indépendance

A6

Editorial Référendum

A2, A3 A14

Notícia

Souveraineté

Leitor

Indépendance

A14

Leitor

Référendum

A8

Notícia

A7

Opinião

Question Nationale Référendum

22

Notícia

Indépendance

Mélanie Loisel

Le A1 Devoir

Notícia

Souveraineté

JDM

6

Opinião

Indépendance

Lettres

Richard Martineau Vários

JDM

30

Leitor

Référendum

Textos et commentaires

Vários

JDM

31

Leitor

Indépendance

Les chefs politiques s'affronteront de nouveau à TVA Liste électorale - Vigilance et paranoïa "Bottez-vous le derrière"

Agende QMI

JDM

20

Notícia

Question Nationale

Antoine Robitaille Charles Lecavalier Éric Alvarez

Le A6 Devoir JDM 10

Editorial Référendum Notícia

Référendum

Le A6 Devoir JDM 3

Leitor Notícia

Question Nationale Référendum

Notícia

Indépendance

Élection volée? On se calme! La Province Élections et environnement Ça va très mal Une journée avec Pauline Marois Comment savoir?

Katia Gagnon Luc Dumoulin

Un outil de démocratie

Marc Bineault

Le "ROC" las de la menca référendaire Processus électoral - Le risque de fraude est bien réel Un parti marginal veut abolir l'impôt Étudiants non québécois sur la liste électorale - Le PQ s'inquiéte pour rien, dit le DGE Sous les jupes des libéraux

Martin Croteau Mathieu Vandal Mélanie Colleu

La peur et le Québec: regard d'um immigrant Le virage libéral se poursuit

38

Geneviève Lajoie Vote des étudiants - Un Guillaume Le A3 épisode "grotesque" aux yeux Bourgault-Côté Devoir de Couillard

43

25/ mar 25/ mar 25/ mar 25/ mar 25/ mar 25/ mar 25/ mar 25/ mar 25/ mar 25/ mar 25/ mar 25/ mar 25/ mar

25/ mar 26/ mar 26/ mar 26/ mar 26/ mar 26/ mar 26/ mar

Un peu d'économie, entre corruption et référendum L'homme à abattre Pourquoi pas Couillard? Le deuil L'économie du Québec dans la boule de cristal de l'élection Le pari de Couillard CAQ: Legault appelle les Québécois à se "botter le derrière" Um ontarien est-il um Québécois? Le temps passe

Hélène Baril

La 5 Presse JDM 31

Notícia

Référendum

Opinião

Souveraineté

Le A6 Devoir JDM 32

Leitor

Référendum

Opinião

Souveraineté

Karl RettinoParazelli

Le B1 Devoir

Notícia

Référendum

Lysiane Gagnon Martin Croteau

La A19 Presse La A8 Presse

Opinião

Référendum

Notícia

Référendum

Mathieu BockCôté Maurice Leduc

JDM

32

Opinião

Référendum

Le Devoir Le Devoir La Presse La Presse Le Devoir

A6

Leitor

Indépendance

A3

Opinião

Référendum

A3

Notícia

A5

Opinião

Question Nationale Référendum

A1

Notícia

Référendum

La A19 Presse JDM 34

Leitor

Référendum

Leitor

Souveraineté

Jean-Jacques Samson Jean-Marie Dumesnil Josée Legault

Chat échaudé

Michel David

Pour qui voteront les femmes? Le Danemark est-il un pays?

Nathalie Collard Pierre Foglia

L'ombre de Charest suit Couillard

Revenez-em

Robert Dutrisac, Guillaume BourgaultCôté, Marco Bélair-Cirino Roch Pagé

Lettres

Vários

"L'équipe libérale est usée et corrompue" - François Legault Pendant ce temps-là, à Ottawa "Soyez clairs", demande le PLQ au PQ Des souverainistes de droite souhaitent être entendus Le vote pour le Parti Québécois - L'expression

