Vale Tudo no Twitter: a visibilidade da ficção televisiva em tempos de convergência midiática/Vale Tudo on Twitter: the visibility of television fiction in media convergence times

July 24, 2017 | Autor: M. Aquino Bittenc... | Categoria: Television Studies, Twitter, Media Convergence, Fiction, Ficção Televisiva
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VALE TUDO NO TWITTER: A VISIBILIDADE DA FICÇÃO TELEVISIVA EM TEMPOS DE CONVERGÊNCIA MIDIÁTICA

Maria Clara Aquino- UFRGS/ULBRA Paula Puhl – UNIVERSIDADE FEEVALE 1 Resumo: O artigo aborda a ficção televisiva e o impacto provocado na mídia pela telenovela Vale Tudo em 1988/89 para perceber como sua reprise no Canal Viva tem circulado no Twitter. A observação dos perfis das personagens da telenovela e dos comentários no microblog pelos telespectadores levanta a hipótese de que a convergência entre a televisão e a web potencializa a visibilidade do conteúdo ficcional. Percebe-se que a convergência entre estes meios não se resume apenas em questões técnicas, mas em novas práticas sócio-culturais em torno da construção de novos significados em relação à narrativa, a partir da participação e da interatividade entre os telespectadores. Palavras-Chave: televisão, web, ficção Abstract: The article discusses the impact of television fictions and soap operas in the media by Vale Tudo in 1988/89 to see how its reprise on Viva channel has been circulating on Twitter. The observation of the profiles of the characters in soap operas and comments by viewers in the microblog hypothesizes that the convergence between television and web content enhances the visibility of the fictional content. It is observed that the convergence of these media is not just on technical issues, but in new sociocultural practices around the construction of new meanings in relation to narrative, from the participation and interactivity with viewers. Keywords: Television, web, fiction

Introdução A pesquisa do Conect Mídia/Ibope sobre hábitos de consumo de mídia na era da convergência, apresentada em outubro de 2009, relata que mais de 20 milhões de pessoas usam algum tipo de rede social. Uma das ferramentas online que mais vem crescendo é o Twitter 2, que teve crescimento superior a 280% entre os internautas residenciais no período de junho de 2008 e junho de 2009. O Brasil está posicionado no topo do ranking de penetração do serviço, ultrapassando países como os Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Cada usuário brasileiro navega de casa ou do ambiente corporativo, em média, 36 minutos no Twitter. 3 Caracterizado como um serviço de microblogging, o Twitter foi criado em 2006 e permite a postagem de mensagens de até 140 caracteres. O usuário cria um perfil que passa a ser identificado com uma arroba no início (@perfil) e pode então seguir e ser seguido por outros twitters (usuários). 1

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Maria Clara Aquino é professora de Jornalismo na ULBRA – Universidade Luterana do Brasil e Doutoranda do PPGCOM/UFRGS E-mail: [email protected]. Paula Puhl é doutora em Comunicação pela PUCRS e coordenadora do Mestrado em Processos e Manifestações Culturais na Universidade Feevale/RS. E-mail: [email protected] http://twitter.com Informações disponíveis em: http://www.ibope.com.br/conectmidia/estudo/index.html. Acesso em 09/02/11

O Twitter reúne algumas práticas de interação, como a do reply, que refere-se ao ato de responder a uma mensagem postada por outro usuário, enquanto que o RT (retuitar) refere-se a prática de replicar uma mensagem já postada por outro usuário, assim referenciado-o. Além dessas práticas, o uso de hashtags também é comum na ferramenta e trata-se do uso de palavras acompanhadas do símbolo de sustenido (#palavra), identificando o tema da postagem e assim facilitando a busca posterior no Twitter sobre o que vem sendo falado pelos usuários sobre o assunto. Dados quantitativos da pesquisa Conect Mídia/Ibope também mostram que quanto mais jovem é a população maior a convergência de outros meios com a Internet, sendo que 27% dos respondentes estão conectados a Internet enquanto assistem televisão. Esse comportamento é percebido nas manifestações no Twitter a respeito da reprise da telenovela Vale Tudo de 1988, que está sendo veiculada no Canal Viva desde outubro de 2010. Esse é um típico caso que ilustra os dados dessa pesquisa, pois televisão e ferramenta online estão unidos, com um diferencial a partir dos comentários sobre uma ficção televisual. Os comentários feitos no Twitter sobre a telenovela sustentam a hipótese de que a convergência das mídias TV e web potencializam a visibilidade do conteúdo ficcional, além de permitir a construção de novos significados em relação à narrativa, pois é importante considerar que Vale Tudo foi veiculada pela primeira vez em 1988, ou seja, 22 anos depois ela retorna e um novo público tem contato com a trama guiada por Raquel, Maria de Fátima e Odete Roitman. A exemplo de 1988, a telenovela tem tido destaque nas mídias mais tradicionais como a Folha de São Paulo, porém dessa vez Vale Tudo chama a atenção não somente pela história escrita por Gilberto Braga e sua presença na televisão, mas sim pela sua visibilidade na web, e mais especificamente no Twitter, conforme iremos abordar ao longo desse artigo. O texto inicia abordando a ficção na televisão, mostrando a proximidade estabelecida entre as personagens de narrativas ficcionais e seus públicos. O item seguinte apresenta a telenovela no Brasil, focando-se na descrição de Vale Tudo e seu impacto na mídia na época em que foi veiculada pela primeira vez. O terceiro item traz uma discussão sobre o conceito de convergência midiática e sua relação com a ideia de visibilidade, apresentando a análise realizada sobre a telenovela e sua relação com o Twitter, para em seguida tecer as considerações finais.

