Vídeo Institucional. Da Concepção ao Produto Final: Estudo de Caso

July 25, 2017 | Autor: Andre Gusmão | Categoria: Cultural Studies, Communication, Cinema, Visual Arts, Social Enterprise
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Descrição do Produto

Vídeo Institucional. Da Concepção ao Produto Final: Estudo de Caso Institutional video. The design to the final product : Case Study André Luiz Gusmão Uchôa Cavalcanti Universidade Estácio de Sá – RJ Mba em Jornalismo Empresarial e Assessoria de Imprensa [email protected]

Resumo: O projeto buscou mostrar o vídeo institucional como uma ferramenta que possui maior poder de visibilidade, utilizando-se do recurso audiovisual aliado a um roteiro conciso, robusto e artístico, permitindo prender o espectador ao mesmo tempo que transmite a informação necessária. Para que esse projeto acontecesse, as equipes de comunicação discutiram todas as fases concernentes a um projeto de construção de um filme. Aliaram-se às técnicas básicas de cinema, aplicadas pelos diretores de arte e de fotografia, apoiados pelo realizador. O formato narrativo, pelo qual uma voz iria “contar uma história” tentou atingir todos os públicos, dos tradicionalistas aos mais jovens. A ideia foi buscar o ser humano e fazer com que o espectador conseguisse “enxergar-se” na tela. O produto final nos mostrou um vídeo que conseguiu explicar para as pessoas o que é o Sistema Fecomércio/Sesc/ Senac, onde atua, quais as áreas que abrange e o que pretende. Palavras-Chave: Vídeo Institucional, Fecomércio, Sesc, Senac Abstract: The project sought to show the institutional video as a tool that has greater power of visibility, using the audiovisual resource combined with a concise, robust and artistic script, allowing to hold the viewer while it conveys the necessary information. For this project happens, the communication teams met to discuss all phases concerning to a building project of a movie. Allied the basic techniques of cinema, applied by the art directors and photography, supported by realizer. The narrative format, by which a male or female voice would "tell a story" in a tone that come between the formal and the emotive was chosen and by this way it was tried to reach all audiences, from traditionalists to younger people. The idea was explicit in to seek human being and cause the viewer could "see themselves" on screen. The final product showed us an video that was able to explain to people what is the Fecomercio Systems / SESC / Senac, where it acts, what areas it covers and what intend. Key words: Institutional Video, Fecomércio, Sesc, Senac

Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística Edição Temática: xxxx Vol. x no x – (mês de publicação) de 2014, São Paulo: Centro Universitário Senac ISSN 2179-474X © 2014 todos os direitos reservados - reprodução total ou parcial permitida, desde que citada a fonte portal de revistas científicas do Centro Universitário Senac: http://www.revistas.sp.senac.br e-mail: [email protected]

1.Introdução Um designer tem manias das mais diversas e controversas e vê uma marca de forma diferente, “com outros olhos”, como se fosse uma série de grafismos formando um só objeto. E tudo parte da marca, da identidade, da sua história e do seu porquê. Um designer enxerga uma marca como um programador os seus códigos, pois para muitos, aqueles códigos são quase um chinês arcaico. O designer descodifica os traços, elipses, tipos e cores. E ele sabe muito bem como preparar e criar cada representação daquela marca. O Marketing Institucional está intimamente ligado à identidade visual de um produto ou empresa. Para Nápoles (1988), “A imagem corporativa é a forma como a companhia é recebida pelo público”, por isso é importante ter qualidade em todas essas formas de representação, seja num simples banner ao vídeo institucional. E o público necessita dessas peças para conhecer mais a empresa, que por sua vez, necessita dessas mesmas peças para fazer sua marca ainda mais conhecida e respeitada. 1.1 Justificativa