Charles Lecavalier

JDM

7

Notícia

Référendum

Christian Dufour Daphné Cameron Jacques Nadeau Jean Décary

JDM

35

Opinião

Indépendance

Notícia

Souveraineté

Notícia

Question Nationale Référendum

La A2 Presse Le A1 Devoir Le A11 Devoir

Opinião

44

26/ mar 26/ mar 26/ mar 26/ mar 26/ mar 26/ mar 26/ mar 26/ mar 26/ mar 26/ mar 26/ mar 26/ mar 26/ mar 27/ mar 27/ mar 27/ mar 27/ mar 27/ mar 27/ mar 27/ mar

d'um inconfort légitime Le sens des responsabilités

Joseph Facal

JDM

Des fédéralistes appellent Ottawa à intervenir au Quéebc Trois partis valent mieux qu'um pour gouverner le Québec Indépendance: le monopole de la gauche contesté Qui voulait des élections?

La Presse Canadienne

La partie n'est pas perdue, dit Legault Couillard "détourne" les élections, dit Legault Le manège réferendaire

Marco BélairCirino Martin Croteau Pierre Calvé

Le PQ est victime d'une campagne de peut, croit Marois Les libéraux comparent les campagnes de 1994 et 2014 PKP ne regrette pas as déclaration souverainiste Humour électoral: Les étoiles du match PQ: Marois dénonce une "campagne de peur" Lettres Coup de massue La diversion Sortir du confort et de l'indifférence L'indépendance du Québec est avantageuse financièrement, selon ON Pas d'intervention d'Ottawa dans les élections, insistent Bernier et Paradis Débat régional marqué par le référendum et la Charte

Opinião

Souveraineté

Le A12 Devoir

Notícia

Référendum

La Presse Canadienne

Le B3 Devoir

Notícia

Référendum

Laura Pelletier

Le A4 Devoir JDM 36

Notícia

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

A5

Notícia

A8

Notícia

Question Nationale Indépendance

A10

Leitor

Indépendance

Robert Dutrisac

Le Devoir La Presse Le Devoir Le Devoir

A3

Notícia

Référendum

Sarah Bélisle

JDM

22

Notícia

Indépendance

Sarah-Maude Lefebvre Sophie Durocher Tommy Chouinard Vários

JDM

6

Notícias

Souveraineté

JDM

56

Opinião

Référendum

La A8 Presse JDM 34

Notícia

Référendum

Leitor

Souveraineté

Denise Bombardier Jocelyn Boily

JDM

Opinião

Souveraineté

Leitor

Souveraineté

Leitor

La Presse Canadienne

La A26 Presse Le A8 Devoir Le A4 Devoir

Notícia

Question Nationale Indépendance

La Presse Canadienne

Le A6 Devoir

Notícia

Indépendance

Le Droit

La A10 Presse

Notícia

Référendum

Lise Ravary

Karl Gignac

34

35

45

27/ mar 27/ mar 27/ mar 28/ mar 28/ mar 28/ mar 28/ mar 28/ mar 28/ mar 28/ mar 28/ mar 28/ mar

Si le PQ gagnait avec une majorité... La dernière occasion de croiser le fer C'est le printemps, vive la bouette! Lettres

Lysiane Gagnon Stéphane Waffo Vincent Marissal Vários

La A27 Presse JDM 8

Opinião

Souveraineté

Notícia

La A4 Presse JDM 32

Opinião

Question Nationale Référendum

Leitor

Souveraineté

L'opinion de nos blogueurs

Vários

JDM

31

Opinião

Souveraineté

Textos et commentaires

Vários

JDM

33

Leitor

Référendum

Les contours d'un Québec indépendant Débat des chefs - Temps forts, temps morts La peur