1. A ficção na televisão A busca pela definição do termo “ficção” remete ao verbo que o originou. De acordo com Davis (apud LOBO, 2000, P. 30), o verbo latino fingere, que originou a palavra ficção, significa “formar”, “moldar” ou “fingir”, e passou a ser difundido em inglês para indicar a ação de modelar ou formar um objeto, combinada com a ideia de fingimento e dissimulação. Entretanto, Davis afirma que, no sentido complexo, a ficção é uma categoria que inclui tudo o que é imaginado ou inventado.

O termo ficção está em oposição à realidade, para Bulhões (2009), que considera necessários pontos de contato com o factual para guiar o leitor, ao mesmo tempo que produz uma sensação libertária permitindo ao mesmo a circulação entre o real e o reino da fantasia e da imaginação. Costa (2002) compartilha esse pensamento ao dizer que a ficção colabora com o deslocamento da realidade objetiva para a realidade subjetiva, afetiva e significativa, e por isso pode ser considerada como a manifestação da pluralidade pela qual o homem vive, compreende e transforma a realidade. Essas características também se repetem nas ficções veiculadas pelas mídias. A ficção foi e ainda é um produto necessário para uma sociedade e seu tempo livre para o lazer, ocasionando o crescimento da indústria do entretenimento. Bulhões (2009) aponta a natureza técnica das mídias como agente potencializador da ficção. Para o autor, a ficção sob o domínio midiático é remodelada e adquire novas nuances com a colaboração da técnica disponível, que vai ao encontro dos nossos desejos de fantasia. “Uma equação se desenha: ao mesmo tempo que o incremento tecnológico das mídias acaba promovendo uma novidade, elas reafirmam procedimentos e atributos muito antigos do ficcional” resume Bulhões (2009, p. 55), ao afirmar que a fruição ficcional está na ação de transpor o “leitor” para um outro “mundo”, que é criado, pensado e precisa “fisgar” o seu público. No Brasil, cita Balogh (2002), a ficção televisual é o resultado de atividades culturais, cuja origem se perde no tempo. Os formatos ficcionais da TV herdaram formas narrativas como a narrativa oral, literária, radiofônica, teatral, pictórica, fílmica e mítica. A autora assinala que cada representação ficcional tem seus próprios métodos de abertura e de fechamento e podem variar desde a frase “era uma vez...” contada em histórias infantis, até as sofisticadas vinhetas construídas por computação gráfica. Para a autora, o telespectador ao assistir programas de ficção no âmbito familiar, acaba traduzindo a ficção em suas conversas do cotidiano, e os personagens ficcionais passam a ser tratados pelo nome, como se fizessem parte do dia-a-dia da família. Esse comportamento tem seu auge a partir das telenovelas que iniciam no Brasil com Sua Vida me Pertence, que estreou no dia 21 de dezembro de 1951, na extinta TV Tupi. Atualmente, essa proximidade com os personagens ficcionais das telenovelas tem ido além das conversas familiares e hoje diversas pessoas expressam as suas opiniões a respeito das narrativas televisuais na web pelo Twitter, como acontece com a telenovela Vale Tudo. Nesse espaço é possível encontrar os perfis dos personagens da trama televisiva, nenhum deles criado pela emissora, mas sim pelo público telespectador. A veracidade desses perfis não é determinante para que obtenham seguidores, apenas precisam seguir as características dos personagens originais, e os tweets devem parecer ser escritos pelos próprios personagens da novela. Mas o que a telenovela Vale Tudo tem de especial que rende tantos comentários online?

2. A televisão e as telenovelas no Brasil: o caso de Vale tudo A televisão é o veículo de maior penetração no território brasileiro. Com base na pesquisa Mídia Dados de 20094, 94% dos lares no Brasil tinham pelo menos um aparelho de televisão naquele ano. O número demonstra a importância que a televisão tem na vida dos brasileiros. Entre as emissoras de televisão aberta, a Rede Globo destaca-se pelo alcance e abrangência. Segundo a pesquisa, em 2009 a emissora abrangia 98,4% dos municípios brasileiros e 99,6% dos domicílios com TV. O foco desse artigo está na novela Vale Tudo e aqui entende-se a telenovela a partir do conceito de Calza (1996), que diz que: ...a telenovela é uma forma de arte popular que não é literatura, cinema, teatro ou produto de outro meio qualquer. Uma telenovela é uma peça dramática que pode surgir da adaptação de um livro ou mesmo ser inspirada em um poema, mas nunca se confundirá com eles (CALZA, 1996, p.7).