Numa das reuniões realizadas em 2014, na sede da Federação do Comércio do Estado de Sergipe, o presidente da instituição, empresário Laércio Oliveira indagou a todos com o seguinte questionamento: “Das 500 pessoas que vão estar no próximo evento, quantas conhecem as nossas três Instituições? Tenho certeza de que 300, ou mais, não fazem ideia do que é o Sistema Fecomércio/Sesc/Senac. Precisamos de um filme que explique tudo isso!”. As equipes de comunicação reuniram-se a seguir para discutir a produção de um vídeo institucional que respondesse à questão realizada pelo dirigente. De fato, essa falta de conhecimento acerca da instituição tem um certo sentido. Em uma pesquisa rápida que fizemos por empresas da área do comércio de bens, serviços e turismo na cidade de Aracaju/Sergipe, constatamos que, pelo menos 40% delas não sabiam distinguir as instituições, suas funções, seus projetos e, em alguns casos, nem conheciam os mais diversos benefícios que seus funcionários teriam a usufruir de tudo que era disponibilizado. Era uma missão árdua pelos pouco mais de quinze dias para elaborar algum esboço ou mesmo um produto inicial para apresentação à diretoria. 1.2 O Sistema “S”

A Confederação Nacional do Comércio – CNC surgiu logo após o término da Segunda Guerra Mundial e o fim do Estado Novo. O ano era 1945 Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística - Vol. 5 no 4 - 2015 Edição Temática: Comunicação, Arquitetura e Design

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quando o país mudou o foco da política e da economia para os setores representativos tanto da classe trabalhadora, quanto da empresarial. Era necessário haver um pacto entre as duas classes, e a busca pela chamada “paz social” seria o resultado unicamente aceitável desse encontro. Em 1945, empresários de todo o Brasil, reuniram-se para criar a “Carta da Paz Social” e mais precisamente em 30 de novembro daquele mesmo ano, a CNC – Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo era reconhecida como a entidade máxima do empresariado do comércio brasileiro. Um ano depois, em 1946, a CNC criaria um sistema que hoje é referência mundial em formação profissional e promoção do bem-estar social. O Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial é o braço formativo, educacional e preparador de profissionais do Sistema “S”. Em sua ementa, disponibiliza cerca de 800 cursos nas mais diferentes áreas. Por sua vez, o SESC – Serviço Social do Comércio atua no social e abrange cinco áreas de atuação, Saúde, Assistência, Educação, Cultura e Lazer. Juntas, só no Estado de Sergipe, Sesc e Senac atenderam em 2013, mais de 80 mil pessoas1. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Sergipe, Fecomércio, foi fundada em fevereiro de 1948 e passou por um processo demorado de estruturação da sua equipe. Somente a partir de 1996, com a contratação do jornalista Carlos Fiel, atual Assessor de comunicação, a instituição passou a contar com um trabalho mais elaborado de registro, clipagem e redação, além de acompanhamento da agenda da presidência, bem como a redação de discursos e preparação para entrevistas e afins. Em Setembro de 1997, a Fecomércio lançou a sua primeira publicação oficial em Sergipe, o Jornal do Comércio, com periodicidade mensal, tiragem de 1000 exemplares em formato A3 (297x420mm) e um total de 8 páginas (2 cadernos). Os dois braços da Federação do Comércio (Sesc e Senac) ainda não tinham oficialmente os setores de comunicação, mas em seus quadros já haviam profissionais da área que contribuíam com reportagens. As fotografias eram feitas por um profissional contratado, além da revisão e da diagramação que também eram terceirizados. O fato de ter uma editoração terceirizada não permitiu que o Jornal do Comércio apresentasse uma programação visual mais elaborada. Apesar de ser acompanhada a tempo inteiro pelo assessor de comunicação, essa falta não permitia que se tivesse tempo hábil para o desenho. Além disso, nem a Federação do Comércio, nem a própria Confederação Nacional do Comércio (CNC), possuíam na altura, uma identidade visual definida.

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Dados da Federação do Comércio do Estado de Sergipe – http://www.fecomercio-se.com.br Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística - Vol. 5 no 4 - 2015 Edição Temática: Comunicação, Arquitetura e Design

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Em dezembro de 2011 e trabalhando ainda com a cansativa proposta do Jornal do Comércio, as três equipes de comunicação do Sistema Fecomércio, reuniram-se para a discussão de um novo caminho. Buscando um visual mais moderno, mais possibilidades de textos, fotografias e um maior espaço para as reportagens, decidimos pela migração do tradicional jornal para uma revista, passando à periodicidade bimensal, porém com mais conteúdo, artigos, dicas, seções históricas e outras novidades. 1.3 Identidade Visual

