VIOLÊNCIA E INDISCIPLINA EM MEIO ESCOLAR: Bullying- Peter K. Smith vs Tim Gill

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VIOLÊNCIA E INDISCIPLINA EM MEIO ESCOLAR

Bullying Peter K. Smith vs Tim Gill

Cristina Branca Claro

Maio de 2015

BULLYING VIOLÊNCIA E INDISCIPLINA EM MEIO ESCOLAR

“ Tentemos que as vidas das crianças sejam tão seguras quanto necessário, não tão seguras quanto possível” Tom Malarkey, Royal Society For the Prevention Accidents

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INDICE

Introdução

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Peter K. Smith

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Estudos

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Intervenção, prevenção e avaliação Tim Gill

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Estudos

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Conclusão

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Bibliografia/webgrafia

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INTRODUÇÃO

A indisciplina e violência é um elemento fundador, desde que se iniciou a escola tal como a conhecemos nos dias de hoje. A ideia de uma escola pacífica, apenas começa a fazer sentido, a sua discussão e análise, a partir dos finais do século XX. De facto, desde a Antiguidade que a sociedade tinha como elemento intrínseco a violência, que contrariamente ao que se pensa e interioriza nos tempos que correm, que a tendência é para o aumento da mesma. Esta ideia decorre essencialmente de que a escola, como hoje é entendida, ser “um instrumento para civilizar povos” (Sebastião,2013,pp.24). A questão da violência na escola é um tema que só muito recentemente é discutido na sociedade actual. Com a progressão da discussão deste tema e pesquisas, o seu processo de transformação aborda diversas variantes na comunidade científica, uma delas o bullying, sendo lançado o seu debate em 1978, por Dan Olweus. Com formação em psicologia, considerado o pioneiro do estudo da violência nas escolas, lançou o programa de prevenção da violência (Bullying Prevention Program). Este programa consistia na aplicação de um questionário sobre bullying e vitimização para traçar o estado da situação. Era representado essencialmente em três níveis: intervenção global sobre a escola, intervenção na sala de aula e intervenção individual. O desenvolvimento do seu conceito tinha como fundamentação teórica centrada essencialmente no individuo, apresentando poucas variáveis culturais e organizacionais. Segundo a sua definição de bullying, este aconteceria quando durante um certo período o aluno era exposto a comportamentos negativos, que pressupõem ação sobre o outro, quer através de atos com o uso da força física, quer com o uso de palavras, pressão psicológica. Partindo da abordagem do bullying, faço neste trabalho a apresentação de dois autores, Peter K. Smith, com o seu trabalho School Bullying e Tim Gill, a partir do seu livro, No Fear, Growing Up in a Risk Society, como referência ao terceiro capítulo O primeiro, tem uma visão de estudo virada mais para a

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abordagem da criança como individuo. É professor de psicologia na Goldsmiths College University of London, pesquisando essencialmente no campo do desenvolvimento social das crianças. O segundo, formado em psicologia, centra o seu trabalho, no quadro da infância e os seus contextos de crescimento, como as brincadeiras e a ocupação do tempo livre. É um dos principais escritores e pensadores sobre o papel e a natureza da infância no Reino Unido.

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Peter K. Smith

O seu interesse de pesquisa centra-se essencialmente no desenvolvimento social da criança e brincadeiras infantis, mas a sua pesquisa mais extensa foi sobre a violência nas escolas, bullying e o ciberbullying. Em relação a este tema, desenvolveu uma série de projectos de investigação, um deles o Cost Action. Este projecto consistia na participação de 28 países europeus, um deles Portugal, em que o objetivo principal era a partilha de conhecimentos sobre o ciberbullying nas escolas. Com este projecto tinha a intenção de fazer linhas orientadoras para aplicar na Europa e aumentar o uso positivo das novas tecnologias na área dos relacionamentos. O projecto durou quatro anos, desde outubro de 2008 terminando em outubro de 2012. Peter K. Smith refere dois tipos de bullying: indireto, o qual se utiliza meios, como por exemplo as novas tecnologias em que o agressor não necessita estar face a face com a vitima e, o relacional, em que a agressão causa danos tanto verbais como relacionais e para os quais existe uma aproximação física entre a vitima e o agressor. Grande parte do seu trabalho centra-se nas crianças e jovens, referindo que o fenómeno do ciberbullying tem vindo a aumentar, é um fenómeno recente, que se tornou muito importante a sua discussão e estudo. Este insere-se num contexto atual do bullying, para o qual Smith, o divide em quatro perspetivas de evolução. A primeira, as origens, que compreende o período de 1970 a 1988, onde se iniciou o estudo do bullying de grupo (mobbing) sobre uma pessoa, em que a vitima sofria agressões de assédio moral quer físicas (bullying relacional), quer verbais (bullying indireto). A segunda perspectiva, que compreende o período de 1989 a 1999, onde são realizados estudos, com relatos de vítimas de bullying começando-se a falar de exclusão social por parte de quem as sofria. Estes atos de bullying incluíam-se nos dois tipos relacionais. Além disso, o trabalho sobre este tema tornou-se cada vez mais internacional.