Hamburger (1998) afirma que as telenovelas retratam a vida cotidiana e os costumes sociais, possibilitam que o espectador tenha uma sensação de proximidade com os personagens e possa se identificar com as situações vividas por eles, mesmo reconhecendo o caráter ficcional da obra. Figueiredo (2003) lembra que a telenovela brasileira inclui nos textos os fatos mais significativos para a sociedade, tomando para si não só o papel informativo, mas também o interpretativo, uma vez que analisa o fato através da ação de suas personagens, como é o caso do objeto aqui estudado a telenovela Vale Tudo, que foi ao ar pela primeira vez em 16 de maio de 1988 e terminou em 6 de janeiro de 1989, somando 204 capítulos veiculados às 20h na Rede Globo. A autoria dos textos foi de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères e a direção geral de Dennis Carvalho. Em entrevista realizada com Gilberto Braga presente na coleção Autores – História da Teledramaturgia, organizado pelo Memória Globo de 2008, ele conta que a ideia do mote da novela foi uma discussão familiar onde o ponto era - “quem não era corrupto era babaca” no Brasil da década de 80. A vontade do autor era fazer uma novela para discutir o tema: vale ser honesto em um país onde todo mundo é desonesto? Certamente o tema foi bem escolhido, pois a novela está entre as 15 com mais pontos no Ibope. Segundo declaração de Agnaldo Silva 5. Vale Tudo teve 56 pontos, junto com a novela Fera Ferida (1993). Ambas ocupam o sétimo lugar entre as 15 telenovelas. A narrativa ficou centrada na discussão entre honestidade e desonestidade, apoiada no antagonismo entre as personagens Raquel (Regina Duarte) e Maria de Fátima Accioli (Glória Pires), mãe e filha respectivamente. A partir dessas duas personagens entraram em cena a maldosa Odete 4 5

MÍDIA dados Brasil 2009. São Paulo, SP: Grupo de Mídia, 2009. Informação disponível em http://revistaquem.globo.com/Revista/Quem/0,,EMI63532-9531,00.html. Acesso em 10/02/11

Roitman (Beatriz Segall), o corrupto Marco Aurélio (Reginaldo Farias), o ambicioso Ivan interpretado por Antônio Fagundes (par romântico de Raquel) e a alcoolista Heleninha Roitman (Renata Sorrah), além do aproveitador César Ribeiro (Carlos Alberto Riccelli) parceiro de Fátima, Afonso Roitman (Cássio Gabus Mendes) no papel de filho de Odete e marido de Fátima e a “moderna e honesta” Solange Duprat (Lidia Brondi). A trama ficou conhecida pelo assassinato de Odete Roitman quando faltavam 12 capítulos para o final da novela. O crime foi cometido pela personagem Leila (Cássia Kiss), que mata Odete por engano. A vítima era para ser Maria de Fátima, que nesse momento da narrativa era amante de Marco Aurélio, marido de Leila. Esse fato gerou matérias na imprensa brasileira da época, em revistas como a Veja, e foi capa do jornal Folha de São Paulo. A revista Veja no dia 4/01/1989, publicou uma matéria de página inteira na editoria Comportamento, intitulada Bolão Total: o Brasil aposta no assassino de Odete Roitman 6. A reportagem destaca que em diversas empresas os funcionários estavam fazendo apostas em dinheiro para saber quem matou a personagem Odete. Já no dia em que iria ao ar o último capítulo da novela, segundo Hamburger (2005), a Folha de São Paulo teve como manchete O país descobre hoje à noite quem matou Odete Roitman. Para a autora, Vale Tudo, que estava alcançando 80% de audiência nos últimos capítulos, ganhou um espaço na mídia brasileira que causou preocupação, pois a telenovela estava desviando a atenção popular da vida pública do país. Essa repercussão ainda pode ser vista após o termino do folhetim. A Revista Veja na sua edição do dia 11/01/1989, na editoria Televisão, veicula uma matéria de duas páginas com o seguinte titulo: Felicidade geral – Globo mantém o suspense e corruptos ficam ricos e livres no final de Vale Tudo7. O texto descreve por que o final da novela foi tão marcante devido a três aspectos : Pelo suspense, que manteve milhões de pessoas discutindo e brincando com o assunto desde o Natal, pela coerência interna na revelação do nome de Leila e pelo fato de todos os vilões das novelas se saírem bem. Só Odete se deu mal, e ainda assim devido a um lance do destino ( Revista Veja, 11 de janeiro de 1989, p.80).