André Racicot

A8

Leitor

Indépendance

A3

Notícia

Souveraineté

A2

Opinião

Indépendance

Legault a été le plus combatif

Denis Lessard

A3

Notícia

La deuxième conquête

Gilles Proulx

Le Devoir Le Devoir Le Devoir La Presse JDM

33

Opinião

Question Nationale Référendum

Débat - Le chef libéral peu surpris des attaques

Le A3 Devoir

Notícia

Indépendance

28/ mar 28/ mar 28/ mar 28/ mar 28/ mar

Leur dernier débat

Guillaume BourgaultCôté, Marco Bélair-Cirino Jean-Jacques Samson Josée Legault

JDM

32

Notícia

Référendum

JDM

8

Opinião

Souveraineté

Lisa-Marie Gervais Lise Payette

Le A1 Devoir Le A9 Devoir Le A2 Devoir

Notícia

Souveraineté

Opinião

Souveraineté

Notícia

Référendum

Michel Hébert

JDM

28

Opinião

Indépendance

Régys Caron

JDM

5

Notícia

Robert Dutrisac, Guillaume BourgaultCôté, Marco Bélair-Cirino

Le A1 Devoir

Question Nationale Référendum

28/ mar 28/ mar 28/ mar

L'arène de boxe La galère d'Option Nationale Nous ne sommes pas sortis du bois L'intégrité libérale malmenée dans les nouvelles pubs péquistes Legault l'emporte Couillard a affronté un tir croisé L'intégrité au coeur des échanges

Brian Myles Christian Rioux

Mélanie Loisel

Notícia

46

28/ mar 28/ mar

Face-à-face 2014

28/ mar

Les réactions des chefs au débat

28/ mar 28/ mar 29/ mar 29/ mar

Très bon, trop tard

29/ mar

Rive-Sud de Montréal - Les députés caquistes résisteront-ils? La Question Nationale

29/ mar 29/ mar 29/ mar 29/ mar 29/ mar 29/ mar 29/ mar 29/ mar 29/ mar 29/ mar 29/ mar

Legault caféïné

Rodger Brulotte Sarah-Maude Lefebvre, Taïeb Moalla, Jean-Louis Fortin Tommy Chouinard, Martin Croteau, Paul Journet Vincent Marissal Yves Boisvert

Textos et commentaires

Vários

Réjéan Hébert joue son vatout dans Saint-François

Amélie DaoustBoisvert Amélie DaoustBoisvert Denise Bombardier Geneviève Lajoie Joël-Denis Bellavance

Le A8 Devoir

Notícia

Référendum

Le A8 Devoir

Notícia

Référendum

JDM

44

Opinião

JDM

12

Notícia

Question Nationale Référendum

La A18 Presse

Notícia

Souveraineté

Line Beauchamp Lise Ravary

JDM

39

Opinião

Référendum

JDM

38

Notícia

Référendum

Louis Gagné

JDM

14

Notícia

Souveraineté

Lysiane Gagnon Marco BélairCirino Marie Josée Champagne Mathieu Perreault Michel Hébert

La Presse Le Devoir Le Devoir La Presse JDM

A25

Opinião

Souveraineté

A4

Notícia

Référendum

B4

Leitor

Référendum

3

Notícia

Indépendance

46

Opinião

Indépendance

Échanges intenses entre les quatre chefs

Le DGE rectifie le tir et s'excuse auprès des électeurs Des frais de santé à prévoir au Canada pour les Québécois Le Jell-O est pris Québec 2014 - Jour 24 Faire d'abord la souveraineté économique Panique et incertitude Le cofondateur de la CAQ lance um cri du coeur L'intelligence citoyenne Indépendance et affaires La suite des choses

JDM

38

Notícia

JDM

6

Notícia

Question Nationale Référendum

La A2, Presse A3

Notícia

Souveraineté

La A2 Presse La A5 Presse JDM 44

Opinião

Référendum

Opinião

Référendum

Leitor

Référendum

47

29/ mar 29/ mar 29/ mar 29/ mar 29/ mar 29/ mar 29/ mar 29/ mar 29/ mar 30/ mar 30 /mar 30 /mar 31/ mar 31/ mar 31/ mar 31/ mar 31/ mar 31/ mar 31/ mar 31/ mar 31/ mar 31/ mar

Jean-François Lisée de plus en Régys Caron plus pessimistes PKP et le "coming-out" du PQ Richard Martineau Référendum sur la Robert souveraineté - "J'ai rarement Dutrisac été aussi pessimiste" Le retour au jeu de base Sébastien Proulx La Pinière - La bataille des Stéphane transfuges Baillargeon Lisée "pessimiste" sur le Tommy référendum Chouinard Souverainistes en affaires: le Vincent tabou du Québec inc. BrousseauPouliot Un club discret de gens Vincent d'affaires souverainistes BrousseauPouliot Où sont les militants? Vincent Marissal Lettres Vários

