Utilização do Facebook como ferramenta educacional

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UTILIZAÇÃO DO FACEBOOK COMO FERRAMENTA EDUCACIONAL¹ Matheus Saalfeld Bartz² Resumo O artigo tem como finalidade compreender as contribuições do Facebook para a educação e a problemática do tema nos tempos atuais. Sendo o Facebook,a rede social digital com o maior número de usuários no Brasil, analisa-se o seu envolvimento com a educação contemporânea. A partir da pesquisa bibliográfica objetiva-se analisar os formatos de interação mais acessíveis aos alunos e professores; e a potencialidade de tornar o Facebook um instrumento valioso no modelo atual de ensino. Palavras-chave Educação; Facebook; Interação Digital; Pedagogia.

1. INTRODUÇÃO A inserção de novas tecnologias de comunicação e informação no cotidiano contemporâneo tem um crescimento considerável. Estas mudanças de hábito acabaram por modificar o modo com o qual nos relacionamos com o mundo, milhares de novas situações são encontradas no uso das novas tecnologias. Deste modo, todos os manuais e normas sociais que tínhamos firmemente estabelecidos a poucas décadas, já não são suficientes para satisfazer os novos comportamentos digitais, caminhamos para uma obsolescência dos métodos atuais. Neste mesmo grupo de obsolescência, se encontram as atividades educacionais tradicionais, que ainda se encontram vinculadas aos modelos estabelecidos na revolução industrial e no Iluminismo. As tecnologias de informação e comunicação, em especial os softwares colaborativos disponibilizados por meio da Internet, fazem parte da rotina dos jovens (Patrício e Gonçalves, 2010). Segundo Capobianco (2010), tais ferramentas oferecem recursos para potencializar os processos na área de educação abrindo novas possibilidades para complementar o ensino formal.

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No século XXI, a sociedade se baseia na tecnologia, principalmente na informação e no conhecimento proporcionados pela Internet, dando a este meio de comunicação, uma importância sem precedentes. A inovação tecnológica, a massificação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e a constante evolução da Internet, e mais concretamente da WWW (World Wide Web), ou simplesmente Web, constitui um dos principais pilares da Sociedade da Informação e do Conhecimento. (PATRICIO; GONÇALVES, 2012, p. 25)

As ferramentas digitais já aceleram a divulgação de conhecimento informal de uma maneira jamais vista, onde pessoas, independente da sua educação formal, podem juntas construir conhecimento e repassá-lo aos demais interessados, mas sem nenhuma aprovação dos modelos educacionais tradicionais. Os alunos já estão familiarizados com as redes sociais. Mesmo que não queiram aliar educação com lazer, eles já sabem utilizar essas ferramentas, por isso fica mais fácil explorar seus recursos (Patrício e Gonçalves, 2010). As redes sociais são utilizadas pela maioria das pessoas e os jovens são maioria, como afirmam Minhoto e Meirinhos (2011) de que a escola não deve se limitar a realidade física em que se encontra, devido a presença das redes sociais no cotidiano dos alunos, está situação é incontornável e escancarada. O professor pode aliar este ambiente prazeroso do jovem ao introduzir um ambiente de ensino, por meio da cooperação, interação, compartilhamento e produção de conhecimento, tornando esta ferramenta um facilitador das realizações previstas nos programas curriculares. Dentro deste universo digital e tecnológico, se encontra o Facebook, a mídia social digital mais utilizada no Brasil, segundo pesquisa da SERASA EXPERIAN. Este tipo de instrumento de comunicação tem alcançado todas as camadas sociais e está cada vez mais inserido na vida humana. Apesar de podermos contar com grandes pesquisadores na área, a tecnologia não é facilmente prevista, devido a sua construção não linear e bastante difusa, diferente da educação, a qual se antecipa uma tendência de relevância ascendente. A educação se torna cada vez mais complexa, a partir de uma revolução no armazenamento de conhecimento, onde até então as informações eram passadas verbalmente, 2