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A terceira perspetiva, entre 1990 e 2004, a pesquisa sobre bullying tradicional, definitivamente assentou preocupações e estudos internacionais, conferências europeias e internacionais, com cada vez mais publicações e estudos sobre o tema. Um passo de gigante foi dado também em relação ao estudo e ao assentar da teoria da vitimização e assédio moral. A quarta perspectiva, que se mantem até à data desde 2004, começa a levar em conta um novo fenómeno de bullying, que com as novas tecnologias e, começando com as mensagens de texto enviadas pelos telemóveis, até mais recentemente, através do uso de redes sociais, se traduziu no ciberbullying. Este é exercido essencialmente sobre os jovens onde ocupa um importante espaço, cerca de um terço, nos diversos tipos de bullying. Enquanto o bullying é muito mais frequente nas escolas, o ciberbullying é uma agressão ou comportamento usando dispositivos electrónicos, realizada por um individuo ou em grupo, fora do espaço escolar, que na maioria dos casos é depois levado para o interior deste. O ciberbullying com uma repetição mais frequente e mais prolongada devido ao seu caráter, pode começar por ser um ato individual de apenas um agressor em que depois se pode traduzir numa repetição de outros, dando lugar a não existir apenas um agressor inicial mas vários, que não o agressor inicial. Outro problema é que o bullying pode traduzir-se por uma fraqueza física ou psicológica do individuo agredido, no caso do ciberbullying este desequilíbrio de poder não é tão claro. Nos casos em que a vítima não sabe quem é o seu agressor é mais difícil defender-se deste tipo de atos de agressão. Smith definiu assim sete tipos de intimidação através do ciberbullying: 1. o agressor tem conhecimentos em tecnologia; 2. agressão indireta, logo pode ser anónima; 3. o agressor não assiste à reacção da vitima (a curto prazo); 4. é mais complexo que o bullying (propenso a haver mais espetadores); 5. os agressores podem não ser o elo mais forte (desequilíbrio de poder); 6. pode chegar a grandes audiências; 7. é difícil a vitima escapar à agressão.

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Tanto o bullying como o ciberbullying são assim um modo de exercer poder sobre os outros, em que a vítima é assediada, no primeiro em contato direto, no segundo através de contatos telefónicos ou por internet. Na tabela podemos ver as características de diferenciação principais que Smith nos descreve entre o bullying e o ciberbullying:

BULLIYNG

CIBERBULLYING

Agressão tradicional

Agressão mais complexa

Agressão intencional física ou verbal

Novas ferramentas de agressão, verbal visual e

psicológica/

agressão

através

do

tecnológico Abuso de poder sistemático

O agressor pode não ser o mais forte

Direto

Indireto

O agressor vê a reação da vítima

O agressor não vê a reacção imediata da vítima

Ocorre essencialmente na adolescência

Ocorre essencialmente nos jovens

Os meninos exercem mais agressão física e

“Bola de neve”- fácil transmissão

as meninas agressão moral Repetição mais difícil da agressão

Fácil a repetição/ difícil escapar

Menor assistência pública

Maior assistência pública

ESTUDOS

Embora os dados variem muito, as análises realizadas mostram que existe assédio moral baseado em identidade, havendo exercício de bullying devido à etnia, fé (religião), orientação sexual e homofóbico. Relativamente à orientação sexual, os alunos podem sofrer de bullying, tanto por parte de outros alunos, como de professores e, esta ridicularização acontece mais frequentemente no ensino secundário. Em termos de assédio moral étnico e fé, depende da zona onde está inserida a organização escolar e a sua cultura. Outro fator de risco, são os alunos com necessidades educativas especiais, sendo o grupo mais exposto a esta vitimização, os autistas.