JDM

10

Notícia

Souveraineté

JDM

8

Opinião

Souveraineté

Le A4 Devoir

Notícia

Souveraineté

JDM

Opinião

Souveraineté

Le A1 Devoir La A8 Presse La 2 Presse

Notícia

Indépendance

Notícia

Souveraineté

Notícia

Souveraineté

La 2 Presse

Notícia

Souveraineté

La A7 Presse JDM 20

Opinião

Souveraineté

Leitor

Référendum

Le dernier droit

JDM

29

Opinião

Référendum

La A6 Presse JDM 16

Opinião

Souveraineté

Notícia

Indépendance

A6

Opinião

Référendum

A13

Opinião

Indépendance

A2

Notícia

Indépendance

28

Opinião

Référendum

A12

Opinião

Indépendance

A7

Opinião

A3

Notícia

Question Nationale Indépendance

11

Notícia

Référendum

12

Notícia

Souveraineté

La semaine de tous les dangers Bellemarre appelle à voter pour le PQ La rhétorique: péril pour la démocratie Les orphelins de centre gauche Marc Bellemare veut um gouvernement péquiste Ça suffit! Pour une société plus juste Le retour des libéraux n'est pas souhaitable Legault à la défense des contribuables Couillard sur la défensive Marois doit garder son calme

Christian Dufour Denis Lessard Agence QMI Éric Martin

Le Devoir François-Pierre La Gingras Presse Guillaume Le Bourgault-Côté Devoir Isabelle JDM Maréchal Jacques La Létourneau Presse Marc Le Bellemare Devoir Marco BélairLe Cirino Devoir Marie-Pier JDM Gagné Mélanie Colleu JDM

38

48

31/ mar 31/ mar 01/ abr 01/ abr 01/ abr 01/ abr 01/ abr 01/ abr 01/ abr 01/ abr 01/ abr 01/ abr 01/ abr

01/ abr 01/ abr 01/ abr 01/ abr

01/ abr 02/ abr

À propos d'argent et de politique Le choc, la charge, la charte Ungava - En campagne au nord du 49e parallèle Legault em a marre du PQ et du PLQ Encore le spectre du référendum Couillard dénonce la "machination" référendaire du Parti Québécois La charte nuit à la réputation de Montréal, selon Jacques Ménard La campagne de la peur Une campagne d'ON em faveur du financement populaire La charte et la langue Madame Bertrand Legault porté par l'"effet débat" CAQ: Campagne de "Peur" du "Vieux couple MaroisCouillard"

Stéphane Baillargeon Vincent Marissal Caroline Montpetit Charles Lecavalier Constance Sirois Jean-Luc Lavallée

Le Devoir La Presse Le Devoir JDM

B7

Opinião

Référendum

A2, A3 A2

Opinião

Souveraineté

Notícia

Indépendance

12

Notícia

Référendum

Le A6 Devoir JDM 8

Leitor

Référendum

Notícia

Souveraineté

Jeanne Corriveau

Le A2 Devoir

Notícia

Référendum

Josée Legault

JDM

Opinião

Souveraineté

La Presse Canadienne

Le A2 Devoir

Notícia

Souveraineté

A17

Opinião

Indépendance

2

Opinião

Référendum

A3

Notícia

Référendum

A2

Notícia

Référendum

LysianeGagnon La Presse Marc Cassivi La Presse Marco BélairLe Cirino Devoir Martin La Croteau Presse

26

Françoise David au Devoir Québec Solidaire rêve de la balance du pouvoir Entre deux maux

Mélanie Loisel

Le A1 Devoir

Notícia

Souveraineté

Michel David

Opinião

Souveraineté

PLQ: la Charte "suscite" la xénophobie, selon Couillard Charte de la laïcité - Marois prête à recourir à la clause dérogatoire