para um armazenamento escrito, onde se pudesse passar as informações adiante e com muito mais velocidade. Nos tempos atuais contamos com inúmeras formas de saber e aprendizagem, tornando o aprendizado já não mais exclusivo de certa idade da vida humana ou de uma fase, a educação se tornou um processo continuo na vida, onde todos tem informações novas todo o tempo e precisam se atualizar constantemente. No meio deste novo ambiente, e em particular o Facebook, se encontram os professores e alunos, que não tiveram em sua formação, adequações necessárias para se apropriarem de mídias digitais e que muitas vezes vêem os meios digitais como um empecilho ao aprendizado tradicional, trazendo mais aversão as pessoas acostumadas com o método formal de aprendizagem. Esta mídia já é de comum uso da grande parte da população brasileira, torná-la algo facilitador na troca de informações e na geração de conhecimento, pode ser um grande avanço na democratização da informação. 2 EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA O ensino até a revolução industrial se pautava na transmissão do conhecimento, pelo professor para o aluno. O professor detinha a verdade absoluta e o aluno era um ser passivo. Era o modelo da Educação Bancária, como salientava Freire (1996). Atualmente a concepção de aprendizagem se baseia, ou deveria se basear, em o professor como um mediador entre conhecimento e o aluno, além disso, com o intuito de despertar o olhar crítico e consciente, permitindo aos alunos, liberdade de escolha e responsabilidade individual, contrariando a submissão e a passividade, que frequentemente são observadas em nossas escolas; como Foucault (1996) nos esclarece, "[...] não se tem o direito de dizer tudo, que não se pode falar de tudo em qualquer circunstância, que qualquer um, enfim, não pode falar de qualquer coisa[...]" (p.09), esta relação de hierarquia nas salas de aula, limitadora de debate revela uma natureza escolar não crítica e debatedora. A organização escolar atual e suas características datam do século XVIII, fato bastante divergente da realidade que nos encontramos. Este modelo educacional, baseado na revolução industrial e na produção em massa, tornou a educação mais acessível e a possibilitou englobar áreas que até o momento não tinham nenhum suporte educacional. A necessidade que a

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indústria da época necessitava eram de trabalhadores com algum conhecimento e que pudessem manusear as máquinas com perfeição. A ideia de agrupar os indivíduos de forma mais ou menos sistemática com fins de enculturação e socialização existe há milênios. Mas a escola como a conhecemos hoje, é pensada como um projeto de estado voltado para o letramento e a formação graduada de crianças e jovens de uma nação, esta é uma invenção da modernidade, datada do século 18. A invenção da escola foi acompanhada pela criação de argumentos diversos que justificassem sua disseminação na sociedade, com o tempo, transformada em modelos de negócios, capazes de alimentar inclusive metas de lucro das forças privadas de mercado (ROBINSON, 2011, apud MEIRA; PINHEIRO, 2012, p. 2).

As escolas, em geral, encontram-se despreparadas para acompanhar o ritmo das mudanças no mundo e para atender às expectativas dos alunos, que chegam de um mundo cercado de tecnologia e informação; e encontram um modelo engessado de educação, onde devem permanecer quietos, parados, atentos e com poucas oportunidades de vivenciarem o conhecimento. Elucida-se a característica fundamentalmente industrial do modelo pedagógico e a sua debilidade como instituição libertadora e incentivadora do pensamento crítico, assim para Freire (1996), "A educação de que precisamos há de ser a que liberte pela conscientização. A educação que comunica e não a que faz comunicados." Este efeito de descolamento entre o universo jovem e o universo acadêmico só tende a se agravar com o passar dos anos e com razão Meira e Pinheiro (2012, p.2) discorrem, "[...] a escola tem se reinventado quase nada desde suas origens, renovando muito pouco seus modelos de disseminação e, consequentemente, desencantando sua principal audiência, as crianças e os jovens, a cada nova geração." A escola permanece com o conservadorismo enquanto seu principal foco deveria ser a inovação e a experimentação, baseando em mensuração de resultados, avaliações de eficácia e "produtividade". A mudança em nenhum aspecto humano é automático, de fato, a mudança retira toda a segurança que se tinha e traz a tona problemas e situações que não estamos acostumados. A escola é uma instituição mais tradicional que inovadora. A cultura escolar tem resistido bravamente às mudanças. Os modelos de ensino focados no professor continuam predominando, apesar dos avanços teóricos em busca de mudanças do foco do ensino para o de aprendizagem. Tudo isto nos mostra que não será fácil mudar esta cultura escolar tradicional, que as inovações serão mais lentas, que

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muitas instituições reproduzirão no virtual o modelo centralizador no conteúdo e no professor do ensino presencial (MORAN, 1995, p.18).