Até o ano de 2012, oficialmente não existia nenhuma regra para aplicação das marcas do sistema. Na verdade, as federações faziam cópias melhoradas de cada marca. Havia uma pequena obediência para o uso das marcas do Sesc e do Senac e para algumas federações, mesmo assim, não havia nenhuma uniformidade, muito menos uma identidade visual oficialmente definida. As equipes de comunicação das três instituições (CNC, Sesc e Senac), reuniram-se então para que fosse encontrada a solução para a falta de sinergia entre as marcas, inclusive que fosse estendida aos 950 sindicatos ligados ao Sistema. Foi criada então uma identidade visual com a força e o reconhecimento que as instituições, ao longo dos anos, já haviam conquistado. As marcas foram lançadas com ações em várias mídias e obteve uma excelente aceitação. A sinalização dos Regionais foi sendo substituída e hoje já cobre quase 100% de todas as unidades pelo Brasil. A Fecomércio de Sergipe lançou oficialmente a sua nova marca logo após a divulgação das marcas do Senac e do Sesc, fechando assim o ciclo e iniciando uma nova era, pois a partir de então, as instituições passaram a aplicar, nos eventos e nas peças publicitárias, as marcas do Sistema como um todo e não apenas uma marca isolada. Faltava então uma peça importante nesse processo. Um vídeo institucional que pudesse explicar para as pessoas o que é o Sistema Fecomércio/Sesc/Senac, onde atua, quais as áreas que abrange e o que pretende. 2. Metodologia CHURCILL, em 2008, já definia o marketing como “uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes, bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu público interessado.”, se nos voltarmos para o processo empresarial de divulgação de uma marca, podemos citar o Professor Raul Fonseca (2013), “...a propaganda corporativa caracteriza-se como um Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística - Vol. 5 no 4 - 2015 Edição Temática: Comunicação, Arquitetura e Design

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esforço estratégico que a empresa empreende tendo, entre seus propósitos específicos, o objetivo de divulgar e informar ao público as políticas, funções e normas da organização”. Apesar de existirem inúmeros manuais técnicos de cinema e televisão e publicações que abordam temas como iluminação e som, não encontramos literatura específica para a produção de vídeos institucionais. Sentimos falta de referenciais técnicos e exemplos de outras instituições que não fossem o próprio produto final disponível em sites e redes sociais. Faltou-nos justamente um quadro comparativo de pré e pós-produção. Tomando por base os livros e artigos técnicos sobre cinema e TV, fomos buscar a rotina de um filme, pois o desenho do nosso produto, já havia sido decidido, iria seguir a linha cinematográfica. Assim sendo, os manuais foram nossa plataforma de trabalho e passaram a ser nossos livros de cabeceira. Doc Comparato (2000), dizia que um roteiro seria “como a forma escrita de qualquer projeto audiovisual”. Utilizamos uma metodologia de pesquisa praticamente como um aluno e um professor e de certa forma foi preciso criar uma metodologia específica, baseada nos manuais técnicos que tínhamos em mãos. 3. Vídeo institucional – conceituação Segundo Daniel Filho, famoso diretor de cinema e cineasta, “Quem faz e quem assiste à tevê estão no mesmo barco. São cúmplices. E é essa cumplicidade que a gente deve buscar o tempo todo. Quer dizer, temos de entender para quem estamos falando e de quem estamos falando.”. Dentre as mais diversas peças de comunicação de divulgação de uma empresa, marca ou atividade (folder, panfleto, cartaz, cartão de visita), o vídeo institucional pode ser considerado um dos mais completos, visto que possui maior número de recursos a serem explorados pelo criador da referida peça. Geralmente um vídeo institucional é exibido na abertura de eventos, em reuniões de colaboradores recém-contratados ou mesmo em alguma visita de apresentação da empresa. De certa forma, essa pequena plateia pode limitar um pouco o poder de abrangência e tornar a peça menos forte do que é e diminuir sua importância. Há que se levar em consideração, portanto, que um vídeo institucional deve conter as informações necessárias para que os espectadores compreendam claramente todos os propósitos da empresa, marca ou atividade.