O clima de suspense relatado pela reportagem também é reflexo da ação dos autores da novela, de acordo com o site da Memória Globo 8. Os autores escreveram cinco versões diferentes para o último capítulo e o elenco só teve acesso durante a gravação, o que certamente preservou o segredo das revistas sobre televisão. Vale Tudo ficou conhecida não somente pela morte da vilã glamourosa e sim por se tratar 6

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Reportagem retirada do acervo digital da Revista Veja, disponível em: http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx. Acesso em 09/01/10. Reportagem retirada do acervo digital da Revista Veja, disponível em: http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx, acesso em 09/01/10 Informação retirada do site : http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-224151,00.html, acesso em 10/01/11

de um folhetim televisual que não se preocupou em “punir” as pessoas maldosas e desonestas no final. Uma das cenas mais marcantes do último capítulo é a fuga da Marco Aurélio com Leila que, ao deixar o Brasil a bordo de um jatinho, faz um gesto como uma “banana” para o Brasil, visto que estavam fugindo com milhões de dólares. O casal Maria de Fátima e César Ribeiro também possui um final feliz, Fátima casa com um milionário italiano e continua junto do seu amante. Para Hamburger (2005, p. 116), “Vale Tudo mobilizou uma experiência emotiva de falência nacional” e assim houve uma expressão coletiva de sentimentos em relação ao Brasil. Para a autora, a telenovela pode ter sido considerada pelos telespectadores sob os seguintes pontos: como uma critica que traduzia as questões da política para o cotidiano da população e também estimular a participação popular, ou como um alerta para o caráter corrupto da ordem política que só seria resolvido com a ordem moral. Para finalizar, Hamburger (2005, p. 117) sintetiza: “Talvez a apropriação melodramática de Vale Tudo da política sugira, que, no Brasil, as coisas não mudam”. Talvez, os argumentos expostos anteriormente colaborem para compreender o retorno da telenovela Vale Tudo em 4 de outubro de 2010, nos seguintes horários: 00h45min o capítulo inédito e a reprise ao meio dia. A telenovela faz parte da programação do Canal Viva, que foi lançado em 18 de maio de 20109 , pertence a GLOBOSAT, está disponível na televisão a cabo e tem como objetivo reprisar principalmente programação nacional produzida pela Rede Globo 10. Desde a estreia da reprise no Canal Viva, a novela Vale Tudo tem gerado novamente matérias na mídia, dessa vez não só nos veículos impressos, mas em sites e blogs de jornais como a Folha de São Paulo, Estadão, como em blogs pessoais e principalmente no microblog Twitter. Em matéria publicada por Vitor Moreno em 11 de outubro de 201011 é citado que quase diariamente a hashtag #valetudo vai para os Trending Topics12, ou seja é um dos assuntos mais comentados durante a exibição do capítulo inédito no horário da meia noite e quarenta e cinco. Os comentários se tratam do “vicio”que várias pessoas afirmam ter em ver Vale Tudo diariamente. De acordo com a matéria, os tweets relatam desde a qualidade da trama, passando pela moda e costumes da década de 80, a frases ditas pelos personagens que ainda são vistas como atuais, até a aparência dos atores em 1988/89. Algumas matérias como as divulgadas pela Folha.com, no caderno Ilustrada, comentam que a reprise de Vale Tudo, de acordo com o Ibope, deixou o Canal Viva na liderança do ranking de canais pagos, com mais de 10% que o segundo colocado. Já ao meio dia, na reprise do capítulo, o canal lidera entre os canais adultos. Na web também houve um aumento significativo. A Folha cita que o site oficial do canal cresceu 80% em relação a semana anterior e o Twitter do Canal Viva 9 10

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Programação disponível em http://canalviva.globo.com/ Informações retiradas do site: http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2010/05/canal-viva-e-lancado-no-rio.html, acesso em 10/02/2011 Informação disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/812186-reprise-de-vale-tudo-na-tv-paga-virafenomeno.shtml, acesso em 10/02/11 Os Trending Topics são uma lista em tempo real dos termos mais postados no Twitter pelo mundo todo.

cresceu 300% no número de seguidores. Esses motivos fizeram o canal criar cotas de patrocínios às pressas, aproveitando a divulgação online da trama13. Ver Vale Tudo tornou-se “modinha”, nas dicas de Adriana Küchler em 06/12/2010. A colunista da Revista São Paulo, da Folha, diz que a febre do verão ao invés de ir para a balada é ver a novela na madrugada. 14 No entanto, a telenovela vai além do entretenimento. Na matéria 15 é citado que a realidade econômica de 1988 retratada é interessante para inúmeros jovens que não viveram a alta da inflação. Os números falados pelos personagens assustam, ao citarem que recebem 400 mil por mês e que isso não é o bastante para as compras no supermercado. De acordo com a reportagem “a novela de Gilberto Braga passada em 1988 tinha um IGP- M Índice Geral de Preços do Mercadode 20% ao mês, e o sucesso das madrugadas de 2010 acompanha um IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo de 5,9% ao ano”. Com base nas citações dessa matérias e nas considerações teóricas expostas no próximo item, verifica-se a manifestação da convergência entre os meios: TV e web, mais especificamente entre ficção televisiva e o Twitter. No entanto é importante frisar que a convergência não tem somente como base a questão técnica, ou seja, a mera reunião de possibilidades técnicas oriundas de novos meios, e sim se constrói, também, baseada nas práticas sócio-culturais de uso e participação dos usuários, conforme será abordado no item a seguir.