Parte das instituições de educação se prepararão para as mudanças que estão a ocorrer, outra parte permanecerá com os paradigmas antigos. O grande trunfo das organizações que estão acompanhando o ritmo da sociedade é de que aprenderão continuamente, interativamente, que integrarão as tecnologias avançadas com projetos pedagógicos inovadores, tornando possível o acesso pelas tecnologias virtuais. É neste sentido que as redes sociais são o engatinhar de métodos educacionais mais avançados e interativos. "O mundo educativo não pode permanecer alheio aos fenômenos sociais como este, que está mudando a forma de comunicação entre as pessoas" (HARA, 2010, p. 1). Do mesmo modo pelo qual a escola influencia o ambiente exterior a ela, ela não pode se tornar imune as mudanças clamadas pelo ambiente externo. Esta interação é uma via de mão dupla, as duas vias tem de ser auxiliadas mutuamente e devem negar a isolação. As ideias não devem ser mostradas como imutáveis e insensíveis, mas sim como todo o resto do mundo: algo que pode ser mutável e não inato.

3 FACEBOOK E EDUCAÇÃO A educação não depende da tecnologia, ela é apenas um complemento a experiência pedagógica, ela segue o caminho orientado pelo seu disseminador de conteúdo e sujeita-se a sua interpretação da informação. As tecnologias de comunicação não mudam necessariamente a relação pedagógica. As Tecnologias tanto servem para reforçar uma visão conservadora, individualista como uma visão progressista. A pessoa autoritária utilizará o computador para reforçar ainda mais o seu controle sobre os outros. Por outro lado, uma mente aberta, interativa, participativa encontrará nas tecnologias ferramentas maravilhos de ampliar a interação (MORAN, 1995, p. 26).

Tendo em vista a grande quantidade de informações que acumulamos somente através do nosso principal meio de comunicação, a voz e que em seguida apropriou-se da escrita. O pensamento humano transpõe as técnicas que possuímos, não se deve subestimá-lo, mas sim aliá-lo a tecnologia. Educar é substantivamente formar. Divinizar ou diabolizar a tecnologia ou a ciência é uma forma altamente negativa e perigosa de pensar errado. De testemunhar aos alunos, às vezes com ares de quem possui a verdade, um retundo desacerto. Pensar

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certo, pelo contrário, demanda profundidade e não superficialidade na compreensão e na interpretação dos fatos (FREIRE, 1996, p. 33).

Uma rede social, conforme Recuero (2009: p. 24), "[...] é definida como um conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais)[...]". Dessa maneira, nota-se que na essência dessas redes, virtuais ou não, encontram-se aspectos como interatividade, criação de laços e conexão com o outro, elementos comuns da raça humana. Outra ênfase da autora é a diferenciação entre redes sociais e sites de redes sociais e os caracteriza como espaços para a expressão das redes sociais na Internet. A mudança social causada pelos meios eletrônicos de comunicação são assiduamente estudados pelo mundo, suas conexões múltiplas moldam o meio pelo qual organizações e indivíduos interagem, potencialmente formando uma "aldeia global" (Kerckhove, 1999, p.209). [...] a revolução nas tecnologias da informação e comunicação também relacionada com a revolução na engenharia genética; o modelo de organização em rede como forma predominante da atividade humana em todos os âmbitos; o papel decisivo da geração de conhecimento e o processamento da informação como fonte de poder, riqueza e significação cultural; e a interdependência global das sociedade, em particular mediante a integração em redes globais de comunicação das atividades estrategicamente dominantes em cada sociedade [...] (CASTELL, 2008).

A presença dos professores na rede social amplia o contato entre os docentes e discentes, como evidencia a pesquisa de Mazer, Murphy e Simonds (2009), revelando que a vasta quantidade de informações presentes nos perfis de professores no Facebook, motivam previamente os alunos, estreitando afetivamente os envolvidos e aumentando a credibilidade do professor. Relações virtuais que ecoam nas relações presenciais da escola e vice-versa. Mas apesar deste universo já ser habitado pelos atores presentes no meio físico da educação, encontra-se uma grande ruptura entre os meios digitais e escolares, a potencialidade que o tema tem, nos leva a encarar este mundo novo como um mundo cheio de possibilidades e satisfações, através de ações colaborativas entre os próprios alunos e entre o aluno e professor. Tornando a escola, algo presente na vida cotidiana daqueles indivíduos. Na minha opinião, os professores, ao se darem conta do potencial pedagógico das redes sociais, perceberão que suas aulas irão além dos muros da escola, ampliando o que é aprendido na sala de aula, principalmente, quando compreenderem o potencial que elas proporcionam, como troca de ideias, a construção de conhecimento e, principalmente, a ampliação das relações sociais. Diante da minha experiência como educadora, os professores terão outros ganhos também, como superar a si próprio