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Com a internet e os sites de exibição de vídeos (Youtube, Vimeo) abriu-se então uma janela para que as empresas pudessem publicar seu vídeo institucional e ainda replicar em sites e redes sociais. Dessa forma ficou ainda mais complexo desenvolver o processo de criação de um vídeo institucional. Direitos de imagem, música de fundo e imagens utilizadas são apenas alguns dos exemplos que passaram a ser vistos com maior importância. Um vídeo institucional é um filme que trespassa o conceito de peça publicitária, transitando pela busca em emocionar o espectador com belas imagens, um texto conciso e acutilante, até chegarmos àquela parte onde também temos que vender nosso produto. Um vídeo institucional tem que informar, emocionar, vender e ser o ponto fulcral que une toda a identidade visual de uma empresa, marca ou atividade. 4. Pré-Produção – A concepção da ideia A partir de um conjunto de briefings apresentado pelas assessorias de comunicação das três instituições, chegamos às informações necessárias sobre infraestrutura, a missão e a visão de cada uma delas, seus valores e seus produtos. A seguir foram discutidos alguns pontos importantes para que pudesse ser iniciada a produção do filme. Definiram-se as funções da equipe de captação e, principalmente, a definição do profissional que iria dar vida ao texto, o diretor do filme. Definida a equipe, passamos para o segundo ponto principal: a linha que o filme iria seguir. Em discussão passamos a analisar três linhas básicas para o filme. Uma narrativa, narrativa+depoimentos ou dramaturgia. A terceira opção foi descartada pelo fato de que demandaria um texto ainda mais complexo e elaborado, bem como uma maior equipe de produção, roteiro, set, etc. Buscando referências de outros vídeos institucionais mais antigos, vimonos diante de um modo que compreendemos como “antiquado” de apresentar as instituições. Algo que seguia um pouco a ideia militarizada dos anos 1970/1980, com a figura do presidente, sentado à mesa, com as bandeiras ao fundo, abrindo o vídeo e discorrendo um texto longo e com uma retórica bem treinada. Esse formato nos levaria a um produto final que certamente não atrairia os olhos dos espectadores. Por mais que seguíssemos um caminho diferente após o pequeno discurso, o filme fatalmente cairia no lugar comum. Decidimos então pelo formato narrativo, em que uma voz masculina ou feminina iria “contar uma história” em um tom que ficasse entre o formal e o emotivo. Dessa forma iríamos tentar atingir todos os públicos que assistissem ao vídeo, desde os mais tradicionalistas aos mais jovens. A Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística - Vol. 5 no 4 - 2015 Edição Temática: Comunicação, Arquitetura e Design

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ideia seria explícita de buscar o ser humano, de que o espectador conseguisse “se enxergar” na tela. Outro fator que delineou o caminho a seguir foi a ausência de protagonista. Declinamos da ideia de um apresentador visual e também da narrativa de apenas uma personagem, como por exemplo, contar a história de João desde o acordar até o retorno a casa e onde as instituições influenciavam em sua vida. 4.1 Direitos de Imagem e de propriedade intelectual

A questão dos direitos de imagem foi bastante discutida na primeira reunião. Verificamos que os colaboradores das 3 instituições já assinavam, no ato da contratação, um documento de cessão de direitos de imagem, por conta das inúmeras vezes em que as ações das instituições são captadas seja para material publicitário, seja para material jornalístico. As demais pessoas/clientes seriam convidadas a participar do vídeo com a devida explicação das mídias e dos momentos em que seria exibido, bem como a solicitação da assinatura de um documento padrão (Anexado ao final do texto). A música que iria fazer todo o background seria escolhida posteriormente ou mesmo composta exclusivamente para o filme. Existem alguns sites2 que disponibilizam músicas instrumentais gratuitamente que podem ser baixadas e utilizadas, desde que, logicamente, seja dado o devido crédito no final. 4.2 Locações