3. Convergência: técnica e práticas culturais na visibilidade do conteúdo Na edição de fevereiro de 2007 a revista Superinteressante trouxe na capa a frase Lost e o fim da TV16 (CORDEIRO, 2007). Em 2010, a revista Veja, edição de 20 de janeiro, publicou uma matéria intitulada Big Brother no computador17 (MEIER, 2010). Ambas as matérias exemplificam a prática que vem se consolidando no cenário midiático referente aos programas televisivos extrapolarem os limites de seu meio de comunicação originário, a televisão, e circularem em outros meios, como no caso da telenovela Vale Tudo e o Twitter. Percebe-se hoje, com cada vez mais intensidade, a aproximação dos meios de comunicação de massa com a Internet, e a apropriação da expressão convergência midiática para dar conta do fenômeno. É bem verdade que os avanços no campo digital atualmente são rápidos e a cada dia uma nova tecnologia é criada para facilitar os processos comunicacionais, mas foi só com a digitalização 13

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Matérias consultadas: Sucesso da reprise de "Vale Tudo" faz canal criar cotas de patrocínio às pressas (31/10/2010) disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/821778-sucesso-da-reprise-de-vale-tudo-fazcanal-criar-cotas-de-patrocinio-as-pressas.shtml, acesso em 10/02/2011; Reprise de "Vale Tudo" deixa emissora no primeiro lugar entre canais pagos (19/10/10) disponível em http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/817067reprise-de-vale-tudo-deixa-emissora-no-primeiro-lugar-entre-canais-pagos.shtml , acesso em 10/02/11 Informação disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/841435-modinhas-de-verao.shtml, acesso em 10/02/2011. Geração pós-real conhece inflação em reprise de Vale Tudo. Matéria disponível em: http://gazetaweb.globo.com/v2/noticias/texto_completo.php?c=221008, acesso em 10/02/11 Lost: seriado americano da emissora ABC, criado por Jeffrey Lieber, Damon Lindelof e J.J. Abrams. Big Brother Brasil, da Rede Globo, é a versão brasileira do reality show Big Brother, criado por John de Mool.

que ocorreu a convergência midiática? A tecnologia digital atua nesse processo de convergência apenas como suporte para a reunião de diferentes mídias? E qual o papel dessa tecnologia nas relações entre produtores e consumidores de conteúdo? Que a convergência entre linguagens não é novidade trazida pelas tecnologias digitais, há muito já se sabe. Como lembra Fragoso (2005, online), as mídias nunca existiram isoladas umas das outras e, por fazerem parte de um sistema complexo, afetam-se mutuamente desde sempre e, assim, cada uma se torna referência para qualquer tecnologia com pretensões midiáticas. Jenkins (2008), talvez o autor mais citado nos trabalhos sobre convergência no Brasil, define o fenômeno: Por convergência refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam. Convergência é uma palavra que consegue definir transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo de quem está falando e do que imaginam estar falando (JENKINS, 2008, p. 27).

Desse conceito é possível extrair três frentes que o compõem: o fluxo dos conteúdos, a cooperação entre os mercados midiáticos e o comportamento dos públicos. Fragmentar o conceito do autor torna-se útil para esclarecer os diferentes componentes de um processo que não decorre apenas da mistura de suportes ou da possibilidade de comunicação desprovida das limitações de tempo e espaço, possibilitada pela Internet. Com tal fragmentação, percebe-se que a convergência midiática, de acordo com Jenkins (2008), pode ser analisada sob o ponto de vista dos fluxos de conteúdo, dos mercados midiáticos e do público que consome os conteúdos midiáticos. No caso da reprise de Vale Tudo, verificam-se alterações no fluxo dos conteúdos e no comportamento dos públicos. Além da telenovela como um produto midiático circular novamente, através do Canal Viva, hoje também é consumida na web, através das interações entre os indivíduos que utilizam a Rede para comentar sobre a trama e os personagens. Em busca realizada no Twitter18 foram encontrados 52 perfis relacionados a Vale Tudo: 45 de personagens da novela, dois de empresas da trama (TCA e Revista Tomorrow) e cinco perfis que falam sobre a novela de maneira geral. Os três perfis com o maior número de seguidores são @FatimaMalvada

com

3.979

seguidores;

@Roitman_Helena

com

1340

seguidores

e

@SolangeDuprat com 725 seguidores. É importante destacar que vários personagens possuem mais de um perfil no Twitter. Esses perfis relacionados aos personagens da novela atesta a circulação da novela em outro meio, que não a televisão. Além disso, trata-se de uma circulação que decorre de práticas realizadas pelo público da novela, já que são os próprios telespectadores que criam e mantém os perfis atualizados. 18