Paul Journet

Le A3 Devoir La A2 Presse Le A2 Devoir

Notícia

Référendum

Notícia

Souveraineté

Opinião

Référendum

Leitor

Souveraineté

Mon clin d'oeil Lettres

Robert Dutrisac, Guillaume Bourgault-Côté Stéphane La A1 Laporte Presse Vários JDM 26

49

02/ abr 02/ abr 02/ abr 02/ abr 02/ abr 02/ abr 02/ abr 03/ abr 03/ abr 03/ abr 03/ abr 03/ abr 03/ abr 03/ abr 03/ abr 03/ abr

03/ abr 03/ abr 03/ abr 03/ abr 03/ abr

Sortir de l'impasse

Benoît Léger

Mais où va le PQ? Une dernière avant les élections François Legault au Devoir Legault sent une "ouverture" chez Harper Julie mange des beignes pour une raison, une seule... Des étudiants anglophones passent à l'offensive Une campagne abrutissante Des vraies affaires à l'essentiel Trois raisons de voter libéral

Opinião

Souveraineté

Francine Pelletier Lise Ravary

La A17 Presse Le A9 Devoir JDM 28

Opinião

Souveraineté

Opinião

Référendum

Marco BélairCirino

Le A1 Devoir

Notícia

Souveraineté

Patrick Lagacé

La A8 Presse Le A3 Devoir JDM 6

Notícia

Souveraineté

Notícia

Souveraineté

Opinião

Référendum

1

Notícia

Indépendance

A16

Editorial Indépendance

A2

Opinião

Indépendance

A6

Leitor

Souveraineté

A16

Leitor

Référendum

A6

Leitor

Indépendance

A17

Leitor

Référendum

3

Notícia

Souveraineté

Philippe Orfali Richard Martineau Alain De Repentigny André Pratte

M. Couillard et le référendum

Gaétan Collard

À bien y penser

Guy Fruscis

La perspective référendaire ne nuit pas aux résultats, dit la Laurentienne Banque Laurentienne L'épouvatail référendaire crée de l'incertitude, mais ne freine pas les affaires C'est le patron qui vous écrit

Julien Arsenault

La Presse La Presse Le Devoir Le Devoir La Presse Le Devoir La Presse La Presse

La Presse Canadienne

Le B3 Devoir

Notícia

Souveraineté

Louise Leduc

A6

Notícia

Souveraineté

Charte: les opposants sur um pied d'alerte "On les a foutus dehors il y a 18 mois" Il faut sauver le soldat Legault

Marco Fortier

A1

Notícia

Souveraineté

A2

Notícia

Indépendance

A3

Opinião

Référendum

Marois évoque deux mandats sans référendum

Robert Dutrisac

La Presse Le Devoir La Presse Le Devoir Le Devoir

A3

Notícia

Souveraineté

La justice, un enjeu évacué de Brian Myles la campagne électorale Un peuple? Claude Bouchard L'épouvantail libéral Flore Fournier

Martin Croteau Michel David

50

04/ abr 04/ abr

Un éditorial controversé

La Presse

Étude - Publicités: la CAQ et le PLQ ont le mieux fait

04/ abr 04/ abr 04/ abr 04/ abr 04/ abr 04/ abr 04/ abr 04/ abr 04/ abr 04/ abr 05/ abr 05/ abr 05/ abr 05/ abr 05/ abr 05/ abr 05/ abr 05/ abr 05/ abr 05/ abr 05/