No Estado de Sergipe, o Sistema Fecomércio/Sesc/Senac possui unidades espalhadas pela capital e interior, perfazendo um total de 15 unidades operacionais, entre centros de atividades, escolas, edifício-sede, balneários e restaurantes. Em todas essas unidades acontecem ações diariamente e praticamente nos três turnos. Aulas correntes, cursos regulares, trabalhos administrativos, atendimento médico e odontológico, performances teatrais e musicais, enfim, um palco disponível para a equipe de gravação. Criamos uma agenda de gravação em cada unidade para a captação livre das principais ações, serviços e atividades, de acordo com a rotina laboral das instituições. Para que não gerasse nenhuma surpresa, os gerentes de cada unidade foram avisados do dia exato em que a equipe iria visitá-los. Não havia nenhuma prioridade ou imagem imprescindível de ser captada, as assessorias de comunicação de cada instituição enumeraram uma lista sugestiva apenas para servir de guia. 2

http://freemusicarchive.org – Site que disponibiliza músicas gratuitamente para uso em vídeos Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística - Vol. 5 no 4 - 2015 Edição Temática: Comunicação, Arquitetura e Design

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5. Texto Não deveria haver protagonista, nem apresentador, muito menos depoimentos cansativos. A narrativa em off foi o modelo escolhido pela equipe de comunicação das três instituições. E a partir do momento em que esse estilo foi definido, passamos todos os olhares para o texto. Esse sim seria o elo entre as imagens e o espectador. Um texto que explicasse por completo o que é a instituição, suas ações, seus projetos, mas ao mesmo tempo, um texto que prendesse as pessoas à história que estaria sendo contada. No primeiro momento não ficamos presos ao tempo, mas às palavraschave que poderiam definir o começo, o meio e o fim do vídeo. Posicionar geograficamente o espectador, introduzir a instituição e como ela é formada e aí sim, apresentar a sua essência. Alguns vídeos serviram de referência para iniciarmos a criação do texto. O vídeo institucional da Fecomércio de São Paulo foi o primeiro a ser visto3. Apesar dos longos 7 minutos, o vídeo tem uma belíssima introdução, passeando pela história do comércio, com imagens e grafismos de muito bom gosto.

Figura 1 - Captura de tela - Video Institucional - Fecomércio SP

Serviu também de referência o vídeo institucional da Fecomércio de Minas Gerais4, que utilizou-se de fusão de imagens estáticas para ilustrar um texto muito bem escrito. Os quase 4 minutos deixaram a impressão de

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https://www.youtube.com/watch?v=sMTAs8aZw18 – Video Institucional Fecomércio SP. https://www.youtube.com/watch?v=V3EZ5oBJM9Y – Video Institucional da Fecomércio de Minas Gerais Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística - Vol. 5 no 4 - 2015 Edição Temática: Comunicação, Arquitetura e Design

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que faltava alguma coisa. A referência nos deixou à vontade para trabalhar um filme que ficasse entre os 5 e os 6 minutos.

Figura 2 - Captura de tela – Vídeo Institucional Fecomércio MG

6. Produção – O Processo de captação das imagens A etapa de produção consiste basicamente na gravação das novas imagens. Mas não é só isso. Cabe ao diretor do filme decidir o olhar que será posto em cena, os movimentos de câmera (se é que vão existir), a direção da cena e dos atores. Cabe ao diretor fazer valer sua técnica e imprimir sua digital em cada take. De certa forma, tudo vai depender de como foi decidido o estilo do filme, se vai ser seguido um roteiro à risca ou uma lista de setores e serviços. A linguagem cinematográfica começa a virar tendência nas produções de vídeos corporativos, eventos e até mesmo para a TV. Temos visto alguns exemplos em produções de casamentos, eventos, novelas e, claro, vídeos institucionais. Sair dos takes em plongée5 e contra-plongée6 bem característicos dos cinegrafistas de TV, onde a câmera no ombro praticamente obriga que a imagem do objeto/ator em questão, se não estiver na mesma linha de visão (entrevistado em pé, ao lado do repórter), seja captado de cima para baixo.

