VERDADE E SOFRIMENTO

May 31, 2017 | Autor: Mario Ribeiro | Categoria: Populism
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VERDADE E SOFRIMENTO
1."Não divido o mundo entre os homens modestos e os arrogantes. Divido o mundo entre os homens que mentem e os que dizem a verdade".
2.Sei aonde vou e sei o que é a verdade. E não tem por que ser o que você quer que seja. Sou livre para ser aquilo que quero ser".
3.Quando criança, eu pedia ao meu irmão Rudy que jogasse pedras sobre mim. Era assim que eu aprendia a fazer meus movimentos, esquivando-me de pedradas".
4.Odiei cada minuto de treinamento, mas não parava de repetir a mim mesmo: 'não desista, sofra agora para viver o resto de sua vida como campeão`.
"Muhammad Ali,17.01.1942-03.06.2016".

A vida é a busca da verdade, mas o sofrimento é uma educação sem a qual não chegamos à Verdade. Muhammad Ali sabia disso. Pelo menos agiu como se soubesse dessa terrível troca onerosa entre a Verdade e o mal. Fez a escolha certa. Não pode haver meio termo.
E nós sabemos disso? Chegamos a julho de 2016, e ainda estamos "andando - como dizia a bela música do finado Jovem Chico (tragicamente assassinado pelo Velho Chico) de cabeça baixa, olhando para o chão". Ainda estamos atravessando um mar bravio, e as ondas encorpadas que nos chegam até os dias de hoje iniciaram esse movimento hostil nos últimos sete anos. Impossível fingir que que não estão aí, que não temos de lidar com elas. É impossível exigir de Temer que parta para um "ajuste fiscal seco", sem beijinhos, sem troca de olhares. O que foi destruído nos anos anteriores foi a fidúcia pública das autoridades. Precisamos de um Nova Economia Política (o conjunto de virtudes sociais que embasam a visão de mundo do grupo político que dirige a economia) e um choque de responsabilidade fiscal. Porém o santo é de barro, então não dá para correr com a andor.
A cidadã Dilma deixou algumas minas explosivas de forte impacto espalhadas no campo: reajustes salariais, promessas de vida melhor para governadores, e outras maldades. Como em uma luta de boxe na hora do "in fight" (para quem não conhece a nobre arte, esse é o momento em que os dois lutadores se aproximam bastante, quase batendo as cabeças e trocam socos curtos) alguns golpes têm de ser absorvidos e encaixados com queixo duro. Outros golpes devem ser evitados.
Lembro de Ulysses Guimarães presidindo a Assembleia Nacional constituinte em 1986-88: "...o Sarney é como um menino levado. De vez em quando preciso dar umas palmadas nele, às vezes tenho de deixar ele brincar um pouquinho". O boxe de Ulysses era excelente. Sarney que o diga...
Creio que Temer sabe disso: de vez em quando vai ter de dar umas palmadas no pede-pede da velha política, em outras ocasiões precisa dar um brinquedinho para eles. No mais, queixo duro e jogo de pernas como o de Muhammad Ali.

Honestidade, transparência nas ações públicas, prestação de contas, confiança, são os atributos que uma sociedade civilizada exige da administração pública. Os economistas chamam estas virtudes de "ativos sociais fundamentais", pois são os únicos capazes de minimizar as incertezas e riscos das atividades econômicas. A economia somente começa depois de ter essa dotação inicial de capital moral. A importância macroeconômica destes ativos sociais não pode ser desprezada, pois sem eles não se obtém o senso de perspectiva exigido e adequado para recomeçar. O resto é feijão com arroz: que o governo não atrapalhe, que tenha opções preferenciais pelos mais pobres sem deixar de fazer o que é tecnicamente correto, e que use armas pesadas contra qualquer falsa promessa: só a verdade e trabalho duro levantarão o Brasil.

Mário Ramos Ribeiro, Doutor em economia pela USP, docente da UFPA, é consultor em Finanças Empresariais. E-mail: [email protected]


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