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Na medição do bullying são realizados questionários anónimos, onde os mais utilizados são os que Olweus desenvolveu, que têm a vantagem de obter respostas rápidas e o seu acesso é mais fácil. O questionário de Olweus denominado “Olweus Bully/Victim Questionnaire” (OBVQ), cuja primeira versão data de 1983, é o instrumento mais difundido; o mesmo é constituído por 25 questões de múltipla escolha, as quais se relacionam às características sociodemográficas,

sobre

as

relações

de

amizade

e

as

principais

características de vitimização e de agressão. Outro tipo de medição é através de entrevistas, diários, blogs, desenhos e observações. Os dados apresentados para prevalência do bullying variam muito, até porque todas as questões apresentadas tornam muito difícil a sua comparação. Mas nos diversos casos, mostram que a tendência geral para a duração da prática do bullying diminuem ao longo do tempo, em oposição ao ciberbullying que tem aumentado. Em relação à idade, o bullying incide mais sobre a adolescência, sendo o ciberbullying mais agressivo em idade jovem. Os rapazes são mais agressores, estando mais ligados às agressões físicas. Estes demonstram na maioria dos casos baixa empatia afetiva e alta cognitiva, a violência é normal na família pelo que demonstram despreocupação em relação à mesma e são em larga maioria indisciplinados. As raparigas estão mais relacionadas à categoria do assédio moral indireto e relacional, ligadas mais a conflitos relacionados com problemas de amizade, brigas e exclusão. Em relação ao ciberbullying, estes variam, mas as raparigas são tendencialmente mais vítimas. O envolvimento em atos de bullying traz consequências a curto e longo prazo. A curto a consequência mais direta normalmente relaciona-se com o rendimento escolar, ficando mais pobre quando se é vítima. A longo prazo pode significar o risco de sofrer de depressão. O desfecho mais trágico desta consequência de vítima pode levar ao suicídio ou a um comportamento antissocial com resultados criminosos. O agressor, como normalmente provem de famílias problemáticas e abusivas, torna-os assim ao mesmo tempo uma vítima.

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INTERVENÇÃO, PREVENÇÃO E AVALIAÇÃO

Existem diversos programas antibullying que podem ser aplicados nas escolas. Para prevenir, a organização escolar deve fazer uma supervisão eficaz, fazendo trabalho curricular na sala de aula e/ou através de um sistema de apoio entre pares (para o qual existe alguns programas de seleção), em que os alunos são formados para gerir e lidar com situações de bullying, de preferência que sejam voluntários e que haja um equilíbrio de géneros. As abordagens de intervenção podem ser baseadas em sanções diretas e sanções não punitivas:

DIRETAS 

NÃO PUNITVAS

Reprimendas verbais (realizadas



Conversas informais;

pelo professor);



Conversas formais;



Reuniões de pais;



Conferências escolares.



Afastamento temporário da turma;



Retirar privilégios e recompensas;



Exclusão temporária;



Exclusão permanente.

O objetivo principal é trabalhar para resolver o conflito e alterar o comportamento do agressor. Indicações atuais, revelam que o bullying tem vindo a diminuir. A introdução de programas de intervenção e prevenção, tem levado a uma diminuição de cerca de 20-23% de bullying e de vitimização em cerca de 1720% a nível internacional. Os

resultados

onde

foram

obtidos

mais

sucesso,

foram

aplicados

essencialmente na utilização de formação dos pais, conferências escolares, regras e regras de gestão de sala de aula muito bem definidas e de formação de professores. Por sua vez o trabalho de pares levou a um aumento de vitimização. Relativamente ao ciberbullying, pesquisadores, alunos, pais, professores, sindicatos e autoridades regionais e nacionais, estão de várias formas a lidar

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com esta problemática em parceria com empresas que gerem estas novas tecnologias. Há também usos positivos em relação à sua utilização nas escolas, por exemplo, utilizando a intranet.