5 PLONGÉE (palavra francesa que significa “mergulho”) – quando a câmera está acima do nível dos olhos, voltada para baixo. Também chamada de “câmera alta”. 6 CONTRA-PLONGÉE (com o sentido de “contra-mergulho”) – quando a câmera está abaixo do nível dos olhos, voltada para cima. Também chamada de “câmera baixa”. Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística - Vol. 5 no 4 - 2015 Edição Temática: Comunicação, Arquitetura e Design

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Figura 3 - Captura de tela - Novela da Globo - Império (2014)

O utilização do recurso da câmera objetiva – o que acontece na sua frente sem a identificação com qualquer personagem em particular – mostrou ser o mais aproximado que poderíamos chegar da linguagem de cinema. Para a captação das imagens, o diretor buscou usar uma lente com uma maior abertura (1.8f) a fim de dar desfoque ao fundo e ter imagens com mais luz, priorizando ainda o primeiro plano, a pessoa e a ação. Além disso, 100% dos takes foram realizados na mesma linha de visão do objeto/ator, na busca de aproximar o espectador da cena, sempre em plano-médio.

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Figura 4 - Captura de imagem – Video Institucional Fecomércio Sergipe

6.1 Direção de Cena, Planos, Enquadramentos e Movimentos Logo após um diretor ter em suas mãos um roteiro qualquer, seja de um filme, um comercial ou mesmo uma entrevista simples, ele já inicia a construção das cenas, imagina os planos, prevê os enquadramentos e estuda a história. Ter noção de enquadramento é, sem dúvida, uma das características mais importantes presentes no que chamamos de linguagem cinematográfica. É necessário entender a cena, conhecer cada personagem e ter a ideia concreta do que vai ser gravado. Ter um plano bem enquadrado já é meio caminho andado para que a história seja bem contada. Conhecer o plano, a altura do ângulo e o seu lado é essencial. Pode-se dizer que Plano é a determinação da distância entre o objeto e a câmera, sabendo, é claro, a lente que será utilizada. No caso de um vídeo institucional caracterizado por essa linguagem mais “cinematográfica”, buscamos a linha de visão do espectador, proporcionando assim, a linha narrativa da cena e obedecendo os princípios de câmera objetiva. Os takes não deveriam ultrapassar os 3 segundos, já que o texto seria dinâmico e bem explicativo.

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Foi descartado o recurso de travelling7 ou grua8, por termos pouco tempo de captação entre uma cena e outra. Montar trilhos ou outros equipamentos demandaria horas extras que poderiam atrapalhar o desenvolvimento das gravações. Usamos basicamente o movimento de “Pan”9 para dar mais ação às cenas. 6.2 Atores Na maioria das vezes o orçamento baixo é sempre a melhor desculpa para a não contratação de alguns serviços, equipamentos e atores. No caso do vídeo institucional da Fecomércio de Sergipe, tínhamos os “atores” disponíveis em todas as locações. Colaboradores das instituições foram convidados a participar do filme sempre que necessário, até porque eles já estariam prontos para encenar o que fazem normalmente todos os dias. Coube ao diretor do filme a orientação a cada um dos participantes com relação à movimentação em cena, relacionamento com a câmera, posicionamento e texto falado. Apesar da não captação do som, a articulação de palavras sem sentido poderia tornar a cena menos crível perante os espectadores. Foram passadas informações às gerências que, por sua vez, repassaram aos colaboradores com relação à vestimenta e fardamento. Nos casos de fardamentos já gastos pelo uso/tempo, foram solicitadas trocas imediatas. 6.3 Direção de Arte

A direção de arte trabalha com a expressividade, com a posição e coerência dos elementos, equilibra cores e até por vezes, pode conduzir o olhar do espectador. Ter um profissional da direção de arte possibilita ao diretor do filme um leque de recursos para tornar a sua imagem ainda mais completa.

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Travelling – Movimento lateralizado da câmera, normalmente montada sobre um carro e trilhos. Grua – Pequeno “guindaste” que permite a movimentação “aérea” da câmera Pan – Movimento horizontal da câmera Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística - Vol. 5 no 4 - 2015 Edição Temática: Comunicação, Arquitetura e Design

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Figura 5 - Cena do Filme "Planeta dos Macacos - O Confronto", em que podemos ver um belo trabalho de direção de arte quando o protagonista é o único a usar roupas mais claras e facilmente ser destacado na imagem

Tem o diretor de arte a missão de, a partir da ideia do diretor do filme, desenvolver uma linha estética que servirá de guia para toda a equipe de arte. Objetos de cena, cenografia, cores e contrastes, cores complementares e até dar mais evidência a determinada posição daquela cena. Dizia-nos Péon (2001), “a rigor, qualquer coisa possui uma identidade visual – ou seja, componentes que a identificam visualmente. A identidade visual é o que singulariza visualmente um dado objeto; é o que o diferencia dos demais por seus elementos visuais”. Durante a produção do vídeo institucional, a direção de arte se fez presente em cada novo plano capturado. O fato das imagens serem, em sua grande maioria, capturadas em ambiente interno, em salas de aula, escritórios, laboratórios e salas de reuniões, a direção de arte intercedeu em todos os planos, definindo juntamente com a direção do filme, posições de objetos, de pessoas e cores.