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em relação à resistência ao uso da tecnologia na escola, à falta de motivação e comprometimento com o seu papel de educador. O aluno terá uma aprendizagem significativa dentro do seu contexto de vida, afinal, eles poderão ter sua aprendizagem enriquecida, mediada pelas tecnologias digitais, através de uma aprendizagem colaborativa. Dentro desse contexto, eu entendo que o processo de construção do conhecimento, através do uso pedagógico das redes sociais, sugere que o aluno amplie seu interesse na escola, favorecendo a continuidade de seus estudos, na vida e ao longo dela. Outro fator que ressalto é a relação entre professor e aluno, que pode estreitar-se de forma positiva, num curto espaço de tempo, devido à intensidade e à frequência de uso. Reforço, também, que as redes sociais, quando mediadas, se tornam importantes e auxiliam tanto o aluno quanto o professor na construção de novos conhecimentos (KELLY, 2010, apud UMBELINA, 2013, p. 6).

As potencialidades das redes sociais ainda são pouco exploradas pelo meio educacional e podem trazer mudanças significativas para todos os envolvidos, "[...] A Internet é um novo meio de comunicação, ainda incipiente, mas que pode ajudar-nos a rever, a ampliar e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e de aprender [...]" como explica Moran (2000), a educação que tem infinitas possibilidades a partir das novas tecnologias e métodos, se encontra estagnada junto as grades curriculares e modelos fechados de ensino. O espaço para a inovação é pouco utilizado, faltam oportunidades para que os docentes se arrisquem em novas metodologias de ensino e possam trocar ideias de como tal experiência contribuiu ou desfavoreceu a aprendizagem. Por natureza, "[...]o ensino é um trabalho interativo[...]" (TARDIF; LESSARD, 2009 p. 231), desse modo, o Facebook se torna uma excelente ferramenta complementar ao ensino, onde a interação pode ser continuada e aproximada do cotidiano dos alunos. Os próprios professores podem se utilizar de das ferramentas de grupos do Facebook para discutirem os métodos mais adequados e organizarem suas atividades conjuntas e interdisciplinares. Ao se utilizar dos recursos de redes sociais durante um disciplina, Minhoto (2012) demonstrou que devido a familiaridade com o contexto do Facebook, a interação dos alunos proporcionou a construção ativa de conhecimento. Não obstante, Zancanaro (2012), relata que as facilidades presentes no Facebook geraram motivação e agregação de valor para os estudantes envolvidos. O Facebook pode ser explorado com ferramenta pedagógica importante, principalmente na promoção da colaboração no processo educativo e ainda permitir a construção do senso crítico do aluno e ampliar a sua percepção do modo como as informações geram conhecimento Fernandes (2011). 7

O educador não deve ter o papel de mestre ou alguém que possui a verdade, assim como a educação e o conhecimento não podem ser visto como algo acabado e completo. Considera-se a participação plena do orientado, mostrando a sua capacidade de mudar a realidade, sua responsabilidade com a escola e com o mundo. [...] ensinar não é transferir conteúdo a ninguém, assim como aprender não é memorizar o perfil do conteúdo transferido no discurso vertical do professor. Ensinar e aprender têm que ser com o esforço metodicamente crítico do professor de desvelar a compreensão de algo e com o emprego igualmente crítico do aluno de ir entrando, como sujeito de aprendizagem no processo de desvelamento que o professor ou professora deve deflagrar [...] (FREIRE, 2002, p. 134).

Este processo não linear de aprendizagem nos mostra a complexibilidade da educação, tarefa tanto docente quanto do aluno. O aluno deve estar concentrado no professor ao mesmo tempo em que a explicação deve levar em conta as características daqueles indivíduos na sociedade. Educação e Facebook possuem a comunicação como via principal e nos encantam com a sua usabilidade e abrangência, mas as suas qualidades de uso dependem exclusivamente dos usuários que as manipulam. São as pessoas que comunicam e detêm estas ferramentas, devem elas portanto avaliar quais métodos usarão, com quem se relacionaram e que tipo de informação será divulgada ou rejeitada. O reencanamento em fim, não reside principalmente nas tecnologias - cada vez mais sedutoras - mas em nós mesmos, na capacidade em tornar-nos pessoas plenas, num mundo em grandes mudanças e que nos solicita a um consumismo devorador e pernicioso. É maravilhoso crescer, evoluir, comunicar-se plenamente com tantas tecnologias de apoio. É frustrante, por outro lado, constatar que muitos só utilizam essas tecnologias nas suas dimensões mais superficiais, alienantes ou autoritárias. O reencantamento, em grande parte, vai depender de nós (MURAN, 1995, p.26).

