Vivemos num Mundo Obcecado pelo Digital

July 24, 2017 | Autor: Gonçalo Diniz | Categoria: Novas Tecnologias
Share Embed


Descrição do Produto



Gonçalo Diniz
Número: 44985
Docente: Alda Correia
Metodologia do Trabalho Científico


Vivemos num Mundo Obcecado pelo "Digital"?


Nos dias que correm é praticamente impossível fugir às tecnologias e a tudo o que elas implicam, nomeadamente o consumo massivo de imagens. Jornais televisivos e online substituem os jornais de papel, séries e filmes substituem os livros, jogos de computador substituem os jogos tradicionais e o crescimento de plataformas como o Youtube facilitam o acesso à imagem e a uma maior individualização.
O mundo tem vindo a tornar-se cada vez mais num local do imediato. Aquilo que não é rápido não é atrativo, o que pode levar a ser posto de parte. Com esta necessidade do rápido do século XXI, os telejornais ou jornais online acabam por mentir, sem que o saibam, transmitindo notícias falsas, seja porque não pesquisaram a fundo ou porque não confirmaram as fontes corretamente. Um exemplo dum desses erros é a notícia de que o ator Diogo Morgado viria a participar na série Guerra dos Tronos. Esta notícia era falsa e no entanto, foi aceite e transmitida por jornais como o Correio da Manhã que acabariam por se desmentir ou apenas ignorar o erro (2014).
Atividades que demorem, como a leitura e jogos intelectuais (Xadrez, Sudoku, Palavras Cruzadas, entre outros) também são afetados no mundo do imediato. É assim que os jovens começam a ter menos contacto com a literatura, preferindo o computador, a televisão e o telemóvel. Alain Woodrow afirma em Manipulação, Informação que "[as crianças] passam novecentas horas por ano nas aulas e mil e duzentas diante o televisor!" (1991: 45) Um estudo mais recente feito por Charlotte Alter, para a Time Magazine, corrobora a afirmação que Woodrow fez quinze anos antes: "The decline in reading for fun is most easily explained by technological advances (i.e., kids would rather text than read)" (2014).
Woodrow afirma ainda que a televisão acaba por ser o meio como os jovens têm mais contacto com as línguas, seguindo os exemplos televisivos a níveis gramatical, morfológico, sintático ou de vocabulário (45-46). Estes exemplos, uma vez que a linguagem televisiva é coloquial e espontânea, levam a erros frequentes, como por exemplo "a gente vamos" em vez de "a gente vai".
Os jovens, cada vez mais agarrados às tecnologias, acabam por se separar do resto do mundo. Num almoço, por exemplo, quase todos, senão todos, estarão com o telemóvel à mesa mandando mensagens, navegando na Internet, a jogar algum jogo ou apenas a ver que horas são. Esta maior imersão no mundo digital pode levar à nomofobia.

It's the gadget that many of us would feel lost without. And so dependent are we on our mobile phones that we check them every six-and-a-half minutes (…) In total, users check their smartphones an average of 150 times during a waking day of 16 hours. (…) A person just using a phone with basic functions will rack up dozens of uses a day (Spencer, 2013)

A Dra. Elizabeth Waterman, numa entrevista ao Kansas City's Breaking News Leader, partindo do conceito de nomofobia, revela que o usar demasiado as tecnologias pode levar a um vício extremo "for some people who use their phone excessively we know that the brain is actually responding to the phone as if it is a drug" (2012)
A evolução tecnológica tem ainda levado ao sedentarismo e a outros problemas graves (problemas visuais, por exemplo). Muitas pessoas, se dadas a escolher, prefeririam a comando ou o rato em vez de um passeio ao ar livre. É deste modo que muitos jovens só fazem exercício físico devido à sua obrigatoriedade nas escolas até ao 12º ano, parando após o término do secundário. "The worry is, participation in physical activity usually declines as young people get older." (Zollinger-Read, 2013)
As novas tecnologias trouxeram-nos muitas evoluções úteis, como a possibilidade de se fazerem videoconferências intercontinentais, ou saber o que se passar do outro lado do mundo, tornando-o mais pequeno "o media eletrónico revolucionou completamente as nossas noções de tempo e espaço. A rádio, depois a televisão e hoje o satélite e a informática, realizaram o milagre de abolir a distância" (Woodrow: 42). Mas com tais evoluções, surgiram problemas que põem em risco a sociedade. Como vimos, um excesso de tecnologia pode ser bastante prejudicial e levar às mais variadas consequências, podendo estas ser notícias enganosas, doenças físicas ou psicológicas, ou mesmo a diminuição de cultura entre as massas e de interação entre as pessoas. Desta forma é essencial manter um controlo sobre o uso das tecnologias.





















Referências Bibliográficas
Alter, Charlotte (2014, 12 de maio), "Study: The Number of Teens Reading for Fun Keeps Declining", The Time Magazine, retirado de: http://time.com/94794/common-sense-media-reading-report-never-read/ (visto a 21-03-2015)

Correio da Manhã (2014, 7 de junho), "Diogo Morgado no 'Game Of Thrones'", retirado de: http://www.cmjornal.xl.pt/cm_ao_minuto/detalhe/diogo-morgado-no-game-of-thrones.html (visto a 21-03-2015)

Jornal de Notícias (2014, 8 de junho) "Notícia de Diogo Morgado na "Guerra dos Tronos" é falsa", retirado de: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=3960552 (visto a 21-03-2015)

Spencer, Ben (2013, 11 de fevereiro), "Mobile users can't leave their phone alone for six minutes and check it up to 150 times a day", The Daily Mail, retirado de: http://www.dailymail.co.uk/news/article-2276752/Mobile-users-leave-phone-minutes-check-150-times-day.html (visto a 22-03-2015)

Waterman, Elizabeth (2012, 21 de novembro), KSHB Kansas City - Nomophobia story featuring Dr. Elizabeth Waterman [video file], retirado de: https://www.youtube.com/watch?v=zuyON5Mm_LQ (visto a 22-03-2015)

Woodrow, Alain (1991), José Manuel Barata-Feyo (trad.), Informação, Manipulação, Lisboa, Publicações Dom Quixote (Ed. Original: Information, Manipulation, Éditions du Félin)

Zollinger-Read, Paul (2013, 30 de agosto) "How technology and inactive lifestyles are changing our children", The Guardian, retirado de: http://www.theguardian.com/sustainable-business/technology-inactive-lifestyle-changing-children (visto a 23-03-2015)

4





O Correio da Manhã, no seu formato online, ainda mantém o título e o cabeçalho da notícia, mas retirou o seu corpo. O Jornal de Notícias, também em formato online, desmentiu e justificou o porquê do erro jornalístico. (2014)
Do inglês, nomophobia, que significa "no mobile phone phobia", isto é fobia de ficar sem um telemóvel. Esta fobia pode também aplicar-se a outros aparelhos eletrónicos como o computador ou os tablets. A nomofobia pode causar ataques de pânico e de ansiedade.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.