Tim Gill “Estamos a proteger ou a torturar as nossas as crianças?” Esta é uma das questões mais pertinentes que Tim Gill aborda no seu trabalho No Fear, o qual gerou uma série de debates no reino Unido a propósito da infância. Centrado essencialmente nas idades de 5 a 11 anos, cruciais na infância, Tim Gill, refere que o que era considerado normal nas gerações anteriores e fazendo parte das brincadeiras, é considerado como um exagero em relação aos medos dos adultos nos tempos que correm, que estamos a limitar a liberdade e a exploração dos mundos físicos, sociais e virtuais no crescimento das crianças. Desmonta os medos mais comuns dos pais, centrando-se nos parques infantis e na proteção e indisciplina das crianças. Numa conferência no Reino Unido, Risk and Childhood, ele começa por perguntar aos presentes onde era o local favorito para estes brincarem, dando quinze segundos a cada um para pensar e partilhar com o parceiro do lado a sua opinião. De seguida, pede que se levantem aqueles em que as melhores brincadeiras foram passadas na rua, ao ar livre. Cerca de 95% o fazem. Por fim, pede que se levantem aqueles em que os melhores momentos foram passados longe da vista dos adultos. Novamente quase todos se levantam. Segundo Tim, o Homem, cresce num desejo comum de autonomia. Com vista a esta autonomia, a infância é apenas uma passagem de aprendizagem para mesma, referido que isto é um desejo universal. Nesta caminhada, a sociedade tem neste momento um comportamento de tolerância zero ao que ele chama de “risk and childhood” (infância de risco). Com base neste comportamento, Tim Gill afirma que isto acontece pois neste momento se confunde o contexto de “risco” que os adultos sentem com o

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contexto de “risco” de uma criança, pelo que se tem de olhar no da criança com mais positivismo e introduzir o conceito “aventura”. Ainda, se olharmos pelo lado dos mais infortunados tomaremos sempre em conta a tolerância zero ao risco. É por este ponto de vista que ele refere o conceito de bullying. Fazendo referência a alguns estudos de caso, estes mostram que as vítimas podem ser destruídas pelo abuso excessivo dos pares, onde existe um desequilíbrio de poder entre a vítima e o agressor. Em 2006, numa audiência, no comité da Educação da Camara dos Comuns, sustentada por Michele Elliot, foi referido que o bullying é “um ataque deliberado e sustentado em alguém com a intenção de causar dor, física, verbal, racial, sexual”. Mais recentemente um estudo refere que qualquer forma de vitimização o assédio feito a outra criança ou jovem é considerado assédio moral. Estas teorias, segundo Tim Gill, têm levado a uma crescente pressão sobre o que os adultos interiorizam como bullying. Empolando ainda mais estas teorias estão os meios de comunicação, que levam a comportamentos exagerados por parte dos adultos, quando normalmente estes confrontos entre pares apenas ajudam as crianças a lidar com situações difíceis e a aprender por si mesmos as adversidades sociais. É preciso assim fazer uma abordagem equilibrada sobre o bullying, sem exageros, tomando em conta que muitas vezes, as crianças apenas estão a aprender a socializar e a passar tempo umas com as outras sem a interferência do adulto. Os adultos muitas vezes podem interromper a tomada de decisão, criatividade e brincadeiras da criança. O crescimento do uso das novas tecnologias está a abrir novos caminhos neste contexto, dando lugar ao ciberbullying. A Internet, segundo Sonia Livingstone, é um meio vital na interação e comunicação do dia a dia das crianças, em que cada vez mais famílias têm acesso a esta nova tecnologia. Assume uma maior importância relativamente a um novo conceito de socialização por parte das crianças, sob a forma de mensagens instantâneas e de redes sociais.

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ESTUDOS

Segundo um relatório DEMOS (organização de políticas públicas, onde o nome significa povo), mostrou que a internet não serve só como lazer, mas também como um novo meio de exploração, de criatividade e de aventura, onde existe criação, partilha e utilização de conteúdos. Argumenta esta organização, que o domínio das novas tecnologias é importante e crucial para no desenvolvimento da economia, que leva ao caminho de uma sociedade como um todo. Refere ainda que privar as crianças e jovens do mundo online traz consequências negativas. Tal como este mundo pode gerar benefícios, também gera ameaças que podem ser catalogadas em três formas: abusos sexuais online, que cria uma maior ansiedade por parte dos adultos; vídeos violentos ou de cariz sexual, perturbando ou prejudicando a criança ou jovem e o ciberbullying. No entanto, é ainda referido pelo DEMOS, que a grande maioria das crianças não sofre qualquer dano ou perturbação de longa duração a partir do contato com estas ameaças. Dos três o que é mais empolado, principalmente pelos meios de comunicação, é o abuso sexual, que ao contrário do que é informado, só se torna perigoso e significativo quando é autogerado pelas crianças e jovens, por estas fornecerem demasiada informação pessoal, o que as torna vulneráveis aos criminosos sexuais. O Child Exploitation and Online Protection Centre (CEOP), estudo financiado pelo governo britânico em 2006, verificou que 25% das crianças e jovens forneceram demasiada informação pessoal e, que três quartos destes estavam conscientes dos riscos. Ainda, 85% optou por ter um amigo em vez de confiar num adulto, pai ou membro da família, verificando-se neste caso que as crianças estão a tomar riscos desnecessários, quando na atualidade as crianças e jovens já estão alertados para este tipo de perigo. Passa pelos pais ter sempre o papel de os manter informados e não colocar regras, que podem vir a ser prejudiciais e levam as crianças ou jovens a utilizar o mundo online em segredo. Uma das medidas aconselhadas aos pais é a monotorização, onde já existe uma gama muito diversificada de software.

