Virtudes Democraticas Herdadas Do Confucionismo

July 5, 2017 | Autor: Ronaldo Andrade | Categoria: China, Political Confucionism, Virtudes, Herança
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As Virtudes Democráticas Herdadas do Confucionismo
Apesar da China ser uma complexa relação entre comunismo e capitalismo, suas bases democráticas tiveram início bem antes das europeias, tais bases são inspiradas principalmente no confucionismo. Este foi declarado como filosofia oficial da China em 100 A.C. e somente por volta do ano de 1900 ele perdeu um pouco de sua credibilidade. A filosofia confuciana sofreu certas repressões durante o governo de alguns líderes chineses, todavia não deixou de fazer parte das tradições do povo chinês. Um dos períodos em que o confucionismo fortaleceu-se bastante foi durante a Dinastia Ming (1386 - 1644) - o nome "Ming" significa clareza - e várias das atitudes da China no cenário internacional podem ser atribuídas a esta filosofia.
Paul Kennedy destaca, em seu livro Ascensão e Queda das Grandes Potências, alguns fatos sobre a China. Até a Dinastia Ming, os chineses já exploravam e comercializavam com as terras além-mar, incluindo toda a Ásia, a África e, de acordo com alguns estudos, até mesmo a América. A herança confucionista garantiu avanços tecnológicos incríveis ao país antes mesmo de eles chegarem à Europa. Desde o século XI, por volta de 1180 e 1190, a China já contava com uma enorme indústria de ferro localizada no Norte do país. Eram produzidas cerca de 125.000 toneladas por ano, voltadas especialmente para o uso militar e governamental. Esta produção era muito maior do que nas primeiras fases da Revolução Industrial europeira no século XVIII.
Vale destacar também, que em 1420, a Marinha Ming tinha 1.350 navios de combate, 400 fortalezas flutuantes e 250 navios destinados a viagens de longo prazo. Entretanto os chineses não saqueavam nem matavam como os portugueses, holandeses e alguns outros. O resultado disto foi que em 1436 um edito imperial proibiu a construção de navios de alto-mar e um pouco depois uma nova ordem proibiu que navios de mais de dois mastros existissem. A partir de então a China basicamente se fechou para o cenário internacional, ela já havia sido invadida e dominada pelos mongóis antes e estava novamente sofrendo pressões em suas fronteiras, logo ela decidiu concentrar suas forças na terra.
Essa atitude de recuo revela como o a China não tinha a intenção de ser imperialista naquele momento. Além da ameaça mongol, a filosofia confucionista era voltada para a preservação e recapturação do passado, e, nas palavras de Kennedy, "não para a criação de um futuro mais brilhante, baseado na expansão e no comércio de além-mar". De acordo com o confucionismo, as forças armadas eram necessárias devido ao medo dos ataques bárbaros e eram usadas para conter as revoltas internas, o que explica o edito de 1436 por medo da ameaça mongol.
A aversão ao capitalismo presente no confucionismo foi o que diferenciou a China de outros países asiáticos, por exemplo o Japão, que lutou contra o confucionismo. A partir das políticas do século XIV limitando as navegações e o comércio, os soldados chineses adquiriram uma certa desconfiança com os comerciantes, de modo que a acumulação de lucros, a prática de revender produtos por um preço mais caro e a ostentação dos comércios bem sucedidos eram mal vistos e constantemente inspecionados pelo exército e a marinha.
Kennedy fala também de uma "burocaria" confuciana presente no governo chinês, essa burocracia era muito importante e se assimilava, por exemplo, ao modelo de monarquia absoluta europeia no quesito de autoridade. O que explica também, em uma análise mais ampla, a tendência aos princípios comunistas, estes são assimilados ao comunismo não por serem comunistas, mas por serem anti-capitalistas e tomarem por base o confucionismo. Essa burocracia era também uma forma de dominação das massas a serviço dos imperadores.
Atualmente, o confucionismo ainda é diretamente ligado ao partido comunista e utilizado como forma de liderança e propaganda do partido. Em 2006, Hu Jintao financiou o estabelecimento de mais de 100 institutos confucionistas ao redor do mundo com o intuito de disponibilizar aulas e recursos sobre língua e cultura chinesa. Já em 2010 a indústria cinematográfica chinesa lançou um filme sobre Confúcio, onde era pregado o respeito pela hierarquia, contudo o filme foi um fracasso pois colidiu com a estreia do filme estadunidense Avatar.
Isto revela uma possível predominância capitalista nas preferências da população e, mesmo após tantos anos, o confucionismo parece estar "perdendo" sua credibilidade para com o povo chinês. Embora o Estado ainda seja forte nos mecanismos de controle. Em setembro e outubro de 2014, Hong Kong passou por uma série de manifestações da população a favor da democracia. A repressão do governo usou gás de pimenta e cassetetes contra os manifestantes para contê-los e as autoridades governamentais também limitam a internet, restringindo mecanismos de pesquisa como o Google e até mesmo redes sociais como o Facebook e Instagram.
Referências Bibliográficas
BARRY, B. Sociologists, Economists, and Democracy. University of Chicago Press, 1978.
KENNEDY, P. Ascensão e Queda das Grandes Potências. Rio de Janeiro, Ed. Campus, 1989.
MARTINS, J.C. O confucionismo, o coorporativismo e o modelo chinês. Disponível em: Acesso em: 29/05/2015.



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