Cabe salientar, que nem todos conseguem participar desde novo momento digital. De fato, boa parte dos jovens de baixa renda não possuem acesso a rede, público mais carente de informação e sedento por comunicar-se. O problema é político e econômico e gera fragmentação social de forma abrupta. Como Castells (2003, p. 226-227) aborda, ''[...]essa exclusão pode se reproduzir por diferentes mecanismos: falta de infra-estrutura tecnológica; obstáculos econômicos ou institucionais ao acesso às redes; capacidade educacional e cultural limitada para usar a Internet de maneira autônoma; desvantagem na produção do conteúdo comunicado através das redes[...]'' 8

Esta falta de espaço digital amplia ainda mais o abismo nas classes econômicas brasileiras, algo que já é escancarado no mundo física, reflete no mundo digital de maneira semelhante. Não somente o Facebook pode ser utilizado, mas há também diversas outras forma de interação digital, que podem ser utilizadas com o intuito de melhorar a participação do aluno na sala de aula e a participação da escola na vida do aluno, tornando a educação ao mais dinâmico e participativo.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A própria escola é um dos primeiros espaços, em que a criança convive com outras pessoas semelhantes a ela e que não fazem parte do seu círculo social, esta interação e colaboração presente na escola, a tornam fundamental no amadurecimento infantil. A rede social digital, apesar de ser um universo imaterial tentando representar o real, ainda pode contribuir muito para o convívio e participação de todos, pois ela está disponível a qualquer momento, não somente no turno escolar; docentes e discentes tem uma relação mais próxima que talvez não houvesse tempo de ocorrer dentro da sala de aula. Estamos cientes de que a escola esta defasada com o contexto do jovem atual e o ambiente escolar precisa mudar rapidamente. Os jovens da nova geração são mais questionadores, acessam a Internet diariamente e estão sedentos por novos conhecimentos, o método pedagógico forçado já não possui o mesmo efeito que antigamente, precisamos reavaliar a situação e redirecionar a educação ou talvez o modelo de escola física esteja totalmente obsoleto. Apesar da grande quantidade de interatividade e construção conjunta no Facebook, cabe lembrar que esta rede social digital também é uma empresa, com balanço de seu faturamento, acionistas ansiosos e com inúmeros meios de rentabilizar os acessos. Como ressalva feita anteriormente, devemos ter consciência de que o Facebook não é o modelo perfeito para educação e talvez nunca será, mas ele nos tornou possível diversas formas de interação que anteriormente não tínhamos.

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A quantidade de possíveis distrações diante do Facebook e também do próprio computador pode acabar dificultando o aprendizado do aluno, é necessário um certo grau de maturidade para a boa compreensão de que aquele momento é oportuno para os temas propostos e não para outras atividades. É de suma importância que o professor seja o mediador dos debates na rede social e que modere os temas a ser conversados e o grupo deve ser sempre moderado pelo mesmo. Um dos riscos de não haverem profissionais especializados nas interações educacionais no Facebook são a veracidade e fonte dos dados obtidos pelos usuários, lembra-se que ao mesmo tempo em que o jovem está conectado a rede social, segue pesquisando no Google, vendo artigos no Wikipedia, vendo seus Youtubers preferidos e obtendo dezenas de outras informações que podem não ter comprometimento com a veracidade. O fato do modelo de ensino atual ser impessoal, rígido e com pouco dialogo entre professor e aluno, tornam a aula menos atraente para o aluno e também não atende as expectativas do professor. As duas partes têm poucas ocasiões de diálogo e as redes sociais digitais são excelentes ferramentas para este dois atores conversarem e atenderem em conjunto suas necessidades. Tornar a educação um modelo mais pessoal e de cooperação é um dos maiores benefícios que o uso dos meios digitais podem trazer. Talvez essa rede social deixe de existir algum dia, mas as lições que aprendemos nela permanecerão, contribuindo para um ensino mais democrático e participativo, onde todos possam ouvir e ser ouvidos, onde o conhecimento seja gerado espontaneamente e livre em um sistema descentralizado.

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