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Dos muitos estudos realizados, muitos deles enfatizam quais os prejuízos das novas tecnologias, mas muitos têm ainda dificuldades em chegar a conclusões, relativamente aos danos e efeitos prejudiciais que podem causar a longo prazo. Uma marca completamente diferente observada no ciberbullying e referida por Millwood Hargrave e Sonia Livingstone, é que este tipo de violência quando usado pode atingir uma audiência muito mais alargada, com uma duração mais prolongada, podendo ser permanente e ainda anónima, onde a vítima não conhece o agressor. Referem ainda na sua pesquisa que o público mais vulnerável ao ciberbullying são os rapazes. Sonia Livingstone, vai ainda mais longe, dizendo que não são só as crianças e jovens que estão expostas a este tipo de riscos (qualquer pessoa que use a internet), mas que ao mesmo ao usá-las estão também a aprender a defender-se. Tim Gill argumenta que os riscos fazem parte da criança, seja nas brincadeiras, seja online, que com eles estão a aprender a compartilhar e a perseguir os seus

interesses,

através

da

exploração

e

descoberta

no

qual

a

responsabilidade e a experiencia dos riscos deve crescer na medida em que elas crescem. Refere ainda que não se têm tido em consideração os efeitos que estas restrições e limitações podem ter no futuro, podendo levar a uma atitude antissocial, com pouco sentido de responsabilidade.

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CONCLUSÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde a violência constitui-se na utilização intencional da força ou poder físico, por ameaça, contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulta em ou tem alta probabilidade de resultar em ferimentos, morte, dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação. A violência e a indisciplina, é nos dias de hoje, um tema que é fator de preocupação e abordado por inúmeros psicólogos, sociólogos e investigadores, existindo sempre a necessidade de questionamento e pesquisa sobre o fenómeno. Dentro desta abordagem, aparece a partir dos anos 70, século XX, o bullying. Com o aparecimento e introdução no nosso quotidiano das novas tecnologias evolui para o ciberbullying. Os dois autores referidos neste trabalho, Peter K. Smith e Tim Gill, contextualizam estes fenómenos a partir de dois quadros diferentes. Peter K. Smith, direciona os seus conceitos e abordagens mais na criança e no seu desenvolvimento social. Estuda o problema do bullying e do ciberbullying através de uma série de análises efetuadas em várias escolas europeias. Para ele existe uma necessidade de continuar a trabalhar no antibullying, em escolas e outros locais utilizados pelas crianças, continuando a intervir com sucesso para a redução da vitimização, com vista a que as crianças cresçam em locais ambientes seguros, onde possam viver, crescer e brincar. Tim Gill, direciona-se no âmbito do quadro e da perceção do risco na infância. Demonstra na sua pesquisa o excesso de limitação da liberdade que os adultos exercem sobre a criança e ao excesso de pressão que existe sobre os adultos relativamente ao bullying. É um defensor da mudança positiva no quotidiano das crianças, referindo que é necessário introduzir nas suas brincadeiras a palavra “aventura”, sem exageros e permitindo que a socialização das crianças seja feita com a mínima interferência dos adultos.

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BIBLIOGRAFIA

Sebastião, João (2013),Violência na escola, processos de socialização e formas de regulação, Sociologia, Problemas e Práticas, n.º 71, pp. 23-37/ DOI: 10.7458/SPP2013712328

Smith, Peter K. (2013), Bullying escolar, Sociologia, Problemas e Práticas, n.º 71, DOI: 10.7458/SPP2013712332

Gill, Tim (2007), No Fear-Growing up in a risk averse society, pp.44-45 e 55-60, Calouste Gulbenkian Foundation

WEBGRAFIA

http://archive.teachfind.com/ttv/www.teachers.tv/videos/tim-gill-risk-andchildhood.html (consultado em 2/05/2015)

https://www.youtube.com/watch?v=vyunlrH9nm8&feature=youtu.be (consultado em 6/05/2015)

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