Pesquisa realizada no Twitter no dia 12/02/11

Em um texto intitulado O que aconteceu antes do YouTube, Jenkins (2009, p. 144) afirma que muito do que já foi escrito sobre o YouTube19 sugere que tecnologias da Web 2.0 possibilitaram o surgimento de 'culturas participativas', porém, acredita mesmo é no contrário: “o surgimento das culturas participativas de todas as espécies ao longo das últimas décadas estabeleceu o caminho para a assimilação pioneira, rápida adoção e usos diversos dessas plataformas.” O que Jenkins (2009, p. 145) na verdade tenta mostrar é que antes da digitalização da comunicação já havia um “longo histórico de produção de mídia”. Ainda que mesmo sem a mistura de linguagens, os indivíduos sempre produziram e buscaram conteúdo, de uma forma ou de outra. O que de novo surgiu não foram as práticas, mas sim as maneiras, os suportes através dos quais passaram a ser realizadas. A Internet, a web e as tecnologias digitais de comunicação foram responsáveis por potencializar práticas anteriormente existentes, facilitando atividades e contribuindo para alterações nos comportamentos dos indivíduos, mas não foram pioneiras em misturar elementos e linguagens de comunicação. Tais misturas iniciaram antes da configuração desse presente cenário digital, e o que mudou, e vem mudando, são os comportamentos em torno da produção e da recepção de conteúdo. Segundo Chagas (2010, online), “anseio por participação levou o telespectador a buscar outros meios onde pudesse ter um papel mais ativo e na internet ele encontrou espaço para “falar”, trocar informações e produzir conteúdo”. A autora afirma que muitos programas da TV aberta utilizam o Twitter como principal meio de comunicação e participação e cita exemplos de iniciativas de emissoras que criam perfis no microblog para estimular a participação do espectador e difundir o programa no meio online. No entanto, Chagas (2010, online) também aponta que a iniciativa muitas vezes não parte da emissora e nem mesmo é incentivada pela mesma, “na maioria dos casos os tweets em torno de um tema surgem de maneira espontânea”. Esse fenômeno é percebido principalmente durante a veiculação dos episódios de Vale Tudo. Esse comportamento é provocado e sustentado pela evolução técnica, pela criação de novos suportes e por ferramentas que impulsionam práticas já consolidadas, mas o fato é que conteúdos originários de outros meios de comunicação ganham visibilidade na web a partir do momento em que circulam nesse ambiente por ações e interações de seus públicos. Basta perceber o crescimento do site oficial do Canal Viva, bem como de seu perfil no Twitter, como já aqui mencionado a partir de matéria da Folha. A liberdade de emissão por qualquer indivíduo no ambiente online está relacionada não só com as formas de produção de conteúdo, mas também com as de transmissão, ou seja, ainda que não produza conteúdo, um indivíduo conectado adquire o poder de repassar, de disseminar, 19

http://www.youtube.com

informação e conteúdos midiáticos através da web. Esse poder de repasse, de disseminação, se relaciona diretamente com a visibilidade das mensagens que circulam pelos meios de comunicação, de forma que quanto mais seguidores esses perfis relacionados a novela possuem, mais possibilidades de terem seus tweets retuitados, o que efetivamente contribui para o aumento da visibilidade da novela no meio online. Nesse sentido, Thompson (2008, p. 21) afirma que há hoje “novas formas de visibilidade cujas características específicas variam de um meio para outro – que se diferencia em aspectos essenciais da visibilidade situada da co-presença”. A partir de suas análises sobre como o desenvolvimento e o avanço das mídias comunicacionais foram responsáveis por transformações na natureza da interação social e sob a premissa de que o uso dessas mídias cria novas formas de ação e de interação de acordo com as propriedades distintas específicas de cada mídia, o autor explica que uma nova forma de visibilidade mediada se estabelece. A visibilidade criada pelas mídias eletrônicas, para Thompson (2008, p. 23), era caracterizada pelo que ele chamou de “simultaneidade desespacializada”, já que pessoas situadas a longas distâncias umas das outras passaram a ter a possibilidade de se fazerem visíveis e ouvidas praticamente no mesmo instante, ainda que sem compartilhar o mesmo âmbito espacial. Com o surgimento da Internet e das tecnologias digitais, o autor acredita numa amplificação da importância de novas formas de visibilidade decorrentes da mídia, bem como a complexificação dessas visibilidades. Além de aumentarem o fluxo de conteúdo audiovisual pelas redes de comunicação, Thompson (2008) afirma que elas concederam a liberdade de criação e disseminação de conteúdos a um maior número de indivíduos. Assim, como o surgimento da imprensa escrita, logo se percebeu a impossibilidade de controlar a visibilidade permitida por tal mídia. Hoje, com a Internet e as tecnologias digitais, destaca Thompson (2008), tal controle tornou-se mais difícil do que nunca. A visibilidade da qual fala Thompson (2008) é potencializada na era da digitalização ao ser impactada não apenas pela pluralidade de meios, tecnologias, suportes e formatos, mas também, e talvez principalmente, pela atuação dos consumidores de conteúdos midiáticos que maximizam a disseminação de tais conteúdos ao redistribuírem as mensagens, ao assumirem a função de produtores desses conteúdos não apenas em termos de criação, mas também pelo fato de ampliar a visibilidade desses conteúdos através das ações e relações que estabelecem através da Internet. A apropriação do Twitter para a disseminação de conteúdo sobre a novela e/ou para a interação sobre o conteúdo da trama que é transmitido na televisão retrata essa nova forma de visibilidade que um produto originalmente televisivo adquire em outro meio de comunicação, no caso aqui observado, a web. Com a proliferação de esferas pelas quais um conteúdo midiático circula e é apropriado, a visibilidade desse produto, consequentemente, é potencializada. O próprio público do produto