Il y a de la vie après le PQ

Amélie DaoustBoisvert Jean Dorion

Ratés de campagne

La A15 Presse Le A2 Devoir

Leitor

Référendum

Notícia

Référendum

La A14 Presse JDM 26

Opinião

Indépendance

Opinião

Référendum

La A14 Presse Le B10 Devoir JDM 27

Opinião

Indépendance

Opinião

Indépendance

Opinião

Souveraineté

Opinião

Référendum

Opinião

Indépendance

NOtícia

Indépendance

Opinião

Livre Blanc

Notícia

Référendum

Notícia

Souveraineté

Opinião

Indépendance

Opinião

Référendum

Opinião

Référendum

Notícia

Souveraineté

Opinião Notícia

Question Nationale Référendum

Notícia

Référendum

Notícia

Indépendance

Opinião

Question Nationale Souveraineté

Les pelleteux nuages et les pelleteux de sables L'élection du blocage

Jean-Jacques Samson Jean-Marie Girardville Josée Blanchette Josée Legault

Ne pleure pas Janette

Lise Payette

Un café avec PKP

Marco Fortier

Legault exulte

Michel Hébert

Le A9 Devoir Le A1 Devoir JDM 17

Le PQ, um vote lucide

Richard Legault et al Taïeb Moalla

Le A8 Devoir JDM 16

Un référendum libéral?

La Presse et Le Soleil appuient les libéraux Anglophone et... Pour le oui!

La Presse

La A10 Presse L'opposition moins Annabelle Blais La A4 contraignante pour PKP Presse Choisir le Parti Libéral du Benoît JDM 48 Québec Pelletier Le pouvoir de la belle parlure Boucar Diouf La A27 Presse Temps forts, temps morts Brian Myles Le A7 Devoir Jeu de puissance en vue de la Denis Lessard La A5 finale de lundi Presse Les caquistes infidèles de Geneviève JDM 4 retour Lajoie Parti libéral du Québec: um Guillaume Le A6 gros merci à PKP Bourgault-Côté Devoir Option nationale - Une Lisa-Marie Le A6 campagne partout au Quebec Gervais Devoir Tout ça pour ça? Lysiane La A27 Gagnon Presse Un grand dérapage électoral? Marco Fortier Le A1

Opinião

51

abr 05/ abr 05/ abr 05/ abr 05/ abr 05/ abr 05/ abr 05/ abr 05/ abr 05/ abr 06/ abr 06/ abr 06/ abr 06/ abr 06/ abr 06/ abr 07/ abr 07/ abr 07/ abr 07/ abr 07/ abr 07/ abr 07/ abr

Les propositions des chefs pour le Québec Un référendum sur le PQ

Mélanie Colleu

Dessiner d'autres images Les promesses des partis

Odile Tremblay Philippe Orfali

Tchou Tchou

Pierre Foglia

Nous sommes d'abord et avant tout des indépendantistes Parti Québécois - Dépassé par les événements Le décor est tombé

Pierre-Luc Benoît et al

Michel David

Devoir JDM 26 Le Devoir Le Devoir Le Devoir La Presse Le Devoir

Notícia

Souveraineté

B3

Opinião

Souveraineté

B2

Opinião

Souveraineté

A8

Notícia

Livre Blanc

A10

Opinião

Référendum

B5

Opinião

Indépendance

Le A6 Devoir JDM 44

Notícia

Référendum

Opinião

Souveraineté

La A3 Presse JDM 33

Opinião

Référendum

Textos et commentaires

Robert Dutrisac Sébastien Proulx Vincent Marissal Vários

Leitor

Référendum

Éloge des indécis

Benoît Aubin

JDM

33

Opinião

Indépendance

Manifestation pour la laîcité à Jean-Marc Montréal Gilbert Éloge des hommes politiques Mathieu BockCôté Illusions perdues Michel Hébert

JDM

29

Notícia

Indépendance

JDM

34

Opinião

Indépendance

JDM

28

Opinião

Livre Blanc

L'explosion

JDM

12

Opinião

Souveraineté

JDM

8

Notícia

Indépendance

Le Devoir Le Devoir La Presse Le Devoir JDM

A6

Leitor

Souveraineté

A6

Leitor

Référendum

A8

Notícia

Référendum

A3

Notícia

Souveraineté

6

Opinião

Référendum

JDM

4

Notícia

Souveraineté

C'est déjà fini?

Richard Martineau Option nationale estime avoir Agence QMI réussi son "pèlerinage" Alliance souverainiste Alexandre Savignet Une décision déterminante Gérard Laurin Legault hue une mascotte Québec solidaire - L'espoir d'une percée L'année de tous les calculs Une folle campagne électorale

Martin Croteau Mélanie Loisel Richard Martineau Sarah-Maude Lefebvre

52

07/ abr 07/ abr 07/ abr 07/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr

Ne me dîtes pour qui voter!