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Figura 6 - Direção de arte - Imagem de Video Corporativo

6.4 Direção de Fotografia

O Diretor de fotografia é o técnico que se encarrega de montar a imagem que o diretor do filme pensou. Seu trabalho busca enfatizar o caráter artístico de cada plano previsto, harmonizar os tons, a luz e programar as configurações necessárias na câmera para uma melhor captação da imagem. Pode-se dizer que o diretor de fotografia vai ser um dos profissionais mais técnicos do grupo, pois vai lidar com escolhas de lente, filtros, equipamentos de iluminação, entre outros recursos, sempre em concordância com a direção geral e a direção de arte. A velocidade do obturador, a abertura do diafragma e a temperatura de cor, formam uma tríade básica dessa configuração.

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Figura 7 - Captura de Tela – WebSérie – Exemplo de contraste, equilíbrio de cores, iluminação e temperatura de cor. Direção de Fotografia de Fábio São José

7. Pós-Produção – Edição e Finalização

A última etapa do trabalho de criação de um filme é a pós-produção. Depois de todas as imagens captadas (ou pelo menos 99,9% delas), todos os arquivos são repassados ao editor para que seja iniciado todo o processo de edição do filme. As imagens chegam em bruto, ou seja, sem nenhum tipo de tratamento ou corte. Se for o caso de um filme com falas dos atores, normalmente o áudio é captado em separado para depois ser sincronizado com o vídeo. Durante esse trabalho, o editor em conjunto com o diretor do filme e auxiliado pela equipe técnica do filme (fotografia, arte, etc), iniciam os ajustes de cor, contraste, luminosidade, entre outros, buscando corrigir alguns defeitos que porventura tenham passado pelos olhos de todos. Entende-se por edição de vídeo, todo o processo de corte e montagem. Na edição de vídeo são escolhidas quais tomadas10 utilizar, verificar as que tiveram menor número de defeitos (ou nenhum) e uni-las, formando a sequência que se quer mostrar. Optamos por seguir quase que fielmente o que nos dizia o áudio com a locução do texto do vídeo, assim, poderíamos “contar uma história” e ilustrar cada item, conforme a voz em off fosse sendo ouvida. As tomadas 10

Tomada/Take – Consiste na ação de iniciar até a ação de finalizar a gravação de uma cena. Um plano pode ter várias tomadas. Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística - Vol. 5 no 4 - 2015 Edição Temática: Comunicação, Arquitetura e Design

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não deveriam ultrapassar meio segundo para que a sequência não ficasse monótona. Para que isso funcionasse, o texto foi de grande importância.

Figura 8 - Editando o vídeo do Adobe Premiere CC

7.1 Ausência de material visual

Durante a edição foi detectada a ausência de imagens que ilustrassem alguns momentos do texto. Essas imagens eram, em sua maioria, de eventos ou projetos pontuais que já haviam ocorrido. Entretanto, recorremos à produtora que dá suporte jornalístico às instituições, fazendo cobertura dos eventos, programas e pautas relevantes para o programa de TV do Sistema ‘S’. Em alguns casos, as imagens não estavam em Full HD11, mas tiveram que constar no vídeo, o que provocou uma queda na qualidade final. Em outro caso, não conseguimos com a produtora as imagens brutas e sim já editadas, ocasionando um trabalho ainda mais minucioso de corte e montagem.

7.2 Locução do Texto

O texto foi gravado no estúdio do Senac, em Aracaju. Escrito a quatro mãos (3 jornalistas e o diretor do filme), o texto contou todo o processo de trabalho das instituições, um pouco da sua história e dos produtos que fazem parte do seu dia-a-dia. Explicativo e sem terminologias técnicas, o texto variou entre o jornalístico, o publicitário, o poético e o institucional, 11

Full HD – Resolução de Alta Definição 1920x1080px Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística - Vol. 5 no 4 - 2015 Edição Temática: Comunicação, Arquitetura e Design

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sem perder a ideia da informação e apresentação das empresas aos espectadores.