midiático, através das interações que trava em torno do mesmo e da produção de conteúdo que publica na rede sobre a novela, potencializa a visibilidade do mesmo. Em termos de comportamento do telespectador, Murray (2003) credita alterações do mesmo aos processos de digitalização da informação, passando de atividades sequenciais para atividades simultâneas. Se antes o telespectador assistia ao conteúdo televisivo para depois interagir, hoje realiza as duas ações ao mesmo tempo, prática comum entre o público que assiste Vale Tudo ao mesmo tempo em que comenta o conteúdo da trama com outros twitters no microblog. A fim de verificar essa relação de convergência entre televisão e web, a partir da ferramenta Twitter, durante cinco dias (de 08/02 à 12/02/2011) foi realizado um monitoramento sobre a quantidade de tweets , tendo como referência a hashtag #valetudo durante os capítulos veiculados no turno da noite. No monitoramento de terça-feira (08/02/2011) foram contabilizados 455 tweets e nos outros dias ao longo da semana, respectivamente, 708, 487, 498 e 594 tweets. Destaca-se que houve mais comentários sobre a novela durante a reprise dos capítulos, porém não entraram no monitoramento pois não traziam a hashtag #valetudo. Em observação sobre o movimento da hashtag no Twitter, antes mesmo da novela começar, o Canal Viva (@canalviva) anuncia o início próximo do capítulo, assim como o próprio público publica a sua ansiedade para o inicia de mais um capitulo da trama, como pode ser visto nos tweets abaixo. @rodrigomenezes7: JA VAI COMEÇAR #valetudo (http://www.twitter.com/rodrigomenezes) @canalviva: Raquel é assaltada e vai direto para delegacia quando chega de viagem! #Vai começar #ValeTudo (http://www.twitter.com/canalviva)

Durante a transmissão de um capítulo, a atividade no Twitter por parte do público da novela é intensa , conforme video feito em 15/02/2010 foram constados em media mais de 30 tweets por minuto20e os tweets demonstram o poder de interligação não só entre dois meios de comunicação – televisão e Internet – como também entre os telespectadores que, ao mesmo tempo em que assistem à novela na televisão, tecem comentários, em tempo real, no Twitter: @diazdiaz - a fatima de dondoca tá insuportável! #valetudo (http://www.twitter.com/diazdiaz) @luluzinhemgreve - Afonso bolado quer voltar pro Brasil pq não consegue passar pelo Arco do Triunfo! #ValeTudo (http://www.twitter.com/luluzinhemgreve) @CANALVIVA - #CONFUSÃO em #ValeTudo !! Helena e Raquel discutem! E ela descobre que Raquel tem um contrato com a TCA.(http://www.twitter.com/canalviva) @cristymariani - Essa tv nesse suporte de parede era um MUST #valetudo (http://www.twitter.com/cristymariani) @lexmourao - gente, adoro que as pessoas tinham que ligar pra telefonista e pedir pra fazer ligação a cobrar. #ValeTudo (http://www.twitter.com/lexmourao) 20

Video feito pelas autoras . Disponível em: http://youtu.be/UB-j3nJkckc

@And_figueiredo - Ou melhor, zappeando entre #AmorESexo, #ValeTudo e #Twitter :p (http://www.twitter.com/And_figueiredo)

Os comentários acerca do conteúdo da trama também fazem conexão com o contexto atual, como nos tweets em que o público compara roupas e dispositivos tecnológicos da época em que a novela foi ao ar pela primeira vez com a moda e a tecnologia atual. Tais possibilidades existiam antes mesmo do surgimento da Internet, e de alguma forma já eram praticadas, no entanto, esse fluxo foi amplamente potencializado pela digitalização, pela proliferação de tecnologias e suportes e, obviamente, pela possibilidade de conexão. Além disso, hoje há um fator diferencial, que se constitui na participação e na atividade dos consumidores desses conteúdos midiáticos. Os indivíduos, além de consumirem as mensagens, estabelecem relações entre si, com os conteúdos e com os produtores dentro de um fluxo midiático que se estabelece por diversos meios, tecnologias e suportes e que, muitas vezes, mescla as funções de produção e recepção dos conteúdos midiáticos que nele circulam.