50

Opinião

Référendum

Le B7 Devoir Le B7 Devoir

Opinião

Souveraineté

Notícia

Référendum

La A6 Presse JDM 43

Opinião

Référendum

L'opinion de nos blogueurs

Yves Boisvert, Patrick Lagacé Vários

Opinião

Indépendance

Les Québécois ont dit non

André Pratte

Editorial Indépendance

La sanction

JDM

Toute une raclée pour le PQ

Bernard Descôteaux Charles Lecavalier Éric Yvan Lemay Gaétan Frigon

La A34 Presse Le A1 Devoir JDM 4

"Vive les Québécois libres"

Isabelle Maher

Panel des électeurs du Devoir

Isabelle Paré

La débâcle

Jean-Jacques Samson Jean-Luc Lavallée Josée Legault

Médias - Médiatisation, piège abscons Variations sur une boussole pour s'y retrouver en période électorale L'un vote, l'autre pas

Legault est là pour rester "C'est fini la Charte"

Philippe Couillard gagne son pari La punition

Sophie Durocher Stéphane Baillargeon Stéphane Baillargeon

JDM

Malgré le retour, ON entend continuer son combat "Vous pouvez compter sur moi!" Couillard met le PQ K.-O.

Laura Pelletier

La CAQ est désormais une "force politique incontournable", dit Legault La faute à quoi?

Martin Croteau

Lisa-Marie Gervais Marco Fortier

Le long hiver

Mathieu BockCôté Michel David

Le Dr Gaétan Barrette élu

Pascale Breton

Opinião

Souveraineté

Notícia

Souveraineté

Notícia

Indépendance

La A35 Presse JDM 5

Opinião

Livre Blanc

Notícia

Référendum

Le A5 Devoir JDM 4

Notícia

Référendum

Notícia

Souveraineté

JDM

2

Notícia

Référendum

JDM

42

Opinião

Indépendance

Le Devoir Le Devoir Le Devoir La Presse

A3

Notícia

Indépendance

A5

Notícia

Souveraineté

A1

Notícia

Indépendance

A7

Notícia

Question Nationale

JDM

42

Opinião

Souveraineté

Le A3 Devoir La A9 Presse

Opinião

Souveraineté

Notícia

Référendum

14

53

08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr 08/ abr

Note de Pauline Marois au prochain chef du PQ La fin d'un court purgatoire

Patrick Lagacé

Péage au pont: "Taxation without representation?" Catastrophe au Parti Québécois La Pinière

Robert Beauchemin Robert Dutrisac Stéphane Baillargeon Valérie Gonthier Vincent Marissal Yves Boisvert

Sentiments partagés pour PKP Un exploit et um naufrage

Paul Journet

La Presse La Presse Le Devoir Le Devoir Le Devoir JDM

A5

Opinião

Souveraineté

A4

Notícia

Indépendance

A8

Leitor

Référendum

A3

Notícia

Référendum

A5

Notícia

Référendum

13

Notícia

Souveraineté

La A4 Opinião Presse Crises d'identité La A6 Opinião Presse Quadro 01: Repertório de artigos analisados na pesquisa

Référendum Souveraineté

Fonte: Autoria própria

AGRADECIMENTOS A Tatiana Vargas Maia, pela orienteção desta pesquisa, pelo exemplo enquanto profissional e pela amizade. Aos meus pais, Dirce Maria Welsch Berg e Luiz Oscar Berg, pelo apoio incondicional. Aos amigos de Montreal e de Quebec, em especial, Anne-Marie Veillette, Guillaume Joseph, Samuel “Shampoo”, Dominique Jutras e Robert Laliberté, por terem me acolhido de braços abertos no Quebec e despertado em mim, mesmo que involuntariamente, uma grande paixão por este canto francófono das Américas. Ao Governo do Canadá, pela oportunidade de realizar um semestre de estudos na Universidade do Quebec em Montreal por meio do Programa Futuros Líderes das Américas. Esta experiência se encontra na origem de meu interesse em pesquisar o nacionalismo no Quebec.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.