Figura 9 - Momento da Apresentação do Vídeo Institucional durante a Posse do Presidente da Fecomércio de Sergipe

8. Conclusão Existem incontáveis formas de apresentar uma empresa ao seu cliente, aos seus investidores e ao público em geral. Do mais simples cartão de visita, passando pelo folder, pelo cartaz, pelas mais diversas peças gráficas e publicitárias ou até mesmo pelas redes sociais, é inevitável reconhecer a importância que o vídeo institucional possui. Nele estão presentes todos os recursos audiovisuais, gráficos, estatísticos, opinativos e apelativos. Bastando apenas saber prender a atenção do espectador. A coleta dos dados necessários para o projeto do vídeo institucional foi realizada pelas equipes de comunicação das três instituições, Federação do Comércio, Sesc e Senac. As informações foram coletadas através dos clippings de notícias, reportagens, entrevistas, mas de todos esses dados o mais importante foi o conhecimento de cada profissional acerca da instituição. Chegou-se a um texto final em comum acordo, no qual buscamos citar cada ação, cada programa e cada projeto, tendo uma característica jornalística, institucional, mas sem perder a poética que daria o tom de Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística - Vol. 5 no 4 - 2015 Edição Temática: Comunicação, Arquitetura e Design

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emoção à narração. Apesar do tempo curto, conseguiu-se captar as imagens necessárias, de acordo com um roteiro pré-estabelecido e uma equipe bem organizada. O trabalho foi apresentado na abertura do evento que marcou a posse do presidente da Federação do Comércio de Sergipe. No auditório do Centro de Convenções da cidade de Aracaju, Estado de Sergipe. Mais de 500 pessoas assistiram e acompanharam todo o histórico do Sistema Fecomércio/Sesc/ Senac, contado em 6 minutos e 24 segundos. Durante a exibição do vídeo, via-se claramente a aceitação dos espectadores, comentando e sorrindo a cada nova imagem e nova informação que recebiam. A missão fora cumprida. Apresentar ao público todas as atividades que o Sistema ‘S’ proporciona e deixar o gosto de querer estar pessoalmente em cada lugar e usufruir cada serviço que era mostrado. Ao final do evento, numa breve pesquisa de campo, pudemos comprovar que a partir daquele momento, os mais de 500 espectadores passaram a conhecer mais ou muito mais as instituições, seus produtos e seus serviços, e comprovando que o vídeo institucional causou mais impacto e fixou a informação com mais precisão que qualquer impresso que fosse entregue na entrada ou na saída do evento, para ser relegado ao lixo mais próximo ou ao banco de trás do carro. Ao invés disso, as imagens ficaram na memória de cada um, girando e se repetindo, como um ciclo de informação que, sem dúvida, irá demorar muito para ser esquecido. Referências COMPARATO, Doc. Da Criação ao Roteiro. Rio: Rocco, 2000. FIDALGO, Antonio. Semiótica: A Lógica da Comunicação. Portugal. Ubi 1998. FONSECA, Raul. Comunicação Corporativa, Identidade e Reputação. Apostila. Rio: 2013. GOMES, Marcelo B. A Convergência das Mídias. Portugal. Ubi. LANDIM, Paula da Cruz. Design, Empresa, Sociedade. São Pauo: Unesp. 2010. LUCA, Luiz Gonzaga Assis. A Hora do Cinema Digital. São Paulo: Imprensa Oficial, 2009 MASCARELLO, Fernando. História do Cinema Mundial. São Paulo: 2006 NAPOLES, Veronica. Corporate Identity Design. New York: Van Nostrand, 1988 NOGUEIRA, Luiz. Gêneros Cinematográficos. Portugal. Labcom Books, 2010. NOGUEIRA, Luiz. Os Cineastas e sua Arte. Portugal. Labcom Books, 2010. Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística - Vol. 5 no 4 - 2015 Edição Temática: Comunicação, Arquitetura e Design

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