Considerações finais Sintetizar conclusões sobre a relação entre convergência, visibilidade e ficção televisual seria audacioso em um momento cultural tão dinâmico e fluido. Para Brea (2007, p.13) vive-se em um momento de transição da Cultura_arquivo para uma Cultura_rede, atualmente se está inserido na Cultura_RAM, pois a energia simbólica que movimenta a cultura está deixando de ter um caráter recuperador, se dirigindo a uma direção produtiva e relacional. 21 A figura da Cultura _RAM está baseada no processamento do conhecimento e situada no presente. É otimizada pelas condições de viver em sociedade, na interação entre os sujeitos e submetida a uma crescente diversificação, diferença e complexidade. Brea (2007) acredita que esse comportamento cultural tem como premissa interconectar e distribuir os conhecimentos existentes sem necessariamente ter um lugar “concreto” onde essas informações estejam armazenadas. O autor acredita que as redes e buscadores, como o Google, por exemplo, são esses não-lugares que colaboram com o fluxo do conteúdo. O importante para Brea (2007) é a velocidade de conexão e o processamento da informação. Em busca realizada no Google pela expressão “Vale Tudo novela” são recuperados aproximadamente 396.000 resultados22, que abrangem desde matérias publicadas na imprensa sobre a novela, até sites e blogs produzidos pelos telespectadores que buscam saber mais sobre a trama e 21

22

Citação original: Cultura_RAM significa: que La energia simbólica que moviliza La cultura está empezando a dejar de tener un caráter primordialmente rememorante, recuperador, para derivarse a una direcciòn productiva, relacional (BREA, 2007, p. 13). Pesquisa realizada pelas autoras em 11/02/11.

trocar informações. A web assim se torna mais um espaço de circulação de um produto originário da televisão e um ambiente de interação que transcende os limites de espaço e tempo. O comportamento de comentar a novela em casa com a família ou em outros ambientes com amigos e colegas de trabalho é feito agora, também, no ambiente online, através das várias ferramentas de comunicação digital disponíveis. Nesse caso, é dessa maneira que o Twitter vem sendo apropriado pelos telespectadores da reprise de Vale Tudo. Atualmente, cada suporte apresenta suas funcionalidades e peculiaridades que permitem a aproximação entre os produtores e os públicos. A intensificação dessa proximidade interfere nos níveis de interatividade e participação, tornando-se os elementos principais de um conceito de convergência midiática. O mesmo passa a ser regido pelo comportamento de produtores e consumidores de conteúdo que comandam o fluxo midiático atual através das relações que estabelecem através do uso de diferentes ferramentas, plataformas, instrumentos e canais de comunicação. Essas ações certamente atuam como agentes transformadores do entendimento do conceito de cultura enquanto armazenamento e preservação de informações. Esse é o desafio ao compreender e pesquisar o conceito de convergência sem desconsiderar as práticas sociais e a participação do público. E dessa forma, através da análise da presença da telenovela Vale Tudo no Twitter, foi possível perceber que a ficção televisual comentada na web pode ser exemplo dessas transformações culturais.

Referências AUTORES: HISTÓRIAS DA TELEDRAMATURGIA / PROJETO MEMÓRIA GLOBO. São Paulo: Globo, 2008. BALOGH, Anna Maria. O discurso ficcional na TV. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002. BREA, José Luis. Cultura _RAM: mutaciones de la cultura en la era de su distribución electrónica. Barcelona: ed. Gedisa, 2007. BULHÕES, Marcelo. A ficção nas mídias: um curso sobre narrativa nos meios audiovisuais. São Paulo: Ed. Ática, 2009. CHAGAS, Polyana Amorim. Um olho na TV e outro no computador: repercussão de produtos televisivos no Twitter. Revista Científica do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão - UFMA ISSN 2176 – 5111 São Luís - MA, Jan./Dez. de 2010 - Ano XIX - Nº 7. Disponível em: http://www.cambiassu.ufma.br/amorim.pdf Acesso em: 12/02/11 CORDEIRO, Tiago. Lost e o fim da TV. In: Revista Superinteressante. Edição 236 – Fevereiro de 2007. COSTA, Cristina Maria. Ficção, comunicação e mídias. São Paulo: Editora Senac, 2002. FIGUEIREDO, Ana Maria. Teledramaturgia brasileira: arte ou espetáculo? São Paulo: Paulus, 2003.

FRAGOSO, Suely. Reflexões sobre a convergência midiática. In: Líbero: revista acadêmica de pós-graduação. São Paulo Vol. 8, n. 15/16 (2005), p. 16-21. 2005. Disponível em: http://bit.ly/eBk0EU Acesso em: 26/01/11 HAMBURGER, Esther. O Brasil antenado: a sociedade da novela. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 2005. JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. Editora Aleph. São Paulo, 2008. JENKINS, Henry. O que aconteceu antes do YouTube? In: BURGESS, Jean; GREEN, Joshua. YouTube e a revolução digital: como o maior fenômeno da cultura participativa está transformando a mídia e a sociedade. Editora Aleph. São Paulo, 2009. LOBO, Narciso. Ficção e Política – o Brasil nas minisséries. Manaus: Valer, 2000. MEIER, Bruno. Big Brother no Computador. In: Revista Veja. Edição 2148 – Ano 43 – n. 2010. MURRAY, Janet H. Hamlet no holodeck: o futuro da narrativa no ciberespaço. São Paulo: Itaú Cultural: Unesp, 2003. THOMPSON, J. B. A nova visibilidade. In: Matrizes/Revista do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo. Ano 1, n. 2 (jan.-jun. 2008 - São Paulo: ECA/USP) p. 15-38. TV GLOBO NOVELAS E MINISSÉRIES/ PROJETO MEMÓRIA GLOBO (Guia Ilustrado). Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 2010.

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